• Nenhum resultado encontrado

Qual a influência da relação professor-aluno na avaliação?

No documento O livro de autor em educação visual (páginas 43-46)

7. A AVALIAÇÃO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

7.2 Qual a influência da relação professor-aluno na avaliação?

A planificação da unidade didática deve ser feita em torno do tipo de avaliação que se quer aplicar, promovendo a autonomia dos alunos, englobando dentro dela a prática da autoavaliação de modo a que estes se possam autorregular e refletir sobre o trabalho que fizeram no decorrer das tarefas. Incrementar assim o espírito crítico e a motivação dos alunos, descentralizando o professor, numa pedagogia reflexiva e crítica sustentada numa matriz humana. A referida importância

da autoavaliação para o desenvolvimento da autonomia, promove nos alunos condutas refletidas e autónomas que os ajudarão a construírem-se por eles mesmos, incrementando a motivação na aprendizagem. Assim, a interação entre professor e aluno, ao longo do processo de ensino e aprendizagem, é indispensável. Pretende-se que o aluno vá progressivamente interpretando e compreendendo, cada vez melhor, o que o professor espera dele. A avaliação pode, assim, tornar-se um processo de diálogo entre professor e aluno, estabelecendo pensamentos e ideias comuns que são partilhadas. (Santos, 2011).

Para Liblik (2006), o ensino da Arte baseia-se na apreciação e compreensão estética da Arte, no conhecimento, nas relações culturais dos conteúdos e na consciência critica. Hernández (2000) pontua três preocupações comuns aos professores: formar indivíduos com uma visão mais global da realidade, vincular a aprendizagem a situações e problemas reais, trabalhar a partir da pluralidade e da diversidade, preparar para que aprendam durante toda a vida.

O processo avaliativo é parte do contínuo repensar sobre os fins e propósitos que depende das opções teóricas, filosóficas e pedagógicas adotadas e é desempenhado por todos os atores do processo de ensino-aprendizagem.

Liblik (2006) acredita que a alteridade deve estar sempre presente nas ações de sala de aula e que a avaliação não pode fugir a este conceito. Numa perspetiva antropológica, a alteridade implica colocarmo-nos no lugar do outro, de ver como o outro vê, de compreender um conhecimento que não é nosso. Por isso, em sala de aula, o trabalho docente deve basear-se na capacidade do professor se colocar no lugar do aluno, perceber que ele é diferente, e, como tal, deve ser respeitado.

A comunicação interpessoal na escola é muito importante, pois, sem relação humana, não há educação. Desta maneira, quando um professor dá prioridade ao desenvolvimento das relações humanas positivas com os alunos, poderá usar o conflito como uma oportunidade para estreitar os laços de confiança entre aluno e professor e entre pares, promovendo uma aprendizagem mais significativa, onde os alunos estão mais envolvidos emocionalmente no ato de aprender. Se os alunos estiverem envolvidos no ato de aprender, manifestam um maior envolvimento proactivo, durante o processo de aprendizagem.

Para não bloquear a comunicação produtiva dos alunos, é necessário moderar a quantidade de tempo em que o professor fala. Defendendo a importância da

qualidade da comunicação professor/aluno, deve-se procurar envolver os alunos em diálogos de maneira a promover o envolvimento proactivo dos alunos em aula. O professor de hoje não se deve limitar a ensinar as competências necessárias, tem também de manifestar um lado didático e relacional, para comunicar com os alunos (Veiga, 2007).

Segundo Reeve e Tseng (2011), os professores devem proporcionar um ambiente onde mostrem compreensão, escutem com interesse e depois descrevam os processos necessários à realização das atividades, desenvolvendo, deste modo, um clima cooperativo e não competitivo. Este clima de sala de aula, dá mais importância aos sentimentos que às regras, dá mais importância às situações que às personalidades dos alunos, isto é, mais importância à comunicação do que a qualquer julgamento sobre o aluno. Por isso, não deve o professor aplicar categorias que fomentam a competição, o conflito, onde a comunicação está regida por técnicas e não por um lado humano onde a imagem do professor seja a de um adversário a ser derrotado pelo aluno.

Defendendo a ideia de que, para compreender o outro, é necessário compreender-se a si mesmo, é importante que se faça a construção da identidade docente. Neste sentido, Marçal (2013) defende que os professores devem aprofundar a consciência da identidade docente. Para tal, sugere que o professor use um diário (gráfico) para registar palavras e/ou imagens que traduzem sentimentos, que surgem na experiência de professor, registando as suas emoções, durante, antes e após a prática docente, através de indicadores emocionais, ajudando, assim, a construir a sua identidade. O resultado será uma reflexão sobre o caminho percorrido, que possibilite rever, retomar, refazer, e criar uma narrativa pessoal. Estes registos trabalham a memória e permitem avaliar melhor o próprio desempenho do professor, assim como o desempenho dos alunos. Segundo a mesma autora (Marçal, 2013), em considerações feitas no 3º Congresso Internacional de Arte-Terapia/Psicoterapia, que decorreu na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2013), o ato compreensivo pode dar-se através do saber, do intuir, do sentir sem julgar. Para potenciar este ato compreensivo é imprescindível cultivar a atenção e desenvolver um saber pessoal que pertence ao mundo interior de cada um. Também, na avaliação, um dos objetivos é estar consciente da existência do outro e compreender o significado da experiência vivida.

SEGUNDA PARTE: CONCEPÇÃO DO PROJECTO

PEDAGÓGICO

Nesta parte será caracterizado o contexto escolar e serão descritos os princípios geradores da conceção do projeto, sendo apresentados os elementos referentes às aprendizagens essenciais a desenvolver e às estratégias educativas a implementar.

A unidade didática pretende explorar a ideia de livro de autor e o seu significado, estudando o conceito de narrativa visual de forma simplificada (discutindo-se a sua composição, a ideia de sequencialidade e a planificação necessária para a construção de uma narrativa). A unidade está organizada em duas grandes fases gerais: o sentir (relacionada com a observação e com a experimentação) e o criar (relacionada com a reflexão e com a ação). O produto final será a construção e a finalização do livro de autor – que expressa a visão particular do aluno a partir das ferramentas fornecidas – com uma narrativa visual que comunica uma sequência lógica, em forma de história original.

No documento O livro de autor em educação visual (páginas 43-46)