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Protocolo de Avaliação

No documento Intervenção psicomotora na Qlnesis (páginas 41-45)

II.3 Estudo de Caso Je

II.3.2 Protocolo de Avaliação

O protocolo de avaliação abrangeu 3 domínios: psicomotor, comportamental e socioemocional, para servir de base para o estabelecimento dos objetivos terapêuticos para o Je. Esta avaliação foi incluída no relatório de avaliação que foi entregue aos pais e à professora para o processo escolar do Je.

Este protocolo especifica a avaliação formal realizada com a criança e com as suas figuras de referência. O primeiro domínio foi avaliado diretamente com a criança em sessão. O segundo e o terceiro domínios foram avaliados informalmente durante a intervenção e formalmente através de instrumentos aplicados diretamente aos pais e à professora, respondidos em reuniões marcadas para o efeito, ou entregues em mão.

Tabela 2 - Cronograma da Intervenção Caso Je

sessão reunião Data Plano terapêutico ou Motivo reunião Tipo de Estrutura Terapeutas Número de 2016

r.1 25/11 Retoma do acompanhamento terapêutico + Introdução da nova terapeuta NA 1 s.1 29/11 Estabelecimento da Relação Terapêutica + Avaliação Inicial Livre 2 s.2 05/12 Estabelecimento da Relação Terapêutica + Avaliação Inicial Parcialmente condicionada 2 s.3 07/12 Avaliação Inicial – BPM Condicionada 2 s.4 13/12 Avaliação Inicial – BPM Estruturada 2

2017 r.2 13/01

Entrega de avaliação (ICAFE-C) à mãe e à professora. Concordância em envolver o pai no processo. Mudança do horário das

sessões.

NA 2

s.5 19/01 Avaliação Inicial – BPM Estruturada 2 s.6 27/01 Avaliação Inicial – BPM Estruturada 2 r.3 01/02 Avaliação com ECOMAPA e ISP à mãe NA 2 s.7 02/02 Intervenção – sessão interrompida no início NA 1 r.4 03/02

Entrega do ICAFE-C + avaliação com ECOMAPA e ISP ao pai. Mudança do horário das sessões, com articulação com a

professora.

NA 2

s.7 09/02 Intervenção + GOC Parcialmente condicionada 2 s.8 16/02 Intervenção Parcialmente condicionada 2 s.9 23/02 Intervenção Parcialmente condicionada 1 s.10 02/03 Intervenção Parcialmente condicionada 2 s.11 09/03 Intervenção Parcialmente condicionada 2 s.12 16/03 Intervenção Parcialmente condicionada 2 s.13 23/03 Intervenção Parcialmente condicionada 2 s.14 30/03 Intervenção + Figura Complexa de Rey Livre + Estruturada 2

r.5 03/04 de avaliação formal. Entrevista anamnésica Entrega à mãe e à professora do relatório à mãe.

NA 1

s.15 04/04 Intervenção + Wisconsin Card Sorting Test Livre + Estruturada 2 s.16 20/04 Intervenção Parcialmente condicionada 2

s.17 27/04 Intervenção Condicionada 2

s.18 04/05 Intervenção Condicionada 2

s.19 11/05 Intervenção Condicionada 1

r.6 12/05 Entrega ao pai do relatório de avaliação formal. Professora esteve presente.

Entrevista anamnésica ao pai. NA 2

s.20 18/05 Intervenção Condicionada 2

s.21 25/05 Intervenção Condicionada 2

s.22 01/06 Intervenção Condicionada 2

s.23 06/06 Intervenção Condicionada 1

s.24 08/06 Intervenção + GOC Condicionada 2 s.25 12/06 Avaliação Final- BPM Condicionada 2 s.26 16/06 Avaliação Final – BPM Estruturada 1 s.27 20/06 Avaliação Final – BPM + DAP Estruturada 1 s.28 22/06 Avaliação Final – BPM Estruturada 2 r.7 29/06 Entrega à mãe do relatório de progressão. Alta. Recomendações. NA 2 r.8 30/06 Entrega ao pai do relatório de progressão. Alta. Recomendações. NA 2 Legenda: r.- reunião número; s.- sessão número; NA- Não se Aplica; BPM- Bateria Psicomotora; ICAFE-C- Inventário Comportamental de Avaliação das Funções Executivas em Crianças; ECOMAPA- diagrama ECOMAPA; ISP- Índice de

II.3.2.1Domínio psicomotor.

A avaliação do Perfil Psicomotor foi realizada com base na Bateria Psicomotora (BPM) de Vítor da Fonseca (2010) e posteriormente foi utilizado o sistema de cotação traduzido por Martins, Cabral e Sousa (s.d.) do Draw a Person (DAP) de Jack Naglieri (1988), um instrumento específico que avalia a imagem e o esquema corporal. Estes dois instrumentos foram aplicados no início e fim do processo terapêutico.

A BPM foi aplicada diretamente à criança nas sessões terapêuticas, sob a forma de jogos e desafios de forma condicionada e/ou estruturada, por este motivo a aplicação da BPM estendeu-se a 4 sessões na avaliação inicial e final. A decisão de incluir o DAP neste protocolo de avaliação foi tomada depois de o Je ter feito o desenho de si próprio no âmbito da BPM e de ser claro que a cotação deste instrumento não media com eficácia a real imagem corporal que o Je tinha de si próprio. Pela cotação da BPM o do desenho do próprio do Je tinha 3 de cotação, mas o desenho era muito pobre.

O DAP é um instrumento de cotação não verbal, o que reduz grandemente a influencia da linguagem e das competências verbais na interpretação e cotação deste instrumento (Naglieri, 1988). É um instrumento padronizado para a população norte- americana, de 1988, com atribuição de scores estandardizados, percentis, classificação qualitativa e idades equivalentes com base nas pontuações brutas atribuídas aos desenhos realizados pela criança. Apesar dos valores de referência terem sido estabelecidos há 30 anos e para outra população, tendo em conta o que é avaliado e que existe mais do que um momento de avaliação donde foram retirados dados e que esta avaliação tem propósitos clínicos, decidiu-se utilizar os valores deste instrumento como referência a critério. Decidiu-se então aplicar os critérios do DAP ao desenho do próprio do Je da avaliação inicial da BPM e comparar com a aplicação do instrumento DAP aos 3 desenhos que tinham sido feitos em janeiro de 2015 no âmbito da pré-avaliação da QInesis e comparar os resultados dos 3 desenhos de junho de 2017 no âmbito da avaliação final.

II.3.2.2Domínio comportamental.

A avaliação do domínio comportamental foi feita com o Inventário Comportamental de Avaliação das Funções Executivas em Crianças (ICAFE-C) para pais e professores, versão traduzida e adaptada do Behavior Rating Inventory of Executive Function (Gioia, Isquith, Guy e Kenworthy, 2000), padronizada para a população norte-americana, e complementada com a avaliação informal através da Grelha de Observação do Comportamento (GOC), que foi readaptada pelos alunos do núcleo de estágio 2015/2016

(ver anexo A). Estes instrumentos foram escolhidos para avaliar este domínio devido a se basearem em comportamentos específicos das crianças para poder conhecê-las de forma criteriosa.

O ICAFE-C foi entregue em reunião presencial aos pais e à professora e devolvido cerca de 1 a 2 semanas depois. A sua escolha deveu-se a ser um instrumento que permite avaliar várias situações e quantificá-las duma forma mais clara. Sentiu-se esta necessidade visto existir indícios de negação das dificuldades da criança por parte da mãe e este instrumento por ser padronizado os valores são mais tangíveis para os pais e usando-o com referência a critério para o estabelecimento e avaliação dos objetivos terapêuticos. Além disso o ICAFE-C é um instrumento que não acrescenta provas de avaliação diretas com a criança, reduziu-se o tempo de avaliação direta com a criança para priorizar o tempo de intervenção; contudo avalia a perceção dos pais e professores sobre a criança e não diretamente as capacidades da criança.

Visto que a análise e ponderação destes resultados e de toda a avaliação informal resultaram em objetivos terapêuticos do domínio cognitivo, e durante as sessões o Je ter demonstrado capacidades neste domínio diferentes das do resultado do ICAFE-C decidiu- se num momento intermédio do plano terapêutico avaliar duas capacidades em concreto para esclarecer dúvidas sobre as reais capacidades do Je. Foi então aplicada a Figura

Complexa de Rey (Rey, 2002) para avaliar em detalhe a atividade percetiva e a memória

visual e de trabalho da criança e o Wisconsin Card Sorting Test (Grant e Berg, 1981) para avaliar em maior detalhe a capacidade de raciocínio abstrato e a atenção dentro das funções executivas. Este último instrumento foi aplicado pela orientadora local que tem formação específica para aplicar este instrumento.

A GOC foi aplicada numa sessão do início e outra do fim da intervenção, ambas as sessões que serviram para aplicar a GOC tiveram uma estrutura de tipo mais livre de forma a poder avaliar a espontaneidade da criança e ao mesmo tempo perceber o nível de exploração que fazia, pois este instrumento é adaptável a qualquer sessão ao permitir categorizar vários comportamentos e observações psicomotoras, além disto a sua adaptabilidade permite não interferir ou condicionar o decorrer das sessões por poder ser preenchida posteriormente à realização de sessão.

II.3.2.3Domínio socioemocional.

A avaliação do domínio socioemocional centrou-se na perspetiva que os pais têm sobre vários tipos de comportamentos do Je, neste sentido foi-lhes aplicado o questionário Índice de Stresse Parental (ISP), versão reduzida, traduzida e adaptada para a população

portuguesa por Flores e Brandão em 1997, padronizada para a população norte-americana (Abidin, 1990) que visou recolher dados relativos à perceção dos pais sobre as suas preocupações, para perceber até que ponto é que as suas perceções sobre o comportamento do Je podiam estar afetadas. Foi ainda aplicado o diagrama ECOMAPA (McCormick, Stricklin, Nowak, e Rous, 2008), que visa identificar a rede de suporte social do agregado familiar e as suas ligações mais próximas. Na avaliação inicial foram aplicados presencialmente em reunião com os pais, na avaliação final só foi aplicado o ISP, que foi entregue a ambos os pais e devolvido posteriormente.

O ECOMAPA foi aplicado apenas na avaliação inicial visto se considerar que o tempo de intervenção decorrido foi insuficiente para que houvesse mudanças significativas nos resultados desta análise; além disso é um instrumento de caracterização dos contextos de vida da criança e por isso depende de todos os membros do agregado familiar, principalmente dos adultos e não diretamente da criança. Acrescenta-se ainda que se procurou não sobrecarregar os pais com avaliações, por isso realizaram-se apenas as consideradas necessárias, visto que já eram várias. Além disto a mãe negou durante muito tempo que o Je precisava de ajuda e quantos mais instrumentos, maior seria o impacto que geraríamos nesta mãe, nos seus comportamentos, ansiedade e bem-estar.

No documento Intervenção psicomotora na Qlnesis (páginas 41-45)

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