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Quantitativo de ações judiciais relacionadas à Covid-19

5 CAPÍTULO IV – OS EFEITOS DA PANDEMIA SOB O ENTENDIMENTO DOS

5.3 Quantitativo de ações judiciais relacionadas à Covid-19

Conforme demonstra o relatório abaixo, desde o início da pandemia até o dia 24/11/2020, o STF recebeu o total de 6.214 de processos relacionados a COVID-19, sendo: 4.694 habeas corpus; 769 reclamações constitucionais;184 recursos em habeas corpus; e 567 de outras demandas. Durante o respectivo período, foram proferidas 7.293 decisões relacionadas à pandemia. (STF, 2020, on-line).

Gráfico 2 – Número de processos recebidos e decisões proferidas pelo STF de processos relacionados à COVID-19

Fonte: Estatísticas do STF (2020, on-line)

No âmbito do Tribunal do Estado de Minas Gerais, de acordo com o levantamento de processos distribuídas na 2ª instância que acordaram matéria inerente ao tema COVID-19 foram distribuídos de março a agosto de 2020 o total de 8.616 (oito mil seiscentos e dezesseis) processos. (TJMG, 2020, on-line).

Gráfico 3 – Número de processos distribuídos na 2ª instância do TJMG relacionados à COVID-19

Fonte: Estatísticas TJMG (2020, on-line)

Indicador de liminares apreciadas, em feitos distribuídos na 2ª instância, com matéria inerente ao tema COVID-19, no âmbito do TJMG:

Gráfico 4 – Número de liminares apreciadas pela 2ª instância do TJMG relacionados à COVID-19

à Fonte: Estatísticas TJMG (2020, on-line)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto, o ordenamento jurídico prevê a responsabilidade extracontratual do Estado para reparar economicamente os danos que forem ocasionados à particulares, em detrimento de comportamentos lícitos ou ilícitos, omissivos ou comissivos, materiais ou jurídicos de seus agentes.

A responsabilidade do Estado está amparada na teoria objetiva, fundamentada no risco administrativo. Dessa forma, deve o Estado responder por qualquer falha ou falta da prestação do serviço, mesmo que não tenha contribuído diretamente para a existência do dano, bastando à ocorrência dos seguintes requisitos: ocorrência do dano; ação ou omissão administrativa e ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. Admite-se a exclusão da responsabilidade do Poder Público, desobrigando, assim, a reparação nos casos em que o dano for proveniente de caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva da vítima ou ato exclusivo de terceiro.

Com ênfase nos comportamentos ligados ao cenário de crise pandêmica vivenciado nos dias atuais, é possível observar que o Estado tem adotado medidas restritivas no intuito de conter o novo coronavírus, contudo, tais iniciativas têm gerado resultados negativos em face da economia, pois o fechamento de estabelecimentos comerciais e empresarais, restrições de viagens e reuniões, etc., ocasionaram prejuízos tanto de cunho material quanto imaterial para muitas pessoas.

Conclui-se que o fato da pandemia ser um acontecimento inevitável e imprevisível não é suficiente para afastar a responsabilidade extracontratual do Estado como circunstância de caso fortuito ou força maior. Isso porque, na análise do dano deve-se considerar o momento de sua ocorrência, ou seja, é necessário analisar se o dano decorre de um fator externo, como por exemplo, o abuso de poder, o que independente da pandemia ou ensejaria o dever de reparação.

Dessa forma, deve-se analisar se o dano experimentado está de fato ligado aos efeitos previsíveis da pandemia ou se refere ao resultado das medidas restritivas exageradas e irreponsáveis adotadas para conter a crise pandêmica. Caso o dano esteja relacionado às medidas excepcionais utilizadas para conter a COVID-19, não devem ser utilizadas as causas de excludentes para afastar a responsabilidade do Estado.

caso separadamente, considerando as circunstâncias que ligam o nexo causal ao dano, incluindo as ações e omissões por parte da Administração Pública.

Resta ainda examinar se ao estabelecer medidas excepcionais que afetaram o país em um todo o Estado respeitou os postulados princípios da proporcionalidade, isonomia, legalidade, eficiência, moralidade administrativa e razoabilidade, todos previstos no caput do artigo 37 da Constituição Federal, pois, caso contrário, deverá assumir as consequências do seu comportamento de forma a restabelecer o equilíbrio entre a população.

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