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4 SELEÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS TEMPORÁRIOS

4.2 Provimento

Analisar-se-á, neste momento, o meios de provimento de cargos, empregos e funções públicas que interessam ao presente trabalho, por tal razão não se abordará os casos de nomeação para cargo público, apenas concurso público e o processo seletivo simplificado.

43 O concurso público de provas ou de provas e títulos apresenta-se como o meio de provimento de cargos mais importante presente no ordenamento jurídico brasileiro. Por meio do qual, garante-se a aplicação de inúmeros princípios norteadores da atuação do Estado, bem como de princípios que são direito fundamentais e garantias do cidadão.

Está prevista a obrigatoriedade de concurso público para a investidura em cargo ou emprego público no art. 37, inciso II, da Constituição Federal.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou provas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Cumpre transcrever a conceituação de concurso público trazida por Fernanda Marinela:

O concurso público é um procedimento administrativo colocado à disposição da Administração pública para a escolha de seus futuros servidores. Representa a efetivação de princípios como a impessoalidade, a isonomia, a moralidade administrativa, permitindo que qualquer um que preencha os requisitos, sendo aprovado em razão de seu mérito, possa ser servidor público, ficando afastados os favoritismos e perseguições pessoais, bem como o nepotismo [...]. 77

José dos Santos Carvalho Filho entende o concurso público como “procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões pessoais e selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções públicas.”78

O concurso público fundamenta-se, segundo a doutrina de Carvalho Filho79, em três

pilares fundamentais: igualdade, moralidade administrativa e competição. O primeiro diz respeito à possibilidade de todos os candidatos ingressarem no serviço público disputando as vagas em igualdade de condições. Pelo segundo, busca-se evitar os favorecimentos e perseguições, bem como a prática do nepotismo. Por fim, os candidatos colocam-se em situação de competição a fim de conquistar a aprovação, observando sempre a classificação de cada um.

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77 MARINELA, Fernanda. Op. Cit., p. 633

78 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Op. Cit., p. 595. 79 Ibid. p. 597.

44 Existem autores80 que entendem que o concurso público também funda-se no art.

170 da Constituição Federal.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

(...)

VIII – busca do pleno emprego;

De todo modo, é consenso entre todos que o concurso público constitui-se na via democrática de acesso ao serviço público, procedimento de seleção em que se garante direitos e prerrogativas aos cidadãos, sempre servindo ao interesse público na busca do servidor mais preparado e apto.

4.2.2. Processo seletivo simplificado

Muito embora a regra seja a de obrigatoriedade de aprovação prévia em concurso público para a ocupação de cargos, empregos e funções públicas, o legislador constituinte resolver excepcionar tal regra em alguns casos, tendo sempre em vista a supremacia do interesse público, seja pela urgência ou precariedade da situação.

Uma das hipóteses é a trazida pelo tão repetido inciso IX do art. 37 da Constituição Federal, em que a necessidade temporária e o interesse público excepcional ensejam a não obrigatoriedade do concurso público.

Conforme já visto, cuidou a Lei nº 8.745/93 de regulamentar as condições, prazos e procedimentos para a contratação desses servidores temporários no âmbito federal. Cumpre transcrever o art. 3º do referido texto legal, a fim de melhor entender o método de contratação desses servidores.

Art. 3º O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos termos desta Lei, será feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União, prescindindo de concurso público.

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80 “Insta, por fim, acrescentar que o acesso a cargos e empregos públicos consubstancia uma das vias de implementação por parte do Estado do princípio inerente à ordem econômica, a saber, a busca do pleno emprego (art. 170, VIII, da CF/88)”. JÚNIOR, Agapito Machado. Concursos Públicos. São Paulo: Atlas, 2008. p. 7

45 A fim de compatibilizar a finalidade da lei – atender necessidade temporária de excepcional interesse público -, o legislador optou por um meio de provimento mais célere do que o concurso público de provas ou de provas e títulos.

Isso não quer dizer, todavia, que o procedimento seletivo simplificado não esteja sujeito a todos os princípios a que o concurso público se submete, quais sejam: a isonomia, impessoalidade, amplo acesso, moralidade, publicidade etc. O fato de não ser concurso público, não enseja o pensamento de que é, por isso, menos confiável ou até mesmo sujeito a favorecimento de terceiros ou qualquer coisa do gênero.

Inobstante isso, é preciso se ater a um pequeno detalhe. Ao dizer que o concurso público é prescindível, o art. 3º da Lei afirma que este não é obrigatório, como se vê em regra, muito embora nada impeça que o órgão público que deseja realizar a contratação temporária nos termos da Lei nº 8.745/93 opte por tal meio de provimento.81

Discorrendo sobre a contratação temporária por meio de processo seletivo simplificado, Maria Sylvia Di Pietro ensina que:

Daí a desnecessidade de concurso, pois somente sendo possível a contratação de servidor temporário para atender à necessidade transitória de excepcional interesse público, a demora do procedimento do concurso público pode ser incompatível com as exigências imediatas da Administração, em caso, por exemplo, de epidemia ou outra calamidade pública.82

Em virtude da semelhança dos processos acima descritos, muitos princípios, que são a eles comuns, serão analisados a posteriori.

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