• Nenhum resultado encontrado

Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Medicamentos

No documento MedicamentosExcepcionaisMPF-PFDC-3arevisao (páginas 35-41)

Excepcionais

O Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Assistência à

Saúde e do Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais, elaborou, em

matéria de medicamentos excepcionais, um conjunto sistematizado de orientações denominado de “Protocolos Clínicos e Diretrizes Tera- pêuticas – Medicamentos Excepcionais”. O objetivo é promover o acesso, não a qualquer medicamento ou de qualquer forma, mas proporcio- nando o uso racional e seguro. A oferta de medicamentos à população deve ser plena em termos de quantidade, qualidade e eficácia.

Os “Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Medicamen- tos Excepcionais” são o resultado de longo trabalho (duração aproxi- mada de três anos) envolvendo médicos, professores universitários com formação em farmacologia clínica e epidemiologia, farmacêuticos e serviço de apoio (equipe de trabalho), com participação da Organiza- ção Pan-Americana de Saúde (Opas), do Conselho Nacional de Se- cretários de Saúde (Conass), dos Coordenadores de Assistência Far- macêutica dos Estados, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento para a Seguran- ça das Comunicações (Cepesc) do Rio de Janeiro, de diversas socieda- des médicas, de médicos, de gestores de saúde, de usuários do Sistema

Único de Saúde (SUS) e da própria indústria farmacêutica. Ou seja, algo originado de modo coletivo, científico, democrático e participativo. Trata-se de importante instrumento definidor de “critérios de diagnóstico de cada doença”, revelando “o tratamento preconizado com os medicamentos disponíveis nas respectivas doses corretas”, bem como “os mecanismos de controle”, “o acompanhamento e a verifi- cação de resultados”, e “a racionalização da prescrição e do forneci- mento dos medicamentos”. Com o compromisso de total observân- cia ética e técnica à prescrição médica, os “Protocolos Clínicos e Di- retrizes Terapêuticas – Medicamentos Excepcionais” têm, igualmente, “o objetivo de criar mecanismos para a garantia da prescrição segura e eficaz”, e de serem, de maneira contínua, atualizados em acompanha- mento à evolução do conhecimento técnico e científico.

Os “Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Medicamen- tos Excepcionais” foram estruturados em seis módulos, quais sejam:

I – Diretrizes terapêuticas: dividido em introdução, classificação “CID”, diagnóstico, critérios de inclusão, critérios de exclusão, casos especiais, Comitê Técnico/Centro de Referência, tratamento (fármacos, esquema de administração, tempo de tratamento–critérios de inter- rupção, e benefícios esperados), monitorização, consentimento infor- mado e referências bibliográficas. São, pois, delineadas as linhas gerais de

diagnóstico e também do tratamento da doença.

II – Termo de consentimento informado (TCI): o qual tem por objetivo

o comprometimento do paciente (ou responsável legal) e do médico com o tratamento.

III e IV – Fluxogramas: os fluxogramas de tratamento representam

graficamente os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, apontando os prin- cipais passos no manejo dos pacientes. Os fluxogramas de dispensação apresen- tam as etapas a serem seguidas pelos farmacêuticos dispensadores desde o mo- mento em que o paciente solicita o medicamento até a sua entrega. A estrutura

dos fluxogramas de tratamento varia, uma vez que as situações clínicas são muito diversas. Os fluxogramas de dispensação, entretanto, apre- sentam uma estrutura geral comum.

V – Ficha farmacoterapêutica: é apresentada, para cada Protocolo Clínico, uma ficha farmacoterapêutica, caracterizada por um roteiro de per-

guntas que tem o intuito de servir como instrumento para o controle efetivo do tratamento estabelecido, promovendo o acompanhamento dos pacientes relativo a reações adversas, interações medicamentosas, contra-indicações, entre outros. O

farmacêutico tem liberdade para incorporar outras perguntas. Ade-

mais, a ficha farmacoterapêutica objetiva servir de acompanhamento dos desfe- chos de saúde da população brasileira.

VI – Guia de orientação ao paciente: material informativo com as prin-

cipais orientações sobre o medicamento a ser dispensado. O farmacêutico

deve dispor desse material que, além de lhe servir como roteiro para orientação oral, será entregue ao paciente, complementando o pro- cesso educativo. A linguagem está voltada para o entendimento do paciente,

em vocabulário acessível.

São aspectos de extrema relevância, aptos a demonstrar o ade- quado (ou inadequado) tratamento médico dispensado ao usuário. A propósito, o denominado Pacto pela Saúde 2006, cujas diretrizes operacionais foram aprovadas pela Portaria n. 399/GM, de 22 de fe- vereiro de 20061, consigna deveres dos municípios, estados, Distrito Federal e União quanto à coordenação, elaboração, pactuação, implantação e adoção de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.

De igual modo, a Portaria n. 2.577/2006 (itens I.9, II.11, 11.1 e seguintes do Anexo I) determina a observância dos Protocolos Clíni- cos e Diretrizes Terapêuticas, seja para “a inclusão de novos medica- mentos/apresentações, ampliação de cobertura ou outras necessidades identificadas”, seja para o próprio “fornecimento de medicamentos” a bem da saúde da população.

A questão a ser ressaltada é que eficiência e economicidade são prin-

cípios da Administração Pública. Os recursos públicos que custeiam o

Sistema Único de Saúde (SUS) devem ser aplicados de modo respon- sável e extremamente criterioso, sobretudo por serem escassos e, via de regra, insuficientes para atender, de forma integral, aos anseios da população. É preciso cautela, portanto, em relação a receitas médicas prescrevendo medicamentos em desconformidade com os “Protoco- los Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Medicamentos Excepcionais”. ______________

1 Portaria n. 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006, “responsabilidades na regulação, contro-

Sim, pois existindo consenso científico a respeito do tratamento mais adequado à determinada doença, não há, em princípio, razão para que um profissional médico atue de modo diverso, máxime quando o caso envolve recursos públicos, finitos e pertencentes à sociedade brasileira.

O Poder Público pode (deve!), evidentemente, investir em programas científicos e de desenvolvimento tecnológico, sobretudo em se tratando de medi- camentos de alto custo e aptos a assegurar a vida de um sem-número de cidadãos brasileiros. Todavia, a eventual ausência de pesquisas específicas não implica legitimar prescrição médica em contrariedade a consensos vigentes ou desprovida de embasamento científico testado, aprovado e comprovado.

Outrossim, impende evidenciar que inúmeros interesses circundam a

produção e a comercialização de medicamentos. Em conseqüência, o que

aparentemente pode surgir como uma nobre defesa da vida de um cidadão, representa, não raras vezes, o patrocínio às intenções econô- micas mais mesquinhas e vorazes de determinado grupo de pessoas ou segmento empresarial, ou ambos. E a vida do paciente, em vez de estar sendo salva, pode estar servindo de “cobaia humana”.

Todo o cuidado é pouco. A saúde não tem preço, mas os medicamen-

tos excepcionais custam caro e o tema deve ser tratado de modo criterioso

e responsável.

Um exemplo prático elucida a questão:

O cidadão “x” compareceu ao Gestor Estadual “y” em busca do medicamento “z”, receitado por seu médico. O medicamento “z”, de caráter excepcional, era indicado para a doença “asma grave”. O paciente, para receber o medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), deveria, por óbvio, ser portador de “asma grave”. E era, ao menos se- gundo a avaliação do seu médico que prescreveu o medicamento “z”.

O que fez o Gestor Estadual? Observou os “critérios de inclu- são” e de “exclusão” referentes à “asma grave” (Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Medicamentos Excepcionais) e, inclusive com a realização do procedimento denominado “espirometria”, constatou que não era caso de “asma grave”.

O paciente, orientado, procurou o seu médico. A medicação foi substituída pela correta, menos onerosa e agressiva à saúde do pacien-

te. Nada de excepcional! Recursos públicos foram economizados... E o paciente vai muito bem, obrigado!

A observância aos “Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – Medicamentos Excepcionais”, por conseguinte, mostra-se funda- mental para assegurar o uso racional e adequado de medicamentos excepcio-

nais, conciliando as necessidades dos pacientes com as carências eco-

nômicas do Poder Público.

Em resumo, recebe o medicamento excepcional quem realmente precisa, e os recursos públicos, talvez, possam ser suficientes! De qualquer forma, o usuário será beneficiado com o tratamento que, cientificamente, mais lhe é favorável!

5

No documento MedicamentosExcepcionaisMPF-PFDC-3arevisao (páginas 35-41)