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Qualidade de Vida no Trabalho na Área Pública

No documento LUCIANA BORTONCELLO LORENZETTI ANDRADE (páginas 41-44)

2.2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT)

2.2.2 Qualidade de Vida no Trabalho na Área Pública

Nas empresas privadas, a qualidade de vida no trabalho possui um histórico de inserção de práticas e de ampla aplicação, motivada principalmente pelo interesse de seus gestores e de seus profissionais. Entretanto, no serviço público de forma geral, a temática ainda permanece como um campo de estudo restrito e germinal, evidenciando-se uma falta de políticas institucionais que tratem da QVT nessa área (FERREIRA et al., 2009).

Em virtude das mudanças contínuas oriundas do mundo do trabalho, e que afetam também a área pública, esse setor vem se defrontando com a necessidade de aprimoramento dos serviços que oferece à sociedade, necessitando dessa forma ampliar e possibilitar aos seus profissionais aspectos relativos à motivação, à valorização do seu quadro funcional e às ações de qualidade de vida no trabalho (DAMASCENO; ALEXANDRE, 2012)

Conceituar QVT no serviço público torna-se complexo, pois os gestores dessa área concentram-se principalmente em dimensões oriundas da produtividade das tarefas e das atividades do servidor, não se apresentando como uma responsabilidade da gestão da organização, permanecendo o bem estar desse trabalhador relegado a um segundo plano. Na grande maioria dos órgãos públicos não há uma política de recursos humanos para o setor ou programas de QVT, restringindo-se a poucas práticas de atividades físico-corporais e de natureza assistencial (FERREIRA et al., 2009; DAMASCENO; ALEXANDRE, 2012).

A implantação da QVT na gestão pública encontra maior dificuldade em relação à iniciativa privada, devido também ao modelo de gestão e do pouco incentivo governamental, que estabelece “limites de investimentos estabelecidos no orçamento, licitação, estrutura de cargos e carreiras dos servidores, dentre outros (AMORIM, 2010, p. 38).

Ferreira, Alves e Tostes (2009), em estudos realizados em órgãos públicos federais, indicam os tipos de atividades de QVT mais frequentes, conforme quadro 9.

Quadro 9 - Atividades de QVT em órgãos públicos federais

Atividades físico corporais Eventos coletivos Suporte psicossocial

Academia Aikido Alongamentos Atividades posturais Caminhada Capoeira Dança de salão Ginástica laboral Hidroginástica Jump fit

Medicina preventiva e saúde bucal Natação

Yoga

Apresentações artísticas dos servidores Campanhas assistenciais Coral Feiras Festas Palestras

Semana de qualidadede vida Semana do servidor Torneiros e competições

Acolhimento das pessoas afastadas, em reabilitação ou adaptação Acompanhamento psicossocial Curso de pintura Cursos de línguas Grupos de apoio Incentivo ao estudo Inclusão digital Orientações e “ambientação” do servidor na instituição Preparação para aposentadoria

Readaptação e reabilitação funcional

FONTE: Ferreira, Alves e Tostes (2009).

Apesar da diversidade de atividades de práticas de QVT, tanto em atividades físico corporais, quanto em eventos coletivos e de suporte psicossocial, percebe-se que predominam atividades relacionadas a combater o estresse do funcionários, e não efetivamente tratam do conjunto de bem-estar dos servidores públicos (FERREIRA et al., 2009).

Apesar disso, deve-se reconhecer que o Brasil tem avançado em relação à QVT na área pública, criando normas que afetam de forma positiva a QVT dos servidores, principalmente no âmbito federal. Nesse aspecto, Alfenas (2013) destaca as contribuições das legislações, conforme quadro 10.

Quadro 10 - Legislação e suas contribuições para a QVT dos servidores públicos federais no Brasil

Legislações Contribuições

Lei Federal nº 8.112/1990 Regulamentação da estabilidade no serviço público federal. Isonomia salarial para cargos semelhantes.

Criação de adicionais de insalubridade, periculosidade e penosidade.

Concessões de licenças e afastamentos para questões profissionais e pessoais.

Estabelecimento de direitos, deveres, proibições e penalidades relativas a todos os servidores públicos.

Licença para capacitação.

Decretro Federal nº 977/1993 Trata da assistência pré-escolar aos dependentes. Decreto Federal nº 5.296/2004 Estabelece critérios para promoção da acessibilidade. Decreto Federal nº 6.690/2008 Institui a prorrogação da licença maternidade.

Decreto Federal nº 6.833/2009 Cria o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal.

Decreto Fedral nº 6.856/2009 Regulamenta o exame periódico.

Decreto Federal nº 7.003/2009 Regulamenta a licença para tratamento de saúde. Portaria nº 797/2010 do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão

Manual de Perícia Oficial em Saúde do Servidor Público Federal. Portaria nº 1.261/2010 do Ministério

do Planejamento, Orçamento e Gestão

Trata dos princípios e diretrizes em saúde mental.

FONTE: Adaptado deAlfenas (2013)

No Estado do Paraná, há um conjunto de legislações que buscam contribuir para a QVT dos servidores estaduais, incluindo nessa condição, o professor ocupante do cargo de diretor de escola, conforme demonstra o quadro 11.

Quadro 11 - Legislação estadual e sua contribuição para a QVT dos servidores do Estado do Paraná

Legislações Contribuições

Lei nº 6.174/1970, Art. 135 a 137 – Estatuto dos Funcionários Civis do Paraná.

Estabelece o Estatuto dos Funcionários Civis do Estado do Paraná e dispõe entre outros aspectos sobre gratificações, licenças, estabilidade, desenvolvimento na carreira entre outras diretrizes funcionais.

Decreto nº 444/1995 Trata do afastamento dos servidores para cursos de pós-graduação, aperfeiçoamento ou atualização.

Lei nº 13.666/2002 Insitui o Quadro Próprio do Poder Executivo do Estado do Paraná – QPPE.

Lei Complementar nº 103/2004 Institui sobre o Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná.

Decreto nº 3.764/2004 Institui a Escola de Governo do Paraná.

Decreto nº 8887/2010 Regulamenta o SAS – Sistema de Assistência à Saúde.

FONTE: Adaptado do Manual de Orientações Funcionais do Estado do Paraná (2016).

Para Omugo, Onuoha e Akhigbe (2016), também existe uma associação entre qualidade de vida no trabalho e o comprometimento organizacional em funcionários do setor público, considerando a importância da implementação efetiva de políticas e diretrizes de gestão de pessoas que priorizem o bem-estar e a compensação dos funcionários, nas

dimensões de remuneração justa e adequada e crescimento e segurança.

No documento LUCIANA BORTONCELLO LORENZETTI ANDRADE (páginas 41-44)