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especiais); instalações elétricas (disjuntores desligam por sobrecarga, gambiarras com fios expostos); instalações de segurança contra incêndios (inexistente);

soluções de acessibilidade (inexistente); vigas sob o Eixão (com ferragem exposta);

jardins (servem de sanitários); forros e revestimentos (caindo em vários locais).

A avaliação técnico-funcional possibilitou constatar a influência da gestão ambiental urbana sobre a qualidade de vida dos usuários da Galeria. Considerou:

acessibilidade para cadeirantes (além da má conservação das calçadas e grelhas, faltam rampas e elevadores); inundações freqüentes; iluminação artificial (precária antigas e sem manutenção); orientação visual (inexistente); nível de utilização da Galeria por seus usuários (intenso e com perfis variados); especificidades do local (gerir relações entre lojistas e GDF; lojista é usuário que passa mais tempo na galeria; condomínios obrigatórios; e representatividade múltipla).

A influência da gestão ambiental urbana sobre a qualidade de vida dos usuários da Galeria dos Estados ficou evidente em todas as etapas do trabalho, principalmente na terceira.

A interação dos temas e o impacto da gestão sobre memória, história e patrimônio coletivo, se fizeram presentes essencialmente na segunda e terceira etapas na qual foram identificadas condições de conservação e uso do patrimônio público estudado. A temática mostrou-se complexa, de interesse público, e carente de discussão ampliada.

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

“Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar respostas para os problemas que a afligem” (Castoriadis)

Este trabalho teve por objetivo identificar as influências da gestão ambiental urbana sobre a memória, história, patrimônio e qualidade de vida das cidades, a partir da análise do caso da Galeria dos Estados, em Brasília, Distrito Federal.

Foram utilizados métodos e técnicas de Avaliação Pós-ocupação (APO) do ambiente construído, como avaliações técnico-construtivas, técnico-funcionais e comportamentais apoiadas por observações, entrevistas semi-estruturadas, e levantamento urbanístico e fotográfico.

Os estudos apresentaram um patrimônio público que tem história e memória desprezadas, como se o Poder Público não fosse obrigado por lei a colaborar com a comunidade na proteção do patrimônio cultural brasileiro, protegendo–o por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento, desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação (CFB, 1988).

O cenário descoberto pela presente pesquisa parece referir-se a um lugar desimportante, pertencente a um subúrbio pobre e remoto de uma cidade qualquer.

Beira ao escândalo perceber que corresponde efetivamente a um logradouro cujo papel é estratégico, situado na área poligonal tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no centro econômico da Capital Federal do Brasil.

Os resultados evidenciaram que a gestão da Galeria dos Estados não tem merecido atenção à altura da relevância histórica, social, política e econômica da região. O que afeta tanto a qualidade de vida dos usuários locais, quanto os direitos difusos de todos os brasileiros uma vez que resulta na perda da memória e da história de tão importante patrimônio coletivo situado no centro da capital federal do Brasil.

Entendemos que a continuidade dos trabalhos de APO pode trazer resultados positivos na ampliação do diagnóstico realizado e na elaboração de propostas de intervenção planejada, respeitando as diversas áreas do conhecimento

envolvidas com a gestão ambiental urbana, notadamente de tão importante patrimônio público.

Igualmente recomendamos o aprimoramento das relações Governo-sociedade, como forma de efetivar as previsões do Estatuto da Cidade que, regulamentando os artigos 182 e 183 da Constituição Federal Brasileira, garante o direito ao uso democrático e sustentável do meio ambiente urbano.

Sugerimos ainda que esforços coletivos: dos usuários locais, do meio político e acadêmicos sejam promovidos para superar as limitações encontradas por este estudo. É preciso e é possível construir políticas no sentido de incentivar a participação popular, e de promover a melhoria da qualidade de vida da população urbana.

Afinal, se governos são provisórios não se pode permitir que o descaso de agentes políticos atentos prioritariamente a suas trajetórias pessoais destrua memória, história, patrimônio e qualidade de vida de uma sociedade consciente de seu papel e de seus direitos, como titulares de um Estado permanente.

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ANEXOS

Anexo A –

Laudo de atendimento médico de emergência feito pela SAMU a cidadão de 84 anos acidentado em grelha solta na passagem entre os trechos SBS e Central da Galeria dos Estados.

Anexo B – Documento mais antigo cadastrado no sítio do TCDF: em 1989 a solução para regularização da Galeria surge da Decisão no 1.633/89, cujo cumprimento não se manteve ao longo do tempo.

Anexo C – Documento mais recente cadastrado no sítio do TCDF sobre a regularização da Galeria: o cumprimento da Decisão no 1.633/89 ao longo do tempo poderia evitar a pendência histórica.

Anexo D – Comprovante de representatividade da ACLUG para o GDF pág.1/5

Anexo D – Comprovante de representatividade da ACLUG para o GDF pág.2/5

Anexo D – Comprovante de representatividade da ACLUG para o GDF pág.3/5

Anexo D – Comprovante de representatividade da ACLUG para o GDF pág.4/5

Anexo D – Comprovante de representatividade da ACLUG para o GDF pág.5/5

Anexo E – Evidências do descaso em termos de acessibilidade.

Anexo F – Decreto 10.829/1987 editado após estudo Brasília Revisitada de Lúcio Costa (página 1 de 2).

Anexo F – Decreto 10.829/1987 editado após estudo Brasília Revisitada de Lúcio Costa (página 2 de 2).

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