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II. MODELO TEÓRICO

2) Variáveis

2.1. Quantidades de Produto de Tabaco

Esta variável deverá ser obtida através de dados de quantidades agregadas do produto de tabaco relevante, consumido nos períodos de tempo particulares (mês, trimestre ou ano) por forma a cobrir a análise da procura. É preferível obter dados do consumo, ao invés das vendas dos produtos do tabaco, particularmente se o contrabando no país é um problema relevante (caso em que os valores de vendas subestimam consideravelmente o valor real do consumo).

Na maioria dos estudos anteriores da procura de produtos do tabaco, a variável dependente é o consumo de cigarros por adulto no período de tempo relevante em pacotes de 20 cigarros ou em cigarros individuais.

Os cigarros são o produto de tabaco mais consumido e, portanto, aquele que mais riscos causa ao nível da saúde, na maioria dos países, e se apresenta assim mais relevante de estudar. A medida per capita do consumo é utilizada para controlar a influência do crescimento populacional presente nas vendas agregadas dos produtos do tabaco. Se, pelo contrário, for utilizado o consumo

agregado de cigarros, a influência do crescimento populacional deve ser tida em conta por outros estimadores, particularmente uma variável de tendência temporal.

Dados sobre as vendas de cigarros são tipicamente usados como uma proxy (medida de substituição) do consumo de cigarros, com várias tentativas no sentido de controlar o consumo adicional devido a contrabando.

Ciecierksi e Chaloupka (2002) a respeito de a informação relativa a vendas de cigarros, especificamente os dados relativos a impostos pagos por vendas, poder ser usada como uma proxy para o consumo de cigarros nos modelos de procura agregada de cigarros, referem que o valor total de imposto anual pago relativo a vendas de cigarros pode ser modificado para produzir proxies per

capita do consumo de cigarros. É possível estimar as vendas per capita de

cigarros dividindo o total anual de vendas de cigarros num país X num momento Y pela população total do país X no momento Y. De modo semelhante, é possível obter as vendas de cigarros per capita por adulto dividindo o total anual de vendas de cigarros pela população adulta, apropriadamente definida (15 ou mais anos, ou 18 ou mais anos são comummente usados).

As estimativas agregadas de prevalência e consumo obtidas através de inquéritos ou impostos pagos por vendas podem apresentar-se enviesadas. Isto será particularmente verdade para países com um mercado negro significativo ao nível dos produtos do tabaco. Neste caso, as vendas de cigarros fornecem uma subestimativa do consumo total. A actividade de contrabando pode distorcer as estimativas de consumo, pelo que estas devem ser ajustadas se for possível estimar com algum grau de sucesso a extensão do contrabando de cigarros nos países.

Para mais, as vendas de cigarros podem conduzir a erros de estimativa por outras razões. Por exemplo, ainda que um consumidor compre um maço de 20 cigarros num dado momento Y, não é possível ter-se a certeza que este indivíduo consuma todos os 20 cigarros no momento Y, ou os cigarros podem ser comprados em grandes quantidades no período Y, para salvaguarda contra o aumento de impostos no período Z. Estas quantidades, frequentemente, ficam por vender e utilizar no período Y ou Z e são descartadas após ultrapassado o período de validade.

Assim, as vendas de cigarros, apesar de serem uma proxy apropriada para o consumo de tabaco, podem fornecer estimativas distorcidas do consumo de tabaco e, por definição, devem ser claramente distinguidas dos dados de consumo.

Wilkins et al (2001) advogam que, pelo menos em teoria, seria mais correcto utilizar a média de nicotina ingerida por pessoa (ou uma proxy, como o tabaco contido nos produtos consumidos por pessoa), uma vez que isto acautelaria as mudanças que se possam verificar no conteúdo do tabaco (e consequentemente o conteúdo de nicotina) nos cigarros ao longo do tempo. Contudo, os dados relativos à venda de cigarros encontram-se mais facilmente acessíveis nos países em vias de desenvolvimento do que os dados relativos ao conteúdo de tabaco e nicotina de uma marca particular de cigarros e a percentagem de mercado de determinadas marcas.

Nos países de baixos e médios rendimentos, em que o consumo de bidis, kreteks e tabaco de enrolar é significativo, o peso do tabaco consumido per capita por período de tempo fornece naturalmente uma medida mais correcta do consumo de produtos do tabaco. Isto assume que os dados estão disponíveis para as quantidades consumidas ou vendidas e uma média de peso pode ser usada para converter essas quantidades em libras ou quilogramas.

Em qualquer dos casos, a definição da unidade de medida do produto de tabaco utilizada na análise da procura deve ser claramente indicada. Por exemplo, se o consumo é expresso em maços de cigarros vendidos, devem ser claramente indicados o número médio de cigarros por maço. Se o consumo é medido pelo peso de tabaco consumido per capita, as assunções e manipulações aritméticas efectuadas para chegar à série de dados necessitam de ser explicadas.

Para calcular os dados per capita do consumo são necessários dados para o tamanho relevante da população. Estudos anteriores assumiram geralmente que o consumo significativo de produtos do tabaco se inicia no fim da adolescência, fornecendo assim uma definição de população.

Contudo, em muitos países de baixos ou médios rendimentos, as poucas ou inadequadas restrições no acesso a produtos do tabaco por parte dos jovens significa que existe uma prevalência significativa de consumo de tabaco (fumável ou de outro tipo) que se dá em idades mais jovens. Independentemente da idade com que se inicia o consumo de produtos do tabaco, os investigadores necessitam de dados exactos quanto ao tamanho da população acima dessa idade.

Em alguns países é difícil obter dados fidedignos sobre a venda a retalho de cigarros ou outros produtos do tabaco. O modo mais usual de resolver este problema é reunir os dados oficiais sobre o imposto de consumo sobre o tabaco que é receita derivada das vendas de produtos do tabaco. Estes dados têm de ser divididos pela taxa média por maço para se obter a quantidade total de cigarros vendidos. Esta abordagem pode apresentar dois inconvenientes: (1) diferenças no preço de retalho entre países, devidas a contrabando e ao facto de as receitas de imposto de consumo serem normalmente determinadas nas vendas por grosso e não nas transacções de retalho – o que tem implicações temporais ao nível de sazonalidade – e (2) hiato temporal entre a compra ao

fabricante e o consumo – especialmente no primeiro caso a distorção pode tornar-se problemática se os dados são não-estacionários e técnicas de co- -integração têm de ser aplicadas.

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