• Nenhum resultado encontrado

Quanto à presença de mata nativa e espécies vegetais imunes ao corte

4. RESTRIÇÕES LEGAIS E AMBIENTAIS PARA A ÁREA DA ARENA TRICOLOR

4.1. Aspectos Urbanísticos, Planos e Programas

4.2.1. Quanto à presença de mata nativa e espécies vegetais imunes ao corte

4.2.1.1 Código Florestal do Rio Grande do Sul: Lei nº 9.519, de 21 de janeiro de 1992

Segundo os artigos 33 e 35 da presente lei, é proibido em todo o Estado do Rio Grande do Sul, o corte das espécies nativas de Ficus sp e

Erythrina sp, além de proibir ou limitar o corte das espécies vegetais

consideradas em via de extinção, raras ou endêmicas e ameaçadas de extinção.

Na realização de levantamento expedito da Cobertura Vegetal para a área (Capítulo 3.2) foram verificados exemplares de figueiras nativas (Ficus spp) e corticeiras-do-banhado (Erythrina cristagalli), imunes ao corte, bem como exemplar de araucária (Araucaria angustifolia), totalizando 12 exemplares. A última espécie mencionada é presente na Lista das Espécies Ameaçadas da Flora do Rio Grande do Sul.

No entanto, ressalta-se que ocorrem na área outros representantes das espécies nativas de Ficus spp e Erythrina cristagalli, locados em manchas de plantio arbóreo recente (exemplares de pequeno porte), paralelas ao canal do DEP1.

Com realização de levantamentos florísticos detalhados (considerando maior destaque aos exemplares herbáceos e epítifas) podem ser encontrados outras espécies apontadas como ameaçados de extinção.

4.2.1.2 Mata Atlântica

a) delimitação do Bioma Mata Atlântica

Conforme a Lei n° 11.428 de 22 de dezembro de 2006, artigo 2°:

“Para os efeitos desta Lei, consideram-se integrantes do Bioma Mata Atlântica as seguintes formações florestais nativas e ecossistemas associados, com as respectivas delimitações estabelecidas em mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, conforme regulamento: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste”.

1 Maior detalhamento da localização destes exemplares e quantificação de representantes por espécie necessita de detalhamento topográfico.

P-0329-Tx 92 Cap 4.2 Restrições legais - Biótico 42 No que refere ao enquadramento fitogeográfico, o município de Porto Alegre localiza-se dentro da chamada “Área de Tensão Ecológica” (Figura 3.1 do Capítulo 3.2 – Meio Biótico), contato Estepe-Floresta Estacional, de acordo com IBGE (2004). Atualmente área já sofreu ações antrópicas que alteraram por completo a cobertura vegetal original, conforme apresentado no Capítulo 3.3 – Meio Antrópico.

De acordo com o enquadramento fitogeográfico referido, a área em questão está inserida no Bioma Pampa, sobre o qual não incidem as

restrições quanto à ocupação previstas pela Lei Federal 11.428/06 para o Bioma Mata Atlântica.

4.2.1.3 Vegetação clímax

São consideradas Reservas Ecológicas (Resolução CONAMA 04/85) a vegetação natural das áreas metropolitanas definidas em lei, quando esta “se encontra em clímax em estágios médios e avançados de

regeneração”.

De acordo com levantamento expedito realizado para a Cobertura Vegetal, não foi definido área(s) de vegetação

remanescente(s) ou em estágio sucessional médio ou avançado (“vegetação clímax”). Conforme capítulo 3.2 (Meio Biótico), as manchas

arbóreas são ocorrentes na gleba em função de plantio realizado, incluindo espécies nativas e exóticas, com ausência de subosque. Da mesma forma, os locais com cobertura vegetal herbácea (campo) estão presentes em áreas cultivadas para campos de futebol e jardins.

4.2.1.4 Resolução do CONAMA N° 02, de 18 de abril de 1996

Conforme o Art. 1° da respectiva Resolução:

“Para fazer face à reparação dos danos ambientais causados pela

destruição de florestas e outros ecossistemas, o licenciamento do empreendimento de relevante impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento no EIA/RIMA, terá como um dos requisitos a serem atendidos pela entidade licenciada, a implantação de uma unidade de conservação de domínio público e uso indireto, preferencialmente uma Estação Ecológica, a critério do órgão licenciador, ouvido o empreendedor”.

§ 1º Em função das características da região ou em situações

especiais, poderão ser propostos o custeio de atividades ou aquisição de bens para unidades de conservação públicas definidas na legislação, já existentes ou a serem criadas, ou a implantação de uma única unidade para atender a mais de um empreendimento na mesma área de influência.

P-0329-Tx 92 Cap 4.2 Restrições legais - Biótico 43 Assim sendo, esta Resolução implica no repasse de recursos. Conforme prevê o Art. 2º “o montante dos recursos a serem empregados na

área a ser utilizada, bem como o valor dos serviços e das obras de infra-estrutura necessárias ao cumprimento do disposto no artigo 1º, será

proporcional à alteração e ao dano ambiental a ressarcir e não poderá ser inferior a 0,50% (meio por cento) dos custos totais previstos para implantação do empreendimento”.

4.2.1.5 Presença de espécies animais ameaçadas de extinção

A Lei Federal n0 4.771/1965 (Código Florestal Federal) define as formações vegetais naturais que abrigam espécies da fauna nativa com especial interesse de preservação consideradas como de Áreas de Preservação Permanente (APP), conforme transcrito a seguir:

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

a) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

Provavelmente na área de interesse não tem a presença de animais ameaçados de extinção. Em função das alterações antrópicas realizadas (Capítulo 3.2 – Meio Biótico) não foram identificados ambientes com cobertura vegetal remanescente e/ou em estágio avançado de regeneração.

Muitas espécies da fauna nativa não são capazes de se adaptar em um ambiente radicalmente modificado e/ou isolado em regiões assim definidas, desta forma limitando o fluxo dos animais, especialmente aqueles com menor capacidade de dispersão, especialmente anfíbios, répteis e mamíferos terrestres.

Além do mais, em levantamento faunístico realizado para área que faz limite com a gleba, não foram observados a ocorrência de espécies da fauna ameaçada de extinção.

Assim sendo, é necessário a realização de inventário faunístico para a área, o qual comprovará a ausência ou definirá a presença de animais ameaçados, raros e/ou endêmicos e migratórios, através da aplicação de técnicas consagradas em campo. Neste caso, os ambientes de incidência destas espécies deverão ser diagnosticados, delimitados e preservados2.

2 A alternativa de criação de uma RPPN – Reserva do Patrimônio Natural Particular, a qual permite a posse e a responsabilidade do proprietário, permite o controle da sua conservação e administração, podendo beneficiar-se do IPTU Ecológico, conforme prevê a Legislação Municipal.

P-0329-Tx 92 Cap 4.2 Restrições legais - Biótico 44 4.2.2. Quanto à presença de Unidades de Conservação na

região

4.2.2.1. Resolução do CONAMA nº. 13, de 06 de Dezembro de 1990

Segundo a Resolução do CONAMA nº 13/1990 é previsto:

Art. 2º - Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente.

Parágrafo Único - O licenciamento a que se refere o caput deste artigo só será concedido mediante autorização do responsável pela administração da Unidade de Conservação.

A área destinada à implantação do empreendimento está localizada aproximadamente a 1,0 km da APA do Delta do Jacuí e do Parque Delta do Jacuí.

As duas unidades de conservação identificadas são descritas sucintamente a seguir.

Fonte: Google Earth

Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Jacuí

Localização: Canoas, Nova Santa

Rita, Triunfo e Eldorado do Sul

Área total: 22.826,39 hectares Criação: 2005

Administração: Estadual (DEFAP/

SEMA)

É uma unidade de conservação de

uso sustentável3, criada pela Lei

Estadual nº 12.371, em 11 de novembro de 2005.

A APA Delta do Jacuí é constituída por terras públicas e privadas, e abrange áreas dos municípios mencionados. Dentro da APA Delta do Jacuí está inserido o Parque Estadual Delta do Jacuí.

3 Uso sustentável “é a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos

recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável” (Lei nº 9.985/ 2000 – Institui o Sistema Nacional de

P-0329-Tx 92 Cap 4.2 Restrições legais - Biótico 45

(foto obtida no site www.popa.com.br)

Parque Estadual do Delta do Jacuí

Localização: Canoas, Nova Santa

Rita, Eldorado do Sul e Triunfo

Área total: 14.242,05 hectares Criação: 2005

Administração: Estadual (DEFAP/

SEMA)

O Parque Delta do Jacuí é uma unidade de conservação de

proteção integral4. Foi criado através do Decreto nº 24.385, de 14/01/1976, e

alterado pela Lei Estadual nº 12.371, em 11 de novembro de 2005.

Desta forma destaca-se que, para a execução da atividade ali pretendida, é necessária a obtenção de licença emitida pelo órgão competente, assim como a anuência (concordância) da implantação do empreendimento pelo responsável da administração da Unidade de Conservação.

4 Proteção integral “é a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas

por interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais” (Lei nº 9.985/ 2000 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de