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Quanto ao processo de escolha do Curso Ciência da Religião

Os ex-alunos do mestrado e do doutorado formados em Ciência da Religião pela PUCSP apresentaram respostas de 9 perguntas que constituem o presente item, relativo ao processo de escolha do curso de Ciência da Religião. As 9 perguntas dizem respeito ao que motivaram os cientistas religião a escolherem o curso Ciência da Religião; isto é, se a Ciência da Religião é o curso que eles idealizaram, como é que eles ficaram sabendo da existência do curso Ciência da Religião na PUCSP, quem são as pessoas e, ou, veículos de informação que mais os influenciaram para escolha do curso Ciência da Religião, qual era o grau de informação que eles tinham ao escolher o curso Ciência da Religião, grau de satisfação com o curso de Ciência da Religião, se eles já sofreram algum tipo de preconceito por ter cursado a Ciência da Religião (no trabalho, na rua, ou no ambiente familiar), se já pensaram ou já procuram mudar em algum momento da Ciência da Religião para outra área de conhecimento. Para isso, os sujeitos pesquisados buscaram na memória fatos que responderam as perguntas em questão.

Embora 32% dos sujeitos declararam ter escolhido a Ciência da Religião por motivos pessoal-particulares, a escolha da Ciência da Religião não parece ser não ter sido feita de maneira consciente por vários dos respondentes do questionário, sendo imposta pela influencia de uma religião, igreja, única condições ou oportunidade de trabalhado ou única possibilidade de ser selecionado no curso desse nível, influenciado de familiares e de ambiente familiar, pelas propagandas de TVs, rádio e mídias impressas e, sobretudo pelas influencias de professores do curso de Ciência da Religião e amigos de cursos de outra área de atuação profissional. Santos (2005) explica as razões que, provavelmente, o processo de ensino e aprendizagem é visto, aceito e praticado de forma integrada à sociedade-cultura, as suas crenças e valores dominantes de uma determinada época, os quais levam o indivíduo a ser influenciado na escolha de uma profissão por ontrem. Segundo Mizukami (2004), a escolha de um curso, de uma profissão deve ser feita de forma consciente, racionalidade e, não devido uma soberba intelectual ou puramente por rob ou por falta de opção. Muito menos imposta pelas tradições familiares, influências de professores ou colegas de profissão, uma vez que essas implicações podem comprometer o rendimento do aluno nos espaços acadêmicos e, ou, na atuação profissional extra acadêmica.

Na verdade, a escolha de um curso, talvez, possa ser influenciada por colegas, professores ou familiares, embora não deva ser imposta como a única opção. Que seja uma escolha responsável para com a ciência escolhida, a fim de prevalecer os princípios éticos epistemológicos e objetivos da ciência calcada na maturidade intelectual acadêmica e aplicada na sociedade. Deve ser apoiada em alguém ou em instituição que tenham a consciência de que fazer Ciência da Religião não é fazer teologia, bem como servir de modelo para as presentes e futuras gerações de cientistas da religião, incentivando este profissional a beber nas fontes primeiras, isto é, em autores, conceitos, categorias e teorias próprias da Ciência da Religião.

Os resultados demonstram que 34% souberam da existência da Ciência da Religião através de professores da Ciência da Religião com quem tiveram contado sistematicamente, 26% através de amigos/cônjuge, 15% por professores que conheceram por acaso, mas que motivaram a escolher a disciplina. Com relação a está questão, os estudos de Goodson (1992) são esclarecedores aos informarem que, a influência de um professor preferido, atraente pedagogicamente, quer seja por um modelo de inspiração “ou por política da boa vizinhança”, contribuem de forma significativa na vida acadêmica e profissional dos seus alunos. Isso nos remete a interpretar que, a atuação profissional, habilidades e competências dos cientistas da religião no mercado de trabalho; isto é, a habilidade no tratamento para com o seu objeto de estudo/trabalho, a relação entre a dimensão religiosa com os aspectos sócio políticos e econômicos, é de responsabilidade, principalmente, da política pedagógica dos Programas de Pós-Graduação que os ex-alunos estavam vinculados.

Quando foi perguntado o grau de satisfação com o curso de Ciência da Religião, 52% relatam estarem satisfeitos com o curso, 34% não estão – mas simpatizavam com a temática abordagem em suas pesquisa, 6% esperavam mais do curso e, outras 8% ressaltam que, quando entraram no curso não gostaram, mas no final (conclusão), ainda havia dúvida da importância aplicável da ciência da Religião. Outros ainda mencionam que não estão satisfeitos com curso, mas reconheciam relevância do curso para a suas formação pessoal.

Como se pode perceber, há uma porcentagem, significativa, de alunos insatisfeitos com a Ciência da Religião, por razões epistemológicas e práticas (por falta de opção para atuarem no mercado de trabalho), mas essas diferenças e insatisfações revelam a maturidade da ciência em estar aberta ao diálogo e à problematização interna, identificando

seus “atos falhos”, para então corrigi-los. Esses aspectos não devem ser visto de forma negativa, pelo contrário, eles denunciam a responsabilidade que a Ciência da Religião está tendo com seus pressupostos científicos, seu perfil e status acadêmico e, sobretudo a responsabilidade para com a sociedade em geral, aos apresentar suas questões internas e chamar para si, a responsabilidade de por a prova o seu potencial críticos, não se escondendo atrás de falsas antinomias, com diria Pierre Bourdieu.

Viver a experiência de ser cientista da religião é marcante para os sujeitos desta pesquisa. Infelizmente pré-conceitos e mal entendidos relativos o que é ciência da religião, para que serve essa ciência, qual é a suas funcionalidade no mercado extra acadêmico fazem parte do cotidiano, da realidade, dos cientistas da religião no ambiente familiar, no trabalho, na rua, na igreja e, sobretudo nos espaços universitários. Em vários casos, os pré- conceitos aparecem de forma in-direta, em um tom de deboche, como por exemplo: terás sempre dificuldade de atuar no mercado de trabalho, é o desacreditar no cientista da religião para com suas habilidade e potencialidades acadêmicas. Ou, do tipo: fora dar aula, para que serve a Ciência da Religião serve? Esses são dados que chamam a atenção dos cientistas da religião sobre a identidade acadêmica e profissionalismo do cientista da religião. É deixar transparente que, essa nobre ciência, como a sociologia, antropologia, história, geografia, medicina, matemática e, etc., concorre ao mercado intelectual (como se faz presente nas universidades brasileiras e internacionais), em hospitais, indústrias, hotelarias, acessórias e em sistema de ensino e pesquisa em geral.

A auto-estima dos cientistas da religião pesquisados não é a das melhores. Em uma nota de zero até 10, 21% deram nota 1 (um) às oportunidades de trabalho para esses profissionais, 18% deram nota oito, 15% cinco, 14% dez, 0% sete, 6% com sete, 5% três, 4% dois, 7% nove e, 3% com quatro. Esse quadro revela outro problema que a Ciência da Religião deve está atenta a todo instante. A questão proposta para rever este quadro é, justamente, estar revendo o método de ensino-aprendizagem dos cursos de Ciência da Religião, pois os sujeitos da pesquisa, em nenhum momento citaram a Ciência da Religião como uma referência competitiva, concorrendo “selvagemente” com outras áreas de conhecimento para com o mercado de trabalho aplicado. Bem como, não se pode negar que, o envolvimento político e administrativo com a Ciência da Religião contribui para o seu desenvolvimento na escolha de um posto de trabalho de uma forma mais consciente. Envolvimento este que incluir a busca de abertura de novos postos de trabalho no mercado de trabalho brasileiro, melhores salário, maiores e melhores financiamentos de pesquisas.

O Jornal O Globo, edição de 15 de fevereiro de 201242, cita uma pesquisa realizada com 570 profissionais no país, contribui com a presente interpretação. Os dados demonstram que 94% deles desejam mudar de emprego. A pesquisa, também, ressalta a motivação dos profissionais: 57% têm intenção de mudar porque não enxergam possibilidade de crescimento na empresa em que trabalham atualmente, e 37% querem sair do atual cargo porque acreditam que o mercado está aquecido e reserva boas oportunidades, com remuneração mais atrativa. Dos 6% restantes, 5% dizem estar satisfeitos com a função na qual trabalham e 1% afirma não apreciar mudanças de emprego. O tema, mudar de profissão ou da área de atuação, também está presente na sobre a função profissional do cientista da religião, sendo que 54.5% dos ex-alunos formados em Ciência da Religião pela PUCSP já pensaram/procuraram mudar em algum momento da Ciência da Religião para outra área de conhecimento e, 45.5% declaram não tiveram e nem têm interesse em ‘sair’ dessa Ciência. Esses dados alertam que, algumas vezes a insatisfação para com a Ciência da Religião, pode, está ligada aos fatores pessoais completamente alheios a essa ciência, mas por outro lado denunciam o perfil dos profissionais atuantes da Ciência da Religião.