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SUPER-HERÓIS DA EBAL, ANOS 60 E

QUARTETO FANTÁSTICO: HERÓIS PÚBLICOS

A equipe de super-heróis O Quarteto Fantástico, lançada em 1961, nos EUA, por Stan Lee e Jack Kirby, é responsável pelo início do “Universo Marvel”.

No Brasil, porém, o título não integrou a promoção dos “Super- Heróis Shell” da EBAL, de 1967.

Somente em 1969 o Quarteto Fantástico inicia suas aventuras no Brasil, primeiramente na revista de O Demolidor, ganhando publicação própria em janeiro de 1970 (sob o título Estréia).

A demora deveu-se ao fato do Quarteto Fantástico não fazer parte da primeira série de desenhos animados da Marvel.

E quando iniciou as aventuras do grupo no Brasil, em histórias complementares na revista O Demolidor, a editora optou por publicar o material desde o início. A revista do Quarteto não teve longa vida, sendo editada pela EBAL até o número 21 (de novembro/dezembro de 1971).

Mesmo assim, a EBAL publicou algumas dezenas de histórias que integram justamente os 102 números iniciais do título

Fantastic Four nos Estados Unidos, fase da revista considerada

um dos mais significativos trabalhos da parceria San Lee e Jack Kirby.

“Essas 102 revistas constituem uma obra única, singular, seminal, na história dos comic books”, diz o artista Michael Allred numa entrevista à revista norte-americana Wizard 33(1999, p.84. tradução livre).

O Quarteto Fantástico é uma equipe constituída quase que como uma família. Além disso, o grupo tem como característica

singular não esconder as identidades reais de seus membros da sociedade. São os primeiros super-heróis públicos (o que, observado numa perspectiva histórica, representa de alguma maneira as mudanças de comportamento das pessoas diante dos novos meios de comunicação do século 20).

O grupo não vive em uma cidade imaginária, como Metrópolis, de

Superman, e Gothan City, de Batman. Seu quartel-general está

localizado, isto sim, no centro de Nova York, em meio à conhecida paisagem de arranha-céus da megalópole dos EUA. O edifício, constantemente, é cercado pelos fãs. De certa maneira, eles são ídolos pop da juventude dos anos 60, tal como aconteceria ao longo da década com outro quarteto, este de Liverpool, The Beatles.

São características inéditas até então para o gênero dos super-heróis das HQs. Seus antecessores, os mais famosos, como

Superman e Batman, tinham como mandamento a regra de que os

super-heróis deveriam permanecer anônimos. O ocultamento da identidade real do personagem justificava-se, em suas narrativas, por motivos de segurança - o que também pode ser associado à idéia básica que norteou a criação dos primeiros super-heróis, a noção de que o “bem” não apenas deve ser praticado, mas deve sê-lo feito de maneira gratuita, desinteressada, portanto anônima.

Particularmente, O Quarteto Fantástico marca a mudança da representação dos super-heróis, antes personagens que faziam o bem de maneira anônima, escondida sob uma identidade secreta, para sua apresentação como figuras públicas, reconhecidos como “celebridades” de um mundo em que é cada vez maior o impacto da mídia e das novas tecnologias tecnologia no cotidiano da sociedade urbana.

Como “celebridades”, tornam-se alvo de exploradores, e conhecem a gangorra da exploração da mídia pelo sucesso e fracasso dos nomes que fascinam o grande público, além de enfrentarem problemas muito próximos da realidade.

Reed Richards é o Senhor Fantástico, o qual tem o poder de

esticar seu corpo a limites desconhecidos; Sue Storm, sua esposa, a Mulher Invisíve; seu irmão, Jonny Storm,o Tocha

Humana – numa versão para o personagem dos anos 40, um

andróide que entreva em chamas. Completa a equipe Ben Grimm (o

Coisa, um ser de grande força mas disforme, assustador, talvez

o personagem mais complexo do grupo, por seu drama pessoal).

Para Bradford W. Wright, em Comic Book Nation – The

Transformation of Youth Culture in América: “Jamais um comic book havia apresentado a idéia de que possuir o poder de um

super-herói significaria alienar-se da espécie humana” (WRIGHT. 2005, tradução livre).

Outro problema que interfere nas tramas da equipe está o fato de que de que combater o crime (ou ainda “ameaças cósmicas”) exige enormes quantias de dinheiro.

Em uma de suas histórias publicadas pela EBAL, o Quarteto

Fantástico da EBAL encontra-se sem condições de pagar o

aluguel do edifício onde está instalada sua base. A solução para evitar o despejo é aceitar um convite para filmar em Hollywood. Conflitos superados durante a produção, a fita torna-se sucesso de público e crítica (como é apresentado em ilustração a seguir).

Em 1972, a EBAL perde os direitos do Quarteto Fantástico para a GEA (Grupo de Editores Associados). Trata-se de uma pequena editora paulista que lança apenas três edições do grupo, além de mais algumas edições estreladas por outros personagens

Marvel: O Homem de Ferro, Namor e Demolidor. Os títulos da GEA são impressos em papel jornal colorido e capas bastante semelhantes aos originais comic books.

Em 1973, o Quarteto Fantástico volta para a EBAL. Agora,

complementando a revista O Homem-Aranha (a mais popular dos super-heróis Marvel da EBAL), que passa a ter 64 páginas (números das edições).

Será no título do Homem-Aranha que o Quarteto Fantástico terá publicada no Brasil uma série de aventuras consideradas, atualmente, o ápice criativo da dupla Jack Kirby e Stan Lee à frente do grupo. Muitos leitores apontam a saga em que o Quarteto Fantástico enfrenta o devorador de Mundos Galactus, e seu arauto, o Surfista Prateado, como o momento maior das histórias do grupo. A saga foi publicada pela EBAL em O Homem-

Aranha 63, de 1974 (cerca de oito anos depois de seu

lançamento nos EUA). A última aventura do Quarteto pela EBAL saiu em O Homem-Aranha 69, de dezembro de 1974.