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Proximidade humana e as múltiplas estruturas de serviço caritativo

CAPÍTULO III – DE JOÃO PAULO II A BENTO XVI:

2. Bento XVI, valores e ensinamentos

2.2. Proximidade humana e as múltiplas estruturas de serviço caritativo

O pensamento do Papa Bento XVI permite-nos refletir sobre o empenho pela justiça e o amor no mundo como uma situação que corresponde aos direitos da humanidade. As suas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais incidem sobre algumas necessidades do nosso tempo.

Ao refletir sobre os tempos atuais, pronuncia-se da seguinte forma: “as novas tecnologias digitais estão a provocar mudanças fundamentais nos modelos de comunicação e nas relações humanas”529

.

Como podemos verificar ao longo dos seus discursos, a proximidade das pessoas e das culturas é uma realidade evidente. Os novos meios de comunicação abrem espaço para um diálogo partilhado. Esta situação não deixa de prever o suscitar de algumas tensões. Todavia, Sua Santidade faz-nos perceber que é possível conhecermos outras culturas e partilharmos ideias, ao mesmo tempo que podemos chegar ao conhecimento das necessidades das pessoas de forma mais rápida, o que permite criar um apelo a partilhar a sua situação.

Também a perceção e a consciência de quanto se sofre no mundo tanto material como espiritual, apesar dos grandes progressos no campo científico e técnico, dá azo refletir e perceber que o nosso tempo reclama cada vez mais uma nova disponibilidade para socorrer o próximo530. As suas palavras permitem detetar a certeza de que a ajuda humanitária531 é um verdadeiro tema que está presente nos seus discursos.

529

BENEDICTI PP. XVI, Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de

diálogo, de amizade Mensagem para o XLIII dia das comunicações sociais, in L’Osservatore Romano,

Ano XL, nº 5 (31 de janeiro de 2009) 5. Podemos verificar também na sua Carta Encíclica, Caritas in

Veritate, nº 30, o seguinte pensamento “os meios de comunicação de massa tornaram hoje o nosso

planeta mais pequeno, aproximando rapidamente os homens e culturas profundamente diversos. Se por vezes, este «estar juntos» suscita incompreensões e tensões, o facto, porém, de agora se chegar de forma muito mais imediata ao conhecimento das necessidades das pessoas constitui sobretudo um apelo a partilhar a sua situação e as suas dificuldades”.

530

Esta ideia já havia sido mencionada e sublinhada com o Concílio Vaticano II, no Decreto sobre o apostolado dos leigos, Apostolicam Actuositatem, nº 8: “no nosso tempo, em que os meios de comunicação são mais rápidos, em que quase se venceu a distância entre os homens, (…) a atividade caritativa pode e deve atingir as necessidades de todos os seres humanos”.

531“Trata-se de um aspeto provocatório e ao mesmo tempo encorajador do processo de globalização, o

Neste sentido, os seus apelos dirigem-se para todas as pessoas, tanto para operadores da comunicação como a todos quantos são recetores de informação. A todos é exigida a transparência da ação como fidelidade ao testemunho e uma verdadeira atitude de proximidade no amor ao próximo. Estes apelos deixam transparecer a convicção de que é necessária e urgente uma interação entre as estruturas eclesiais e as civis. Desta forma, o Papa considera possível abrir novos horizontes para a criatividade entre várias organizações com fins caritativos, de modo a alcançarem soluções sob o aspeto humanitário.

Dada a facilidade da partilha e de proximidade, verificamos que todas as considerações deixadas para reflexão por Sua Santidade, o Papa Bento XVI, permite-nos refletir e chamar a atenção para a necessidade do aparecimento e difusão de diversos serviços de voluntariado532 com a ajuda das novas tecnologias.

O confronto com estes desafios autoriza o Papa a pronunciar-se sobre a questão, pois estes desafios são uma certeza de uma ação cada vez mais justa e eficaz na promoção da ligação entre evangelização e obras de caridade. Esta certeza permite-nos identificar também, que, segundo a perspetiva do Papa, torna-se possível atingir um verdadeiro humanismo, que reconhece no ser humano a imagem de Deus e o ajuda a levar uma vida conforme esta dignidade533.

necessitados, não sendo os menos notáveis entre eles os sistemas modernos para a distribuição de alimento e vestuário, e também para a oferta de habitação e acolhimento. Superando as fronteiras das comunidades nacionais, a solicitude pelo próximo tende, assim, a alargar os seus horizontes ao mundo inteiro”. Cf. BENEDICTI PP. XVI, Deus Caritas Est, nº 30.

532O empenho neste modo de agir “constitui, para os jovens, uma escola de vida que educa para a

solidariedade e a disponibilidade para darem não simplesmente qualquer coisa, mas também se darem a si próprios”. Cf. BENEDICTI PP. XVI, Deus Caritas Est, nº 30

533 O Papa Bento XVI deixa bem expresso no nº 39 da sua Carta Encíclica, Deus Caritas Est, a seguinte

certeza: “A fé, a esperança e a caridade caminham juntas. A esperança manifesta-se praticamente nas virtudes da paciência, que não esmorece no bem nem sequer diante de um aparente insucesso, e da humildade, que aceita o mistério de Deus e confia n'Ele mesmo na escuridão. A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! Deste modo, ela transforma a nossa impaciência e as nossas dúvidas em esperança segura de que Deus tem o mundo nas suas mãos e que, não obstante todas as trevas, Ele vence, como revela de forma esplendorosa o Apocalipse, no final, com as suas imagens impressionantes. A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz — fundamentalmente, a única — que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir. O amor é possível, e nós somos capazes de o praticar porque criados à imagem de Deus”.

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