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Qual é o balanço geral sobre o estágio e que aprendizagens foram proporcionadas?

O trabalho aqui apresentado traduz todo o meu percurso de estágio no Lar da

Misericórdia de Alverca, tendo inicialmente grandes expetativas em relação às minhas

atividades que eram opostas às do lar, constituindo um desafio que podia ser muito

estimulante e, pensando desta forma, contribuir para que, no futuro, o lar optasse por este

género de atividades, bem mais ao gosto dos idosos, proporcionando-lhes um envelhecimento

ativo.

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Inicialmente, a monitora do lar não compreendeu qual era a minha função como

estagiária, pensando que eu estaria lá para realizar as atividades por ela propostas e que

consistiam, na sua maioria, na realização de pinturas e colagens. Nesta altura do meu estágio

encontrei muitas dificuldades, pois sempre que apresentava propostas para realização de

atividades com o intuito de estimular/ proporcionar um envelhecimento ativo, todas as

atividades eram negadas.

Contudo, após algumas conversas e esclarecimentos com a assistente social do lar,

sobre a importância do meu estágio como contributo para o desenvolvimento do

envelhecimento ativo, foi entendido que as minhas propostas de atividades diferenciadas

deveriam então ser aplicadas.

A partir desse momento foi-me permitido realizar algumas atividades com os idosos

do lar. Todavia, as atividades repetitivas que neste se realizavam, ocupavam uma grande parte

do tempo dos idosos e, muitas vezes, pediam-me para trabalhar nelas deixando as minhas de

parte. É importante referir que não gostava de realizar essas atividades devido ao volume de

trabalho e à sua ação repetitiva. De igual forma os idosos também demonstravam e

verbalizavam o seu desagrado no que concerne a essa situação: “Outra vez a mesma coisa?”.

Constatei então que os idosos ficavam aborrecidos por o lar não lhes proporcionar

atividades diferentes nas quais eles tivessem prazer em realizar. Desta forma, quando as

minhas atividades eram realizadas, verificava que para eles eram mais satisfatórias, pois estas

permitiam-lhes fazer novas aprendizagens, relembrar as aprendizagens anteriormente

adquiridas e esquecidas e, de igual forma, proporcionar-lhes um envelhecimento ativo.

Penso que os idosos do lar gostaram de todas as atividades, sobretudo das atividades

cognitivas, que a meu ver foram as mais benéficas, porque as pessoas já não sabiam fazer

cálculos e escreviam com muitos erros. Os participantes apresentavam muitas dúvidas com a

escrita, em escrever bem, sem atender ao novo acordo ortográfico, por opção dos idosos.

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Quando conseguiam realizar bem as atividades, os idosos demonstravam muita

satisfação. Por exemplo, na atividade do mapa de Portugal, que consistia em identificar as

regiões do país, uma idosa do grupo mostrou-se encantada e ria-se muito. Ficou satisfeita, por

naquele momento ter percebido que Portugal era dividido em regiões, e que o Algarve era em

Portugal, informações que ela desconhecia.

Porém, durante o estágio também aprendi muitas atividades de ocupação e de

animação. Algumas mais interessantes do que outras, que me poderão ajudar no futuro,

aquando das minhas idas a lares a fazer o meu voluntariado.

Mesmo com todas as contrariedades/condicionantes que encontrei, mantive sempre

uma atitude positiva. Mostrei-me sempre disponível para trabalhar com os idosos, mesmo por

pequenos períodos de tempo, que me eram concedidos muitas vezes por minha insistência.

Participava igualmente nas atividades do lar em épocas festivas, porque também era um dos

objetivos de estágio, tendo sido sendo sempre pontual e assídua.

Devido ao interesse manifestado pelos idosos nas minhas atividades, acredito ter

contribuído para momentos mais agradáveis e prazerosos e que no futuro os idosos irão pedir

atividades idênticas às que fizemos, alterando assim um pouco a realidade que lá encontrei.

Finalmente aprendi que é difícil implementar novas e diferentes atividades onde

domina a rotina. Contudo valeu a pena. Considero que consegui atingir os meus objetivos.

Percebi igualmente que é muito importante que a sociedade promova mais espaços adequados

para os idosos poderem aproveitar o seu tempo com atividades, e relações interpessoais que

mais lhes interessem. Não obstante, constatei que existe uma necessidade “extrema” de uma

formação mais rigorosa e mais humanizada de todos os funcionários destas instituições, que

lidam direta e/ou indiretamente com os idosos.

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procurei “cultivar” no lar. O facto de os idosos sentirem atenção, carinho e outros afetos,

mantendo-os em contacto com a sociedade, tornando-os úteis, permitiu com que os

sentimentos negativos de solidão e de tristeza fossem diminuindo. Para que isto aconteça,

julgo que seria importante que existisse uma ligação constante e frequente com outras

pessoas, que não sejam apenas as funcionárias do lar.

Assim sendo, para que haja um envelhecimento ativo, os lares devem tratar os idosos

com dignidade e respeito, apoiando-os nas suas dificuldades, permitindo a manifestação de

afetos e o contato com a sociedade para que estes não se sintam inúteis ou isolados.

“Para que o envelhecimento seja encarado de forma positiva, ativa e saudável é crucial

que sejam otimizadas as oportunidades de bem-estar físico, social e mental, durante toda a

vida, com o objetivo de aumentar a esperança de vida saudável, a produtividade e a qualidade

de vida na velhice.” Rebelo (2015, p. 87).

Todos temos o dever de proporcionar aos idosos uma vida com mais dinâmica, sem

rotinas e sem atividades monótonas, oferecendo-lhes momentos de cultura e de aprendizagem,

de forma a combater o isolamento.

Ser idoso

é ter a coragem de olhar para frente

E dizer que traz consigo

um mundo de conhecimento.

Ser idoso é ser gente.

Ser idoso

É poder dizer que tem a dádiva da vida

E o poder da mente

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E carrega em sua guarida

A realização e a gratidão da existência.

Ser idoso,

É ser alguém consciente

Pedindo a Deus sempre mais anos de vida

Para viver com os seus

e ser uma pessoa querida.

Ser idoso,

é guardar o que sente

Do lado bom e ruim das coisas

Dos momentos que viveu

E, um dia, tristemente

Sofreu..

E num outro dia, alegremente

Viveu...

E foi feliz

Como um sábio aprendiz.

Ser idoso

É aprender, do ontem, a lição

Hoje, guardada nas eternas lembranças

Bem no fundo do coração.

Ser idoso

é ter no rosto

A marca da sabedoria

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Vividos com alegria.

O que mais lhe entristece

É a falta de respeito, carinho e atenção

Dê ao nosso idoso o que ele merece

E o que queres para ti.

Não o maltrate, abrace-o de coração

Porque o que estás hoje a pedir

Num futuro tão próximo podes conseguir.

Por isso, tratar bem o idoso

É meu, é teu, é nosso dever

Não esqueça que o idoso de hoje

Amanhã pode ser você,

Basta ter vida em abundância

E nem tão cedo morrer.

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