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A BAC é constituída pela unidade geomorfológica morfoestrutural da Bacia Sedimentar do Paraná e pelas morfoesculturas da Chapada de São Gabriel e do Planalto do Taquari, seguidas respectivamente pelas formas erosivas com superfície pediplanada e formas de dissecação convexa.

A unidade morfoescultural da Chapada de São Gabriel (Figura 2) compreende a Região dos Chapadões Residuais da Bacia do Paraná, caracterizada como uma extensa superfície pediplanada, que possui posição geográfica individualizada, visto que se ressalta em meio a um relevo mais rebaixado e dissecado. A Chapada destaca-se pela dominância de modelados planos, com altitude média de 700 metros. A unidade é delimitada em quase toda a sua volta por escarpas erosivas estruturais e ressaltos topográficos decorrentes da presença de rochas eruptivas da Formação Serra Geral. O relevo é esculpido em litologias da unidade Edafoestratigráfica Detrítico-Laterítica sobre as quais desenvolvem-se Latossolos Vermelhos álicos. A escarpa basáltica que contorna a unidade é dominada pelo Cerradão, enquanto o topo do planalto é caracterizado como área antrópica na Região de Savana (SEPLAN-MS, 1990).

Figura 2. Chapada de São Gabriel. Foto: BACANI, V.M., 05/2009.

Na unidade morfoescultural do Planalto do Taquari (Figura 3), destacam-se as depressões interiores da região geomorfológica dos Planaltos Arenítico-Basálticos Interiores. Trata-se de áreas topograficamente deprimidas (entre 300 e 500m), via de regra cercadas por escarpas e bordas de patamares estruturais, como no caso da BAC, pela Chapada de São Gabriel, que acentua o aspecto da depressão. A unidade é esculpida em litologias do Grupo São Bento, originando modelados de dissecação colinosos e secundariamente tabulares, constituídos por Neossolos Quartzarênicos e Argissolos Vemelho-Amarelos.

Figura 3. Planalto do Taquari. Foto: BACANI, V.M., 05/2009.

A origem das depressões embutidas existentes nos planaltos da Bacia Sedimentar do Paraná parece estar relacionada à grande incidência de falhamentos na região. Por outro lado, a existência de relevos residuais em meio à depressão indica a ação de processos erosivos, contribuindo para o rebaixamento da superfície. É possível que isto tenha ocorrido durante o Pleistoceno e seja resultante de processo de pediplanação contemporâneo a fase de abertura de depressões periféricas na borda ocidental da Bacia Sedimentar do Paraná (SEPLAN-MS, 1990).

A geologia revela a Cobertura Detrito-Laterítica, a Formação Serra Geral, a Formação Botucatu e a Formação Bauru (BRASIL, 1982). A Figura 4 apresenta o

resultado do mapeamento geológico realizado pelo PCBAP (BRASIL, 1997), o qual apresenta as seguintes formações:

a) Coberturas Detrito-Lateríticas Neogênicas (Tndl): unidade edafoestratigráfica onde podem ser distinguidos três horizontes: superior, com solo argilo-arenoso, marrom avermelhado, com concreções ferruginosas; médio, com espessos lateritos ferruginosos, concrecionários, com seixos de quartzo, e; Inferior, com areias inconsolidadas, argilas de cores variegadas, concreções limoníticas, produtos de alteração das rochas subjacentes.

b) Grupo Bauru: arenitos vermelhos e róseos, de granulação média a grosseira, mal classificados com granulos e seixos esparsos, com níveis conglomeráticos às vezes calcíferos. Níveis ou lentes de conglomerados de matriz argilosa, vermelha, geralmente silicificados, com seixos arredondados. Apresenta diferentes níveis de sílex.

c) Formação Serra Geral (JKsg): derrames básicos com lentes de arenitos eólicos intertrapes em sua porção basal. Basaltos cinza-escuros e esverdeados, finos e afaníticos, amigdalóides no topo.

d) Formação Pirambóia (TRpi): arenitos parcialmente argilosos, creme, amarronzados e avermelhados, finos a médios, siltitos e argilitos, englobando secundariamente níveis e concreções de sílex. Estratificações plano paralelas e cruzadas de médio e grande porte.

Os solos predominantes são: Latossolos Vermelhos álicos, Neossolos Quartzarênicos álicos, seguidos por Neossolos Litólicos álicos e Argissolo Vermelho- Amarelo eutrófico (BRASIL, 1982; BRASIL, 1997) (Figura 5).

Os Latossolos Vermelhos ocorrem na porção oeste da BAC e apresentam um teor de óxido de ferro entre 8 e 18%, quando de textura argilosa. No caso de textura média, o teor de óxido de ferro é inferior a 8%. A posição ocupada, em relevo plano, como no caso da Chapada de São Gabriel, condiciona favoravelmente o uso da agricultura mecanizada, desde que corrigidas as deficiências nutricionais. O domínio de texturas argilosas e muito argilosas na região dos Chapadões favoreceu o domínio de culturas cíclicas.

Segundo o PCBAP (BRASIL, 1997), os Latossolos Vermelhos álicos presentes na Chapada de São Gabriel apresentam o horizonte A moderado e a textura é argilosa sob o relevo plano.

Os Neossolos Quartzarênicos ocorrem na porção leste e nordeste da BAC. Constituem-se como solos minerais, não hidromórficos, de textura arenosa, profundos ou muito profundos, pouco desenvolvidos e excessivamente drenados, normalmente destituídos de materiais facilmente intemperizáveis. São formados de sedimentos do Quaternário ou arenitos diversos encontrados geralmente em relevo suave ondulado e apresentam elevado potencial erosivo. De acordo com o PCBAP (BRASIL, 1997), os Neossolos Quartzarênicos álicos tem o horizonte A moderado e ocorre em relevo suave ondulado e ondulado.

Os Neossolos Litólicos álicos são solos minerais, não hidromórficos, rasos, pouco desenvolvidos, com seqüência de horizontes A e R ou A, C e R, podendo eventualmente apresentar um horizonte B incipiente. Esses solos são desaconselháveis à utilização agrícola, devido à elevada inclinação do relevo, pouca profundidade e excessiva presença de cascalhos. Apresentam horizonte A moderado (BRASIL, 1997).

Os Argissolos Vermelho-Amarelos presentes na BAC são eutróficos e distróficos, com argilas Ta e Tb, com transições abruptas entre horizontes e não abruptas com horizonte A moderado e textura arenosa/média, em relevo suave ondulado e ondulado (BRASIL, 1997).

Os Argissolos Vermelho-Amarelos eutróficos são solos bem desenvolvidos, profundos, bem drenados e, em alguns casos, com drenagem moderada. Caracterizam-se pela diferença textural significativa entre os horizontes A e B textural (Bt) e presença de cerosidade no horizonte sub-superficial. Quanto à fertilidade, variam bastante, com argila de alta atividade e baixa, abrúpticos ou não, com textura dominantemente arenosa/média e média/argilosa, apresentando-se em relevo também variável, erosão não aparente e ligeira, formados, principalmente, pela decomposição de arenitos e siltitos, ocorrendo sob vegetação de Floresta e Savana (SEPLAN-MS, 1990).

O clima é do tipo Aw, segundo Köppen (clima de Savana), com regime pluviométrico tipicamente tropical, com 80% das chuvas concentradas entre os meses de outubro e março. A média do total pluviométrico anual na área da BAC é 1489,6 mm e evapotranspiração anual superior a 1140 mm (ABDON, 2004).

A Figura 6 apresenta informações referentes ao cálculo realizado do balanço hídrico inferido para São Gabriel do Oeste, tomado como referência para a BAC, realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e presente no Atlas Municipal de São Gabriel do Oeste (2004).

Fonte: Atlas Municipal de São Gabriel do Oeste (2004). Figura 6. Balanço hídrico da BAC.

A cobertura vegetal natural é composta por Savana Arbórea Densa e Savana Arbórea Aberta, sem floresta de galeria. Entretanto a cobertura vegetal predominante na BAC é agrícola de culturas cíclicas (BRASIL, 1982; ABDON, 2004). A área agrícola da bacia concentra-se no município de São Gabriel do Oeste, enquanto que em Camapuã, predomina a pastagem.

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