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Quanto à falácia do escopo curativo das medidas de segurança

No documento Sobre punir os enfermos mentais (páginas 35-42)

Sendo notória a completa impropriedade do intuito terapêu- WLFRYXOJDUPHQWHFUHGLWDGRjVPHGLGDVGHVHJXUDQoDLPS}H se propugnar pela aplicação mais constante dos sistemas de desinternação progressiva ou de alta progressiva, a exemplo das corajosas experiências do Instituto Psiquiátrico Forense de 3RUWR$OHJUHGR+RVSLWDOGH&XVWyGLDH7UDWDPHQWR3VLTXLi- WULFRGH)UDQFRGD5RFKDHGR0DQLF{PLR-XGLFLiULRGH5HFLIH exemplos maiores, como bem assinalou Eduardo Ferrari, de que “o bom senso supera o direito positivo”.68

67 Para René Ariel Dotti, com a reforma ocorrida em 1984, desapareceu a dis-Para René Ariel Dotti, com a reforma ocorrida em 1984, desapareceu a dis- tinção entre reclusão e detenção na execução da pena.

68 FERRARI, Eduardo Reale. As medidas de segurança criminais e sua progres-FERRARI, Eduardo Reale. As medidas de segurança criminais e sua progres- são executória: desinternação progressiva. Boletim IBCCRIM, n. 99, fev. 2001.

Dentre seus aspectos fundamentais, destaca-se o fato de permitir ao paciente acostumar-se, gradualmente, ao meio social e familiar, rechaçando-se, com isso, os efeitos deleté- rios da internação, notadamente o hospitalismo e o mime- tismo.

Eduardo Reale Ferrari elaborou importante artigo pertinente ao tema, ao qual remetemos o leitor interessado nos detalhes desses programas de cunho progressivo.69

(P0LQDV*HUDLVGHVWDFDVHR3$,3- 3URJUDPDGH$WHQomR ,QWHJUDODR3DFLHQWH-XGLFLiULR3RUWDGRUGH6RIULPHQWR0HQ- tal Infrator), absolutamente pioneiro. Acompanhando agentes TXHUHVSRQGHPDDo}HVSHQDLVHTXHDSUHVHQWDPLQGtFLRVGH sofrimento mental, o projeto se empenha em propor medidas de inclusão social do sentenciado, através de acompanhamen- to multidisciplinar (psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, advogados, enfermeiros etc.).70

Como se depreende do que foi até aqui exposto, colocado está o caminho, na hipótese de se abandonar a postura passiva tão comum aos nossos tempos, e que está a exigir que se milite contra os espíritos acríticos, passivamente submetidos ao topos GRJPiWLFRLQTXHVWLRQiYHOTXHMXVWLÀFDDQRUPDWLYLGDGHLQVWLWX- ída. Só assim, tornar-se-á possível evitar que a reprimenda de Aramis Nassif se faça realidade:

“(...) o Direito, como ciência autônoma, tem a propensão, na aplicação pela maioria de seus operadores, de verdadeira preguiça intelectual 69 Op. cit.

70 2SURJUDPDIRLRÀFLDOL]DGRSHOR7-0*HP3RUHQTXDQWRRSURJUDPD VyH[LVWHHP%HOR+RUL]RQWHVHQGRFRRUGHQDGRSHODSVLFyORJDMXGLFLDO)HU- nanda Otoni de Barros.

que o despoja de qualidades extrínsecas e epistemológicas importantes para

2 SURJUDPD IRL RÀFLDOL]DGR SHOR 7-0* HP  3RU HQ- TXDQWRRSURJUDPDVyH[LVWHHP%HOR+RUL]RQWHVHQGRFRRU- denado pela psicóloga judicial Fernanda Otoni de Barros.

sua completude, empurrando-os à cômoda lei- tura dos manuais práticos que têm enriqueci- do seus autores e entorpecido a mente de seus leitores; ou à interpretação lítero-estática da norma jurídica, em intransigente positivismo, pouco importando as conseqüências de eventu- al injustiça daí decorrente.”71

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