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Segundo Vieira e Zouain (2004), a confiabilidade em pesquisas qualitativas está centrada nas articulações entre construtos teóricos, método e resultados, os quais devem estar encadeados nas suas afirmações, não permitindo que qualquer elemento esteja fora do contexto da triangulação.

A condicionante para que os resultados de uma pesquisa qualitativa sejam confiáveis torna-se necessária a descrição exaustiva da forma como os dados foram coletados, tabulados e analisados (Vieira; Zouain, 2004). A validade interna buscará

saber se os resultados levantados pelo pesquisador fazem sentido e se correspondem realmente ao relato da realidade.

A credibilidade de uma pesquisa consiste na articulação da base conceitual e na adoção de critérios rigorosos no uso da metodologia, bem como na transmissão de confiança às pessoas e à organização estudada, permitindo que o pesquisador certifique-se e garanta que não acarretará qualquer transtorno na evolução do estudo (ZANELLI, 2002).

Lapièrre (2008) argumenta a confiabilidade no tocante aos fundamentos de um contexto de análise, de modo que a reprodução das considerações construídas nas pesquisas pode ser articulada em relação a situações analiticamente semelhantes.

No entendimento de Yin (2015), a utilização de um protocolo é essencial para garantir a confiabilidade da pesquisa e serve de orientação ao pesquisador na coleta de dados. O protocolo é um procedimento chancelado por Martins (2008b), o qual o descreve como um conjunto de códigos, menções e procedimentos suficientes para se replicar o estudo, ou aplicá-lo em outro caso que mantém características semelhantes ao estudo de caso original, oferecendo condição prática para testar a confiabilidade do estudo.

Para garantir a qualidade e o sucesso da pesquisa científica, Gummesson (2007) e Yin (2015) destacam que a investigação precisa preencher três critérios: validade, generalização e confiabilidade, conforme apresentado no Quadro 4.

Quadro 4: Critérios para garantir a qualidade da pesquisa científica.

Validade

Interna, quando se refere a estudos explanatórios que buscam relações causais.

Externa, quando as descobertas do estudo de caso são generalizáveis, ou seja, seus resultados são aplicáveis a outros casos (YIN, 2005).

Generalização

A generalização está intimamente relacionada com a validade e, às vezes, é chamada de validade externa, sendo que os resultados da pesquisa são utilizados em aplicações específicas (GUMMESSON, 2007).

Confiabilidade

Um estudo com alta confiabilidade pode ser replicado por outros pesquisadores (GUMMESSON, 2007).

O objetivo é garantir que outro pesquisador possa chegar aos mesmos resultados; para tanto, se utiliza um protocolo de estudo de caso (YIN, 2015).

Fonte: Adaptado de Gummesson (2007) e Yin (2015)

Paiva, Leão e Mello (2011) entendem por critérios de qualidade na pesquisa qualitativa aqueles que asseguram validade e confiabilidade. Alguns desses critérios têm função apenas na validade e outros apenas na confiabilidade da pesquisa, mas

existem aqueles que afetam tanto um aspecto quanto o outro. Com o propósito de melhor elucidar, no Quadro 5, são apresentados os principais critérios de validade e confiabilidade, indicando em que aspectos eles atuam.

Quadro 5: Critérios de validade e confiabilidade na pesquisa qualitativa

Critério Validade Confiabilidade

Triangulação X X

Reflexividade X

Construção do corpus de pesquisa X X

Descrição clara, rica e detalhada X X

Surpresa X

Feedback dos informantes (validação comunicativa) X X

Fonte: Paiva, Leão e Mello (2011)

Os critérios elencados por Paiva, Leão e Mello (2011) estão embasados nas seguintes sustentações teóricas:

i) A triangulação: é um modo de institucionalização de perspectivas e métodos teóricos, buscando reduzir as inconsistências e contradições de uma pesquisa. A técnica contribui tanto por meio de validade quanto de confiabilidade, compondo um quadro mais evidente do fenômeno por meio da convergência (GASKELL; BAUER, 2005; JICK, 1979; PATTON, 2002).

ii) A reflexividade: é um critério de confiabilidade e diz respeito ao antes e ao depois do acontecimento, gerando transformação no pesquisador, uma vez que vai se tornando uma pessoa diferente por considerar as inconsistências do estudo ao longo do processo permanente de realização (CRESWELL, 2010; JOY et al., 2006).

iii) A construção do corpus: é critério tanto de confiabilidade quanto de validade. É equivalente funcional à amostra representativa e ao tamanho da amostra, porém com o objetivo distinto de maximizar a variedade de representações desconhecidas. O tamanho da amostra não se revela tão importante na construção do corpus, contanto que haja evidência de saturação dos dados. Quando não surgem mais relatos inusitados no processo de coleta de dados da pesquisa, recomenda-se o critério de finalização dessa coleta por meio da saturação das respostas das entrevistas, uma vez que os discursos não constituem contribuições

adicionais significativas para as análises de dados e conclusões do estudo (MINAYO, 2010).

iv) A descrição clara, rica e detalhada: é tarefa do pesquisador realizar uma análise objetiva dos fatos sociais, independentemente da atividade humana ser de caráter subjetivo; logo, a descrição rica e detalhada será critério tanto de confiabilidade quanto de validade. A clareza nos procedimentos é um critério de confiabilidade que diz respeito à boa documentação, à transparência e ao detalhamento de exposição dos procedimentos na busca e na análise dos resultados (GIDENS, 2000; MERRIAN, 1998).

v) A surpresa: é um critério de validade na pesquisa qualitativa e tem uma importância para essa tradição tanto no que diz respeito à descoberta de evidências inspiradoras a novas formas de pensamento sobre determinado tema quanto à mudança de mentalidade já cristalizada em torno do fenômeno, padrões esses carentes de serem revistos ou aprofundados sob diferentes prismas para a teoria, para o método ou mesmo para o conhecimento popularmente difundido na sociedade (CLARKE, 2002; OGBOR, 2000; RABECHINI et al., 2011).

vi) O feedback dos informantes: é mais um critério de validade e corresponde à confrontação com fontes e obtenção de sua concordância ou consentimento, sendo chamado de critério de validação comunicativa dos participantes. No entanto, o ator social não pode exercer a autoridade absoluta nas descrições e interpretações de sua ação, deixando, assim, o pesquisador como refém das afirmações e interpretações do ator social, comprometendo até a independência da pesquisa (GASKELL; BAUER, 2005; LEININGER, 1994; LINCONL; GUBA, 1985; MILES; HUBERMAN, 1994).

Para garantir os requisitos de validade e confiabilidade deste estudo, foram utilizados os procedimentos para a validação dos constructos por meio da fundamentação teórica aprofundada, da triangulação de informações, oriundas de entrevistas com os colaboradores dos níveis hierárquicos estratégicos e táticos, de forma detalhada, clara e coesa.

formas de pesquisa, objetivando subsidiar a consistências dos dados a serem analisados, através de diferentes fontes de dados, tais como: informações gerenciais, observações e entrevistas transcritas, com auxílio do software NVivo10®.

Com os dados resultantes da triangulação, permitiu-se analisar os resultados individualmente e por grupos de interesse e, finalmente, a análise de todos os elementos da pesquisa. Tais procedimentos têm por objetivo reduzir as possíveis inconsistências e contradições desta pesquisa.

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