3.6 Classificação de EPI
3.6.1 Proteção dos Pés
A frequência de acidentes de trabalho aumenta significativamente com o tempo em pé, onde o trabalho e a relação com os pés, tornozelos e joelhos se encontram interligados. A causa mais frequente a acidentes com lesões nos pés é a queda de objetos em manipulação [3].
O calçado de segurança apresente, como elementos de proteção, a biqueira com proteção mecânica (vulgo biqueira de aço), palmilha com proteção mecânica (vulgarmente designada de palmilha de aço) e sola antiderrapante.
Critérios de Seleção e Adequabilidade dos Equipamentos de Proteção Individual na Construção Civil em Microempresas no Distrito de Viseu
Página 51 Em trabalhos em locais húmidos e enlameados, comum em estaleiros de construção usam-se, comummente, botas de borracha de cano alto, que devem ter proteção mecânica na palmilha e biqueira.
O calçado de proteção não deve ser pesado para transmitir características de conforto ao seu trabalhador e deve permitir uma ventilação adequada a fim de evitar transpiração excessiva dos pés.
Figura 10 – Exemplo de calçado de segurança
As principais normas comunitárias associadas à conceção, fabrico e colocação no mercado de calçado de proteção encontram-se descritas e caracterizadas na tabela seguinte:
Referência Título Requisitos / Recomendações
EN 344-1/ EN ISSO 20344 Equipamento de proteção individual – Métodos de ensaio para calçado.
Define as exigências gerais e os métodos de ensaios referentes aos calçados de segurança, aos calçados de proteção e aos calçados de trabalho para uso profissional. Esta, só pode ser utilizada em conjunto com as normas EN345-1, EN346-1 e EN347-1, que especificam as exigências relativas aos calçados conforme os níveis de riscos específicos.
EN345-1/ EN ISO 20345 Equipamento de proteção individual – Calçado de segurança
Esta norma europeia determina, referindo-se a norma EN344-1 /EN ISO 20344, as exigências fundamentais e adicionais (facultativas) do calçado de segurança para uso profissional, levando a marca «S». O calçado foi concebido, equipado de uma biqueira de segurança para garantir uma proteção contra os choques de energia máxima equivalendo a 200 Joules e contra um esmagamento de 15 kN. EN346-1/ EN ISO 20346 Equipamento de proteção individual – Calçado de proteção
Especificação do calçado de proteção, levando a marca «P». O calçado foi concebido, equipado de uma biqueira de segurança para garantir a proteção contra os choques de energia máxima equivalente a 100 Joules e contra um esmagamento de 10 kN. EN347-1/ EN ISO Equipamento de Especificações Gerais Descrição do Produto: Este calçado é
20347 proteção individual – Calçado de ocupacional
diferente do calçado de segurança devido ao facto de não permitir a proteção contra os choques e o aplastamento.
Tabela 10 – Normas aplicáveis a EPI para proteção dos pés (adaptado de [3])
A norma EN 344 define três categorias de calçado para uso profissional podendo ser de tipo I ou tipo II, em função do material que são constituídos e do processo de fabrico:
• Calçado de segurança - SB ou S1 a S5 • Calçado de proteção - PB ou P1 a P5 • Calçado de trabalho - O1 a O5
Adicionalmente, as normas EN345-1/ EN ISO 20345- Especificações para calçado de segurança para usos gerais, marcação “S”; EN ISO20346 EN346/EN ISO 20346 - as exigências fundamentais adicionais para os calçados de proteção para uso profissional marcados "P" e EN347-1/ EN ISO 20347 - Especificação de calçado de proteção de marcação "O", especificam as características de que estes equipamentos deverão dispor, conforme sinopse na tabela:
Categoria Classe Requisitos Símbolos
SB
Segurança básica - calçado com biqueira resistente ao choque de energia equivalente a 200J
S1 I
Zona do calcanhar fechada Propriedades anti estáticas
Absorção de energia na zona do calcanhar Resistência da sola aos hidrocarbonetos Resistência aos óleos
A E FO S1P I Como S1 mais resistência à perfuração A/E/FO P S2 I Como S1 mais
penetração e absorção de água
A/E/FO WRU S3 I
Como S2 mais
resistência à perfuração sola com relevos
A/E/FO/WRU P
O1 I
Zona do calcanhar fechada Propriedades anti estáticas Absorção de energia na zona do calcanhar
A E O2 I Como O1 mais
penetração e absorção de água
A/E WRU P Resistência à perfuração da sola
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Página 53 O calçado de proteção deverá ostentar informações sobre o fabricante, respetiva marcação CE, norma europeia, denominação do modelo, trimestre e ano de produção e eventuais símbolos adicionais (sigla «CE», seguida dos últimos algarismos do ano de certificação, símbolo ou categoria referente ao nível de proteção).
No que respeita aos símbolos de especificações particulares, poder-se-á encontrar marcação nos equipamentos, correspondendo às seguintes características:
• P Resistência da sola à perfuração, em N • E Absorção de energia pelo talão • C Resistência elétrica, condutividade • A Resistência elétrica, anti estático • HI Sola isolante contra o calor • CI Sola isolante contra o frio
• WRU Resistência à absorção de água pela parte superior dos calçados de pele • HRO Resistência da sola ao calor de contacto
• ORO Resistência da sola aos hidrocarbonetos
• WR Resistência à penetração de água da junção sola/parte superior dos calçados de pele
• M proteção dos metatarsos contra os choques • CR Resistência da parte superior ao corte
Todo o calçado de proteção é de categoria 2, exceto o calçado especialmente concebido para ser condutor elétrico (categoria 3) e o calçado normal, sem proteção especial como biqueira e palmilha e que se destina a proteger a pele de riscos mínimos (agressões mecânicas superficiais, produtos pouco agressivos, temperatura ambiente inferior a 50ºC, pequenos choques ou vibrações e radiações solar) e ambientais (categoria 1) [3].
No processo de seleção, a comodidade e adaptação ao calçado de proteção, deverão ser considerados como fatores de relevo. A sensação de comodidade pode ser traduzida por fatores como o formato, adaptação a morfologia do pé, constituição em materiais que permitam a normal transpiração do pé, existência de palmilha antifúngica e a existência de zona do tornozelo almofadada [3].
O calçado deve ser limpo regularmente com graxa ou cera hidrófuga dependendo o tempo de útil, das condições de utilização, não devendo exceder um ano. Quando molhados, devem ser secos à
sombra e não devem ser expostos ao sol nem colocados junto de fontes de calor. A reutilização ou utilização coletiva de calçado de proteção é proibida [3].