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PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA

Para resolver esta situação, em obediência ao art. 183, da Lei nº.

6.404/76 (Lei das S/As), a Companhia deve fazer os ajustes necessários em seu Balanço, de forma a apresentar ao público interessado nas informações ali apresentadas, a real situação da empresa. Desta forma, o Crédito daquela empresa que não pagou o título no vencimento deve ser considerado de difícil recebimento (liquidação duvidosa), pois há uma dúvida sobre a efetivação do seu recebimento. Assim, nasceu tecnicamente a denominada Provisão Para Devedores Duvidosos (PDD).

A PDD foi constituída inicialmente sob a égide do antigo Decreto-Lei nº 1.598/77, considerado o regulamento de imposto de renda daquela época, pois ajustava o comportamento contábil obrigatório da Lei nº 6.404/76 aos interesses do Fisco (Imposto de Renda), através de operações realizadas com o LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real. Contudo, como demonstra a nota de rodapé assinalada acima, ocorreram algumas mudanças no Regulamento do Imposto de Renda, no que tange às provisões, não sendo mais permitido se fazer qualquer provisão, mas, apenas algumas.

A pergunta de nº. 410, no site da Receita Federal, responde bem a questão. Vejamos:

Quais são as provisões autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, a partir de 01.01.96?

A partir de 01/01/96, a legislação do imposto de renda somente autoriza a constituição, como custo ou despesa operacional, das seguintes provisões (Lei nº 9.249/95, art. 13, I) (RIR/99, art. 335):

NOTA: Até 31.12.96 foi ainda permitida a dedução da provisão para créditos de liquidação duvidosa, prevista no artigo 43 da Lei nº 8.981/95 (com as alterações da Lei nº 9.065/95 e Lei nº 9.249/95, art. 13, I), cuja possibilidade de constituição foi inteiramente revogada a partir de 01/01/97 por intermédio da Lei nº 9.430/96, art. 14.

Assim, só são permitidas as provisões previstas nos arts. 336, 337 e 338, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº. 3.000/1999), ou sejam:

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I - provisões constituídas para o pagamento de férias de empregados (RIR/99 art. 337);

II - provisões para o pagamento de décimo-terceiro salário (RIR/99 art. 338);

III - provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida em lei especial a elas aplicável (RIR/99 art. 336);

Neste sentido, havendo a provisão feita pela empresa em obediência a Lei das S/As., a empresa deve proceder a ajustes no LALUR para atender ao fisco. No tópico a seguir, estudaremos os ajustes do LALUR.

Então, podemos concluir que não há qualquer possibilidade de provisão para crédito de devedores duvidosos. Mas, o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), nos arts. 340 a 343, com a redação dada pela Lei nº 9.430/1996, permite a dedução de perdas com o não-recebimento de créditos, da seguinte forma:

Para fins da legislação fiscal poderão ser registrados como perda, os créditos, RIR/99, art. 340, § 1º:

em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, mediante sentença emanada do Poder Judiciário; b

a) sem garantia de valor: b.1) até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b.2) acima de R$ 5.000,00 até R$ 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém mantida a cobrança administrativa; b.3) acima de R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

b) com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;

c) contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar. Caso a pessoa jurídica concordatária não honre o compromisso do pagamento de parcela do crédito, esta também poderá ser deduzida como perda, observadas as condições gerais para dedução das perdas (IN SRF nº 93/97).

Essas perdas poderão ser contabilizadas a crédito de conta redutora do ativo, com a finalidade de controle, pois em caso de recebimento desses valores futuramente, mesmo que haja sido levado a débito da conta de resultado segundo os critérios acima, a empresa beneficiada deverá levar à tributação o valor recuperado.

Neste caso, casa haja sido contabilizado como provisão, deverá fazer a reversão da mesma.

LALUR – LIVRO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL

O Livro de Apuração do Lucro Real, também conhecido pela sigla LALUR, é um livro de escrituração de natureza eminentemente fiscal, criado pelo Decreto‐Lei nº 1.598/77, conforme previsão do § 2º., do art. 177, da Lei nº.

6.404/76, e alterações posteriores, e destinado à apuração extracontábil do lucro real sujeito à tributação pelo imposto de renda em cada período de apuração,

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contendo, ainda, elementos que poderão afetar os resultados de períodos futuros.

A escrituração deste Livro tem o objetivo de encontrar o denominado LUCRO REAL, já que, para o Fisco, a empresa pode ter contabilizado despesas não permitidas (como multa, por exemplo) ou receitas não tributáveis (dividendos, por exemplo). A escrituração é feita com a denominação de ajustes, que consistem em registrar ADIÇÕES (aumentando o lucro contábil = aumentando o tributo) ou as EXCLUSÕES (diminuindo o lucro contábil = diminuindo o tributo), ou seja, ao terminar de elaborar o Balanço e a Demonstração de Resultado do Exercício, a empresa apresentará um LUCRO CONTÁBIL. Esse lucro não serve como base de cálculo para o Imposto de Renda e a CSLL – Contribuição Social Sobre Lucro Líquido. Portanto, importante se faz efetuar-se os ajustes necessários para reincluir no lucro a despesa que foi contabilizada anteriormente e retirar dele a receita que lá foi colocada (indevidamente).

É importante perceber que a escrituração é feita somente no LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real (que passará a ser eletrônico) e não na Contabilidade. A Contabilidade permanecerá com o que foi contabilizado, visando atender aos CPCs e à Lei nº. 6.404/76, isto é, a Contabilidade não se submete ao Fisco, mas, sim, registra todas as alterações havidas no Patrimônio da entidade. A Lei nº 12.973/2014 trouxe à baila a obrigatoriedade de apresentar o Lalur em meio digital.

Vejamos, então, quais são as ADIÇÕES e EXCLUSÕES necessárias para ajuste do LUCRO REAL:

ADIÇÕES

elas:

As adições são feitas no Lucro Contábil, aumentando o seu valor. São 1. os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; 2. os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que devam ser computados na determinação do lucro real.

EXCLUSÕES

São elas:

As exclusões são feitas no Lucro Contábil, diminuindo o seu valor.

1. os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação e que não

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tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração;

2. os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que não sejam computados no lucro real;

3. o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação.

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