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5.1 Resultados e discussão dos dados quantitativos

5.1.3 Qualificação profissional sobre a dor neonatal

Na Tabela 4 apresentamos os resultados referentes à atualização dos profissionais de saúde, acerca da avaliação, tratamento e manejo da dor neonatal.

Todos os médicos utilizavam pelo menos uma fonte de atualização, sendo citadas as seguintes fontes, bem como frequência: livros didáticos, nove (75,0%) vezes, artigos, sete (58,3%), apenas um (8,3%) pediatra respondeu que segue orientação da chefia, três (25,0%) aprendiam com os colegas de trabalho, cinco (41,7%) citaram a participação em os eventos científicos, quatro (33,3%) citaram os protocolos da instituição, três (25,0%) utilizavam manuais do Ministério da Saúde e dois (16,7%) pediatras citaram a internet como fonte de atualização sobre a dor neonatal. Sobre as orientações ou capacitação sobre a dor neonatal, dois (16,7%) médicos responderam que receberam informações sobre a dor neonatal na graduação, nove (75,0%) pediatras no curso de especialização, três (25,0%) em cursos gerais, sete (58,3%) em congressos científicos, seis (50,0%) em periódicos ou revistas e outra fonte foi citada por um (8,3%) pediatra - capacitação em outro local de trabalho.

A técnica de laboratório informou que utilizava artigos de revistas científicas em geral e troca experiências com outros profissionais (multiprofissionais).

Todas as enfermeiras utilizavam pelo menos uma fonte de atualização, sendo assim os livros didáticos foram citados em seis (27,3%) questionários, artigos citados em cinco (22,7%), quatro (18,2%) enfermeiras responderam que seguem orientação da chefia, 13 (59,1%) aprendem com outros colegas de trabalho, seis (27,3%) citaram a participação em os eventos científicos como fonte de atualização, quatro (18,2%) se atualizavam em cursos na própria instituição, nove (40,9%) citaram os protocolos da instituição como fonte de atualização, 11 (50,0%) utilizavam manuais do Ministério da Saúde, seis (27,3%) citaram a internet e uma (4,5%) respondeu que utiliza outra fonte de atualização – cursos à distância (online) do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).

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Quanto à orientação ou capacitação sobre a dor neonatal, três (13,6%) enfermeiras responderam que nunca receberam capacitação ou orientações sobre a dor neonatal, 13 (59,1%) receberam esta informação na graduação, três (13,6%) no curso de especialização e seis (27,3%) em cursos em geral; congressos científicos foram citados como fonte de atualização por duas (9,1%) enfermeiras, periódicos ou revistas foram citados uma (4,5%) vez e outra fonte foi citada três (13,6%) vezes, as quais foram descritas nos questionários como: informação adquirida na outra instituição em que trabalha e com outros profissionais.

Segundo as auxiliares/técnicas de enfermagem quanto à atualização e informação sobre a dor neonatal, nem toda equipe de enfermagem utiliza pelo menos uma fonte de atualização, pois três (6,5%) das auxiliares/técnicas informaram que não utilizavam nenhuma fonte de atualização. No entanto, nove (19,6%) citaram os livros didáticos, em três (6,5%) questionários os artigos foram citados, 32 (69,6%) seguiam orientação da chefia, 24 (52,2%) responderam que aprendiam com outros colegas de trabalho, três (6,5%) citaram a participação em os eventos científicos como fonte, 17 (37,0%) responderam que se atualizavam em cursos na própria instituição, 16 (34,8%) citaram os protocolos da instituição como fonte de atualização, oito (17,4%) utilizavam manuais do Ministério da Saúde, nove (19,6%) a internet e duas (4,3%) citaram outra fonte de atualização – ambas os cursos à distância (online) do COFEN.

Quanto à orientação ou capacitação sobre a dor neonatal, 18 (39,1%) auxiliares/técnicas de enfermagem responderam que nunca receberam capacitação ou orientações sobre a dor neonatal, quatro (8,1%) receberam esta informação na graduação, (recordando existiam quatro auxiliares de enfermagem formadas em enfermagem), cursos em geral foram citados 13 (28,3%) vezes, periódicos ou revistas foram citados por cinco (10,9%) auxiliares/técnicas e outras fontes foram citadas por nove (19,6%) delas. As outras fontes seriam: informações em outra instituição em que trabalhavam, com outros profissionais e em pesquisas que já foram realizadas na maternidade, sobre este assunto. A Tabela 4 sintetiza estes dados.

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Tabela 4 – Distribuição dos profissionais de saúde segundo qualificação profissional referente à dor

neonatal. Maternidade de Ribeirão Preto – SP, 2013.

Qualificação profissional sobre a dor neonatal

Médicos (n=12) Técnica do Laboratório (n=1) Enfermeiras (n=22) Auxiliares/técnicas enfermagem (n=46) f % f % f % F % Fontes de atualização Nenhuma fonte - - - - 3 6,5 Livros didáticos 9 75,0 - - 6 27,3 9 19,6 Artigos 7 58,3 1 100,0 5 22,7 3 6,5 Orientação da chefia 1 8,3 - - 4 18,2 32 69,6 Aprendizado c/ colegas 3 25,0 1 100,0 13 59,1 24 52,2 Cursos em eventos científicos 5 41,7 - - 6 27,3 3 6,5 Cursos na instituição - - - - 4 18,2 17 37,0 Protocolos da instituição 4 33,3 - - 9 40,9 16 34,8 Manuais do MS 3 25,0 - - 11 50,0 8 17,4 Internet 2 16,7 - - 6 27,3 9 19,6 Outros - - - - 1 4,5 2 4,3 Treinamento recente

sobre dor neonatal 1 8,3

-

- 3 13,6 2 4,3

Orientação, informação sobre a dor neonatal

Nunca recebeu informação a respeito - - 1 100,0 3 13,6 18 39,1 Curso de graduação 2 16,7 - - 13 59,1 4 8,7 Curso de especialização 9 75,0 - - 3 13,6 - - Em cursos em geral 3 25,0 - - 6 27,3 13 28,3 Congressos científicos 7 58,3 - - 2 9,1 - - Periódicos ou revistas 6 50,0 - - 1 4,5 5 10,9 Outros 1 8,3 - - 3 13,6 9 19,6

f = frequência absoluta; % = porcentagem.

Os resultados referentes à formação profissional evidenciaram que onze (91,7%) médicos possuíam título em neonatologia e apenas três (25,0%) enfermeiras possuíam especialização ou residência em neonatologia nesta maternidade, um número pequeno, visto que todas atuam com recém-nascidos na instituição, a qual inclusive apresenta uma Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN).

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Os dados profissionais descritos acima podem ser agregados à qualificação profissional sobre a dor neonatal demostram que a maioria dos médicos investiu em especialização, residência, mestrado e/ou doutorado em busca de aprimoramento científico e na busca de conhecimento científico através de livros didáticos - nove (75,0%) e sete (58,3%) em artigos científicos, assim como a técnica do laboratório que também investiu em especialização e na busca conhecimento em artigos científicos.

Em contrapartida, poucas enfermeiras são especialistas, menos ainda em neonatologia, a maioria das enfermeiras se mantem atualizada em protocolos da própria instituição - nove (40,9%) e 11 (50,0%) em Manuais do Ministério da Saúde e as auxiliares/técnicas de enfermagem em sua maioria utilizam cursos 17 (37,0%) ou 16 (34,8%) protocolos existentes na instituição, porém em porcentagem abaixo da metade.

Um fator preocupante é que a maioria dos profissionais de enfermagem e a técnica do laboratório, que responderam a este inquérito não utilizam fontes de atualização que agreguem um conhecimento baseado em evidências científicas formais, mas sim de forma subjetiva e superficial, pois relataram, em porcentagem significante de profissionais, que aprendem com os colegas de trabalho ou seguem orientações da chefia, o que pode revelar profissionais menos críticos e questionadores, devido a falta argumentos gerados por um conhecimento mais profundo e formal.

Um estudo descritivo realizado com médicos e enfermeiros de uma região do Reino Unido em 2007, objetivando descrever os conhecimentos e práticas dos médicos e enfermeiras de UTIN com relação ao manejo da dor neonatal, descreveu que poucos profissionais (21,0% dos médicos e 37,0% das enfermeiras) receberam algum tipo de formação em dor neonatal e concluíram que os médicos foram informados sobre a dor neonatal, mas que as lacunas entre o conhecimento e a prática permanecem. E que esta distância pode ser superada através de evidências de pesquisas e a incorporação de diretrizes e instrumentos de avaliação da dor validados. Porém, este estudo apresentou uma fragilidade, uma vez que apenas 44% dor profissionais selecionados responderam ao inquérito (AKUMA; JORDAN, 2012).

Quanto à participação em eventos científicos relacionados à dor neonatal, os resultados apontaram que o investimento na capacitação dos recursos humanos sobre este assunto, seja por iniciativa individual ou institucional, ainda é muito pequeno, visto que apenas sete (58,3%) pediatras e somente duas (9,1%) enfermeiras participaram de eventos científicos que abordaram temas sobre a dor neonatal.

Alguns autores como Martins et al. (2006), em seu estudo retrospectivo, exploratório e documental que teve por objetivo caracterizar o perfil e identificar as necessidades de desenvolvimento de enfermeiros atuantes em um hospital escola, revelou que 50,0% dos enfermeiros frequentavam cursos e eventos científicos. Apesar de esse resultado ser maior do que o encontrado em nossa pesquisa, o resultado está muito aquém do que é necessário encontrar, uma vez que, o ensino é uma das missões dos hospitais escola.

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Um estudo transversal, sobre a formação médica com relação à dor, com 180 alunos do primeiro ao sexto ano de graduação em medicina, com 42 residentes em pediatria e 20 residentes em neonatologia, em uma universidade pública em São Paulo, revelou que para implementar uma boa prática com relação ao manejo da dor neonatal nas UTIN é necessário estruturar melhor o conhecimento formal sobre o tema e gerar condições de aprendizado prático, com a atuação efetiva de todos os profissionais envolvidos na assistência ao neonato (SILVA; BALDA; GUINSBURG, 2012).

Sobre a participação em cursos referentes ao manejo da dor neonatal estudo chegou ao resultado de que este tipo capacitação ainda é muito raro entre os profissionais de saúde, visto que apenas um (8,3%) pediatra referiu que realizou um treinamento recente (em menos de 12 meses) sobre a dor neonatal, em outra instituição em que trabalhava. A técnica do laboratório não realizou treinamento recente sobre dor neonatal e que nunca recebeu orientação ou capacitação sobre o assunto. Três (13,6%) enfermeiras informaram que realizaram este treinamento online no site do COFEN e apenas duas (4,3%) das auxiliares/técnicas de enfermagem realizaram treinamento nos últimos 12 meses sobre a dor neonatal.

Capellini (2012) em estudo descritivo e exploratório, ao evidenciar um de seus objetivos do estudo que era avaliar o conhecimento e as práticas de profissionais de saúde que atuavam em unidades neonatais de um hospital estadual do interior paulista, realizou um inquérito com 57 profissionais de saúde, o qual revelou que 40,0% dos médicos, 37,5% das enfermeiras e apenas 11,8% das auxiliares de enfermagem frequentaram cursos e evento científicos, nos últimos cinco anos, chegando à conclusão que ainda é pequena a capacitação entre os profissionais.

Com os inúmeros avanços científicos e tecnológicos, as facilidades de acesso à internet e outras fontes de conhecimento é necessário diminuir a lacuna, entre o conhecimento científico produzido e a prática em saúde. Portanto, a capacitação, atualização e comprometimento dos profissionais de saúde com o cuidado ao recém-nascido são de suma importância para uma assistência de qualidade, ética e profissional.