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Um professor formador, bom na psicanálise tem um con-, uma definição uma noção de transmissão que é bem diferente da psicologia, a transmissão na psicanálise é transmitir a falta e não

Apêndice – Roteiro AREDA Caro professor(a),

Anexo 2 – Transcrição dos depoimentos AREDA

8. Um professor formador, bom na psicanálise tem um con-, uma definição uma noção de transmissão que é bem diferente da psicologia, a transmissão na psicanálise é transmitir a falta e não

transmitir o conteúdo, porque a falta é aquilo que é fundante do desejo né, aquilo que põe alguém a desejar, éh...e se a gente pensar isso, pra mim, éh..formar um professor é justamente isso, é possibilitar que esse professor...desconfie sempre do seu saber, mas..por outro lado, invista, continuamente, nessa relação com o saber, porque se ele desconfiar do saber que ele tem, ele poderá se colocar no lugar de suposto saber, que é a condição pra que ele possa enganchar algum aluno num processo de ensino- aprendizagem e..se ele...éh, mantiver uma relação de, contínua a aprendizagem, né, se ele...mantiver uma inscrição identitária, uma filiação se ele se inscrever no seu objeto de ensino, que é a língua, ele também conseguirá manter essa posição de suposto saber, então pra além de..conteúdos, éh, eu...considero que formar professor é transmitir essa paixão, paixão pela falta...paixão pela...pela essa possibilidade de transmitir algo da minha posição do sujeito em relação ao objeto, que..que é o meu objeto de, de trabalho né meu objeto de saber, pra mim isso é formar um professor, éh...acho que eu já falei sobre a 9 né, dos professores de Língua Inglesa que eu tive ao longo da vida. Aquela minha primeira professora era uma professora linda, lembro até hoje dela, eu achava ela linda, éh, e pra uma criança de 8, 9 anos isso é uma coisa muito interessante né, linda, bonita...ela era filha da dona da escola, tinha um inglês bonito embora eu não tivesse nenhuma...perspectiva do que que seria um inglês feio, mas enfim, mhm, eu escutava muita música né, na minha época a gente não tinha nada do que vocês têm hoje, [Só um pouquinho], nada do que vocês têm hoje, mas eu posso te dizer que...éh, que eu escutava muita música das novelas, eu tinha os LPs, eu tinha minha vitrolinha, então eu ficava, eu achava que eu cantava igualzinho eles e ela era a voz na minha frente dessa, dessa língua, depois eu tive uma professora na 5ª a 8ª série que era [x], uma professora que era apaixonada pelo que ela fazia e que falava inglês muito bem, éh...e que botava a gente para aprender inglês de verdade, no [x] e eu não tive professores que eu posso dizer assim ai foram professores que me marcaram, não! mas no [x] eu tive um professor, eu tive dois professores, talvez três professores que marcaram muito e que eu com quem eu aprendi muito pela relação que eles tinham com a língua e pelo modo como eles tinham de transmitir algo dessa relação pra os alunos, então, acho que por aí já falei na número 10, já falei da número 11, ah não da número 11 eu não falei não né, o que significa ensinar inglês? [Ai, pois é, como eu tô aqui na metade do questionário e eu tenho que sair eu vou dar uma pausa aqui e eu vou continuar gravando depois tá bom].

[Oi Marcela, vamos tentar continuar aqui, né, bom...eu parei na pergunta 8, eu respondi a pergunta 8 então agora eu vou responder a 9].

9. (Gravação 2) Como você descreveria os professores de língua inglesa que teve ao longo da sua vida…éh…eu..difícil de dizer, primeiro [riso] porque eu tive professores muito..diversos, comecei a estudar inglês quando eu tinha acho que 11 ou 12 anos, quando eu comecei a..o que a gente chamava de ginasial, acho que eu tinha 12 anos, a minha professora, minha primeira professora, comecei, fiz inglês 3 anos, éh 12 anos realmente, eu fiz em inglês 3 anos no [x] era o curso de inglês que havia..na, perto da minha casa naquela época, curso de idioma não era muito populares na minha época e eram extremamente caros, então comecei no [x] com uma professora extremamente anti-, antipática, aliás o, a metodologia do do [x], [x] na minha época era...uma metodologia bem..éh, muito rígida né, bastante rigorosa, então ela foi me..éh, digamos assim vou voltar, acho até que já falei sobre isso, a minha primeira professora de inglês na realidade, foi a..filha da diretora da escola, que era uma gracinha e ela apesar de um, de uma, de um ensinamento muito..descontextualizado e fragmentado, né, éh, cores e etc. ela foi mais mesmo uma pessoa que me despertou pra língua, depois eu tive uma professora na

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quinta a oitava série que chamava [x], uma baixinha, morena, éh, que falava um inglês que pra mim soava lindo e...que realmente trabalhava bastante com tradução, mas que...fazia muita coisa em inglês com a gente, então era uma professora bacana, éh...quando eu tava na sexta série como eu falei eu tive esse contato aí com a escola de idioma, né, mais uma representação de que parece né que na escola regular a gente não tem [riso discreto] aula de inglês né, não aprende inglês, isso pra mim é um lapso aqui na minha..éh, fala, que aponta bastante pra essa representação, pra isso que..que fica, mas enfim, éh..você vai analisar isso com certeza, espero né, [riso] mas essa mulher do [x] foi uma pedra no meu sapato, durante um semestre ela foi minha professora, depois eu tive um professor que era uma gracinha, super jovem, éh...descolado, que não tinha um compromisso tão grande com a docência assim, com a, com ser professor mas que falava muito bem inglês pra mim ele era uma daqueles pessoas, uma daquelas pessoas que tinha morado fora, ou tinha viajado para fora e tinha voltado, feito um curso de...técnico né, de de [x] e enfim, tinha aprendido, eu não me lembro dos outros professores que eu tive no [x], eu estudei lá durante 3 anos, depois no ensino médio eu tive, eu parei de estudar inglês e eu tive um professor muito legal que chamava [x], legal assim, era uma pessoa que não tinha uma boa pronúncia, não tinha uma inscrição, éh, muito consistente na língua no que diz respeito a falar um bom inglês, né, uma pronúncia bacana e tal, mas que tinha, era um autodidata, aprendeu inglês por si mesmo e tal e trabalhava muito com aqueles Graded readers, acho que já falei sobre isso também, éh...e foi um professor que me valorizou muito porque eu era uma das únicas alunas naquela época, na escola, que tinha feito em inglês fora, então como eu tinha feito inglês fora, eu já falava bastante, né, em inglês assim não era..proficiente, mas falava e tudo, éh, ele me valorizava muito, éh...e isso fez..me deu um up também, depois...enfim, eu tive professores assim...éh, a não ser aquela primeira professora do [x] eu não me lembro de professores...éh...com os quais eu não tive um bom relacionamento e que não me inspiraram a ser...a melhorar o meu inglês e...e a...e que não...foram na sua grande maioria pessoas que..éh..contribuíram para minha identificação com a língua.

10. Éh...quais foram os critérios levados em conta, pra, por você ao escolher ser professor de inglês..primeiro critério foi prático, éh, eu precisava trabalhar, éh, eu era recém-casada, eu falava inglês, tinha praticamente terminado meu curso de inglês, mhm...tava morando em [x] e tinha uma vaga como professora de inglês para o ensino, éh, infantil né, pré-escola, então basicamente foi esse, tanto é que eu fazia pedagogia na época e depois de um ano e meio eu..tranquei o curso e decidi me aperfeiçoar no inglês, fui fazer...éh, o que a gente chamava de TTC no [x], que..me prop-, como eu já falei me proporcionou ter um...uma...habilitação pra ensinar inglês, tanto na escola fundamental, média, como escola de idiomas.

11. Mhm, onze, pra você o que significa ensinar inglês? já..significou outras coisas, éh, eu não, não te-, trabalho com ensino de língua há muitos anos porque mesmo no curso de Letras, eu não assumo uma turma de língua e isso até agora me faz…éh repensar vou até pensar isso, eu não acho uma turma de língua desde [x], éh, desde [x] então, [x], [x], faz mais de [x] anos que eu não dou aula de língua, éh, então para mim tá difícil de dizer o que significa ensinar inglês hoje [riso discreto], éh, mas..éh, quando eu dou aula na disciplina de metodologia né eu necessariamente tenho que falar sobre isso então para mim eu diria que ensinar uma língua...seja ela materna ou estrangeira tem a ver com.. éh...propiciar instâncias de identificação pra esse sujeito, pra esse aluno, pra que ele se veja inscrito nessa língua e a partir disso tome a palavra nela, éh...e aí isso é uma coisa que vai se dar diferentemente para cada pessoa né, mhm...como que eu vejo isso? eu ainda tô, eu sou bastante constituída pela abordagem, éh, comunicativa, mhm, enquanto professora de inglês, ela, ela perpassa a minha prática com bastante..éh intensidade, mhm...eu acredito muito numa questão teórica metodológica que é, mhm, inicialmente prover uma...uma base conteudística mesmo que..possa, éh, suster né nesse movimento de alguém ser tomado pela palavra pra a partir disso tomar a palavra, éh, então não tem muita novidade no que eu tô dizendo a não ser que, éh...a novidade que constitui a meu ver é na...assunção de quê isso se dá individualmente e com uma certa particularidade para cada um, mhm, acho que esse é o ganho de uma perspectiva discursiva sobre ensino-aprendizagem de línguas, ou seja, éh, ela não me faz o professor prescindir de uma preparação, de uma..investigação das necessidades e das.. e das expectativas dos seus alunos, éh, ela não faz que o professor prescinda de conteúdo mesmo sistêmico né, gramática, vocabulário, éh...prática, drill, éh..e tudo isso, mas ensinar a língua tem que ir para além disso e tem que ir para essa...coisa de, éh, pra esse movimento de propiciar que alguém consiga se dizer...pela língua e na língua...acho que é isso.

153 12. Éh...o que significa ensinar alguém a ser professor de inglês, eu acho que eu já..falei sobre isso numa outra pergunta, na pergunta...éh...8, né, e...mas, especificamente para mim, uma das coisas mais importantes pra quem vai ensinar inglês é..poder se ver inscrito nessa língua, minimamente, mhm, acho que uma das coisas que..a gente precisa fazer enquanto formador de professores de inglês é desmistificar a idealização que…, que os alunos né têm, éh, do tal do mito do nativo e etc., mas por outro lado, não dá para a gente fazer lugar comum da necessidade de alguém, éh, se inscrever na discursividade dessa outra língua, ser capaz de se dizer, de se contar, eu gosto muito dessa, dessa expressão de se contar na língua e por meio da língua, ou seja, se contar na língua de se sentir, éh, de poder assumir uma posição de valor nessa língua, éh, e por meio dessa língua de dizer de si, das experiências, daquilo da sua posição, da posição que ele ocupa no mundo a partir dessa língua, éh, ou seja contar e ser contado na língua então.. éh, eu realmente acho que ensinar um professor, alguém a ser professor de inglês tem a ver com possibilitar que esse, essa pessoa possa inscrever-se nessa língua, é claro que não é só isso mas eu acho que isso já é meio caminho andado.

13. Éh..que desafios você encontra como professor formador? ai [suspiro] atualmente o maior

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