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A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente.

Soren Kierkegaard

No âmbito da investigação na área da Psicologia Educacional tem-se analisado a temática da identidade. Encontrando-se descrita entre a psicologia e a educação

Em Psicologia Educacional, nomeadamente a intervenção direta na deteção e resolução de problemas concretos, há uma vinculação estreita, na sua origem, à educação especial e à educação clínica infantil (Salvador, Mestres, Goñi, & Gallart, 1999).

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Há atualmente uma tendência para conotar a escola como um espaço convergente para insucessos e impossibilidades, distante de desejos e sonhos dos educandos, professores e pais. A escola é hoje adjetivada negativamente, sendo atribuídas dificuldades intransponíveis, originando cada vez mais a necessidade de uma presença ativa do psicólogo. Deste espera-se uma intervenção prodigiosa que procure solucionar o que – ou quem – possa ser considerado perturbado ou perturbador. “A escola psicologizou-se ao problematizar-se” (Silva & Marujo, 2005).

Assim sendo, a intervenção psicológica no contexto educativo português tem incidido ao nível da queixa, ou seja, não raras vezes vai “remediando” e “remendando” situações pontuais, validando a existência de disfuncionalidades “num jogo confirmatório que aumenta, ao intervir, a possibilidade e justificação da existência dos problemas” (Silva & Marujo, 2005).

Seria antes de mais necessário o desenvolvimento de competências, atuando na área da prevenção e da promoção da saúde psicológica e do bem-estar, colocando-se assim interventivamente um passo à frente das querelas, agindo de forma menos focalizada na patologia e mais focalizada nas possibilidades (Silva & Marujo, 2005).

Para Silva & Marujo (2005) os principais objetivos da intervenção psicológica em contexto escolar são:

i. Ajudar pais, professores e educadores a encontrarem as melhores alternativas para a resolução de problemas de aprendizagem e de comportamento.

ii. Estimular pais, professores e educadores a promoverem a adaptação e a saúde mental dos seus educandos.

iii. Ajudar crianças e jovens a resolverem conflitos, problemas de aprendizagem e dificuldades de ajustamento psicológico.

iv. Apoiar crianças e adolescentes a desenvolverem competências e estratégias para o melhoramento da realização escolar e das relações interpessoais.

v. Contribuir para a construção de relações de maior confiança, valorização e inter- ajuda entre professores, pais e alunos.

vi. Reforçar as relações de trabalho colaborativas e positivas entre pais, professores e outros serviços da comunidade no apoio ao bem-estar das crianças e adolescentes.

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vii. Criar um clima escolar e relacional entre os intervenientes/atores do processo educativo que seja preventivo do desajustamento e promocional de competências equilibradas.

Em suma, apesar de ser frequente considerar as funções de um psicólogo escolar centrado na avaliação de adolescentes, considerados problemáticos, e na intervenção remediativa, tem-se assistido a uma mudança de atitude. Atualmente, os psicólogos começam a ser chamados a intervir na área da adaptação e do bem-estar, e as suas funções são direcionadas para a promoção da saúde mental e de competências de vida, de modo a proporcionar, no presente e no futuro, uma adaptação bem-sucedida (Silva & Marujo, 2005).

Para Seligman & Csikszentmihalyi (2000), esta nova visão é o resultado de recentes investigações científicas. Cada vez mais há um interesse acrescido em estudar populações não clínicas, que sendo confrontadas com situações de risco, sabem adaptar- se e vivenciar esses momentos sem manifestarem distúrbios ou disfunções psicológicas. Neste ponto é importante saber de que forma os indivíduos resistem a situações menos favoráveis e como se adaptam positivamente, adotando estilos de vida saudáveis, reforçando competências e aprendendo a planear melhor as suas vidas (Silva & Marujo, 2005).

Nos finais do século XX, a área de Psicologia da Educação da American Psychological Association delegou a uma comissão de especialistas, a redação de um documento sobre as características da Psicologia da Educação como uma disciplina científica. É particularmente interessante a parte informativa que revela necessidades no sistema educativo, onde apela diretamente à pesquisa psicoeducativa. Tomando como ponto de partida que a psicologia da educação “incide fundamentalmente no aumento da compreensão e na produção de meios que melhorem o processo de ensino e de aprendizagem (em todas as vertentes, tanto na escola como em qualquer tipo de instituição formativa)” (Scandura et al., 1978,p. 44, citado por Salvador, Mestres, Goñi & Gallart, 1999). Em síntese, estas necessidades, de acordo com os autores, deverão envolver pesquisas psicoeducativas direcionadas para:

a) Uma superior compreensão para o que é necessário ensinar. O que significa conhecer algo? Como se poderá representar o conhecimento de um determinado tema? Quais as competências e requisitos para se

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apreender um conteúdo? O que é necessário aprender concretamente em determinadas áreas como a leitura, o raciocínio, as normas ou os valores? b) A validação de instrumentos que permitam determinar o que um indivíduo conhece e a forma como aplica esse conhecimento. Desenvolver referências normativas e critérios na elaboração de instrumentos de avaliação. Saber quais os elementos a considerar segundo a teoria do conhecimento. Como se avaliam as habilidades cognitivas de nível superior?

c) Compreender de que forma é assimilada a aprendizagem de conteúdos específicos. Qual o papel da motivação na aprendizagem e no desenvolvimento precoce? De que forma as variáveis extracurriculares influenciam a aprendizagem escolar? Quais as condicionantes evolutivas na aprendizagem escolar? Que estratégias cognitivas são uteis para determinados conteúdos? Como se pode ensinar essas estratégias? etc. d) Uma melhor compreensão das propriedades e das características de

situações no ensino e da aprendizagem. Qual a natureza da interação professor-aluno? Como se pode medir e avaliar essa interação? Que influência exercem os diversos tipos de interação na aprendizagem? Que influência exerce a dinâmica de grupo na aprendizagem?, etc.

Assim, no panorama atual, destacamos o aumento progressivo de metodologias qualitativas e etnográficas como instrumentos de exploração na pesquisa psicoeducativa. De salientar também a crescente utilização de pesquisas psicoeducativas relacionadas com temas e problemas comparados com práticas educativas não escolares, como a educação familiar, a influência educativa da televisão e de outros meios de comunicação, a formação de adultos, a formação permanente e a formação em empresas e centros de trabalho (Salvador, Mestres, Goñi, & Gallart, 1999).

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