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3 ADOÇÃO DE CRIANÇAS NO BRASIL:CONTEXTUALIZAÇÃO E

3.2 Quem pode adotar

De acordo com a lei nº 8.069/90, e o Código Civil de 2002 e orientações que constam no site do CNJ (2017) e CNA (2017) podem adotar:

1. As pessoas maiores de dezoito anos, independentemente de seu estado civil, contanto que o adotante seja dezesseis anos mais velho que o adotado. As pessoas que são casadas ou que vivem juntas podem adotar em conjunto, desde que uma delas seja maior de 18 anos e comprove união estável.

2. Pessoas divorciadas ou separadas judicialmente podem adotar em conjunto, desde que o estágio de convivência com o adotado tenha sido iniciado na constância da união conjugal e que ambos estejam de acordo quanto à guarda da criança e às visitas.

3. Para os estrangeiros que não residem no País e desejam adotar uma criança ou adolescente, é necessário que possuam um Laudo de Habilitação da Comissão Estadual Judiciária de Adoção do Estado em que desejam ser inscritos. Esse laudo é expedido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional para instrução do processo judicial de adoção, após o exame de aptidão e capacidade do pretendente e verificação de que a validade jurídica da adoção seja assegurada pelo país de origem do interessado, resguardados os direitos do adotando, segundo a legislação brasileira.

Ainda considerando a lei nº 8.069/90, e o Código Civil de 2002 e orientações que constam no site do CNJ (2017) e CNA (2017):

a) A adoção é possível para criança e/ou adolescente com, no máximo, dezoito anos à data do pedido de adoção, exceto se já estiver sob a guarda ou a tutela dos adotantes. As pessoas acima de dezoito anos podem ser adotadas, mas seus direitos não serão tão amplos quanto aqueles concedidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

1 Disponível em:<http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/cadastro-nacional-de-adocao-cna/passo-a- passo-da-adocao.>. Acesso em 15 maio 2017.

b) Os adolescentes maiores de doze anos devem, obrigatoriamente, dar consentimento para serem adotados. O filho adotivo tem garantidos os mesmos direitos e deveres de um filho natural, como foi anteriormente exposto, e, com isso, lhe é vedado qualquer tipo de vínculo jurídico com os pais e parentes biológicos, salvo os impedimentos matrimoniais para que se evitem os casamentos entre irmãos ou de filhos com pais.

c) Existem formas diversas de se concretizar uma adoção, como, por exemplo, a adoção com prévio cadastramento dos adotantes, incluindo a adoção internacional, através de todos os trâmites legais, a adoção unilateral, quando um dos cônjuges ou conviventes adota o filho do outro, a adoção com adesão expressa dos genitores, a adoção cumulada com decretação de perda do poder familiar e a adoção post-mortem, quando o pretendente falece durante o processo de adoção. Vale salientar que são esses os tipos de adoções legais que podem ocorrer. No Brasil, é comum também a “adoção à brasileira”, como é conhecida. Esta ocorre quando não é realizado o processo legal de adoção, e a pessoa que pretende adotar registra em cartório um filho que não é seu, mas assume-o como tal, contudo isto constitui prática criminosa.

d) Não podem adotar os parentes ascendentes do adotante, como avós e bisavós, e nem os parentes descendentes, como filhos, netos e irmãos. Contudo, tios e primos podem fazê-lo. Salienta-se que a adoção por casais homoafetivos ainda não está estabelecida em lei, mas alguns juízes já deram decisões favoráveis.

3.2.1 Procedimento para adoção no Brasil

De acordo com o CNJ (2107)2 aqueles que desejam adotar uma criança/adolescente

deve seguir os procedimentos descritos abaixo:

1. O interessado em adotar deve procurar a Vara de Infância e Juventude do município onde reside. Levar os seguintes documentos: identidade; CPF;

2 Disponível em:<http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/cadastro-nacional-de-adocao-cna/passo-a- passo-da-adocao.>. Acesso em 15 maio 2017.

certidão de casamento ou nascimento; comprovante de residência; comprovante de rendimentos ou declaração equivalente; atestado ou declaração médica de sanidade física e mental; certidões cível e criminal.

2. É preciso fazer uma petição preparada por um defensor público ou advogado particular para iniciar o processo de inscrição para adoção (no cartório da Vara de Infância do município). Após aprovação, o nome do pretendente à adotante será habilitado a constar dos cadastros local e nacional de pretendentes à adoção.

3. É preciso fazer um curso obrigatório de preparação psicossocial e jurídica para adoção. Comprovada a participação no curso, o candidato é submetido à avaliação psicossocial com entrevistas e visita domiciliar feitas pela equipe técnica interprofissional. Algumas comarcas avaliam também a situação socioeconômica e psicoemocional dos futuros pais adotivos. O resultado dessa avaliação é encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara de Infância.

4. Durante a entrevista técnica, o pretendente descreverá o perfil da criança desejada. É possível escolher o sexo, a faixa etária, o estado de saúde, os irmãos etc. Quando a criança tem irmãos, a lei prevê que o grupo não seja separado.

5. A partir do laudo da equipe técnica da Vara e do parecer emitido pelo Ministério Público, o juiz dará a sentença. Com o pedido acolhido, o nome do adotante será inserido nos cadastros e tem validade de dois anos em território nacional.

6. Após aprovação, o(s) futuro(s) pai(s) adotivo(s) constará automaticamente na fila de adoção do estado no qual realizou os procedimentos acima. É necessário aguardar até surgir uma criança com perfil compatível com o perfil fixado pelo pretendente durante a entrevista técnica, observada a cronologia da habilitação. Caso a pessoa não seja aprovada, é possível conhecer os motivos de sua reprovação que podem ser: estilo de vida incompatível com

criação de uma criança ou razões equivocadas (para aplacar a solidão; para superar a perda de um ente querido; superar crise conjugal etc.). Contudo, é possível se adequar e iniciar o processo novamente.

7. A Vara de Infância avisa ao futuro adotante sobre a existência de uma criança com o perfil compatível ao que foi indicado. Posteriormente, o histórico de vida da criança é apresentado ao adotante; se houver interesse, ambos são apresentados. A criança será entrevistada após o encontro e dirá se deseja, ou não, continuar o processo. Durante esse estágio de convivência monitorado pela Justiça e pela equipe técnica, é permitido visitar o abrigo onde ela mora; dar pequenos passeios para que ambos se aproximem e se conheçam melhor. Não é permitido visitar um abrigo e escolher entre aquelas crianças o seu filho. Essa prática já não é mais utilizada para evitar que as crianças se sintam tratadas como objetos em exposição, e a maioria delas não está disponível para adoção.

8. Se o relacionamento correr bem, a criança é liberada e o pretendente ajuizará a ação de adoção. Ao entrar com o processo, o pretendente receberá a guarda provisória, que terá validade até a conclusão do processo. Nesse momento, a criança passa a morar com a família. A equipe técnica continua fazendo visitas periódicas e apresentará uma avaliação conclusiva.

9. O juiz profere a sentença de adoção e determina a lavratura do novo registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Existe a possibilidade de trocar o primeiro nome da criança. Nesse momento, a criança passa a ter todos os direitos de um filho biológico.