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IV. ANÁLISE DOS DADOS

4.1. A variável dependente

4.2.4. Quantificação e análise dos dados extralinguísticos das ocorrências

GRÁFICO 14 – Autores por escolaridade

Em um total de 13 autores, 3 possuem Ensino Médio completo (23%), 3 têm Ensino Técnico (23%), 2 possuem graduação em Letras (15%) e 5 são graduados em outras áreas (39%). Ou seja, trata-se de uma amostra desequilibrada no fator escolaridade dos autores.

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GRÁFICO 15 – Total de ocorrências por autor de acordo com a escolaridade

TABELA 4

Influência do fator escolaridade dos autores na variante não-padrão

Nº/T % PR

Ensino médio completo 97/11 87 0,631

Ensino técnico 137/161 85 0,552

Graduação em Letras 17/57 29 0,232

Demais graduações 221/286 77 0,478

Esse grupo de fatores foi o que mais influenciou o aparecimento das variantes não- padrão, de acordo com o Goldvarb. Observa-se, no gráfico 15, que os autores com demais graduações são responsáveis por 46% das ocorrências, seguidos dos que possuem ensino técnico (26%), depois os que têm ensino médio (18%) e, por fim, os profissionais que possuem a graduação em Letras (9%). Vale a pena ressaltar que o número de autores por escolaridade influenciou o resultado total das porcentagens das ocorrências. Porém, ao analisar as numerações e porcentagens das ocorrências padrão e não-padrão, observa-se que apenas os autores que possuem graduação em Letras superaram o número de ocorrências das variantes padrão (40) em relação à não-padrão (17). Os demais autores possuem, numericamente e percentualmente, mais ocorrências não-padrão do que padrão.

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Os PRs apresentados na tabela 4 mostram que os fatores ensino médio completo e ensino técnico são os que mais influenciaram o aparecimento das variantes não-padrão. Já a graduação em Letras e as demais graduações são os fatores que induziram o aparecimento das variantes padrão, sendo que a graduação em Letras é o fator mais forte nessa variante. Portanto, observa-se que a tendência dos autores mais escolarizados é a de empregarem a estratégia padrão.

Todos os trabalhos anteriormente mencionados apontam para uma tendência dos falantes utilizarem orações relativas que não exijam preposição, independentemente da escolaridade. Mollica e Tarallo constatam que a variante cortadora vai sendo preferida à medida que aumenta a escolaridade dos falantes. Porém, os autores trabalharam com informantes menos escolarizados e de classe popular. As porcentagens e os números das ocorrências da presente pesquisa apontam para uma utilização das estratégias não-padrão em todos os níveis de escolaridade, já que essa foi a mais encontrada durante o estudo. Esses resultados corroboram com os de Corrêa e Abreu, que também notaram o maior uso das estratégias cortadoras em suas análises. Porém, ressalta-se que as autoras trabalharam com crianças e estudantes até o ensino médio.

É possível inferir, também, de acordo com PRs, que o fato de possuir graduação, especialmente em Letras, influencia no aparecimento das relativas padrão. Ou seja, apesar de as pesquisas apontarem para o uso da estratégia cortadora, ainda utiliza-se a estratégia padrão em autores mais escolarizados.

GRÁFICO 16 – Tempo de serviço dos autores na Câmara Municipal de Ouro Preto

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GRÁFICO 17 – Tempo de serviço na CMOP dos autores e as ocorrências.

TABELA 5

Influência do fator tempo de serviço na Câmara Municipal de Ouro Preto na variante não- padrão Nº/T % PR Até 5 anos 180/213 84 0,489 De 6 a 10 anos 181/219 82 0,672 De 11 a 15 anos 60/114 52 0,234 De 16 a 20 anos 51/69 73 0,458

Esse grupo de fatores foi considerado o segundo mais importante pelo Goldvarb no aparecimento das orações relativas não-padrão.

É possível observar nos gráficos 16 e 17, devido ao fato de que os autores com até 10 anos de serviço na CMOP são maioria, detêm, numericamente, a maior parte das ocorrências das orações relativas. Essas são ocorrências não-padrão (180 para autores com até 5 anos de serviço e 181 para autores que possuem de 6 a 10 anos de serviço, totalizando 361 ocorrências). Apenas os autores com entre 11 e 15 anos de serviço de CMOP possuem um número praticamente equivalente de variantes padrão e não-padrão de orações relativas (54 padrão e 60 não-padrão).

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Observa-se na tabela 5, por meio dos PRs, que o tempo de serviço na CMOP que mais favorece o aparecimento das estratégias não-padrão é de 6 a 10 anos. Os demais tempos de serviço na CMOP favorecem as estratégias padrão, especialmente os autores que possuem de 11 a 15 anos de serviço, cujo PR é maior para essa estratégia. Esses dados condizem com as porcentagens apresentadas no gráfico 17.

GRÁFICO 18 – Tempo de serviço dos autores na Seção de Atas

100 TABELA 6

Influência do fator tempo de serviço na Seção de Atas na variante não-padrão

Nº/T % PR

Nunca trabalhou no setor 185/258 71 0,444

Até 2 anos 171/201 85 0,706

Até 4 anos 116/156 74 0,320

Esse grupo de fatores é o quinto que favorece o aparecimento das estratégias não- padrão.

Observa-se que o tempo de serviço na Seção de Atas é curto, já que o setor é recente. Até então quem sempre faziam as atas eram os colaboradores, que possuem mais tempo de serviço de CMOP. Aqueles que nunca trabalharam no setor (6 pessoas) são os colaboradores (47%). A maior parte das pessoas que trabalhou na Seção de Atas atuou no setor por até dois anos, que é o tempo máximo para os contratados ficarem na CMOP. Apenas 2 pessoas ficaram (15%) até quatro anos no setor.

Os autores que nunca trabalharam no setor produziram, numericamente, mais ocorrências devido ao fato serem em maior número, colaboradores de outros setores da CMOP e da Seção de Atas ser recente. Já aqueles que ficaram no setor até 4 anos foram os que produziram uma porcentagem menor de ocorrências (25%). Os profissionais que mais produziram relativas padrão foram esses que nunca trabalharam na repartição, apesar de que o maior número de ocorrências em todos os tempos de serviço é o de relativas não-padrão.

Os PRs apresentados pela tabela 6 mostram que as pessoas que trabalharam até 2 anos no setor são um fator de auxílio ao aparecimento das estratégias não-padrão. Os que nunca trabalharam no setor e os que trabalharam até 4 anos favoreceram a estratégia padrão. Desse modo, os mais experientes na produção das atas são os que mais produziram estratégias padrão, e os menos experientes na produção do gênero textual criaram mais estratégias não- padrão. Esses dados dos PRs condizem com as porcentagens e os números apresentados no gráfico 19, o que relata a relação entre a experiência no setor e a produção das estratégias.

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GRÁFICO 20 – Total de autores colaboradores e autores não-colaboradores

Observa-se que a porcentagem de colaboradores e não-colaboradores é aproximada, já que a diferença entre esses dois fatores é de um autor. Os colaboradores são aqueles que trabalhavam em outros setores que não o de Atas e os não-colaboradores são os que trabalhavam de fato na Seção de Atas e ficavam especificamente durante um tempo determinado nessa função.

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Esse grupo de fatores foi eliminado pelo Goldvarb por não ser considerado relevante dentre os demais grupos no aparecimento das variantes estudadas.

O gráfico 21 mostra que os autores não-colaboradores (que fizeram atas durante mais tempo e estão há mais tempo na CMOP) são responsáveis pela maior parte das ocorrências (59%). Todos produziram um maior número de relativas não-padrão, tanto colaboradores quanto não-colaboradores, porém esses últimos criaram um número maior de relativas não- padrão em relação aos primeiros. Quanto às relativas padrão, observa-se que nos dois fatores analisados essa modalidade é equivalente numericamente.