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quadrinhos e novas tecnologias

No documento Dono de um traço excepcional, (páginas 36-39)

tetiza os conceitos por ele apreendidos. Para situar o leitor num universo tão extraordinário e futurista, Edgar tem o cuidado de apresentar um resumo de sua pesquisa, num texto de introdução e outro de conclusão, anexos à HQ. É muito interessante essa preocupação acadêmica de Edgar. Além de tornar acessível ao lei- tor um conhecimento bastante específico, dá sustentação teórica aos seus quadri- nhos, tornando verossímil um universo fantástico e por demais excêntrico.

São raros os autores que têm essa preocupação. As histórias em quadrinhos de ficção científica em sua maioria ou exigem a cumplicidade cega do leitor ou caem nos clichês que beiram a banalida- de. Edgar busca trabalhar com as previ- sões e projeções baseadas na realidade, desenvolvidas por estudiosos e artistas de vanguarda de todo o mundo.

BioCyberDrama é uma história que se passa na Terra em um futuro distante. Todos os problemas de alimentação e a miséria já foram resolvidos para os 100 milhões de habitantes. Há um alto nível tecnológico, com ênfase às experiências genéticas. Vivem no planeta três gêneros de habitantes: Os Tecnogenéticos, frutos Chamada geral

de experimentações e hibridizações entre espécies animais e mesmo certos elemen- tos cibernéticos; os Extropianos, para quem o corpo orgânico tornou-se obso- leto e a consciência é transferida para entidades robóticas; e os Resistentes, que são os seres humanos biologicamente não modificados.

Há a hegemonia dos Extropianos, perfazendo 70% da população, frente a 5% dos humanos. O conflito se dá por causa dos Tecnogenéticos radicais, que visam destruir os centros de pesquisa e estações de vida dos Extropianos.

Em BioCyberDrama, Edgar toca no ponto central de toda a história da huma- nidade, que é a luta pela preservação da espécie, a resistência às transformações, o jogo de poder político e tecnológico. Um final surpreendente vem mostrar a

posição clara do autor frente ao fascínio encantatório das novas tecnologias e o anseio do homem na busca da eternidade.

Esse gênero de quadrinhos vem sendo desenvolvido por Edgar não só enquanto conceito literário, mas também no traço magnífico que caracteriza sua obra. Para este trabalho, porém, ele divide os crédi- tos com o célebre quadrinhista brasileiro Mozart Couto, que tem vários trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Esta parceria é muito interessante, pois pos- sibilita uma permuta que só engrandece o trabalho de ambos, além de oferecer ao leitor uma nova leitura gráfica do universo mítico de Edgar. Por tudo isso, BioCyberDrama é um álbum que se consagra em nossa história em quadri- nhos pelo arrojado projeto conceitual e gráfico. HM.

BioCyberDrama

Roteiro: Edgar Franco. Desenhos: Mozart Couto. Coleção Opera Brasil, 16. Vinhedo, SP: Opera Graphica Editora. 2003. 82p. 21x28cm.

Coragem

Meu caro Henrique, o motivo desta é co- mentar sobre o livro de Laerçon Santos, The

Paraibanos de Subúrbio. Uma bela edição,

mais voltada pras novas gerações. Ao mesmo tempo em que você é capaz de recuperar a obra gráfica de Luzardo Alves, um veterano infelizmente esquecido, também tem a cora- gem de testar os novos. Que a vida não é feita só de memorabilia, não é? Meus parabéns pela coragem.

Lembro muito bem da revista Balão, que em 2004 ano comemorou 30 anos de lança- mento, que publicou quadrinhistas ainda no berço. Se formos olhar os desenhos da Balão veremos que são ruins, embora já apontem para o futuro. Já se nota que vários dos inte- grantes iriam ter futuro, como já é patente. E Laerçon é coisa para o futuro, está mais que certo. E alguém precisa publicar, se não temos mais a Balão, temos sua editora. Enfim, o mundo não pode parar.

Claro que Laerçon ainda tem muito que caminhar. Ele deve se livrar da influência de Angeli, de Ciça (do Pato), enfim, como qual- quer cartunista, ele está apenas começando. E você teve a coragem de tornar viáveis estes primeiros passos. Tenho certeza que logo-lo- go ele estará ombreando com aqueles que o influenciaram.

A finalidade principal de minhas publi- cações é mostrar pro povo de hoje as obras embrionárias dos grandes talentos da atu- alidade, para dizer com isso que ninguém nasceu pronto. Daqui a uns 30 anos alguém estará citando este álbum de Laerçon como

obra embrionária que é. Mas aí ele já estará entre os medalhões do seu tempo. Que seja!

João Antonio B. Almeida Campinas, SP É justamente esta uma de minhas pro- postas com a Marca de Fantasia, descobrir os talentos em broto e tornar sua arte acessível. Laerçon já tem uma ampla inserção nas pu- blicações independentes, mas a reunião de seu trabalho em livro pode alcançar um outro público, que habitualmente não tem acesso à maioria dos fanzines. No mais, assumo o risco de lançar trabalhos tão novos porque, além de gostar, encontro neles um toque de criativi- dade e, por vezes, ruptura, tão necessários ao movimento das artes.

Lero-lero

Independente

Você não faz idéia da felicidade ao ler o Top! Top! número 20. É uma edição animadora. Você logo se tornará nosso embaixador das Américas. Uma ponte com “los hermanos” cuja discussão em torno da produção dos nossos quadrinhos vai tomar força e fôlego.

A produção independente, como vem acontecendo, já é uma realidade no Brasil, vide a Marca de Fantasia, Pada, Manico- mics, Wellington Srbek, Cedraz, com a Turma do Xaxado. Afora os latinos. Isso é um processo irreversível que os autores de quadrinhos devem tomar ciência.

Enquanto isso... Zine-se. É Fortaleza tomando forma cada vez maior como pro- dutora de quadrinhos, fazendo pensar e executar. Parabéns a Fernanda Meireles e sua iniciativa.

José Valcir. Olinda, PE Os ventos são realmente animadores, mas é preciso coordenação. Uma distribui- ção racional poderia ampliar ainda mais nosso campo de atuação. Creio na urgência de um fórum para se discutir os rumos da produção independente no país.

No documento Dono de um traço excepcional, (páginas 36-39)

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