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SUMÁRIO

2. Revisão Bibliográfica

2.9 Qualidade de vida Urbana

Este é um assunto que se tem tornado de extrema relevância nas discussões das análises políticas e sociais, pelos gestores não só dos orgãos públicos, como também, das instituições privadas, sobretudo na questão da qualificação das cidades. Corroborando com esta visão,

Santos et al (2005, p. 7) ressalta que:

A forte competição existente entre os diferentes centros urbanos na captação de investimentos e de recursos humanos qualificados, associada a uma maior consciencialização e exigência por parte dos cidadãos com as suas condições de vida, levou a que os diversos aspectos associados à qualidade de vida sejam uma preocupação central das administrações públicas aos diversos níveis, local, regional e nacional”.

A Qualidade de vida – (QV), independente de etnia, de nível social e cultural, é almejada por todo indivíduo. Muito embora haja uma vasta literatura definindo e classificando os critérios de qualidade de vida, existem outros fatores que influenciam nesta condição que varia de indivíduo para indivíduo, pois cada qual tem as suas metas, suas prioridades, seus conceitos de conforto e de bem-estar. E em consequência disso, buscam essa condição (QV) aparente, muitas vezes, onde ela não existe.ou as chances de alcançá-la são remotas.

Mas diante de tanta discussão sobre esse conceito tão subjetivo, o que caracteriza a qualidade de vida? Quando se pensa em qualidade de vida logo se relaciona com a satisfação das necessidades do ser humano ou de uma população com as suas necessidades básicas atendidas. Mas é possível ter qualidade de vida somente com as necessidades básicas?

De acordo com estudiosos (Azahan, et al. (2009); Souza & Carvalho (2003)) pode-se entender que o termo (QV) faz referência ao bem-estar geral dos indivíduos e das sociedades. É usado em vários contextos, incluindo as áreas de saúde, política e social. Alertam os autores que a qualidade de vida não deve ser confundida com o conceito de padrão de vida, que se baseia principalmente na renda. Em vez disso, os indicadores padrão de QV incluem, não apenas riqueza e emprego, mas também o ambiente construído, acessibilidade e mobilidade a este,

assim como, saúde física e mental, educação, recreação e lazer. Para Santos et. al. (2005, p. 8):

A qualidade de vida é um conceito multidimensional, complexo e dinâmico que tem vindo abranger diferentes significados e variações consoantes à perspectiva e/ou campo do saber como a economia, a sociologia, a psicologia, a história, a medicina, a epidemiologia, etc.

Das diversas abordagens e problemáticas relacionadas com o conceito de qualidade de vida, decorrem três grandes perspectivas de análise. Uma primeira trata da distinção entre os aspectos materiais e imateriais da qualidade de vida. […] Os aspectos materiais dizem essencialmente respeito às necessidades humanas básicas […] historicamente e para sociedades menos desenvolvidas, estas questões materiais eram decisivas, hoje em dia, as questões imateriais mais ligadas ao ambiente, ao património cultural, ao bem estar, tornaram-se centrais.

Uma segunda faz a distinção entre os aspectos individuais e os coletivos. As componentes individuais mais relacionadas com a condição econômica, a condição pessoal e familiar dos indivíduos, as relações pessoais, e as componentes coletivas mais diretamente relacionadas com os serviços básicos e os serviços públicos.

A terceira perspectiva de análise é a distinção entre aspectos objetivos e subjetivos da qualidade de vida. Os primeiros seriam facilmente apreendidos através da definição de indicadores de natureza quantitativa, os segundos remeteriam para a percepção subjetiva que os indivíduos têm da qualidade de vida e que é muito diferente de pessoa para pessoa, e de estrato social para estrato social.

Este último aspecto é de fundamental importância: os indicadores de qualidade de vida têm diferentes

traduções, consoante a estrutura sócio-económica da população e, portanto, o mesmo indicador pode ser percebido de forma diferente por estratos sócio-económicos diferentes.

Azahan et al., (2009) complementa ainda que uma cidade tem boa qualidade de vida quando tem um bom meio ambiente6 e uma infraestrura7 que ofereça bom padrão, em número suficiente e, sobretudo eficiente.

Santos et al (2005) apontam duas outras questões que são também fundamentais e que devem ser equacionadas quando se analisa a QV e quando se quer definir um conjunto de indicadores desta. A primeira tem a ver com o fato de as necessidades dos indivíduos estarem intimamente relacionadas com o contexto social, político e cultural em que vivem. A segunda está relacionada com a caracterização de um espaço em termos de bens e serviços existentes: a sua acessibilidade e facilidade de utilização. Diretamente relacionado com este último aspecto, coloca-se também a questão do nível de satisfação da população que utiliza esses mesmos bens e serviços, o que será fundamental na análise mais subjetiva da percepção da qualidade de vida.

Neste sentido, este estudo procurou saber como os gestores públicos definem o local de implantaçao de seus EUCs visando,

6 Um bom meio ambiente urbano, na visão de Jacobi (2006) é aquele que tem

um nível de degradação mínimo, principalmente nas regiões habitadas por pessoas mais carentes. Ou seja, está livre de enchentes, de má gestão de resíduos sólidos, de degradação de recursos hídricos, de impacto pelo trânsito desestruturado e violento. Considera também, que um bom meio ambiente urbano deve ter uma boa definição do uso e ocupação do solo, sem perda da biodiversidade e cobertura vegetal, assim como, um bom sistema de transporte público, e acesso aos serviços e estruturas básicas. Considera, ainda que o meio ambiente urbano deve ter um mínimo de ambientes segregados e altamente degradados.

7 Entende-se por Infraestrutura urbana, como um sistema técnico de

equipamentos e serviços necessários ao desenvolvimento das funções urbanas, podendo estas funções serem vistas sob os aspectos social, econômico e institucional (Zmitrowicz, 1997).

também, com isso, saber como são atendidas as necessidades da população e por consequência, até que ponto o planejamento de implantação de seus EUCs, contribui para a qualidade de vida de seus munícipes.

CAPÍTULO III

Neste capítulo apresentam-se a localização e as características populacionais das cidades que serviram de objeto deste estudo. Mostra- se a forma como foi realizada a pesquisa e a metodologia adotada. Aborda-se a descrição metodológica dos procedimentos utilizados, as estratégias usadas na recolha e na análise dos dados.