• Nenhum resultado encontrado

Quantificação, isto é, a aplicação de metodologias quantitativas para cria-

No documento GEODIVERSIDADE DO SEMIÁRIDO (páginas 161-166)

MATERIAIS E MÉTODOS

PARA SE CONHECER: A GEODIVERSIDADE REGIONAL

2. Quantificação, isto é, a aplicação de metodologias quantitativas para cria-

ção de um ranking de critérios e prioridades dos geossítios inventariados (UCEDA, 2000; BRILHA, 2005; 2016; NASCIMENTO; AZEVEDO; MANTESSO- -NETO, 2008; SANTOS, 2016).

A Geodiversidade do Cariri cearense, diretamente relacionada com o contexto territorial da RMC, tem seu berço em uma história geológica e paleontológica de milhões de anos, fomentada significativamente pelos processos de junção e separação dos continentes da América do Sul e África, os quais estruturaram a maior bacia sedimentar interior do Nordeste brasileiro, a bacia sedimentar do Araripe (ASSINE, 2007), dotada de dois dos principais depósitos fossilíferos do Brasil e do mundo: as formações Crato e Romualdo, do grupo Santana (CARMO et al., 2010; KELLNER, 2002; VIANA; NEUMANN, 2002; ASSINE et al., 2014), cuja importância justificou a criação do GeoPark Araripe na região (CEARÁ, 2012).

A história geológica/paleontológica foi acompanhada pela formação do relevo regional, uma história geomorfológica que tem capítulo importante no processo de soerguimento, para mais de 900 metros de altura, das rochas da bacia sedi- mentar do Araripe na forma de um modelado que emoldura a região do Cariri, a chapada do Araripe (PEULVAST; BÉTARD; MAGALHÃES, 2011). Por sua vez, a es- truturação da chapada e das bacias hidrográficas propiciou a convergência para o lado cearense das águas subterrâneas e superficiais (BRASIL, 1996) que vêm direta e indiretamente das chuvas que caem na região, ora infiltrando e brotando sob a forma de nascentes, ora escoando e modelando as paisagens como cursos d’água, fomentando a também notável diversidade paisagística e pedológica.

Nesse contexto, considerando a necessidade de se fomentar uma maior visi- bilidade, tem-se desenvolvido a inventariação da geodiversidade regional, tendo como recorte a RMC, o que se entende como passo obrigatório para o posterior trabalho de quantificação. Nesse contexto, apresentamos um inventário quali- tativo em sua versão inicial (Quadro 3), resultados de pesquisas desenvolvidas, ilustrando a relevância regional.

Quadro 3 - Inventário da Geodiversidade da RMC

MUNICÍPIO SÍTIO DE GEO-DIVERSIDADE

OU GEOSSÍTIO CARACTERÍSTICAS VALORES*

BARBALHA

01 Geossítio Ria-cho do Meio

Afloramentos dos arenitos da Fm. Exu, sobrepondo às rochas da Fm. Araripina (camadas de topo da bacia), com surgência de nascen- tes. Alguns afloramentos apresen- tam registros de deposição eólica e fluvial. Estético, funcional, cultural, intrínseco, cientifico e didático. 02 Arajara Surgência de nascentes, no mesmo contexto litoestratigráfico apresentado acima, usadas para o abastecimento de um complexo aquático, sobretudo. Estético, funcional, intrínseco, cientifico e didático. 03 Caldas Surgência de nascentes, no mesmo contexto litoestratigráfico apresentado acima, usadas para o abastecimento público local.

Estético, econômico, intrínseco, cientifico e didático. CRATO 04 Geossítio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto

Afloramento de rochas da borda da bacia sedimentar do Araripe, filitos, por vezes, modeladas na forma de caldeiras/caldeirões”; marmitas, que deram nome à localidade, as quais retêm água de curso d’água intermitente com a ajuda de pequenos barramentos.

Estético, cultural, funcional, intrínseco, cientifico e didático. 05 BelmontePedra do

Mirantes formados por arenitos da Fm. Exu, modelados na forma de pequenos pontais com vista para parte do vale do Cariri - su- perfície erosiva de contato com a encosta da chapada do Araripe.

Estético, funcional, intrínseco, cientifico e didático.

06 Rio BatateiraNascente do

Conhecida pela lenda da Pe- dra da Batateira, se destaca por sua configuração geoam- biental. É possível observar a diferença microclimática, além da presença de blocos areníticos próximos a nascente, que origina (em conjunto com seus outros afluentes) a microbacia hidrográfica do rio Batateiras.

Estético, funcional, intrínseco, cientifico e didático. 07 Cascata do Lameiro

Planície fluvial do rio batateiras, com afloramentos de folhelhos, em meio ao predomínio de are- nitos. Um dos principais pontos geoturísticos visitados no municí- pio devido a sua beleza singular e a sua geoforma. Estético, funcional, intrínseco, cientifico e didático.

MUNICÍPIO SÍTIO DE GEO-DIVERSIDADE

OU GEOSSÍTIO CARACTERÍSTICAS VALORES*

CRATO

08 BatateirasGeossítio

Afloramentos de folhelhos betu- minosos, de brechas carbonáticas e de feições geomorfológicas fluviais, com um microcanyon. As lendas dos índios Kariris, assim como os engenhos e casarão de taipa, destacam o aspecto cultural do local. Estético, funcional, intrínseco, cientifico e didático. 09 LagoinhaTrilha da

Lagoinha ou trilha do Lago situa-se a cerca de 750 metros de altitude, próximo ao ponto de cimeira da chapada do Araripe. Trata-se de uma trilha de 1,5 km, que chega a um antigo “barreiro”, construções rudimentares de barramento e acúmulo de água, comuns durante o séc. XVII na região. Estético, funcional, intrínseco, didático e cultural. CARIRIAÇU

10 Distrito Mi-guel Xavier

Afloramento de rochas metamór- ficas da Fm Santana dos Garro- tes, borda da bacia do Araripe. Geomorfologicamente, o destaque é a serra de São Pedro, estrutural- mente associada aos lineamentos de direção E-W, que começam a predominar nesta região em dire- ção às porções mais meridionais do Nordeste brasileiro.

Estético, intrínseco, cientifico e didático.

11 Distrito de Mi-ragem / sede municipal

Presença de inselbergues forma- dos, de maneira geral, por grani- tos da suíte granitoide Itaporanga, de idade brasiliana. Estético, intrínseco, cientifico e didático. 12 Cachoeira de Umari

Feição geomorfológica modelada em rochas graníticas, com vazão intermitente, associada ao perío- do de concentração as chuvas. Estético, intrínseco, cientifico e didático. FARIAS BRITO

13 Serra do Quin-cuncá

Feição geomorfológica de porte regional disposta na direção E-W, onde encontra-se o Pontal do Pa- dre Cicero, local onde vem se de- senvolvendo atividades voltadas ao turismo religioso, científico e educacional. Estético, cultural, intrínseco, cientifico e didático. 14 ContínuoForno do

Área com afloramento e registros de uso (histórico e atual) de mármore para produção de cal, que marcou o processo de desenvolvimento econômico local. Trata-se de um contexto de excepcionalidade regional. Estético, cultural, intrínseco, funcional, econômico, cientifico e didático.

MUNICÍPIO SÍTIO DE GEO-DIVERSIDADE

OU GEOSSÍTIO CARACTERÍSTICAS VALORES*

FARIAS

BRITO 15 Pedra Redon-da

Geoforma do tipo bolder, modela- do em rochas ígneas, expostas por ação dos processos exógenos. So- bre a rocha, existe a presença de um pequeno memorial religioso ao padroeiro do município (Padre Cícero). Estético, cultural, intrínseco, cientifico e didático. JUAZEIRO

DO NORTE 16 Geossítio Coli-na do Horto

Afloramento de rochas graníticas, datadas de 600 Ma (ciclo brasilia- no tardio), base da bacia do Ara- ripe, expostos na forma de blocos em diversos estágios e processos intempérico-erosivos, notada- mente associados a processos físicos, dada maior influência da temperatura. Visão panorâmica do vale do Cariri e da chapada do Araripe, assim como presença de geoformas, com destaque para a Pedra do Pecado, um bloco arenítico que sofreu processo de termoclastia. Estético, cultural, intrínseco, cientifico e didático. JARDIM

17 Sítio Cana Brava Ocorrência de nascentes em con-siderável estado de conservação.

Estético, intrínseco, cientifico e didático. 18 Sítio Boa Vista Ocorrência de nascentes no sopé da serra da Boa Vista.

Estético, intrínseco, cientifico e didático. 19 Sobradinho Ocorrência de fósseis da Araripe-naeustimidus, datada do período

cretáceo.

Cientifico, intrínseco e didático. 20 Olho d’ Água Geomorfologicamente destaca-se a serra do Olho d’água e a nascen-

te do olho d’água. Estético, intrínseco, científico e didático. 21 Boca da Mata

Nesse sítio de geodiversidade, encontra-se a nascente de maior importância do município. Além da nascente principal, outras cinco se encontram na localidade, todas usadas para o abastecimen- to público. Estético, funcional, intrínseco, cientifico e didático.

MUNICÍPIO SÍTIO DE GEO-DIVERSIDADE

OU GEOSSÍTIO CARACTERÍSTICAS VALORES*

MISSÃO

VELHA 22

Geossítio Cachoeira de Missão Velha

Destaque para os amplos aflo- ramentos dos arenitos da Fm. Cariri, base sedimentar da bacia do Araripe, pontualmente com a existência de icnofósseis, sendo esses invertebrados aquáticos. Apresenta a ocorrência de quedas d’água modeladas pelas águas do rio Salgado, mas que devem ter origem estrutural, além da ocor- rência de marmitas de diversos portes. Além desses aspectos, o local é dotado de importância estética, histórica e cultural, uma vez que suas águas foram usadas como fonte de sobrevivência para os povos pré-coloniais e coloniais do Cariri. Estético, cultural, intrínseco, cientifico e didático.

23 Floresta Petri-Geossítio ficada

Afloramentos dos arenitos da fm. Missão Velha em uma área de feições erosivas interfluviais, com fragmentos de troncos petrificados de pinheiros e feições erosivas.

Cientifico; didático, intrínseco.

NOVA

OLINDA 24 Geossítio Pon-te de Pedra

Geoforma modelada em rochas areníticas com notável variação faciológica e diferentes padrões de resistência intempérica-e- rosiva, condição básica para a formação da feição similar a uma ponte. Além desse aspecto, o local é conhecido pela presença de lendas. Estético, intrínseco, cultural, cientifico e didático.

25 Pedra CaririGeossítio

Ocorrência de perfil estratigráfico de rochas sedimentares, com pre- domínio do calcário - Fm. Crato - com a ocorrência de fósseis.

Intrínseco, cultural, cientifico e didático

26 Homem KaririMemorial do

Museu arqueológico com artefatos indígenas de grupos que viviam no Cariri, relatando sua cultura, seu modo de vida e sua relação com a natureza por meio de apresentação de feições geomorfológicas e litologias associadas. Intrínseco, cultural, cientifico e didático.

MUNICÍPIO SÍTIO DE GEO-DIVERSIDADE

OU GEOSSÍTIO CARACTERÍSTICAS VALORES*

SANTANA DO CARIRI 27

Geossítio Pon- tal da Santa

Cruz

Rochas areníticas da Fm Exu, modeladas estruturalmente como um pontal nas escarpas da chapada, com a ocorrência de um mirante com vista para o vale do rio Cariús, a encosta e o topo ta- buliforme da chapada do Araripe. Local de lendas, mitos e crenças populares. Intrínseco, estético, cultural, cientifico e didático. 28 Museu de Paleontologia Plácido Cida- des Nuvens

Local dotado de uma notável cole- ção de fósseis vegetais e animais, sobretudo, datadas do Cretáceo, parcialmente expostas. Intrínseco, estético, cultural, cientifico e didático. 29 Parque dos Geossítio

Pterossauros

Local de escavações de fósseis, embutidos nas concreções car- bonáticas da Fm. Romualdo do Grupo Santana. Intrínseco, cientifico e didático. 30 Vale do Buriti

Local de ocorrência de nascente e águas superficiais, berço do riacho Brejo Grande, afluente do rio Cariús.

Intrínseco, estético, cientifico e didático. A relevante geodiversidade regional, sucintamente apresentada nesse qua- dro, corresponde espacialmente a uma das regiões metropolitanas do Nordeste, notabilizada por seu crescimento econômico, populacional e urbano, uma tríade que, conforme visto em outras porções do território brasileiro, causa diversos impactos ambientais, colocando em risco essa geodiversidade e sua sustentabi- lidade socioambiental.

PARA SE PREOCUPAR: A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

No documento GEODIVERSIDADE DO SEMIÁRIDO (páginas 161-166)