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Proteção Solar – O Cuidado com a Sua Pele

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia Gonçalves

3. Proteção Solar – O Cuidado com a Sua Pele

3.1. Enquadramento e Objetivos

Com o chegar do final da época balnear (setembro) é normal que a procura dos protetores solar abrande um pouco. De forma a tentar aumentar as vendas foi introduzida na farmácia uma promoção para este tipo de produtos.

A promoção serviu de oportunidade para realizar o projeto que a seguir apresento, pois além de realizar algo apenas informativo, como no primeiro projeto que realizei, podia também fazer referência à promoção em vigor, tentando assim promover a venda dos produtos em questão. Desse modo elaborei um panfleto (Anexo IV) onde expus algumas ideias sobre o que é a radiação solar e quais os seus efeitos na pele, como funcionam os protetores solares e alguns conselhos sobre a sua utilização, não deixando de referir a promoção em vigor na farmácia.

3.2. A Radiação Solar

A radiação solar, quando atinge a superfície terrestre é composta por ondas eletromagnéticas que estão entre os 100 e os 4000 nanómetros de comprimento de onda. Essas ondas podem ser divididas em radiação visível (380-760 nm), Infravermelha (760-4000 nm) e Ultravioleta (100-400 nm). A radiação UV pode ser então dividida em UVA (320 – 400 nm), UVB (280 – 320 nm) e UVC (100 – 280) [75,76,77,78,79].

A pele humana é um órgão essencial ao funcionamento do organismo. Corresponde a 16% do peso total corporal e exerce diversas funções como: regulação térmica, defesa orgânica, controlo do fluxo sanguíneo, proteção contra diversos agentes do meio ambiente e controlo sensorial, como calor, frio, pressão, dor e tato [77,80].

De todos os componentes da radiação solar, as radiações UV são aquelas que têm um maior impacto no corpo humano pois a pele é altamente sensível às radiações UV. As radiações UVC são as mais perigosas entre as UV pois como têm o menor comprimento de onda das três, são as mais energéticas. As UVC são altamente mutagénicas e tem uma capacidade para formar eritemas muito grande; são caracterizadas pela sua ação bacteriostática e bactericida, sendo usadas como lâmpadas germicidas em medicina. As radiações UVC são absorvidas pela camada de ozono de forma praticamente completa pelo que o espectro de radiação que atinge a superfície terrestre é composto por radiação UVA e UVB, sendo as UVB também muito fortemente absorvidas na camada de ozono, fazendo com que apenas entre 5 a 10% do espectro UV que atinge a superfície seja UVB. As radiações UVB são as mais importantes em termos de efeitos biológicos, como a pigmentação da pele, síntese de vitamina D3 e imunossupressão, no entanto são também as que mais estão relacionadas com as queimaduras da pele e carcinogéneses. As UVB são absorvidas pelo estrato córneo da pele, afetando elementos como a melanina, o ADN celular, proteínas, aminoácidos, entre outros. As radiações UVB causam assim um dano direto na cadeia de ADN, levando à formação de dímeros de pirimidina e à distorção dos mecanismos de reparação molecular, promovendo assim a ocorrência de mutações. Os efeitos das radiações UVB são imediatos e resultam da libertação de mediadores inflamatórios que levam à dilatação capilar e desenvolvem o eritema. As radiações UVA, que estão também relacionadas com a pigmentação da pele, conseguem penetrar a pele de forma mais profunda, alterando o funcionamento normal da pele através de alterações nos vasos sanguíneos e nas fibras de colagénio. As radiações UVA não estão tão relacionadas com os eritemas como as UVB pois o seu mecanismo de toxicidade é indireto ao contrário das outras. As radiações UVA promovem a formação de espécies reativas de oxigénio são responsáveis pelos efeitos a longo prazo como o envelhecimento prematuro da pele. As radiações UVA têm um papel importante também nas reações de fototoxicidade que levam à imunossupressão e carcinogénese [75,76,77,78].

A principal tecnologia usada em qualquer protetor solar é o filtro ultra violeta. Os filtros podem então ser químicos ou físicos.

Os filtros solares químicos são substâncias compostas por moléculas com estrutura aromática, com um grupo carboxilo que sobre a absorção da radiação UV sofre uma isomerização. A radiação com menos de 380 nm de comprimento de onda é absorvida e transformada em energia térmica, enquanto a radiação com comprimento de onda superior, como a radiação visível e infravermelha é refletida. Existem vários grupos de substâncias que podem ser utilizadas como filtros químicos da radiação UV como o ácido 4-aminobenzoico e seus derivados (PABA), os derivados do ácido salicílico, os derivados do ácido p- metoxicinâmico, entre outros que são compostos controlados e autorizados por ministérios e departamentos da saúde espelhados pelo mundo. A sua eficácia está dependente das características físico-químicas das substâncias e da pele, como o coeficiente de absorção e as propriedades das partículas restantes na pele [78].

Os filtros solares físicos são substâncias de origem mineral em que o princípio de ação se baseia em bloquear a radiação do espectro de comprimentos de onda inteiro. São compostos por moléculas que conseguem penetrar a pele mas com tamanho suficiente para formar uma barreira protetora à superfície da pele, impedindo a radiação de a penetrar. Os compostos mais comuns deste grupo são o dióxido de titânio e o óxido de zinco, ambos os compostos solúveis em água e com cor branca. As macromoléculas com tamanho superior a 200 nm garantem uma proteção completa sobre todo o espectro de radiações UV, no entanto a grande desvantagem destes produtos é deixar uma pelicula branca sobre a pele e ser necessário aplicar uma camada abundante de modo a garantir uma proteção eficaz, o que pode levar à formação de pontos negros devido à oclusão dos poros da pele. Os filtros físicos não causam alergias nem reações com pele e, como tal, são recomendados para crianças e adultos com alergias e peles sensíveis [76,78,81].

A eficiência de um protetor solar é medida através do valor do seu fator de proteção solar (FPS). O FPS é calculado através da relação entre a quantidade de radiação necessária para causar um eritema entre a pele em que se aplica o filtro solar e a pele na qual não foi aplicado nenhum filtro. De um modo geral se um protetor solar possuir um FPS igual a 15, significa que é necessário uma dose 15 vezes superior de radiação UV de modo a originar um eritema, em comparação com a quantidade que seria necessária de radiação UV se não fosse aplicado nenhum filtro solar [76,78,81].

A radiação UV meio metro abaixo da superfície da água tem 40% da intensidade da superfície. Contudo, 25% da radiação UV é refletida na superfície da água e pode intensificar os efeitos nocivos. Estes dois fatores tornam importante manter uma proteção solar eficaz mesmo dentro de água [81].

3.4. Discussão e Conclusão

A proteção solar não é um assunto exclusivo de quem frequenta a praia, nem dos meses de férias. É um assunto que toca todas as pessoas, seja por ter uma pele mais sensível à radiação solar, seja por querer evitar o surgimento precoce dos sintomas de envelhecimento precoce da pele. Proteger a pele das radiações UV é algo que deve ser levado de forma séria de forma a evitar problemas graves para a saúde.

Diferentes tipos de pele exigem diferentes tipos de proteção/protetores solares e cabe ao farmacêutico ter o papel de aconselhar o utente, tanto ao nível dos produtos como ao nível da educação comportamental de forma a prevenir os problemas de pele ao máximo.

Apesar de ser um tema que estava pensado realizar durante o estágio na farmácia, de modo a poder aproveitar a promoção que entrou em vigor no final de Agosto, o panfleto realizado apenas foi disponibilizado aos utentes na última semana do estágio. Apesar de ter sido realizado num período mais avançado do estágio, este projeto permitiu-me aprofundar o meu conhecimento numa área que, até ao momento, era bastante estranha para mim.

A nível de efetividade da promoção e do panfleto, como a promoção estava delineada até finais de setembro não posso fazer uma observação de valor em relação ao aumento, ou não das vendas. Quanto à recetividade por parte dos utentes, penso que foi positiva visto que muitos pegavam no panfleto e, enquanto esperavam pela sua vez de serem atendidos, liam-no, transmitindo ideias de estarem agradados com os conteúdos.

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