Provas de Avaliação dos Processos de Leitura (PROLEC)

Desenvolvido em 1996 por Fernando Cuetos, Blanca Rodriguez e Elvira Ruano, no Departamento de Psicologia da Universidade de Oviedo, na Espanha, o PROLEC é uma ferramenta avaliativa composta de dez subtestes específicos que identificam o nível de desempenho de leitura do aluno avaliado em relação aos diversos processos que compõem a aprendizagem do sistema de leitura (CUETOS; RODRIGUEZ; RUANO, 2015). A avaliação do PROLEC aplicada aos alunos das escolas participantes desta pesquisa ocorre por meio de cinco destes subtestes e envolve os quatro processos que compõem a compreensão adequada de um material escrito: identificação de letras, processo léxico, processo sintático e processo semântico.

Os subtestes Nome ou Som de Letras e Igual ou Diferente compõem a avaliação do processo de identificação de letras, no qual o primeiro subteste investiga se o aluno avaliado tem conhecimento sobre as letras apresentadas a ele. Já o segundo subteste avalia se o aluno consegue distinguir possíveis diferenças na composição de palavras apresentadas aos pares. Em ambos os subtestes são aplicadas vinte questões, podendo, dessa forma, o participante obter uma nota entre zero e vinte para cada subteste aplicado.

Para identificação do nível do processo léxico da criança avaliada, aplica-se o subteste Leitura de Pseudopalavra. Neste, o aluno deve ler trinta pseudopalavras compostas por diferentes níveis de complexidade silábica e visa avaliar se o mesmo possui um adequado desenvolvimento das rotas de conhecimento das palavras. O participante pode obter uma nota entre zero e trinta nesse subteste.

O subteste Estrutura Gramatical é parte da avaliação do processo sintático, que objetiva identificar se o aluno não apenas reconhece palavras, mas compreende a função sintática destas em uma oração. Para tanto, quinze questões compõem o subteste, no qual cada questão é composta de três orações de diferentes estruturas sintáticas e uma imagem. O participante, então, deve identificar qual oração está de acordo com a imagem e pode, portanto, obter uma nota entre zero e quinze para este subteste.

O último subteste aplicado, Compreensão de Textos, corresponde à identificação do nível do processo semântico do aluno. Nesta etapa, avalia-se se o participante consegue entender o que está sendo proposto no texto e agregar esse entendimento à conhecimentos anteriormente registrados em sua memória, fazendo um adequado uso desta informação combinada. O subteste é composto por quatro questionamentos literais ou inferenciais para cada um dos quatro breves textos apresentados. Assim, o aluno participante pode obter de zero a um total de dezesseis pontos nesta avaliação.

A partir das pontuações obtidas em cada subteste aplicado e registrado no Caderno de Respostas (Anexo A) é possível avaliar e incluir o aluno em uma determinada categoria de desempenho. De acordo com o Manual do PROLEC, as categorias estabelecidas envolvem três níveis possíveis de desempenho para o avaliado: com muita dificuldade (representado pelas letras DD), com dificuldade (representado pela letra D) e normal (representado pela letra N). É importante destacar que o termo “normal” é estabelecido pelos autores do Manual e decorre apenas de uma correspondência para o nível de leitura considerado como adequado ou dentro do que se espera de um aluno no ano escolar em questão. Assim, o termo adotado, em si, não tem relação com qualquer suposta anormalidade para os alunos que não alcançam tal nível de resultado.

A Tabela 2 apresenta a composição das categorias estabelecidas, a partir da pontuação obtida em cada um dos cinco subtestes aplicados.

Tabela 2: Classificação da pontuação por subteste de acordo com o ano escolar.

Ano Escolar 1º e 2º Ano 3º Ano

SubTeste DD D N DD D N

1: Nome ou Som de Letras 0-16 17-18 19-20 0-17 18-19 20

2: Igual ou Diferente 0-16 17-18 19-20 0-16 17-18 19-20

5: Leitura de Pseudopalavras 0-21 22-24 25-30 0-21 22-23 24-30

7: Estruturas Gramaticais 0-4 5-6 7-15 0-5 6-8 9-15

10: Compreensão de Textos 0-2 3-5 6-16 0-3 4-7 8-16

Fonte: Adaptado de Cuetos, Rodrigues e Ruano (2015).

Conforme observado na Tabela 2, é natural que alunos em um ano escolar mais avançado, como o 3º ano, tenham desempenhos melhores ao responder o mesmo subteste que alunos em níveis escolares mais baixos, como o 1º e 2º ano. Dessa forma, a expectativa de

uma pontuação mais elevada para uma parcela de alunos, em relação a outros, proporciona ajustes necessários para uma adequada categorização dos níveis de desempenho em cada subteste. Contudo, é necessário esclarecer que o Manual do PROLEC não faz qualquer referência a alunos do 1º ano escolar, tendo em vista que a avaliação foi desenvolvida para alunos a partir do 2º ano. Assim, para efeitos de análise na pesquisa apresentada neste trabalho, os níveis de desempenho categorizados dos alunos do 1º ano escolar serão equiparados aos do 2º ano. Faz-se relevante salientar, também, que a aplicação do PROLEC não ocorreu de maneira forçada a nenhuma criança, nem tão pouco nenhum aluno foi impedido de participar do mesmo.

Destaca-se, ainda, que a execução das avaliações do PROLEC nas escolas participantes desta pesquisa ocorreu sempre ao final dos anos letivos escolares, ao longo do período estabelecido para o âmbito deste estudo. Todos os subtestes que compõem as avaliações foram respondidos de forma individual por cada aluno, a partir da aplicação e observação do bolsista responsável e participante do subprojeto na escola. Os questionamentos propostos nos subtestes foram elaboradas dentro do escopo esperado para o processo de sistema de leitura destacado, sendo realizados por meio de perguntas diretas que possuem apenas uma resposta correta para qualquer questão. Assim, a pontuação em todo subteste é composta pela soma simples das respostas corretas oferecidas pelo aluno avaliado, variando o resultado final, então, de zero ao total de questões propostas para cada subteste.