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4. Campanha Experimental

4.9. Caracterização dos provetes no estado endurecido

4.9.2. Provetes sobre tijolo cerâmico sem rede

No presente capítulo serão explicitados em detalhe todos os ensaios realizados sobre os provetes em tijolo cerâmico sem rede.

4.9.2.1. Avaliação de características mecânicas por ultra-sons

Foi realizado o ensaio com ultra-sons com base na ficha de ensaio FE Pa 43 (LNEC, 2015). Este ensaio pretende avaliar a influência da consolidação ao nível da porosidade e compacidade dos provetes tratados em comparação com os provetes de referência.

A avaliação das características mecânicas por ultra-sons realizada nos provetes sobre tijolo cerâmico sem rede (260x190x20mm) é em tudo semelhante à realizada sobre os provetes com rede (160x40x20mm) como exposto no capítulo 4.9.1.2.

Para os provetes sobre tijolo cerâmico (260x190x20mm) recorreu-se ao método indirecto na transmissão de ondas, ou seja, o transmissor e receptor estão colocados na mesma face da argamassa.

Para este tipo de provetes, foi realizado um mapeamento dos pontos de leitura com o objectivo de ser realizado à mesma distância em todos os provetes ensaiados como é demonstrado na Figura A.IV.1. Mantendo-se fixo o transmissor, foi-se afastando o receptor de 20 em 20mm. Este ensaio foi realizado em três zonas distintas de cada provete (na parte superior do provete, a meio do provete e ainda na zona inferior do provete). Em cada zona foram analisados doze pontos, realizando-se três leituras em cada ponto.

4.9.2.2. Dureza superficial por durómetro

Para avaliação da dureza superficial dos provetes recorreu-se ao durómetro Shore A. Este ensaio teve como base a ficha de ensaio FE Pa 49 (LNEC, 2015).

O ensaio consiste em encostar à superfície a ensaiar o durómetro. O pino na sua extremidade é pressionado perpendicularmente contra a superfície do revestimento. A mola accionada por esta pressão origina o movimento de um ponteiro num mostrador circular, ao longo de uma escala de 0 a 100, que indica a resistência da superfície à penetração do pino.

Foi realizado um mapeamento dos pontos de leitura com o objectivo de ser realizado à mesma distância em todos os provetes ensaiados como é demonstrado na Figura A.IV.1. No total foram realizadas 24 leituras em cada provete, tendo sido realizadas metade das leituras na parte superior do provete e as restantes na parte inferior.

Com os valores obtidos das durezas superficiais em cada provete, procedeu-se ao cálculo da respectiva média e desvio-padrão associados.

CAMPANHA EXPERIMENTAL

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4.9.2.3. Avaliação da coesão superficial recorrendo a fita adesiva

Foi realizado um ensaio recorrendo a fita adesiva. O ensaio teve como objectivo avaliar a coesão das camadas superficiais da argamassa com e sem tratamento.

Para este ensaio cortou-se um pedaço de fita adesiva de tal forma que a área a colar tivesse as dimensões de 100x40mm e pesou-se numa balança de precisão 0,0001g. De seguida colocou-se a fita adesiva numa área previamente seleccionada pressionando com os dedos a fita adesiva três vezes de modo a fixá-la e de seguida removeu-se. Finalmente pesa-se a fita adesiva com o material retido, avaliando-se dessa forma a quantidade de material colado à fita adesiva.

Na Figura 4.19 pode-se observar as várias fitas adesivas dos diferentes provetes ensaiados e a quantidade de material retido.

Figura 4.19 – Perda de massa superficial dos diferentes provetes ensaiados

4.9.2.4. Absorção de água sob baixa pressão – Tubos de Karsten

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão foi realizado com base na ficha de ensaio FE Pa 39 (LNEC, 2015) e na norma EN 16302 (CEN, 2013) recorrendo aos tubos de Karsten. Para além do ensaio de absorção de água por capilaridade, também este ensaio permite caracterizar o comportamento da argamassa face à acção da água, simulando a água da chuva acompanhada por uma pressão devida ao vento.

Este ensaio permitiu avaliar a permeabilidade do material através da determinação da quantidade de água absorvida pela argamassa durante um período de tempo numa determinada área.

Os provetes foram ensaiados na horizontal, utilizando-se os tubos de Karsten para superfícies horizontais como é ilustrado na Figura 4.20, graduados de 0 a 4ml. Antes da colocação dos tubos, a superfície dos provetes foi limpa para remover partículas soltas eventualmente existentes. De forma a fixar os tubos nos provetes, recorreu-se a material selante (bostik), o qual foi colocado sobre a superfície do bordo do tubo que ficou em contacto com o revestimento, evitando o excesso para que este não influenciasse a área real de material que se presume estar em contacto com a água. Fixaram-se os

REF AC 1T 5T 5T 0.03OG 0.5OG 1T+0.03OG 1T 0.03OG 0.5OG 1T+0.03OG 1T+0.5OG 1T+0.5OG 5T+0.03OG 5T+0.03OG 5T+0.5OG 5T+0.5OG

45 tubos às zonas de superfície a serem ensaiadas, pressionando-os contra o provete de forma a minimizar a ocorrência de fugas de água.

Com o auxílio de um esguicho, encheram-se os tubos com água até à graduação de 0ml e deu-se início à contagem do tempo através de um cronómetro.

Figura 4.20 – Esquema do tubo de Karsten para superfícies horizontais (FE Pa 39, 2015) (à esquerda) e tubo de Karsten colocado sobre o provete (à direita)

Iniciou-se este ensaio com o provete 11 com o tratamento 0.03OG, colocando três tubos de Karsten sobre o suporte como se pode verificar na Figura 4.21 a). Iniciou-se o ensaio com o tubo 1 enchendo-o até à marca dos 0ml, aguardou-se 30s e encheu-se o tubo 2, repetindo-se o mesmo processo para o tubo 3. Assim que se iniciou o enchimento do tubo 2, o tubo 1 chegou à marca de 4ml, ou seja, em 30s absorveu os 4ml de água. O mesmo ocorreu no tubo 2. Como o suporte absorveu a água rapidamente, optou-se por fazer uma adaptação ao procedimento descrito na ficha de ensaio FE Pa 39 (LNEC, 2015), colocando apenas dois tubos de Karsten em cada provete e registar o tempo que a água demorava a alcançar 1ml, 2ml, 3ml e 4ml. Os tubos de Karsten não foram aplicados em simultâneo, tendo sido colocado um tubo de cada vez para a medição do tempo de absorção (Figura 4.21b)). Foi tido o cuidado de colocar o segundo tubo suficientemente afastado do primeiro, de modo a evitar a área molhada.

Figura 4.21 – Tubos de Karsten sobre os provetes

Observou-se que todos os provetes absorveram os 4ml de água rapidamente, não demorando nenhum provete mais que dois minutos na absorção de 4ml de água.

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O resultado do ensaio exprime-se pelos valores de água absorvida (Wi), em cada um dos pontos de

medição e pela respectiva média aritmética. O cálculo da quantidade de água absorvida por área num determinado período de tempo (ti) é dado pela equação 4.10:

𝑊

𝑖

=

𝑄𝐴𝑖 (4.10) Wi [ml/cm2] representa a quantidade de água absorvida, Qi [ml] é a quantidade de água absorvida

no instante i desde o início do ensaio e A [cm2] é a área de ensaio correspondente à área de abertura da

base do tubo, sendo a área de abertura do tubo de 5.7cm2.

Com base na equação anterior, é possível obter a quantidade de água total absorvida por unidade de área através da quantidade de água absorvida medida no final do ensaio para cada um dos provetes. Através do declive da recta obtida pela representação gráfica da equação 4.10 em função da raiz quadradra do tempo (√t) é possível obter o coeficiente de absorção (CA) em kg/(m2.s1/2).