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CAPÍTULO 2 ELEVAÇÃO DO FLUXO HIDRÁULICO COMO MÉTODO DE

3. Resultados e Discussão

3.5 Qualidade da água

A análise de qualidade de água realizada nas áreas de influência da UHE Jirau indicou as medianas da temperatura de 28,10 °C, pH de 6,47, oxigênio dissolvido de 5,68 mg L-1, sólidos totais dissolvidos 57,78 mg L-1 e a condutividade apresentou média 86,88

µS cm-1 (Tabela 8). 0 10 20 30 40 50 Linkage Distance UG 35UG 7 UG 13 UG 28 UG 33 UG 11 UG 40 UG 37 UG 31 UG 38 UG 14 UG 10 UG 26 UG 20 UG 46 UG 50 UG 36UG 8 UG 30 UG 23 UG 48 UG 16 UG 18 UG 19 UG 42 UG 43 UG 22 UG 15UG 9 UG 5 UG 44 UG 47 UG 32 UG 25 UG 17 UG 49 UG 41 UG 27 UG 45UG 4 UG 24UG 6 UG 3 UG 29 UG 12 UG 21UG 2 UG 34 UG 39UG 1

Tabela 8. Análise da qualidade da água na UHE Jirau no período de 2014 a 2018 Temperatura (°C) pH Condutividade (µS cm-1) Oxigênio dissolvido (mg L-1) Sólidos totais dissolvidos (mg L-1) Mediana 28,10 6,47 70,60 5,68 46,15 Média e desvio padrão 28,16 ± 1,26 6,55 ± 0,62 86,88 ± 42,10 5,65 ± 0,97 57,78 ± 26,97 Mínimo 25,20 5,16 47,45 3,98 39,00 Máximo 33,10 11,07 256,12 7,92 160,04

Durante o período analisado, a UG 03 apresentou o maior valor de pH (7,92) no de 2014 no período de vazante na margem direita. O menor valor de pH foi registrado na UG09 (5,16) no ano de 2018 no período hidrológico seca na margem direita.

Em relação ao oxigênio dissolvido, a UG32 apresentou o maior valor amostral (7,17 mg L-1) no período de seca na margem esquerda no ano de 2014, e o menor valor

nesse parâmetro ficou registrado na UG 08 (3,98 mg L-1) margem direita, no ano de 2015,

na cheia.

Castilhos & Rodrigues (2008, p.73) inferiram que a diminuição da concentração de oxigênio no Rio Madeira não é observada em certos períodos do ano devido a correnteza constante, tendo uma concentração de oxigênio dissolvido de 6,15 ± 1,23 mg L-1, mas que varia entre 4,1 - 8,7 mg L-1.

Silva et al., (2007) observa que o regime de chuvas consegue influenciar as variáveis de qualidade da água como a temperatura, pH, turbidez, condutividade, oxigênio dissolvido e sólidos em suspensão na região amazônica. Dessas, a temperatura e oxigênio dissolvido possuíram maior correlação com a precipitação.

Os sólidos totais dissolvidos foram detectados o maior valor na UG 03 (99,45 mg L-1) também em 2014 na vazante, e os menores valores foram encontrados na UG 09

(39,00 mg L-1) em 2015 no período de cheia na margem direita. Esse aspecto confirmou

Horbe et al., (2013), onde demonstrou que os sólidos são mais elevados e variáveis na transição para o período da seca.

Na bacia amazônica os altos teores de matéria orgânica elevam os valores dos sólidos totais devido aos processos naturais ocorridos no bioma, esse aspecto é confirmado pela alta variação de sólidos totais no Rio Araguari/AP, onde os valores variaram de 1,6 (cheia) a 3.480 mg L-1 (seca) (BÁRBARA, et al., 2010). Barbosa (2005,

Amazonas que variou entre 60 e 161 mg L-1, e também o Lago Curuai com valor de 462

mg L-1.

A amônia apresentou valores abaixo do limite de quantificação da técnica utilizada (0,25) na maioria dos pontos de amostragem. Nos pontos de coleta das UGs 07, 04, 12, 14, 29 28, 12, 01, 13, 10, 41, 42, 20, 06 e 27 no ano de 2017 apresentaram a concentração igual a 0,25 mg L-1.

A amônia em ambientes aquáticos é essencial na formação de um gradiente nítido de distribuição vertical dos compostos nitrogenados, sendo assim importantes fontes para os produtores primários, pois são absorvidos pelas células, de forma rápida (FERNANDES et al., 2004). Para Pereira & Mercante (2005) os compostos nitrogenados, dentre eles a amônia, em condições ideias, determinam a produtividade total do sistema aquático e a disponibilidade dos compostos que controlam a biomassa das algas.

Os parâmetros temperatura, pH, condutividade, oxigênio dissolvido e sólidos totais dissolvidos foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk’s, sendo o valor de alfa adotado para o nível de significância de 0,05 (5%). Todos os parâmetros apresentaram distribuição não paramétrica (p<0,05).

Dessa forma, foi selecionado o teste Kruskal Wallis, adotando o valor de p < 0,05, a fim de comparar os parâmetros (temperatura, pH, condutividade, oxigênio dissolvido e sólidos totais dissolvidos) com os ciclos hidrológicos (cheia, vazante, seca e enchente) e a localização das margens (direita e esquerda).

O teste indicou diferença significativa (p<0,05) para os ciclos hidrológicos considerando todos os parâmetros. O teste não indicou diferença significativa (p<0,05) para a localização das margens considerando a maioria dos parâmetros, com exceção dos sólidos totais dissolvidos, o qual apresentou p=0,014.

A temperatura com valores mais elevados em período de seca na região amazônica normalmente está relacionada a diminuição da água nas camadas superiores do solo e consecutivamente a elevação da evapotranspiração das arbórea e ao aumento da pressão na troposfera, no inverno esse sistema enfraquece (MOLION, 1987; VILANI, et al., 2006). Além desses aspectos, segundo Toledo (2014) as queimadas podem desregular a dinâmica de precipitações da região amazônica, devido ao aumento das temperaturas que diminui o vapor de água, causando a diminuição da precipitação.

Segundo Piratoba et al., (2017) a diminuição da precipitação, o aumento da intensidade de calor, refletem no grau de aquecimento das águas com variação 30,4 a

31,1°C no período menos chuvoso e entre 29,4 e 30, 1°C no período chuvoso. Em relação à média da temperatura nas margens da UHE Jirau, durante os períodos observados a vazante mostrou valores mais extremos de temperatura e a seca valores mais altos em comparação com os períodos de enchente e cheia (Figura 29 a). A margem esquerda apresentou mais extremos do que a margem direita (Figura 29 b).

Figura 29. a) Temperatura (ºC) durante os períodos hidrológicos durante os anos de 2014 a 2018

e b) referentes as margens de localização das UGs na UHE Jirau.

Em relação ao alto e baixo pH na região amazônica, para Junk & Furch (1980) essa característica pode estar relacionada a distribuição da formação geológica, com acentuadas de concentrações de Ca e Mg, o que aumenta a quantidade de eletrólitos na água e consecutivamente a alcalinidade. Atrelado a isso, existe uma diferença de pH entre os diferentes tipos de água (GHILLEAN, 1980).

É importante observar que durante o período de seca houve a diminuição da precipitação causando a alcalinidade do Rio Madeira. Essa característica assemelha-se a que foi descrito por Lopes et al., (2017), que relaciona a acidez dos rios ao aumento do volume de precipitação e a alcalinidade à diminuição das chuvas na região da bacia amazônica (Figura 30a). A margem esquerda apresentou valores de pH mais extremos do que a margem direita (Figura 30b).

Median 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremes Cheia Vazante Seca Enchente

Ciclo hidrológico 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 T e m p e ra tu ra (° C )

Figura 30. a) Valor de pH durante os períodos hidrológicos durante os anos de 2014 a 2018 e b)

referentes as margens de localização das UGs na UHE Jirau.

A condutividade elétrica na seca apresentou os maiores valores (Figura 31), esse aspecto pode estar relacionado ao aumento de matéria orgânica presente no ambiente aquático sendo mais evidente no período seco na região amazônica (BÁRBARA et al, 2010). Em trabalho desenvolvido por Queiroz et al., (2009) foi observado que em águas brancas como as do Rio Madeira, a somatória dos cátions e ânions é maior do que outros tipos de águas, apresentando maiores valores de condutividade elétrica.

Figura 31. a) Valor de condutividade durante os períodos hidrológicos durante os anos de 2014 a

2018 e b) referentes as margens de localização das UGs na UHE Jirau.

O período em que apresentou maiores concentrações de oxigênio dissolvido foi o seco, resultado semelhante ao encontrado por Monteiro et al., 2015, o qual observou as altas taxas de sedimentação que aumentaram a transparência aquática e a entrada de luz do sol que aumentaram a concentração de oxigênio dissolvido no período com menos quantidade de chuva (Figura 32.a). A margem direita apresentou maiores valores médios do que a esquerda na usina (Figura 32.b).

Median 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremes Cheia Vazante Seca Enchente

Cilco hidrológico 0 2 4 6 8 10 12 pH

Figura 32. a) Concentração de oxigênio dissolvido (mg L-1) durante os períodos hidrológicos

durante os anos de 2014 a 2018 e b) referentes as margens de localização das UGs na UHE Jirau.

Os períodos de seca e enchente apresentaram maiores médios de sólidos dissolvidos em relação aos períodos de cheia e vazante, estando de acordo com o que foi demonstrado também por Piratoba et al., (2017, p.6), aspecto que está relacionado com a condutividade elétrica e compõe-se de produtos de intemperismo, compostos iônicos, não iônicos e sais (Figura 33.a). As margens direita e esquerda apresentaram médias similares variando entre 30 a 160 mg/L (Figura 33.b).

Figura 33. a) Concentração de sólidos dissolvidos (mg L-1) durante os períodos hidrológicos

durante os anos de 2014 a 2018 e b) referentes as margens de localização das UGs na UHE Jirau.

No trabalho de Pereira (2012, p.46) foi observado o relevo médio como principal fator que contribui nas concentrações das partículas em suspensão nos principais rios amazônicos. Além deste aspecto, o Rio Madeira encontra-se em águas brancas com origem em regiões geológicas jovens, o que favorece a grande quantidade de partículas em suspensão por meio de processos de erosão (JUNK et al., 2011; VILLAMIZAR et al., 2014; SAMPAIO, 2015). Median 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremes Cheia Vazante Seca Enchente

Ciclo hidrológico 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 O xi g ê n io d isso lvi d o ( m g /L ) Median 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremes Cheia Vazante Seca Enchente

Ciclo hidrológico 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 S ó li d o s to ta is d iss ol v ido s (m g /L ) Median 25%-75% Non-Outlier Range Outliers Extremes Direita Esquerda Localização da margem 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 S ó li d o s to ta is d iss ol v ido s (m g /L )

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