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Ilustração 13 – Respostas de quem poderia dar suporte por questões ergonômicas na hora da compra.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de pesquisa de campo.

Relacionando as respostas sobre problemas nas compras e sobre a necessidade de ajuda, junto ao tipo de cuidado, foi construída a tabela 19.

Sim Nao Sem R. Sim Nao Sem R. Delegado 5 3 1 1 3 0 2 Ausent e 5 0 3 2 1 0 4 Implícit o 13 4 6 3 8 0 5 Present e 16 6 0 10 15 0 1 Proat ivo 7 0 7 0 0 4 3 46 13 17 16 27 4 15

Teve problem as? Ajuda ext erna?

Cuidado ergonomico sobre as compras

Tabela 19 – Relação entre tipo de cuidado ergonômico, presença de problemas sobre a saúde do trabalhador e necessidade de ajuda externa na hora da compra de equipamentos.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de pesquisa de campo.

Os que não têm cuidado em geral nunca tiveram problemas com compras inadequadas. Partindo de tal situação, eles não se questionam sobre temática nem sobre a necessidade de uma ajuda externa para melhorar as próprias compras. Os gestores com cuidado presente, por outro, lado já tiveram problemas, o que os levou a se interessarem pela temática ativamente e a perceber que seria uma coisa melhor resolvida com uma ajuda externa. Enquanto os entrevistados com cuidado implícito se encontram entre as duas posições antecedentemente descritas, quem tem cuidado proativo nunca teve problemas. Estes últimos antecipam as problemáticas e escolhem cuidadosamente as compras com sucesso, não precisando assim de uma ajuda externa.

Problemas ligados ao conforto na compra de equipamentos

A entrevista aprofundou-se sobre esta temática tentando localizar as raízes de tal problema sob o olhar de quem está presente nas áreas e conhece diretamente os problemas. Durante as verbalizações dos entrevistados surgiram muitos pareceres sobre o motivo de uma limitação geral em considerar aspectos ergonômicos durante as compras. Foram levantadas 11 macro-motivações (ilustração 14):

- Falta de conhecimento ergonômico: embora haja preocupação, boa parte dos gestores acredita não ter competência o bastante em escolher o equipamento mais adequado, não conseguindo adicionar esta atenção no processo de compra. Durante as entrevistas os gestores reconhecem sua maior habilidade, domínio técnico, e científico em analisar equipamentos relacionados ao âmbito da sua

atuação, e este lado muitas vezes é prioritário, (ou mesmo o único) a ser considerado.

A falta de conhecimento ergonômico é a principal causa de uma porcentagem tão alta de gestores que gostariam ser auxiliados por um profissional externo nas questões ergonômicas.

- Especificações: Existe uma dificuldade generalizada em traduzir as próprias necessidades ergonômicas em especificações (anexo F, falas 19). Saber especificar o produto requerido e com bom nível de detalhe é indispensável ao sucesso da compra. São tais especificações que se não atendidas desqualificam do processo licitatório, eventuais propostas com materiais inadequados. Este problema é estreitamente ligado ao problema descrito antecedentemente de falta de conhecimento em matéria ergonômica: sem noções adequadas é impossível a especificação em um nível apropriado.

Nas entrevistas não existem queixas sobre o trabalho do setor das Compras neste aspecto: todos reconhecem como as especificações dadas sempre foram respeitadas durante a compra.

Um dos problemas levantados sobre a licitação de material e equipamentos de largo consumo é que as compras são agregadas por diversos setores, podendo acontecer que quem faz pedidos e solicitações nem sempre é quem utiliza o material ou equipamento.

- Aspecto cultural: Alguns gestores do HU-USP afirmam que uma das causas da baixa consideração dos aspectos de melhoria deve-se ao aspecto cultural, aonde não existe muita iniciativa em buscar soluções (anexo F, falas 20), nem um cuidado estruturado da organização em compras focalizadas no funcionário.

- Testes não suficientes: Antes da compra os materiais e os equipamentos são testados, sendo que aqueles avaliados positivamente são efetivamente pedidos. Este cuidado nem sempre leva a resultados positivos: pode acontecer que no uso sucessivo se perceba algum defeito ou inconformidade, então material não é mais usado. Muitas chefias utilizam esta fase para testar e embutir a avaliação ergonômica à compra, mas este tempo pode não ser suficiente (anexo F, falas 21). - Demora da compra e prioridades: O processo de licitação é considerado pela a maioria dos entrevistados como demorado. Isso, em princípio, não é visto

negativamente; todos concordam que o tempo atual é efetivamente o necessário e justo, considerando como a licitação acrescenta muitos procedimentos não presentes, por exemplo, numa empresa particular. Um dos chefes com cuidado proativo descreve esta demora positivamente: “Demora porque esta tendo muito cuidado. Quando tenho urgência chegam”. O aspecto negativo é que tanta demora leva as pessoas a serem mais imediatistas. Um exemplo significativo pode ser encontrado na fala 22 no anexo F.

As prioridades de compras, definidas pelo grupo de investimentos, causam também problemas. Mesmo existindo um plano quadrienal, a prioridade de compra de determinados equipamentos pode mudar anualmente. Sobretudo em áreas menos consideradas, as quais não envolvem problemas específicos sobre a saúde dos pacientes, vêem as próprias compras sendo postergadas ano a ano, desmotivando e obrigando a soluções mais imediatas e não ótimas.

- Obstáculos no processo de compra: O processo de compra compreende muitos passos, e isso complica ulteriormente a situação para quem quer adquirir produtos prevendo as necessidades ergonômicas Um exemplo levantado é a necessidade de passar a “Requisição de compra” para o NUGEM. Este órgão pode reprovar pedidos simplesmente partindo do formulário, o qual nem sempre reporta a total realidade. Muitos atores do processo não compreendem as necessidades, mesmo ergonômicas, dos setores, e as requisições podem parar.

- População média: Em uma entrevista foi explicado como durante a compra não são consideradas as particularidades de cada posto de trabalho, mas é vista apenas a média da população do hospital. Disso deriva o fato que normalmente a compra prioriza a aquisição de equipamentos para a população média, que nem sempre cuida das particularidades físicas de algumas pessoas, com uma estatura física, por exemplo, extremamente baixa ou alta.

- Mercado: Foi afirmado que as especificações do mercado nem sempre não atendem as necessidades, mas existe também a crença de alguns que as opções no mercado são limitadas (anexo F, falas 23). Além disso, podem existir empresas que produzem produtos com ótimos parâmetros ergonômicos, mas que não entram no processo de licitação porque este é muito complexo e não vantajoso para elas.

- Falta de tempo: Existe a dificuldade por parte de alguns gestores em sair da própria rotina de trabalho para observar os detalhes e buscar no mercado equipamentos que permitam solucionar as dificuldades ergonômicas.

- Externo ao processo de compra: Existem compras inviáveis por alguma variável externa (como exemplo, a necessidade de realizar antecedentemente uma reforma do lugar de trabalho) ou compras que seriam ótimas na teoria, mas que precisam ser readaptadas por forças maiores, e que na prática não resolvem problemas ligados ao conforto (por exemplo, se num serviço assistencial subestimado torna-se necessário transformar ótimas macas em leitos)

- Econômico: Alguns entrevistados acreditam que existem dificuldades de verba e que o equipamento ergonomicamente melhor é o mais caro, inviabilizando então a sua compra. A limitação econômica leva à reutilização de alg uns equipamentos, sobretudo de escritório (mesas e cadeiras) e informáticos. Os últimos, em particular, são um problema por serem recursos que muitas vezes chegam nas áreas de destino já ineficientes.

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