• Nenhum resultado encontrado

“O homem, ser dinâmico e dotado de reflexão, desde sempre se sentiu atraí- do pelos segredos do mundo que o rodeia, tentando encontrar explicações para os fenómenos que se apresentam mais estranhos e de difícil intangibilidade”

(Abrunhosa e Leitão,1980, p.10)

Por Psicologia entende-se a ciência que estuda os fatores psíquicos relacionados com os comportamentos e os processos mentais. Estuda tudo aquilo que os seres vivos fazem, dizem e pensam, conceito introduzido por John Watson. Watson tornou a Psicologia uma ciência experimental. É a compreensão da conduta humana, tentado procurar as variáveis do comportamento. Por comportamento entende-se o conjunto de respostas que o individuo tem face a estímulos. Os comportamentos definem uma corrente da Psicologia que foi designada por Watson de behaviorista. (Abrunhosa e Leitão, 1980)

Woodworth, Lewin e Cattel defendem que a “psicologia como ciência que es- tuda o comportamento do homem em situação.” (Abrunhosa e Leitão, 1980, p.23), ou seja, é o estudo desde o nascimento até à morte do ser humano. O ser humano é dotado de inteligência, vontade, sensibilidade, sendo que estes fatores agem de forma diferente na ordem psicológica e moral, sob influência do meio físico e social em que estão inseridos. Estes fatores constituem a personalidade de um individuo. (Abrunhosa e Leitão, 1980)

A nossa investigação aborda pontualmente alguns dos processos de desenvolvi- mento e crescimento psicológico no período da infância. O conhecimento para a criança é uma cópia do real, para analisar o desenvolvimento é necessário com- preender a evolução das percepções e o desenvolvimento cognitivo.

Antes de iniciarmos o estudo sobre a temática do desenho infantil, importa dedicarmo-nos um pouco à noção de desenvolvimento psicológico e posterior- mente às especificidades desenvolvimentais caracterizadoras do nosso público-alvo.

Capítulo II - O Desenho para a Infância 47 46

O desenvolvimento cognitivo é a reorganização mental através da maturidade e da experiencia, é a apreensão e compreensão progressivas do mundo (ou meio envolvente) pela criança. (McLeod, 2009)

Segundo Saul McLeod (2009), a teoria do desenvolvimento cognitivo baseia-se na preocupação pela criança como individuo, nas suas dificuldades de aprendiza- gem e nos estágios de desenvolvimento. Tem como objetivo criar processos/meca- nismos que ajudem a criança a raciocinar de forma mais clara.

A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget não foi produzida para a educação, mas alguns investigadores afirmam que a teoria pode ser usada no âmbito da educação. Em 1966, no Reino Unido com a revisão do ensino pri- mário, a teoria de Piaget passou a ser usada na qual o educador ou professor deve centrar-se no processo de aprendizagem, solicitar a colaboração dos alunos e avaliar o nível de desenvolvimento da criança. (McLeod, 2009)

“A aceitação geral da teoria de Piaget continua na uniformidade dos caminhos do

desenvolvimento atravessados pelas crianças individuais e na generalidade da apli- cação das estruturas lógicas que determinam na sequencia do desenvolvimento.”

(Varma e William, 1979, p.38)

O conhecimento para a criança é uma copia do real do seu dia-a-dia. Para analisar o seu desenvolvimento é necessário compreender a evolução das percep- ções. A percepção infantil consiste na compreensão da criança sobre o conheci- mento do real. Esta percepção influencia a ação sensório-motor como também a evolução intelectual. (Piaget e Inhelder, 1982)

A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget incide na inteligência, esta é a função básica que ajuda o individuo a adaptar-se ao meio envolvente. O desen- volvimento cognitivo desenvolve-se de diferentes formas e é diferenciado por faixas etárias.

O desenvolvimento humano consiste nas mudanças contínuas e sistemáticas que ocorrem desde a nascença à morte. O que provoca o desenvolvimento humano é a maturação e aprendizagem. A maturação consiste no desenvolvimento bioló- gico dos individuais de acordo com a sua genética. A aprendizagem é o processo através das experiencias que favorecem a emergência de mudanças psicológicas permanentes.

Neste contexto, importa salientar que o desenvolvimento humano, à luz da psico- logia do desenvolvimento mostra-se como um processo holístico que comporta três competências específicas (interpessoais, sociocognitivas e afetivas).

(Lourenço, 2002; Schaffer, 2005)

O Desenvolvimento consiste em mudanças contínuas e sistemáticas que ocorrem no individuo desde a sua concepção até à sua morte. Existem as mudanças quanti- tativas que ocorrem de forma gradual e acumulativa; e as qualitativas sucedem-se de forma descontínua. O desenvolvimento humano é provocado/induzido por um processo de maturação biológica (desenvolvimento biológico de acordo com o seu código genético) e por uma aprendizagem (processo onde a experiência tendem a favorecer as mudanças psicológicas). (Lourenço, 2002; Schaffer, 2005)

O desenvolvimento humano é caracterizado como uma mudança num contex- to global onde coocorrem fatores como a maturação nervosa, as influências sociais e a atividade do sujeito. O desenvolvimento ocorre ainda num sentido de maior complexidade, integração, adaptação, organização e equilíbrio. Onde surge teorias do desenvolvimento, tais como a teoria da inteligência de Piaget.

“Ao longo do tempo e com o avoluma e aperfeiçoamento da descoberta de

novas relações entre coisas, se foi constituído a ciência nos seus diversos ramos, com a finalidade de compreender, predizer e controlar os acontecimentos.”

(Abrunhosa e Leitão, 1980, p.10)

1.1

O Desenvolvimento da Criança

Antes dos trabalhos de Jean Piaget pensava-se que as crianças não tinham competências como os adultos. Segundo Piaget as crianças nas- cem com uma estrutura básica mental que é herdada geneticamente e têm tantas competências como um adulto, simplesmente pensam e agem de maneira diferente (McLeod, 2009). Piaget e Vygotsky foram as figuras que mais se destacaram na Psicologia do Desenvolvimento, no século XX. (Matta, 2001).

Tabela 2| Quatro Fases do Desenvolvimento da Criança, Segundo Jean Piaget

Fonte| McLeod, 2012

As crianças passam por quatro estágios universais de desenvolvimento cognitivo, como podemos observar na Tabela 2, manifestando-se de igual modo e em ritmos ligeiramente diferentes em todas as crianças, contudo existem pessoas que não che- gam a atingir os estágios mais avançados.

A diferença de estágios, definida por Piaget, é composta por maturidade, equilí- brio, aprendizagem e nativismo individual da criança. (Varma e William, 1979) Os quatro estádios representam modos epistémicos de pensar e organizar a realidade. Estes resultam de mudanças na estrutura ou no modo global de conhecer. (Louren- ço, 2002; Schaffer, 2005)

O período sensório-motor é constituído pelos primeiros anos de vida (0-2 anos), são as primeiras impressões com o mundo. (Varma e William, 1979; McLeod, 2012; Piaget e Inhelder, 1982)

A função pré-operatória (2-7 anos) marca o inicio do pensamento no qual a criança começa a falar e a articular representações mentais.

“A criança realiza já ações mentais, mas estas são ainda irreversíveis, isto é, a

criança emite juízos sobre estados finas que lhe são dados pela percepção e na é capaz de voltar mentalmente ao ponto de partida. Este estágio prepara o período de inteligência operatória concreta.” (Abrunhosa e Leitão, 1982, p. 169)

Segundo a Teoria Piagetiana, o que se desen- volve em termos cognitivos é uma competência geral e estrutural do sujeito para pensar sobre o mundo físico e lógico-matemático. Centra-se na identificação e descrição das formas de conheci- mento, inteligências durante a ontogénese, e está dividida por quatro estádios ou formas de inteli- gência, sendo que a cada um deles se aplicam a vários domínios científicos (lógico, matemático, físico, geométrico, causal).

(Lourenço, 2002; Schaffer, 2005)

Segundo Saul McLeod (2009), a Teoria Cognitiva de Piaget divide-se em 3 fases:

1. Esquemas: Entende-se pela representação