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Quanto ao sexo dos(as) alunos (as) do curso de pedagogia

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2.1 O Curso de Pedagogia da Faculdade Padrão

3.1.1 Quanto ao sexo dos(as) alunos (as) do curso de pedagogia

A identificação de nossos sujeitos quanto ao sexo do (a) profissional que escolhe como profissão a docência para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, comprova que existe uma feminização na docência, principalmente quando dirige à formação para os níveis iniciais, que tem como responsabilidade o trabalho com as crianças. Vejamos os dados:

Fonte: Pesquisa da autora/ 2007

Referindo-se ao magistério, no início do século, diz Nagle (2001):

O magistério passava a se constituir como o setor, onde as mulheres, fora do serviço doméstico, poderiam dar sua parcela de contribuição à sociedade. (...) o magistério era visto como uma extensão da maternidade; o destino primordial da mulher. Cada aluno ou aluna era representado como um filho ou filha espiritual e a docência como uma atividade de amor à qual acorriam aquelas jovens que tivessem vocação. (NAGLE, 2001, p. 132).

Acreditamos que existe uma relação entre a feminização e desvalorização social desse profissional, o baixo salário, como também uma compreensão de que as mulheres estão mais aptas a trabalharem com crianças, supondo que elas possuam mais paciência para o acesso e que cuidar de crianças é virtude própria da mulher.

Dos quatro do sexo masculino, que iniciaram o curso em 2006, apenas três, até o ano de conclusão, conseguiu oportunidade de trabalho na docência, mas nenhum em sala de aula na educação infantil e anos iniciais. O que não conseguiu insiste em ser aprovado em concurso público.

Vejamos o que diz Afonso e outros a respeito da feminização:

O universo simbólico que se cria, referente ao trabalho feminino, estará majoritariamente associado a um trabalho fácil, que não exige preparação especial, formal, estando associado às funções que a mulher exerce no espaço doméstico e a sua “aptidão natural”; um trabalho naturalizado, que não exige maior esforço nem investimento social. (AFONSO et all, 2008, p. 9).

Como se pode ver, no universo de 166 pesquisados, o percentual de mulheres representa 98%, confirmando, assim, que a escolha pelo curso de professores (as) da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, ainda é feita majoritariamente pelas mulheres.

Quando perguntamos por que acham que as mulheres procuram estudar Pedagogia, a maioria das entrevistadas afirma: “porque as mulheres querem saber como educar seus filhos e que os homens são mais durões para tratar com crianças”. Essa ideologia disseminada pelas mulheres garante a permanência e a reprodução dos estereótipos de gênero.

Acerca do sexo no magistério da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, Carneiro (2009) afirma:

Na educação, a feminização em questão, é vista não como um ponto de chegada, mas como um processo, que se constitui por vários motivos, quais sejam: baixos salários, precárias condições de trabalho, jornada tripla de trabalho, falta de aparelhos sociais que colaborem no cuidado de crianças e adolescentes para que as mães possam trabalhar com certa tranquilidade, como creches e educação em período integral. São consideradas profissões femininas a pedagogia, a enfermagem, a assistência social e a pediatria, pois exigem de suas profissionais o emprego de características como o zelo, a paciência, a delicadeza e etc. (CARNEIRO et all, 2009, p. 12).

Mesmo não sendo o foco da pesquisa, entendemos como é importante estamos atentos (as) às reflexões acima, visto que não se percebe nos (as) acadêmicos (as)o cuidado em saber valorizar aspectos importantes do curso e a profissão de professora, como uma atitude imprescindível à valorização do espaço social ocupado pelo conjunto das mulheres nas diferentes fases da vida.

Um dado na entrevista final nos chamou a atenção, quanto dos (as) concluintes do curso que se encontram na docência de alguma forma. Dos 17 que concederam a entrevista, apenas 29,42% são compostos por homens. O depoimento de um dos homens faz uma chamada interessante. Segundo o aluno E6 - 2009:

Em termos de observação a ser feita, em caso particular eu, que sou homem, representando muito pouco, teria uma sugestão para a Faculdade considerar mais um curso para o ser humano, independente de sexo, desde a academia, inicia-se o preconceito, quando os professores fazem tratamento apenas referindo-se às meninas. Os professores falam sempre meninas vocês estão bem, acadêmicas etc. Tentei responder sempre, mas depois desisti de tanto receber um tratamento de mulher. Vejo que deve incentivar o curso de pedagogia como há quinze anos, nos cursos de direito, arquitetura e engenharia, fizeram tudo para incluir as mulheres, assim, deveria ser a pedagogia, tentando incluir mais homens. Visto que vivemos numa sociedade machista, onde o homem não pode ter uma postura mais delicada, o acesso ao curso, pode fazer essa cultura mudar. Quando iniciei o curso, tinha a idéia de que poderia ministrar aula para o Ensino Médio, mas não

para crianças. Eu escolhi o curso de pedagogia, eu confesso, foi por acaso, sempre tive muito jeito para ensinar, dando aulas particulares para crianças, porém nunca tinha sonhado em fazer pedagogia, mas nunca pensei em dar aula nos anos iniciais, Surgiu o momento e eu aproveitei. Tive dificuldade em dar andamento ao curso de administração em outra Faculdade, cheguei aqui, tinha uma turma boa, entrei e aproveitei para fazer o curso.

Esse entrevistado afirma que também sofre discriminação pela sociedade, visto que “escolas não gostam de ceder a vaga de professor na primeira etapa do ensino fundamental, porque segundo elas, homens não levam jeito para lidar com crianças e os que tentam são pedófilos”. Foi dito por eles que os pais dizem que numa escola que tiver homem em sala de aula, não colocam as filhas deles. Segundo o depoimento de (E11 - 2009):

Minhas atividades eram administrativas. Eu sempre queria trabalhar na educação. Os homens não escolhem o curso de pedagogia por preconceito. Uma mulher no ônibus disse que é contra um homem na pedagogia, uma vez que todos são pedófilos. Algumas têm medo de a gente tomar o lugar delas. Mesmo os que não demonstraram sentir a discriminação, não se sentem à vontade na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Seus interesses se voltam para outras atividades que não sejam sala de aula, como também continuar estudando para assumirem o magistério no ensino superior.

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