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A prova de consciência fonológica tem como objectivo a avaliação da consciência fonológica das crianças em fim do ensino pré-escolar e início do 1ºano. As provas que vão ser utilizadas nesta adaptação são as de Classificação da Sílaba Inicial, de Classificação do Fonema Inicial e de Supressão da Sílaba Inicial. Sendo que ambas as provas visavam a categorização das palavras segundo um critério silábico ou fonémico. A outra prova aplicada neste estudo foi a de manipulação de supressão da sílaba inicial onde foi solicitado a cada criança a supressão da sílaba inicial nas palavras apresentadas oralmente originando uma não-palavra na Língua Portuguesa. A cotação máxima obtida na bateria de provas de consciência fonológica é de 42 pontos

Classificação com base na sílaba inicial

O objectivo da aplicação desta subprova foi analisar a capacidade dos participantes identificarem sílabas iniciais idênticas em palavras. Cada resposta correcta será cotada com 1 ponto podendo a pontuação variar entre 0 e 14 pontos.

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Tabela 6

Distribuição de respostas na prova Classificação com base na sílaba inicial

Pontuação Frequência Percentagem

[0-5[ [5-10[ [10-15[ 4 6 9 21,2% 31.7% 47.4%

Os resultados obtidos demonstram que 47, 4% dos participantes obtiveram uma pontuação entre 10 e 14 pontos, o que demonstra que a maioria dos alunos não apresentou dificuldades em identificar sílabas em iniciais idênticas em palavras. Sendo que apenas 21,1% dos alunos obteve uma pontuação entre 0 e 5 pontos. A média encontrada foi de 8,63 com um desvio padrão de 4,23.

Classificação com base no fonema inicial

A subprova de classificação do fonema inicial apresenta como objectivo identificar fonemas iniciais idênticos em diferentes palavras. Cada item correcto foi cotado com 1 ponto podendo o resultado variar entre 0 e 14 pontos.

Tabela 7

Distribuição de respostas na prova Classificação com base no fonema Inicial

Pontuações Frequência Percentagem

[0-5[ [5-10[ [10-15[ 8 7 4 42,2% 36,3% 21,2%

Com recurso à observação do Quadro 7 pudemos indicar que 42,2% dos alunos obteve entre 0 e 5 pontos e apenas 21,2% obteve valores entre 10 e 14 pontos. O que poderá demonstrar que as crianças desta faixa etária apresentam mais dificuldades em tarefas de identificação do fonema inicial do que em tarefas de classificação da sílaba inicial. Sendo a média encontrada de 5.73 e desvio padrão 3,68.

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Supressão da sílaba inicial

A prova de manipulação de supressão da sílaba inicial visa a supressão de uma sílaba das palavras apresentadas oralmente originando uma não-palavra na Língua Portuguesa.

Tabela 8

Distribuição de respostas na prova Supressão da sílaba inicial

Pontuação Frequência Percentagem

[0-5[ [5-10[ [10-15[ 9 5 5 47,4% 26,3% 26,3%

Os resultados encontrados mostram que 47,4% dos participantes apresentam uma pontuação entre 0 e 5, o que revela que estes alunos apresentam alguma dificuldade em suprimir a sílaba inicial em palavras. A percentagem de alunos com uma pontuação entre 10 e 14 foi de 26,3. A média de respostas obtidas nesta prova foi de 5.68 e o desvio padrão 4.73.

Matrizes Progressivas de Raven

A prova de Matrizes Progressivas de Raven P.M. 46 (Série colorida) tem como objectivo estimar a aptidão mobilizada no estabelecimento de relações lógicas com material não verbal. A aplicação e cotação da prova seguiram o protocolo do manual. Primeiro foi calculada a pontuação bruta e as discrepâncias e seguidamente a pontuação foi comparada com os resultados padronizados e convertida num percentil. Cada item correcto foi cotado com um ponto, sendo que, os resultados podem variar de 0 a 36 pontos.

A pontuação média obtida foi de 29,47 e desvio padrão de 19,4. Os resultados demonstram que a distribuição dos de alunos por percentis 10, 25 e 50 é homogénea.

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Tabela 9

Resultados na Prova das Matrizes de Raven

Prova de leitura

Prova de leitura oral de palavras

Esta prova apresenta como objectivo avaliar a precisão e a rapidez de leitura em voz alta de palavras isoladas em crianças dos dois primeiros anos de escolaridade. A média de palavras lidas correctamente foi 11,37 e o desvio padrão 10,21.As pontuações obtidas variam entre os 0 e os 29 pontos. Sendo que 42,4% dos participantes conseguiu ler de forma adequada mais de 16 palavras.

Tabela 10

Distribuição de frequência de respostas na prova de leitura oral de palavras

Pontuações Frequências absolutas Percentagens [0, 8[ [8, 16[ [16, 24[ [24, 32[ 8 3 6 2 42,2% 15,9% 31,8% 10,6%

Pontuações Frequências Percentagens

10 25 50 6 7 6 31,6% 36,8% 31,6%

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Gráfico 3

Nº de crianças que responderam acertadamente em cada palavra

Como podemos observar no Gráfico 5, as palavras que mais alunos leram correctamente foram noite (13), irmão (13), vozes (11) e unhas (10). Os resultados obtidos podem estar relacionados com o facto de estas serem palavras regulares e serem frequentes no léxico das crianças. As palavras que revelaram maiores dificuldades na leitura aos alunos foram: exerço (1), raiz (2), táxi (2) e próximo (3). Os resultados estar relacionados com o facto destas palavras apresentarem correspondências grafo-fonológicas problemáticas (ex: x com valor de [z])

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 arroz irmão oval unhas táxi raiz noite xailes vozes jovens quadros disco pombal mentiu blusa fritar clarão trincha quebrou flauta plantei glutões águias hortelã próximo zarolho exerço cenoura girassol lavrador serpentes cristal R. correcta

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Prova de selecção ortográfica

A prova de selecção ortográfica visa avaliar o reconhecimento ortográfico de palavras em crianças dos dois primeiros anos de escolaridade. É constituída por 32 itens, que são compostos por três palavras cada uma palavra-alvo, uma pseudo-palavra homófona e uma pseudo-palavra visualmente semelhante. (ex: fritar, fritare, frifar). Cada resposta correcta foi cotada com 1 ponto.

Tabela 11

Distribuição de respostas na prova de Selecção Ortográfica

Pontuações Frequências absolutas Percentagens 1.[5 -10[ 2.[10-15[ 3.[15- 20[ 4.[20-25[ 7 6 4 3 37,1% 31,6% 21.25% 15,9%

Tendo em conta a análise do Quadro 10 podemos indicar 37,1 % dos participantes só conseguiu identificar 5 a 10 palavras escritas correctamente e apenas 15,9% indicou correctamente entre 20 e 25 palavras. A média de respostas correctas nesta prova foi de 12,47 e o desvio padrão 5,26

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Gráfico 4

Distribuição de frequência de respostas correctas em cada item

Relativamente à análise da distribuição dos resultados apresentados no Gráfico 3 podemos indicar que as palavras que foram mais vezes identificadas pelos participantes foram as palavras “noite”, “irmão”, “disco” “arroz”. Estes resultados podem dever-se ao facto de estas serem uma palavras com uma estrutura regular, ou seja, a sequência de letras que a compõem estas palavras está de acordo com as regras de correspondência grafema-fonema / fonema-grafema. As palavras menos identificadas pelos alunos pelos alunos foram: “próximo”, “zarolho”, “raiz” e “táxi”, o que pode demonstrar que os alunos apresentam maiores dificuldades em identificar palavras de estrutura irregular.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 arroz irmão oval unhas táxi raiz noite xailes vozes jovens quadros disco pombal mentiu blusa fritar clarão trincha quebrou flauta plantei glutões águias hortelã próximo zarolho exerço cenoura girassol lavrador serpentes cristal R. correcta

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Gráfico 5

Distribuição de frequência de respostas em cada item

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 arroz irmão oval unhas táxi raiz noite xailes vozes jovens quadros disco pombal mentiu blusa fritar clarão trincha quebrou flauta plantei glutões águias hortelã próximo zarolho exerço cenoura girassol lavrador serpentes cristal R. pseudo palavra R. homófona R. correcta

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Relativamente à distribuição da frequência de resposta (Gráfico 4) podemos indicar que as palavras correctas que foram mais vezes identificadas pelos alunos foram: noite, irmão e disco. Relativamente às palavras homófonas palavras que foram mais vezes indicadas pelos alunos foram: táxi, blusas, táxi e zarolho. Podendo estes resultados estarem relacionados com a estrutura fonológica das palavras. Relativamente às pseudo palavras as que induziram os alunos a errar foram: trincha, exerço e quebrou.

Compreensão de frases

A prova de compreensão de frases visa avaliar a capacidade de compreensão da leitura de frases em crianças. A prova é dividida em 3 níveis de dificuldade. A cada resposta correcta foi atribuído 1 ponto, podendo a cotação variar entre 0 e 16 pontos.

Seguidamente no Quadro 12 apresentamos os resultados obtidos na Prova da Compreensão de Frases

Tabela 12

Resultados na Prova da Compreensão de Frases Pontuações Frequências absolutas Percentagens

1. [0, 5[ 2. [5, 10[ 3. [10, 15[ 5 8 6 26,5% 41,7% 31,8%

A média de respostas correctas nesta prova foi de 8,42 e o desvio padrão 4.40. Relativamente à distribuição dos resultados podemos indicar 41,7% obteve uma pontuação entre 5 e 10 pontos e 31, 8% obteve mais de dez pontos na elaboração da prova.

Relações entre os conhecimentos iniciais sobre linguagem escrita e resultados na prova de leitura

Para tentar perceber a relação entre os conhecimentos iniciais sobre linguagem escrita e os resultados em leitura no final do primeiro ano. Efectuou-se uma análise correlacional entre essas variáveis com recurso ao programa de análise estatística SPSS. A estatística utilizada foi o Coeficiente de Correlação de Pearson., uma vez que variáveis em estudo são medidas numa escala pelo menos intervalar e apresentam distribuição normal bivaria.

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Correlações entre as variáveis relativas aos conhecimentos iniciais sobre linguagem escrita

Tabela 13

Correlações entre variáveis (Nome das letras, Som das letra Classificação sílaba inicial, Classificação fonema inicial, Supressão sílaba inicial e Morfo-síntaxe.

** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). * Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

CSI CFI SSI Escrita

L_Técni ca M_sint. Nomelet ra_somat ório Somlet ra_ somat ório 1 ,632(**) ,624(**) ,622(**) ,304 ,551(*) ,450 ,447 CSI , , ,632(**) 1 ,548(*) ,563(*) ,097 ,532(*) ,493(*) ,487(*) CFI ,624(**) ,548(*) 1 ,580(**) ,490(*) ,572(*) ,593(**) ,588(** ) SSI , , ,622(**) ,563(*) ,580(**) 1 ,464(*) ,647(**) ,753(**) ,776(** ) Escrita ,304 ,097 ,490(*) ,464(*) 1 ,688(**) ,428 ,484(*) L_Técnic a , ,551(*) ,532(*) ,572(*) ,647(**) ,688(**) 1 ,419 ,558(*) M_sint , , , , ,450 ,493(*) ,593(**) ,753(**) ,428 ,419 1 ,848(** ) Nomeletr a_somató rio , ,447 ,487(*) ,588(**) ,776(**) ,484(*) ,558(*) ,848(**) 1 Somletra_ somatório

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A variável Classificação com base na sílaba inicial apresenta correlações elevadas com a Classificação com base no fonema inicial (p=0,632) e com a Supressão da sílaba inicial (p=0,624), seguindo-se a Escrita inventada (p=0,622). Com correlações mais fracas mas também significativas surgem as variáveis Consciência sintáctica (p=0,551), Nome das letras (p=0,450) e Som das letras (p=0,447).

A Classificação com base no fonema inicial apresenta a correlação mais elevada com a Classificação com base na sílaba inicial (p=0,632), a Escrita inventada (p=0,563), e com a Supressão da sílaba inicial (p=0,548). Com valores também significativos surgem as variáveis Consciência sintáctica (p=0,532), Nome das letras (p=0,493) e Som das letras (p=0,487).

A variável Supressão da sílaba inicial está correlacionada com todas as variáveis. Classificação com base na sílaba inicial (p=0,624), Nome das letras (p=0,593), Som das letras (p=0,588), Escrita inventada (p=0,580), Consciência sintáctica (p=0,572), Classificação com base no fonema inicial (p=0,548), Linguagem Técnica e Linguagem Escrita (p=0,490).

A variável Escrita inventada apresenta a correlação mais elevada com a variável Som das letras (p=0,776), seguindo-se a correlação com a variável Nome das Letras (p=0,753), Consciência sintáctica (p=0,647). Classificação com base na sílaba inicial (p=0,622), Supressão da sílaba inicial (p=0,580), Classificação com base no fonema inicial (p=0,563). Linguagem Técnica e Linguagem Escrita (p=0,464).

A variável Linguagem Técnica e Linguagem Escrita apresenta uma correlação elevada com a variável Consciência sintáctica (p=0,688), e uma correlação mais fraca mas também significativa com as variáveis Supressão da sílaba inicial (p=0,490),

A variável Consciência sintáctica apresenta correlações com as variáveis Linguagem Técnica e Linguagem Escrita (p=0,688) Escrita inventada (p=0,647), Supressão da sílaba inicial (p=0,572). Com correlações mais fracas mas também significativas mas também significativas surgem as variáveis Som das letras (p=0,558), Classificação com base na sílaba inicial (p=0,551) e a Classificação com base no fonema inicial (p=0,572).

A variável Nome das letras apresenta a correlação mais elevada com o Som das letras (p=0,848), Escrita inventada (p=0,753), apresenta ainda correlações com as variáveis fonológicas

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- Supressão da sílaba inicial (p=0,593) Classificação com base no fonema inicia (p=0,493) l e Classificação com base na sílaba inicial (p=0,450), sendo estas correlações mais fracas.

A variável Som das letras apresenta a correlação mais elevada com o Nome das letras (p=0,848), Escrita inventada (p=0,776), apresenta ainda correlações com as variáveis Supressão da sílaba inicial (p=0,588), Consciência sintáctica (p=0,558), Classificação com base no fonema inicia (p=0,487), Linguagem Técnica e Linguagem Escrita (p=0,484) e Classificação com base na sílaba inicial (p=0,447), sendo estas correlações mais fracas.

Correlações entre as variáveis de leitura

Tabela 14

Correlações entre as componentes da leitura

Leitura_oral Selecção_ort Compr_frases

Leitura_oral 1 ,920(**) ,827(**) , Selecção_ort ,920(**), 1 ,727(**) , , Compr_frases ,827(**) ,727(**) 1 , ,

** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

A Leitura oral de palavras apresenta a correlação forte com ambas as variáveis da leitura. A variável selecção ortográfica apresenta uma correlação muito forte com a Leitura oral de palavras (p=0,920), sendo que a Compreensão de frases também se correlaciona significativamente com a variável em estudo (p=0,827).

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A variável Selecção ortográfica apresenta correlações fortes com as outras variáveis, sendo os resultados obtidos de (p=0,920) na Leitura oral de palavras e de (p=0,727) na Compreensão de frases.

A variável Compreensão de frases apresenta correlações igualmente significativas com a Leitura oral de palavras (p=0,827) e com a selecção ortográfica (p=0,727)

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Correlações entre os conhecimentos iniciais sobre linguagem escrita e as variáveis da leitura

Correlações das variáveis que representam os conhecimentos iniciais de linguagem escrita com as variáveis da leitura.

Tabela 15

** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). * Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

A variável que apresenta uma correlação mais forte com os componentes é a Escrita

inventada selecção ortográfica (p=0,787), Leitura oral de palavras (p=0,766) e a Compreensão de frases (p=0,531).

Leitura_oral Selecção_ort Compr_frases

CSI ,732(**) ,619(**) ,477(*) , CFI ,624(**) ,678(**) ,247 SSI ,678(**) ,491(*) ,498(*) Escrita ,766(**) ,787(**) ,531(*) L_Técnica ,362 ,356 ,263 , M_sint ,537(*) ,580(**) ,290 Nomeletra _somatório ,578(**) ,574(*) ,381 , , Somletra _somatório ,753(**) ,763(**) ,620(**) , Matrizes ,365 ,259 ,069 , ,

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A Classificação com base na sílaba inicial apresenta correlaciona-se com todas as componentes da leitura, Leitura oral de palavras (p=0,732), selecção ortográfica (p=0,619) e Compreensão de frases (p=0,477).

A variável Classificação com base no fonema inicial apresenta correlações fortes com Selecção ortográfica (p=0,678), e com Leitura oral de palavras (p=0,624).

A variável Supressão da sílaba inicial, apresenta a correlação mais forte com a Leitura oral de palavras (p=0,678).

A variável Consciência sintáctica apresenta correlações com as variáveis selecção ortográfica (p=0,580) e Leitura oral de palavras (p=0,537).

A variável Nome das letras está correlação com a Leitura oral de palavras (p=0,578), selecção ortográfica (p=0,574).

A variável Som das letras está correlacionada de forma significativa com todas as componentes da leitura selecção ortográfica (p=0,763), Leitura oral de palavras (p=0,753) e Compreensão de frases (p=0,620).

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DISCUSSÂO DOS RESULTADOS

O presente estudo foi elaborado com base no trabalho desenvolvido por Alves Martins e Farinha (2006) e apresenta como objectivo perceber se os conhecimentos iniciais sobre a linguagem escrita se relacionam de diferente forma com as várias componentes da leitura. Na sequência da investigação realizada pela autora colocamos a seguinte questão de investigação: “Será que os conhecimentos iniciais sobre linguagem escrita determinam diferentes relações com as várias componentes da leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Compreensão de Frases) no final do 1º ano de escolaridade.

Tendo em conta o objectivo do estudo foi colocada a seguinte hipótese geral: os conhecimentos iniciais sobre a linguagem escrita determinam diferentes relações com as várias componentes da leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Compreensão de Frases), no final do 1º ano de escolaridade, sendo que esta hipótese geral foi dissociada nas diversas variáveis que remetem para os conhecimentos iniciais sobre a linguagem escrita (Nome das letras, Escrita inventada, Consciência fonológica, Consciência morfo-sintáctica e Linguagem técnica e Linguagem Escrita).

Começámos a nossa investigação colocando a hipótese que os resultados obtidos nas várias componentes da leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Compreensão de Frases) no final do ano lectivo serão tanto melhores quanto maior for o conhecimento do nome e do som das letras no inicio do ano.

Os resultados obtidos demonstram que a hipótese confirma-se, na medida em que obtivemos correlações positivas e significativas entre o nome das letras e as três componentes da leitura, respectivamente 0.58, 0.57 e 0.38 e entre o som das letras e as componentes da leitura, respectivamente 0.75, 0.76 e 0.62. Tal como se pode verificar as correlações com o som da letra são mais elevadas. Por outro lado, as correlações do nome e do som das letras com a Leitura Oral e a Selecção Ortográfica são superiores as que se obtêm na Compreensão de Frases.

Este resultados encontrados corroboram com os obtidos por Alves Martins e Silva, (1999), Alves Martins e Farinha (2006) e Mestre, (2009), que afirmam que o conhecimento do nome e do som das letras está relacionado com aprendizagem da leitura, podendo este resultado ser explicado pelo facto do nome da letra conter o som que ela representa, o que vai auxiliar a criança a fazer correspondências entre grafemas e fonemas. Cardoso-Martins e Batista (2005) defendem que as crianças falantes do português utilizam conhecimento do nome das letras para conectar a escrita à fala, ou seja, elaborar correspondências grafo-fonológicas. Treiman (2000), indica que as crianças utilizam o conhecimento do nome das letras e as suas competências

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fonológicas na aprendizagem do som das letras, ou seja, as crianças procuram as principais ligações entre as letras e sons que lhes correspondem.

A segunda hipótese testada afirma que os resultados obtidos nas várias componentes da leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Leitura Compreensiva) no final do ano lectivo serão tanto melhores quanto melhores forem os resultados obtidos na prova de escrita inventada no inicio do ano.

Os resultados encontrados demonstram que a escrita inventada é a variável que apresentam correlações mais fortes com as componentes da leitura: Selecção Ortográfica (0,79), Leitura Oral de Palavras (0,77) e a Compreensão de Frases (0,53), confirmando-se então a hipótese de que a escrita inventada é um bom preditor da aprendizagem da leitura.

Para Alves Martins (1996), as crianças no inicio do ano percebem que a linguagem escrita representa a linguagem oral, ou seja, percebem que as unidades da fala são codificadas na linguagem escrita apresentam melhores resultados em leitura no final do ano, do que aquelas que consideram a escrita à semelhança do desenho. Para estas crianças a escrita representa o referente e não a linguagem. Ferreiro & Teberosky (1984/1999), afirmam que as hipóteses conceptuais que as crianças elaboram sobre a linguagem escrita antes do ensino formal são um excelente preditor da aprendizagem da leitura.

Para Treiman (1998), Alves Martins e Farinha (2006) e Mestre (2009) as escritas inventadas que as crianças elaboram, constituem uma via para promover a consciência fonológica, assim como são um indicador das habilidades fonológicas. As escritas inventadas apresentam um valor preditivo do sucesso infantil na aprendizagem da leitura.

Relativamente à hipótese que os resultados obtidos nas várias componentes da leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Leitura Compreensiva) no final do ano lectivo serão tanto melhores quanto maiores forem os resultados obtidos na prova de linguagem técnica de leitura e da Linguagem escrita no inicio do ano. Podemos indicar que esta hipótese não se confirma, visto que os resultados obtidos na prova de linguagem técnica de leitura e da escrita não estão correlacionados com nenhuma das componentes da leitura. Estes resultados vão ao encontro dos obtidos por Alves Martins e Farinha (2006), pois indicam que o domínio de um conjunto de termos técnicos da linguagem escrita não está correlacionado com os resultados obtidos em leitura no final do 1º ano de escolaridade.

No que se refere à quarta hipótese apresentada “Os resultados obtidos nas várias componentes da leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Leitura Compreensiva) no final do ano lectivo serão tanto melhores quanto maiores forem os resultados obtidos na prova de consciência sintáctica no inicio ano”. É possível referenciar que esta se confirma parcialmente, visto que a consciência sintáctica apresenta correlações significativas com a Leitura Oral e com a

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Selecção Ortográfica, 0.58 e 054 respectivamente, mas não está correlacionada com Compreensão de Frases como não era de esperar, uma vez que a maioria da literatura encontrada aponta para a existência de uma relação entre a consciência sintáctica e a compreensão leitora. (Rego, 1997; Barrera e Maluf, 2003; Alves Martins & Farinha 2006; Mestre, 2009). No entanto Mota, Mota, Cota, Mansur, Lima, Calzavara, Cunha e Banhato (2009), afirmam que a relação entre a consciência sintáctica e a aprendizagem leitura é mais controversa do que a relação entre a aprendizagem da leitura com a consciência fonológica, podendo este resultado estar relacionado com o facto da capacidade de reflectir sobre a sintaxe começar a ser mais efectiva depois que a criança adquira as regras de correspondência da sua língua.

A ultima hipótese testada pretendia saber se os resultados obtidos nas várias componentes da Leitura (Leitura oral, Selecção Ortográfica e Leitura Compreensiva) no final do ano lectivo serão tanto melhores quanto maiores forem os resultados obtidos na prova de consciência fonológica no inicio ano. Os resultados obtidos demonstram que a Classificação da Sílaba Inicial está estritamente correlacionada com as componentes da leitura (Leitura oral de palavras (0,74), selecção ortográfica (0,62) e Compreensão de frases (0,48). A Classificação com base no fonema inicial apresenta correlações fortes com Selecção ortográfica (0,68), e com Leitura oral de palavras (0,62), mas não está correlacionada com a Compreensão de Frases. A variável Supressão da sílaba inicial está relacionada com as componentes da leitura, apresentando as correlações mais fortes com a Leitura Oral de palavras (0,68), seguindo-se a Compreensão de Frases (0,5) e, por fim, a Selecção Ortográfica (0,49). Estes resultados demonstram que a leitura Oral de Palavras está mais relacionada com tarefas de classificação e supressão de sílabas iniciais em palavras. No que se refere á Selecção Ortográfica é possível referir que está mais relacionada com tarefas de identificação de fonemas iniciais em palavras. Relativamente à Compreensão de Frases, podemos indicar que esta apresenta correlações significativas com Classificação com base no fonema inicial e com Supressão da sílaba inicial.

Segundo Silva (2004), o desenvolvimento da consciência dos segmentos orais está estritamente correlacionada com os conhecimentos que as crianças constroem acerca do sistema escrito.

Para Muter, Hulme, Snowling e Stevenson, (2003) um bom desempenho em tarefas de descodificação de palavras depende das competências fonológicas das crianças e que a descodificação de palavras, é um excelente preditor da compreensão leitora.

Dambrowski, Martins, Theodoro e Gomes (2008), preocuparam-se em demonstrar que a consciência fonológica é essencial para a aquisição do código escrito, facilitando o processo de alfabetização, assim como, evidenciar que as crianças que são estimuladas com actividades de consciência fonológica apresentam melhor desenvolvimento na escrita. Os resultados

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encontrados indicam que a estimulação da consciência fonológica auxilia a evolução do nível de

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