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A punção, manipulação e manutenção dos cateteres intravenosos periféricos,

bem como as anotações e registros dos procedimentos de inserção e retirada, foram

funções dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem das unidades. Para

tanto, fez-se necessário capacitá-los para a utilização do cateter intravenoso periférico

para sistema fechado, por se tratar de tecnologia ainda não utilizada na instituição e

nova para a prática diária destes profissionais. O intuito foi atender às especificações

de uso apresentados pela indústria produtora e alcançar os benefícios por ela

preconizados, como minimização das complicações associadas à TIV e aumento do

tempo de permanência de acessos venosos periféricos.

3.10.1 Capacitação das equipes de enfermagem

A capacitação foi conduzida pela equipe de pesquisa (mestranda e doutoranda) previamente ao início da coleta de dados, no intuito de garantir o adequado andamento da pesquisa. Foi realizada nos dias 09, 10 e 11 de setembro de 2015, por meio de reuniões com duração aproximada de uma hora e presença de dois a cinco funcionários, após concordarem com sua participação mediante assinatura do TCLE. As reuniões foram pré-agendadas e organizadas em conjunto com as enfermeiras assistenciais de cada unidade, ocorrendo durante o horário de expediente dos profissionais, em todos os turnos de trabalho. Totalizaram-se dez reuniões, das quais três foram no período da manhã, três no período da tarde e quatro no período da noite.

Para tanto, elaborou-se estratégia metodológica de aprendizagem teórica e prática com aplicação de processo avaliativo ao final. Os aspectos teóricos foram discutidos mediante breve aula expositiva-dialogada com duração aproximada de 20 minutos, abordando os seguintes tópicos: avanço tecnológico dos dispositivos intravenosos; tecnologias de punção - cateter curto sobre agulha convencional e cateter intravenoso periférico para sistema fechado de infusão; riscos e benefícios de cada tecnologia; higienização das mãos; método de punção (antes, durante e após);

estabilização do cateter; frequência de troca do cateter e conexões de infusão; registro das informações no prontuário; possíveis complicações locais (definição, causas, sinais e sintomas, e cuidados de enfermagem); protocolo de pesquisa; critérios de elegibilidade; e técnica de randomização dos pacientes.

Em seguida, apresentou-se vídeo fornecido pela indústria produtora da nova tecnologia, com explicações sobre o manuseio da mesma. Logo após iniciou-se aula prática, onde cada integrante do grupo realizou o procedimento de punção com a tecnologia proposta em colegas voluntários ou no manequim. Os funcionários foram acompanhados individualmente por uma das pesquisadoras, quantas vezes fossem necessárias, até o desenvolvimento adequado e completo do procedimento de punção.

A prática teve duração aproximada de 40 minutos, variando conforme o desempenho

de cada participante na manipulação da tecnologia.

Durante a realização da prática os participantes foram orientados a seguir todas as recomendações passadas no módulo teórico, e assim foram avaliados quanto a sua competência para a realização da punção com a nova tecnologia. A avaliação ocorreu mediante aplicação de instrumento em forma de checklist, composto por 22 itens, cada um correspondendo a 4,55 pontos (APÊNDICE 4). Tal instrumento foi desenvolvido pelas pesquisadoras com base nas recomendações da INS, e posteriormente submetido à revisão de uma enfermeira representante da indústria produtora dos cateteres, a fim de estabelecer as ações essenciais para a correta manipulação da tecnologia.

A avaliação classificou os funcionários em ‘aptos’ ou ‘inaptos’ para a realização da intervenção investigada de forma independente. O funcionário que precisasse ser lembrado de algum passo para o cumprimento de algum critério de avaliação, não recebia nota no referido item. Foram considerados aptos aqueles que obtiveram pontuação igual ou superior a 70. Os profissionais considerados inaptos na primeira tentativa foram novamente submetidos ao módulo prático da capacitação, até que alcançassem todas as competências necessárias para a manipulação da tecnologia de forma adequada.

Houve a participação de 33 funcionários, sendo três enfermeiras, dois técnicos

de enfermagem e 28 auxiliares de enfermagem. Apenas uma funcionária não realizou o

módulo prático da capacitação, alegando possuir atuação profissional com restrição de

atividades e não realizar o procedimento de punção venosa. Reitera-se que a

capacitação estendeu-se para funcionários de outras unidades que realizavam

frequentes plantões extras nas unidades de pesquisa, sendo que funcionários ausentes

por férias, greve, absenteísmos ou outras condições de ausência foram abordados

posteriormente, no seu retorno às atividades laborais. Todos os funcionários foram

considerados aptos na avaliação de competências e receberam certificado de

participação.

3.10.2 Protocolo de inserção, manipulação, manutenção e retirada do cateter

Para a implementação da terapia intravenosa, os profissionais de enfermagem devem possuir conhecimentos específicos que permitam praticar, de forma correta e segura, os variados aspectos de cuidados necessários para a realização desta terapia, como o preparo do paciente, a escolha e obtenção do acesso venoso periférico, o preparo e a administração de fármacos e soluções, a monitoração das infusões, a troca das soluções e dos dispositivos de infusão, a realização de curativos, a retirada de cateteres, dentre diversos outros aspectos de cuidado. O avanço na ciência e nas novas tecnologias surge frequentemente com mudanças na prática do cuidado, cabendo aos profissionais buscar os conhecimentos a seu respeito.

A realização dos procedimentos de inserção, manipulação, manutenção e retirada das tecnologias abordadas nesta pesquisa foi de inteira responsabilidade das equipes de enfermagem das unidades de estudo, as quais foram orientadas a seguir a capacitação realizada pelas pesquisadoras, aliado ao preconizado nas normas e padrões institucionais e considerando aspectos descritos na literatura.

O método de punção venosa tomado como referencial durante a capacitação compreendeu as 15 etapas propostas por Phillips (2001), adaptadas para a realidade da instituição e apresentadas no QUADRO 9.

QUADRO 9 – MÉTODO DE PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA

(continua) Antes da punção:

1. Verificar e analisar a prescrição médica da terapia intravenosa;

2. Realizar higienização das mãos conforme protocolo institucional;

3. Avaliar e preparar os materiais e equipamentos a serem utilizados;

4. Verificar a identificação do paciente, realizar sua avaliação e preparo para o procedimento;

No momento da punção:

5. Selecionar o local de punção e realizar a dilatação do vaso;

6. Selecionar o cateter adequado, conforme a randomização;

7. Higienizar as mãos e colocar as luvas de procedimento;

8. Realizar o preparo do local de punção;

9. Inserir o cateter com o bisel da agulha voltado para cima;

10. Realizar a estabilização e fixação do cateter;

QUADRO 9 – MÉTODO DE PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA

(conclusão) Após a punção:

11. Identificar a fixação do cateter;

12. Organizar o ambiente;

13. Orientar o paciente, familiar e/ou acompanhante;

14. Realizar os cálculos para infusão dos medicamentos;

15. Documentar o procedimento no prontuário do paciente e higienizar as mãos.

FONTE: Adaptado de PHILLIPS (2001).

Recomenda-se a antissepsia do local de punção com gluconato de clorexidina alcoólica de 0,5 a 2% ou álcool etílico a 70%, sendo este o padronizado na instituição de estudo. Quanto à estabilização e fixação dos cateteres, orientou-se a utilização de filme transparente semipermeável estéril ou, na sua falta, gaze estéril com fita adesiva, com trocas na presença de sujidade, umidade, descolamento ou perda da integridade (O’GRADY et al., 2011; INS BRASIL, 2013; BRASIL, 2017a).

Imediatamente antes da administração de qualquer solução e/ou medicamento, deve-se realizar a desinfecção das conexões com álcool etílico a 70% (extensores, conectores sem agulha para sistema fechado, dânulas e injetores laterais de equipos), sendo os funcionários orientados e conscientizados sobre a importância desta prática durante a capacitação e todo o período de coleta de dados, a fim de minimizar a ocorrência de complicações infecciosas. Preconizou-se a troca de equipos e conexões de infusões contínuas a cada 72 horas; e no máximo em até 24 horas para infusões intermitentes, na ocorrência de refluxo de sangue na extensão ou suspeita / confirmação de infecção primária da corrente sanguínea. O flushing do cateter era realizado com cloreto de sódio a 0,9% antes e após a administração de medicamentos e/ou soluções, bem como entre doses no mesmo horário, ou uma vez a cada 24 horas na ausência de infusão intermitente.

No tocante à frequência de troca dos cateteres, os funcionários foram

orientados conforme as últimas recomendações da INS até a data da capacitação, ou

seja, remoção do dispositivo conforme indicação clínica ou diante de qualquer suspeita

de contaminação, complicação, mau funcionamento ou descontinuidade da terapia

(INS, 2011).

3.10.3 Capacitação da equipe de coleta de dados

A equipe de pesquisa e coleta de dados foi composta por uma professora, uma doutoranda, duas mestrandas e quatro acadêmicos de enfermagem (bolsistas de iniciação científica e tecnológica). A doutoranda e uma mestranda realizaram a capacitação dos demais por meio de reuniões prévias na sala do grupo de pesquisa, bem como durante o andamento do teste piloto, onde se realizou a coleta de dados concomitantemente ao treinamento individual de cada integrante, para que posteriormente estivessem aptos a realizar a coleta sem auxílio.

As reuniões prévias ocorreram para explanação de aspectos gerais da

pesquisa; objetivos da mesma; protocolo; técnica de randomização; abordagem ética e

adequada de pacientes e familiares para obtenção do TCLE; postura frente à equipe

das unidades pesquisadas; e padronização para a identificação das complicações

locais associadas à TIV e para preenchimento do instrumento de coleta de dados, bem

como das fichas de acompanhamento geral dos pacientes.

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