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1. RESUMO

5.2 Quantidades de nutrientes contidos na biomassa em cortes da crotalária e

As quantidades de nutrientes presentes na massa cortada de crotalária variam de acordo com as épocas de corte, formando grupos de médias para cada nutriente pelo teste de Scott-Knott (Tabela 1). Destaca-se o tratamento em que o corte da crotalária ocorreu aos 115 DAS, cujos valores encontraram-se no grupo das maiores médias para N, K, Ca, S, Zn, Fe e B, e o tratamento de corte aos 160 DAS, cujos valores encontraram-se no grupo das maiores médias para N, P, K, Ca, Mg, S, Zn, Cu e B.

Para a maioria dos nutrientes avaliados, as duas primeiras épocas de corte representaram menores quantidades de nutrientes quando comparado com as demais épocas, o que pode ser atribuído à menor quantidade de massa produzida pelas plantas, por estarem na fase inicial de crescimento. A partir dos 85 DAS ocorreu um aumento da quantidade da maioria dos nutrientes, devido à maior massa acumulada pelas plantas, com destaque para os cortes a partir dos 100 DAS para N, K e B que formaram um grupo de médias distinguindo-se, com valores superiores, aos cortes anteriores.

No presente trabalho, as quantidades de N, Mg, S, Cu, Zn e Fe contidos na crotalária foram inferiores aos observados por Alcântara et al. (2000) quando avaliaram a quantidade de macro e micronutrientes presentes na massa de matéria seca de C. juncea cortada aos 85 DAS; porém as quantidades de P, K, Ca, B e Mn mostraram-se superiores, mesmo com menor densidade de plantas aqui utilizada.

Nas análises de solo realizadas nos tratamentos aos 180 DAP, verificou-se pequeno aumento dos teores de matéria orgânica, Ca e Mg, e grande redução do K, em todos os tratamentos. Em alguns tratamentos os teores de P foram superiores ao verificado na análise realizada em pré-plantio, enquanto os valores de pH não apresentaram variação (Tabela 2).

Aumento do teor de matéria orgânica do solo com o cultivo da crotalária também foi constatado por Paulo et al. (2001). Esses autores verificaram, após dois meses de incorporação da leguminosa cultivada na forma de consórcio com o café Apoatã, que apenas o teor de matéria orgânica do solo foi significamente alterado pelo cultivo da C. juncea. No presente trabalho, a elevação no teor de matéria orgânica observado aos 180 DAP do taro pode ter ocorrido em razão da incorporação do material cortado nos tratamentos em que já havia efetuado o corte, como também com queda de folhas da

24 leguminosa ou das próprias folhas do taro que podem ter sido incorporados pelas capinas, chuvas ou água de irrigação.

Apesar das grandes quantidades de K veiculados pelo cortes da crotalária (Tabela 1), o teor de K no solo diminuiu na análise realizada aos 180 DAP do taro (Tabela 2). Essa queda no teor de K pode estar relacionada com o alto grau de exigência que a cultura do taro apresenta em relação a este nutriente. Trabalhos relatam as altas quantidades de K que são exportadas pelos rizomas de taro ‘Japonês’, com valores aproximados de 443 kg ha-1 (Puiatti et al., 1992) e 206 kg ha-1 (Sediyama et al., 2009). A fase do ciclo analisada corresponde ao de maior crescimento das plantas de taro, consequentemente de grande exigência nutricional da cultura, em que teores de K nas folhas de taro podem alcançar acima de 5% (Puiatti et al., 1992). Além disso, parte do potássio absorvido pela crotalária ainda estava contido na sua biomassa não decomposta.

Outro fator importante está ligado ao fato do K+ ser um elemento livre, com isso as perdas por lixiviação no solo tem sido significativas (Souza et al., 2010).

O aumento nos teores de Ca e Mg por ocasião da análise realizada aos 180 DAP, pode estar relacionado com a transmutação biológica dos elementos com baixa energia, conforme Pinheiro Machado (2004). A teoria da transmutação de elementos com baixa energia foi desenvolvida por Kervran, entre as décadas de 1950 e 1970, que propõe o deslocamento de um elemento a outro, ao nível do núcleo dos átomos, das partículas de hidrogênio, de oxigênio, de carbono, com formação de novos elementos, através de reações subatômicas, que não pertencem à química, já que está em um estágio ulterior, molecular, e não são também da física nuclear, pois há uma nova propriedade da matéria, ainda não identificada. Kervran observou formação de dolomitas no seio dos calcários, sílica pelas diatomáceas nos lagos onde não há sílica.

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Tabela 1. Quantidades de macro e de micronutrientes presentes na parte aérea de plantas de crotalária consorciadas com taro por diferentes

períodos (dias após a semeadura, DAS)

Corte N P K Ca Mg S Zn Fe Mn Cu B

DAS ________________________________ kg ha-1 ________________________________ ________________________________ g ha-1 ________________________________ 55 40,51 c 4,56 d 47,45 c 23,36 c 6,02 d 3,10 c 49,27 c 208,05 d 135,05 d 10,95d 49,82c 70 56,05 c 6,38 d 42,57 c 38,55 c 8,27 d 3,78 c 47,30 c 683,48 d 146,63 d 11,82d 64,56 c 85 92,03 b 12,80 c 97,52 b 67,65b 16,46 c 8,53b 127,99 b 1.810,21c 426,65 d 42,66c 166,39b 100 120,97a 18,49 b 129,45a 62,41b 20,03 c 10,02b 184,92 b 3.259,21b 729,60 c 38,52c 282,77a 115 171,48a 21,69 b 173,54a 84,70a 28,92b 13,43a 278,91a 4.090,68a 940,03 c 51,65c 345,02a 130 135,56a 18,48 b 109,15a 51,93c 24,64 b 7,92b 184,85 b 4.296,21a 677,80 c 44,01c 279,92a 145 152,68a 26,10a 151,38a 70,47b 27,40b 13,05a 287,10a 1.897,20 c 965,70 c 65,25b 336,69a 160 161,22a 30,94a 162,85a 83,23a 42,34a 13,01a 374,55a 2.068,19 c 1.025,95 c 81,42a 330,58a 190 118,02a 17,60 b 157,35a 35,20c 19,67 c 8,28b 289,87a 2.526,01 c 1.625,34 b 51,76c 238,11a 220 130,15a 18,06 b 134,09a 58,17b 24,65 b 9,86b 207,06 b 2.317,10 c 4.742,66a 59,16b 240,58a

CV(%) 24,99 28,20 26,37 24,70 28,75 25,74 30,11 27,12 31,35 28,39 26,85

Média 117,87 17,51 120,54 57,57 21,84 9,10 203,18 2.312,94 1.141,54 45,72 233,45

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Tabela 2. Valor do pH e de teores de matéria orgânica (MO) e dos macronutrientes P, K, Ca e Mg obtidos de análises de amostras de solo

realizadas no pré-plantio do taro (PP), aos 180 dias após o plantio do taro (180) ) nos tratamentos monocultivo do taro (controle) e consórcio taro e crotalária cortada em diversas épocas, em dias após a semeadura (DAS)

Corte pH (H20) MO (dag kg-1) P (mg dm-3) K (mg dm-3) Ca (cmolc dm-3) Mg (cmolc dm-3)

(DAS) PP* 180** PP* 180** PP* 180** PP* 180** PP* 180** PP* 180** Controle 5,6 5,2 2,7 3,7 57,9 56,6 76 33 2,8 3,4 0,5 0,6 55 5,6 5,4 2,7 4,3 57,9 50,1 76 48 2,8 4,3 0,5 0,9 70 5,6 5,4 2,7 4,5 57,9 75,3 76 38 2,8 3,7 0,5 0,8 85 5,6 5,5 2,7 4,1 57,9 61,1 76 36 2,8 4,2 0,5 0,8 100 5,6 5,5 2,7 4,1 57,9 32,2 76 46 2,8 3,5 0,5 0,7 115 5,6 5,6 2,7 4,4 57,9 36,0 76 43 2,8 3,8 0,5 0,8 130 5,6 5,6 2,7 4,3 57,9 43,9 76 45 2,8 3,6 0,5 0,7 145 5,6 5,7 2,7 3,9 57,9 36,0 76 37 2,8 3,9 0,5 0,8 160 5,6 5,7 2,7 4,7 57,9 68,0 76 39 2,8 4,7 0,5 0,9 190 5,6 5,7 2,7 4,0 57,9 54,4 76 32 2,8 3,6 0,5 0,7 220 5,6 5,7 2,7 4,1 57,9 58,8 76 37 2,8 3,7 0,5 0,7

* Análise química do solo composta de 20 amostras simples retiradas, aleatoriamente, na área experimental. **Cada amostra composta consistiu de oi to amostras simples, sendo coletadas duas amostras simples, na área útil de cada unidade experimental, de cada tratamento.

27 Segundo Souza (2010) esses processos explicariam os notáveis aumentos dos níveis de fósforo e potássio e outros elementos no solo de projetos bem manejados em sistemas de Pastejos Rotacionados Voisin (PRV). Alcântara et al. (2000), verificaram aos 90 dias após o corte da crotalária maior teor de Mg na profundidade de 5 a 10 cm e maior teor de Ca e Mg nas profundidades de 10 a 20, 40 a 60 e 60 a 80 cm, o que corrobora com os resultados encontrados neste trabalho.

O tempo de decomposição, mineralização e liberação de nutrientes por parte da C. juncea foi objeto de estudo em diversos trabalhos. Torres et al. (2005) observaram que a maior taxa de liberação de N ocorreu 42 dias após a dessecação, enquanto Rodrigues et al. (2011) verificaram que 50% do N foi liberado até 33,3 dias após o corte, enquanto que aos 60 dias houve liberação de 69,1% do N.

Na Zona da Mata de Minas Gerais foi avaliada a decomposição da massa e a liberação de nutrientes da C. juncea em quatro localidades. Moura et al. (2005) e Lima et al. (2009b) destacaram que, de maneira geral, apresentaram uma fase inicial de rápida decomposição (cerca de 15 dias) e a liberação de nutrientes até 30 dias seguiu a seguinte ordem: P (-/+ 70%) > N (+/- 50%) > K (+/- 35%) > Ca = Mg (+/- 20%).

Considerando que a fase de maior exigência nutricional por parte do taro ocorre entre 75 e 165 DAP (Puiatti et al., 1992) , o corte da crotalária aos 115 DAS (148 DAP do taro) poderá fazer com que ainda ocorra aproveitamento de parte dos nutrientes pelo mesmo, uma vez que foi a época de corte que apresentou os maiores valores médios de N e K.

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