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QUANTO ÀS CORREÇÕES EM SEDE DE PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA (PONTO 3.1 DO PROJETO DE RELATÓRIO)

No documento Processo n.º 844/2014-T (páginas 52-80)

Sobre a questão das correções em sede de preços de transferência, o sujeito passivo começa por contestar alguns comentários e valores constantes no projeto de relatório de inspeção tributária, tentando com isso, lançar duvidas sobre a validade dos valores apresentados naquele projeto.

Contudo, os comentários que o sujeito passivo contesta referem-se a uma parte introdutória e de enquadramento, sendo sobretudo salientados os comentários inscritos na página 11 do projeto. Por exemplo, o sujeito passivo contesta a

afirmação constante no projeto de relatório de que "para as referências vendidas à J... (artigos com referência [RP-GB] e [RP-US]) e igualmente vendidas a clientes de outros países, os preços médios por litro praticados nos mercados J... são significativamente inferiores aos praticados nos restantes mercados não-J..." (ponto 14 da exposição) uma vez que as "referências de Vinho do Porto vendidas à J... são só e unicamente vendidas à J..." (ponto 15 da exposição). No entanto, mais à frente, o sujeito passivo concede que "quando desconsiderados os itens nas referências que distinguem o país de cada cliente, a referência "MM" e a composição das quantidades vendidas, há lugar à verificação das alegações da AT" (ponto 36 da exposição).

De facto, como refere o sujeito passivo, "considerando o texto das referências na integra inexistem operações com tais referências realizadas com outras entidades que não a J..." (ponto 37 da exposição). Por isso, quando no projeto de relatório se faz alusão às "referências vendidas à J..." não se foi inteiramente correcto, dado que se pretendia fazer referência aos vinhos vendidos à J..., os quais, em alguns casos, foram igualmente vendidos à outros clientes, mas com diferença na referência utilizada, nomeadamente, como refere o sujeito passivo, nas "referências que distinguem o país de cada cliente, a referência "MM…." e a composição das Quantidades vendidas".

Fica então clarificado que a nossa menção a referência de vinho vintage reflete a parte do descritivo do artigo comercializado que, de acordo com o extraio de vendas, corresponde ao nome do produto e ano de colheita, aspeto que foi perfeitamente entendido pelo sujeito passivo, apesar dos considerandos transpostos nos parágrafos iniciais da sua exposição, dos quais se destacam os parágrafos 15 a 20.

Acresce que, como admite o sujeito passivo (pontos 22 a 24 da exposição) o preço médio por litro das vendas de vinhos vintage à J… é efetivamente inferior ao preço praticado com entidades independentes (11,49 euros por litro nas vendas à J… e 28,82 euros por litro nas vendas a entidades independentes).

O sujeito passivo contesta igualmente a afirmação, constante no projeto de relatório de inspeção tributária, de que "nos mercados não-J… os preços médios são, salvo algumas exceções (Mercado Nacional, Suíça e Canadá), muito aproximados."

Esta afirmação resulta de análise efetuada ao extraio de vendas e tem subjacente o cálculo dos preços médios por litro, por referência de vinho vintage e por país. Transpondo e harmonizando as quantidades em litros, e agregando as referências por país (segundo texto final específico ao mercado destino constante do descritivo do artigo), obtiveram-se os preços médios por referência de vinho vintage e por pais espelhados no anexo ao projeto de relatório de inspeção tributária.

A afirmação acima resulta da análise para cada referência de vinho vintage, dos preços médios por país, e não dos preços médios por litro aferidos em termos globais para todas as referências em cada país, conforme análise efetuada pelo sujeito passivo no exercício do direito de audição. Com efeito, a análise agregada dos preços médios por país efetuada pelo sujeito passivo no documento 2 revela uma maior dispersão de preços médios e alheia-se das especificidades inerentes a cada referência de vinho VTG, situação diferente da retratada no projeto de relatório de inspeção tributária. Essa análise de preços médios não permite comparar com fiabilidade a realidade das vendas da J…, nos mercados norte-americano e britânico, com a realidade dos outros clientes que vendem noutros mercados.

Porém, o mapa incluído pelo sujeito passivo no documento 2 e que reflete os preços médios por cliente de cada referência de vinho vintage aproxirna-se da análise da AT retratada no anexo em discussão (com efeito a cada cliente corresponde um determinado mercado) e permite inclusive destacar que, por cada referência de vinho vintage a dispersão dos preços médios praticados com os clientes não-J… é, salvo algumas exceções, baixa, ou seja, os preços médios são aproximados.

Neste contexto, o objetivo da análise da AT foi, pois, destacar a diferença dos preços médios praticados com a J…, por referência de vinho vintage, com os preços praticados nos mercados não-J…, justificando, sem ignorar o aspeto das quantidades transacionadas com a J… e dos mercados destinos subjacentes, o aprofundamento da análise em sede de preços de transferência. Outra afirmação contestada pelo sujeito passivo tem a ver com a referência às vendas de referências de vintages do ano 2009 (pontos 39 e 45 da exposição), situação que se trata, com efeito, de um lapso derivado unicamente do facto de, em simultâneo com o presente procedimento inspetivo, ser realizado outro procedimento inspectivo abrangendo o exercício de 2011, tendo a análise efetuada abrangido os dois exercícios. Dada a opção de ter separar os projetos de relatórios dos dois procedimentos inspetivos, podem existir algumas diferenças entre os dois exercícios (2010 e 2011) que justifiquem as críticas apontadas pelo sujeito passivo aos comentários inscritos na página 11 do projeto de relatório, as quais, contudo, respeitam à análise efetuada que abrangeu os exercícios de 2010 e 2011.

Relativamente aos dados do IVDP sobre os preços médios de venda dos vinhos vintage nos diversos mercados (pontos 27 a 34 da exposição), já foi feita referência aos mesmos na página 34 do projeto de relatório de inspeção tributária tendo-se concluído que "não é de desvalorizar a influência do mercado geográfico destino dos bens nos preços dos mesmos, sendo de salientar que o ajustamento de comparabilidade proposto em termos de quantidades, conforme ponto 3.1.3.3.1 supra, também reflete o efeito do mercado geográfico, uma vez que é aferido, por um lado, tendo em consideração as condições praticadas no Reino Unido (cliente EE…) face às vigentes noutros mercados para as mesmas referências, e por outro, as condições praticadas nos Estados Unidos da América (cliente FF...) face às vigentes noutros mercados para as mesmas referências, conforme detalhe explicativo incluído no ponto 3.1.4.". Por isso, a informação do sujeito passivo (que aliás já era invocado no dossier de preços de transferência (ver ponto 29

da exposição)) já foi devidamente levada em consideração na elaboração do projeto de relatório de inspeção tributaria, não sendo trazidos novos elementos. Por outro lado, o sujeito passivo alega que "para as mesmas mercadorias vendidas à J..., e relativamente, por exemplo, ao mercado do Reino Unido, que constitui o principal mercado de destino das categorias especiais vendidas pela B... e pela generalidade das empresas do vinho do Porto, se pode verificar que, para além de ser o principal consumidor das categorias especiais, é a localização para a qual o preço médio por litro das referidas categorias especiais é o mais reduzido, nomeadamente € 5,80 por litro" (ponto 30 da exposição). Uma vez que é alegado a prática, nas vendas com a J..., de um preço médio de 11,49 euros por litro (ponto 22 da exposição), acrescenta o sujeito passivo que "comparando este preço médio por litro relativo às vendas das categorias especiais para o Reino Unido (publicado pelo IVDP) com os preços praticados com a J..., constata-se, desde logo, que, em nenhuma circunstância, os últimos são inferiores ao primeiro, sendo mesmo, na sua grande maioria, significativamente superiores". No entanto os argumentos do sujeito passivo encontram-se errados, uma vez que não se referem apenas às vendas de vintage, mas também a outras categorias de vinho do Porto consideradas como categorias especiais. De facto, solicitou-se informação ao IVDP sobre os preços médios de venda preço médio de venda do vinho do Porto de categorias especiais e sem designação especial, tendo-se concluído que, no ano 2010, o preço médio de venda de vinhos vintage para o Reino Unido é de 15,99 euros por litro (16,13 euros se desconsideradas as vendas de B.O.B.), superior ao preço médio de 11,49 euros por litro alegado pelo sujeito passivo nas vendas à J..., conforme se demonstra em anexo (anexo 4), Por outro lado, como se pode observar no mesmo anexo, o Reino Unido não é o mercado com o preço médio por litro mais baixo na venda de vintages, existindo outros mercados com preços médios mais baixos (por exemplo, França, Holanda e Dinamarca).

O sujeito passivo invoca ainda algumas diferenças "significativas" entre os dados constantes na sua base de dados e os apurados pela AT, nomeadamente:

• Contesta os valores apresentados no quadro constante da página 28 do projeto de relatório, o qual se refere às vendas de vinho não vintage e ao peso dos clientes EE...e FF...;

• Contesta os valores apresentados no quadro constante na página 40 do projeto de relatório, nomeadamente os respeitantes ao "valor de vendas vintage a terceiros e do valor do CMVMC associado a essas mesmas vendas".

Sobre a contestação do sujeito passivo, é de referir, em primeiro lugar, que os dados utilizados pela AT foram extraídos do ficheiro SAF-T fornecido por aquele.

Em segundo lugar, o sujeito passivo solicitou telefonicamente, durante o prazo de exercício do direito de audição, a discriminação dos valores constantes no quadro constante da página 28 do projeto de relatório, tendo tais dados sido fornecidos através do e-mail n.º 31.806/0510 de 2014/05y26, do qual se junta cópia em anexo (anexo 5), no qual se explica o procedimento adoptado para a obtenção daqueles dados. Estranha-se assim que o sujeito passivo, depois de se encontrar na posse dos elementos solicitados, vir a salientar a diferença de 9,172.199,31 euros entre os valores das vendas de vinhos não vintage retiradas da base de dados e apurados pela AT, apontando até aquela divergência como colocando em causa a validade das conclusões constantes no projeto de relatório, quando, numa primeira análise, é desde logo perceptível que existem 236 referências de vinhos não vintage que foram considerados pela AT e que não se encontram no ficheiro PDF remetido como anexo (documento 3) pelo sujeito passivo. Sobre os valores das vendas aos clientes EE...e FF... em 2010, informa-se que, efetivamente, foram utilizados os valores totais e não os valores relativos ao segmento não vintage, resultando daí as diferenças detetadas pelo sujeito passivo, conforme se evidencia em anexo (anexo 5). Por

exemplo, no cliente FF..., o valor das vendas inclui os artigos …, … e CÁLICE … e, no cliente EE…, o valor das vendas inclui os artigos PRODUTO OCASIONAL e Outros, cujos valores de vendas se aproximam das diferenças encontradas pelo sujeito passivo.

Por outro lado, o quadro em causa não é utilizado pela AT no cálculo de qualquer correção, apenas pretendendo salientar a importância relativa dos clientes EE...e FF... nas vendas de vinhos não vintage, situação que até seria reforçada com os dados apurados pelo sujeito passivo.

Relativamente aos valores apresentados no quadro constante na página 40 do projeto de relatório, os mesmos já se encontram devidamente discriminados no anexo 1 daquele projeto.

Também é de referir que, dado o enorme volume de informação constante no ficheiro SAF-T apresentado pelo sujeito passivo, podem existir pequenos erros derivados do seu tratamento, situação que pode ser detectada pelo sujeito passivo no decurso do direito de audição ou noutra fase posterior do procedimento, procedendo-se às devidas correções.

Contudo, neste caso em particular, o sujeito passivo apresenta uma diferença de 6.704,55 euros no valor das vendas de vinhos vintages a entidades independentes (excluindo referências de vinhos vintage cujas vendas totais em 2010 não tivessem ultrapassado mil euros} e de 6.726,21 euros no Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas de tais vendas, valores que não poderemos considerar significativos. De facto, considerando os dados apurados pelo sujeito passivo, obter-se-iam os seguintes valores (ano 2010):

Como se pode observar, utilizando os dados apurados pelo sujeito passivo obter-se-iam margens brutas sobre o Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas de vendas de vinhos vintages a entidades independentes superiores às apuradas pela AT no projeto de relatório de inspeção tributária, concluindo-se assim que não houve prejuízo para o sujeito passivo, dado que a correção proposta se baseia naquela margem bruta.

Por outro lado, desconhecendo-se quais os filtros aplicados pelo sujeito passivo para a compilação da sua informação, constante no ficheiro PDF remetido como anexo (documento 1), não vemos qualquer motivo para considerar como errada a informação constante no anexo 1 do projeto de relatório de inspeção tributária. Por exemplo, nos dados compilados pelo sujeito passivo figuram diversas vendas cuja quantidade ou custo das vendas é nulo ou negativo, conforme se evidencia em anexo (anexo 6), não se compreendendo a que se referem tais vendas.

Também não se compreende o facto do sujeito passivo questionar "o motivo para a desconsideração das referências "cujas vendas totais, em 2010, não excediam 1.000 euros, os quais representavam grande parte das referências vendidas, mas cujo valor agregado das vendas não era significativo". De facto, tal é devidamente justificado no projeto de relatório, quando se refere que se atendeu à "extensão do universo de vinhos em causa e o cumprimento do princípio da proporcionalidade previsto no artigo 7º do Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária e artigo 55º da Lei Geral Tributária". Ao longo do procedimento inspetivo, o sujeito passivo sempre alegou a dificuldade ou morosidade na obtenção de informação solicitada pela AT, pelo que perante a situação de se ter que solicitar o custo unitário de produção de centenas de referências de vinhos vintage diferentes, optou-se por excluir aquelas referências que tinham vendas reduzidas, de forma a reduzir o esforço do próprio sujeito passivo na obtenção daquela informação, facto que este agora contesta.

Por outro lado, contesta-se a afirmação do sujeito passivo de que, caso as vendas referidas no parágrafo anterior "fossem consideradas para efeitos de análise da margem auferida com entidades independentes, contribuiriam para a redução da margem global e, respectivamente, da potencial correcção ao lucro tributável da Requerente". Com efeito, como se pode observar no quadro constante na página anterior, caso se incluíssem aquelas vendas, a margem bruta sobre o Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas de vendas de vinhos vintages a entidades independentes seria de 398,60%, superior, portanto, à apurada pela AT no projeto de relatório de inspeção tributária (397,82%).

No segundo capítulo da sua argumentação, o sujeito passivo defende as vantagens da realização das operações com a J…, as quais consistem na "vantajosa antecipação de fluxos financeiros à Requerente" e na redução do "risco de incobrabilidade" (ponto 58 da exposição), na garantia de escoamento dos vinhos vintage para os mercados do Reino Unido e Estados Unidos da América (ponto 61 da exposição), considerando que "não atribui qualquer mérito à opinião expressa pela AT de que a relação entre a J... e a própria Requerente não respeita os princípios da boa gestão".

Sobre a referência à "opinião expressa pela AT de que a relação entre a J... e a própria Requerente não respeita os princípios da boa gestão", a mesma não consta no projeto de relatório de inspecão tributária, sem prejuízo de não se terem aceite como factuais as vantagens invocadas pelo sujeito passivo nas operações realizadas com aquele cliente

De facto, para enquadrar a questão das operações realizadas com a J…, começamos por referir que a amplitude do desconto implícito naquelas transações é bastante elevada. O próprio sujeito passivo admite (pontos 22 a 24 da exposição) que o preço médio por litro das vendas de vinhos vintage à J… é inferior ao preço praticado com entidades independentes (11,49 euros por litro nas vendas à J… e 28,82 euros por litro nas vendas a entidades independentes).

Por outro lado, considerando os dados apresentados no quadro constante na página 50 do projeto de relatório, obtém-se uma taxa de desconto implícito nas vendas à J… superior a 50%, conforme se demonstra no quadro seguinte:

Tal taxa de desconto excede largamente a suposta vantagem na antecipação de fluxos financeiros alegada pelo sujeito passivo, uma vez que se estimou que a taxa de ajustamento de antecipação de fluxos financeiros permitida pela J... ascende a 4,41%, conforme referido no ponto 3.1.4.2 do projeto de relatório de inspeção tributária Isto é, ainda que se considerasse que o sujeito passivo tinha interesse na amortização dos financiamentos obtidos e que, para tal, tinha necessidade de antecipar o recebimento de fluxos financeiros, através da realização de vendas à J..., verifica-se que aquilo que se deixa de receber nessas vendas, mediante a prática de preços mais baixos mais que compensa várias vezes o custo de oportunidade que o sujeito passivo evita mediante a antecipação de receitas.

Contudo, é de referir que o sujeito passivo apresentou um Resultado Líquido do Exercício de 6.185.837,00 euros em 2010, isto é, não se trata de uma entidade que apresente uma situação financeira de tal modo débil que aceitasse praticar descontos superiores a 50% face aos preços praticados em relação a outras

entidades com vista à obtenção de antecipação de receitas. Aliás, as vendas realizadas à J... apenas originaram uma margem bruta de 519.696,57 euros em 2010 (=906.986,97-387.290,4), pelo que, mesmo sem essas transacções, o sujeito passivo continuaria a obter elevados lucros. A mesma conclusão obtém- se pela análise da demonstração de fluxos de caixa constante no quadro 04-C da declaração anual de informação contabilística e fiscal/IES relativa ao ano 2010, onde se verifica que a variação de caixa naquele período foi de 4,649.574 euros, muito superior as vendas realizadas com a J....

Assim sendo, atendendo a que;

- O sujeito passivo apresenta uma situação financeira extremamente sólida no ano 2010 e mesmo sem as transações realizadas com a J..., continuaria a obter elevados lucros e a gerar fluxos positivos de caixa;

- Estimou-se que a taxa de ajustamento de antecipação de fluxos financeiros permitida pela J... ascende a 4,41% em 2010;

- O destino das mercadorias vendidas à J... são as empresas EE...e FF..., as quais são não apenas clientes diretos do sujeito passivo, como são até, os seus melhores clientes, podendo afirmar-se, sem reservas, que, no caso da inexistência da J..., se encontravam garantidas grande parte das vendas de vinhos vintage à EE...e FF..., como se pode comprovar pela expedição de vinhos daquela categoria com destino a estes clientes, pese embora terem sido adquiridos pela J...;

- No entanto, apesar disso, o sujeito passivo concede descontos implícitos nas vendas realizadas com a J... superiores a 50%, tratando-se aquele cliente de entidade relacionada e situada em território com regime de tributação privilegiada, claramente mais favorável;

- Além da vantagem concedida à J... mencionada no ponto anterior, esta reserva ainda para si o potencial de valorização associado à tipologia de vinhos vintage, o qual é confirmado pelo próprio sujeito passivo no artigo constante do site oficial da C… (www.C...pt) intitulado "Comprar Vinho do Porto Como um Investimento", segundo o qual "Os vinhos do Porto Vintage

clássicos estão entre os mais procurados e com o maior potencial de envelhecimento, têm a capacidade de melhorar em garrafa por muitas décadas. Esta aptidão resistência e longevidade, significa que o seu valor tenderá a aumentar com o tempo desde que armazenados em corretas condições. Como resultado eles são muitas vezes comprados como investimento. (...) O melhor momento para comprar um Porto Vintage é logo após o seu lançamento. Durante um curto período, na fase inicial de comercialização o vinho é oferecido a um preço especial conhecido como o "preço de declaração". Esta vantagem será significativa embora seja difícil de estimar.

- Desconhece-se a prática, com outros clientes, de níveis de descontos e da transferência do potencial de valorização do produto semelhantes aos vigentes nas transações com a J....

Por outro lado, dado que os produtos vendidos à J... se destinam aos clientes EE...e FF..., o risco de incobrabilidade que o sujeito passivo refere reduzir-se com as operações realizadas à primeira entidade seria o risco existente nas operações efetuadas às últimas, as quais apresentam volumes de compras significativamente superiores às efetuadas pela J..., não tendo o sujeito passivo demonstrado a existência de quaisquer problemas de cobrança nas vendas realizadas à EE... e FF....

Por tudo o que se referiu, ficam longe de ser demonstradas as vantagens que o sujeito passivo alega nas transações com a J... e, pelo contrário, não é afastado o risco associado à possibilidade de transferência de resultados para empresas relacionadas situadas em jurisdições fiscais mais favoráveis.

Quanto à questão da metodologia seguida pela AT, o sujeito passivo começa

No documento Processo n.º 844/2014-T (páginas 52-80)