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Muitos estudos que objetivaram a detecção de QTL’s para características de crescimento e composição de carcaça obtiveram êxito, contribuindo com programas de seleção que envolvem características difíceis ou de custo elevado para mensuração, como por exemplo características de composição de carcaça e qualidade de carne (Keele et al. 1999, Stone et al. 1999, Casas et

al. 2000, Casas et al. 2001, MacNeil & Grosz 2002, Kim et al. 2003).

Taylor et al. (1998) detectaram um QTL para espessura de gordura subcutânea entre 60 e 80 cM no BTA19 (cromossomo 19 de bovinos). Casas et

al. (2000) encontraram um QTL para deposição de gordura na região de 40 a

marmoreio no BTA2, assim como Stone et al. (1999). Li et al. (2004), identificaram nove regiões cromossômicas com associações significativas para EBV (valor genético estimado, do inglês, Estimated Breeding Values) de espessura de gordura subcutânea, sendo uma região no BTA5 (65,4 a 70 cM), 3 regiões no BTA6 (8,2 a 11,8 cM; 63,6 a 68,1 cM e 81,5 a 83,0 cM), uma região no BTA21 (46,1 a 53,1 cM) e uma região no BTA23 (45,1 a 50,9 cM) em uma linha comercial de Bos taurus. e Mizoguchi et al. (2006) encontraram em uma população de Japanese Black, três regiões de QTL para marmoreio, localizadas no BTA6 (68-89 cM), BTA4 (59-67 cM) e BTA21 (75-84 cM).

Vários autores (Coppieters et al. 1998, Heyen et al. 1999; Riquet et al. 1999) identificaram um QTL para produção e porcentagem de gordura no leite na região centromérica do BTA14 (cromossomo 14 de Bos taurus), em rebanhos de gado de leite. Uma mutação no gene diacilglicerol aciltransferase (DGAT1) foi apontada como possível causa da variação atribuída a este QTL (Grisart et al. 2002, Winter et al. 2002).

A região centromérica do BTA14 foi descrita como contendo um QTL para espessura de gordura (Casas et al. 2000, Moore et al. 2003). O gene da

tireoglobulina foi mapeado nessa região do BTA14 (Threadgill et al. 1990,

Daskalchuk & Schmutz 1997) (Figura 3) e ele tem sido apontado como um gene candidato para características de deposição de gordura em gado de corte. Nessa região de QTL para espessura de gordura estão localizados, dentre outros, os microssatélites CSSM066 e ILSTS011 (Figura 3).

A tireoglobulina é uma glicoproteína hormonal sintetizada pelas células foliculares da tireóide e secretada para dentro do lúmem folicular. É uma

proteína de 19S, tem peso molecular de 660.000 dáltons e cada molécula contém 115 resíduos de tirosina (Carvalho et al. 1987).

Segundo Cunningham (1999), a glândula tireóide está localizada caudalmente à traquéia e é composta de dois lobos. O tecido glandular é chamado folículo, possui células distribuídas em arranjo circular e são preenchidos por uma substância denominada colóide, que é a principal forma de armazenamento dos hormônios da tireóide.

A tirosina (que faz parte da tireoglobulina) e o iodeto (iodo convertido em iodeto no trato intestinal e transportado para a tireóide, onde as células foliculares retêm o iodeto através de um processo de transporte ativo) são duas moléculas importantes na síntese do hormônio tireóideo.

Ao passar pela parede apical da célula, o iodeto se liga às estruturas anelares das tirosinas, que podem receber um ou dois iodetos, sendo chamada respectivamente de monoiodotirosina e diiodotirosina. O acoplamento entre duas moléculas de diiodotirosina forma a tetraiodotironina (hormônio T4) e, se

uma molécula de monoiodotirosina e uma de diiodotirosina se acoplam resultam na formação da triiodotironina (hormônio T3). A enzima tiroperoxidase

catalisa a iodação dos resíduos tirosil e a formação de T3 e T4. Uma vez

sintetizados, tais hormônios ficam armazenados no lúmen dos ácinos extracelularmente até que sejam liberados (Cunningham 1999).

Estimulada por THS (hormônio estimulador da tireóide), porções de tireoglobulina são capturadas pelas células foliculares por um processo de pinocitose. A fusão das porções de tireoglobulina com lisossomos resulta na hidrólise das moléculas de tireoglobulina e liberação dos hormônios T3, T4 e

das tirosinas e tironinas iodadas. As tironinas passam livremente através da membrana celular, monoiodotirosina e diiodotirosina são iodadas pela enzima iodotirosina-desalogenase e, o iodeto e as moléculas de tirosinas restantes são reciclados para formar novos hormônios em associação com a tireoglobulina (Nussey et al. 2001).

Os hormônios tireóideos, embora sejam compostos de aminoácidos, são lipofílicos. Muitas ações desses hormônios são mediadas por ligação deles a receptores nucleares, que têm afinidade preferencial por T3. Sendo assim,

BTA14

CSSM06 TG ILSTS011 0 Mb 3 Mb 1 Mb 2 Mb 5 Mb 4 Mb 6 Mb 7 Mb 8 Mb

Figura 3. Ilustração de parte da região centromérica do BTA14 com a localização dos marcadores utilizados no estudo

esses hormônios interagem diretamente com o núcleo para iniciar a transcrição do RNA mensageiro (Nussey et al. 2001).

Acredita-se que os hormônios tireóideos sejam os determinantes do metabolismo basal e aumentam o consumo de oxigênio dos tecidos, resultando em um aumento da produção de calor (efeito calorigênico). No sistema nervoso central, esses hormônios são essenciais para o desenvolvimento do feto e do neonato, sendo que a deficiência desses hormônios nessas fases provoca retardo mental. São também importantes para a manutenção da atividade contrátil do músculo cardíaco, incluindo a transmissão de impulsos nervosos. Em situações de hiper-atividade da tireóide ocorre um aumento da freqüência cardíaca, assim como da pressão sistólica (mas não a diastólica) causando um aumento do débito cardíaco (Cunningham 1999).

Esses hormônios estão envolvidos na regulação das vias glicolíticas (Hoch 1962), gliconeogênicas (Freedland & Krebs 1967) e da pentose fosfato (Glock et al. 1956).

A síntese, mobilização e degradação dos lipídeos são afetadas pelos hormônios tireóideos, sendo que a degradação é mais influenciada do que a síntese. Dentre os principais efeitos destes hormônios sobre o metabolismo de lipídeos estão o aumento da utilização de substratos lipídicos, aumento na síntese e mobilização de triglicerídeos estocados no tecido adiposo, aumento da concentração de ácidos graxos não esterificados e, aumento da atividade da lipoproteína lípase. Os efeitos desses hormônios sobre processos metabólicos (metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos) geralmente são catabólicos (Pucci et al. 2000).

A tereotrofina (TSH) é o mais importante regulador da atividade da tireóide e, a secreção desta é regulada pelos hormônios da tireóide por meio de inibição por feedback negativo da síntese do hormônio liberador de tereotrofina no hipotálamo e por inibição da atividade da tereotrofina na hipófise (Cunningham 1999).

Um polimorfismo na sequência 5´ líder do gene da tireoglobulina foi associado com marmoreio (Barendse et al. 2001). Observou-se que animais que possuem o alelo `3´, isto é, ambos os genótipos `23´ e `33´ têm maior marmoreio em relação à média, do que os animais que possuem genótipo `22´. O alelo `3´ é definido como sendo delta T (-537 pb; GATT) enquanto que, o alelo `2´ é definido como sendo delta C (-537 pb; GATC), sendo a localização dos deltas definidos a partir do início do primeiro éxon (Barendse 1997). Adicionalmente, o animal que exibe o alelo delta T tem um aumento na performance de crescimento e deposição de marmoreio.

Este polimorfismo da sequência 5´ líder do gene da tireoglobulina é a base do teste comercial GeneStar Marbling TM (Genetic Solution). Ele foi testado em confinamentos da Austrália e confirmado nos Estados Unidos em cruzamentos Simental X Angus pelo Consórcio de Avaliação Nacional de Gado de Corte (NBCEC).

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