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As colunas, além de todas características descritas anteriormente, precisam integrar veículos de comunicação reconhecidos no território que cobrem. No caso em análise no trabalho, os jornais que detêm as colunas são O Popular, onde Giro é publicada, e Diário da Manhã, que publica Fio Direto. Ambos são, respectivamente, os jornais diários – publicados nos sete dias da semana - de maior circulação na capital e com mais tempo de existência e funcionam como base da imprensa diária goiana. Atualmente há mais dois jornais diários na cidade, Jornal Daqui, em formato tablóide e de viés popular, e Hoje, em formato normal e com 12 páginas de notícias. Ambos têm menos de três anos. A importância de Giro e Fio Direto as transformam nos espaços de maior visibilidade dos jornais diários sobre a campanha eleitoral de 2008 para a Prefeitura de Goiânia.

3.1. Tradição e credibilidade: espaços de análise no contexto local

O Popular é o mais tradicional dos jornais. Foi fundado em 1938 pelos irmãos Joaquim Câmara Filho e Vicente Rebouças Câmara. Na época era quinzenal e tinha tiragem de 3 mil exemplares. Em 1944 o jornal passou a ser diário. É considerado na empresa que o edita, a Organização Jaime Câmara, o carro-chefe do grupo, por ter sido o primeiro veículo de comunicação do conglomerado. Tem a maior circulação do estado – 40 mil exemplares em dias de semana e 60 mil nos finais de semana - e domina o mercado de jornais impressos de Goiás e de Goiânia.

O Diário da Manhã foi fundado em 1984 por Fábio Nasser Custódio dos Santos, filho do atual editor-geral e dono, Batista Custódio. A data de fundação é, em verdade, de refundação do jornal, que faliu anteriormente e permaneceu aproximadamente um ano fechado. O Diário da Manhã tem circulação aproximada de 15 mil exemplares e é considerado o segundo jornal mais importante do estado em face disso e de, depois de O Popular, ser o diário mais antigo da capital.

Ambas as empresas exercitam, em maior ou menor escala, de acordo com o momento político, a influência que jornais tradicionalmente exercem na sociedade. Funcionam como

porta-voz de problemas sociais e espaço para pressão política em Goiás, e em Goiânia, capital do Estado e cidade que abriga ambos jornais.

As colunas Giro, de O Popular, e Fio Direto, do Diário da Manhã, têm tamanhos fixos. As páginas em que são publicadas variam, mas, até a campanha eleitoral de 2006, era sempre no primeiro caderno, o mais valorizado dos jornais.

A coluna Giro, de O Popular, sempre é impressa em página impar, considerada mais importante por ser a primeira a ser vista pelo leitor. Tem média de 21 notas, podendo variar conforme o tamanho de cada uma. Das notas, uma é sempre maior, a principal do dia. Outra tem charge da fonte que responde a uma pergunta. Esta nota fica no canto superior direito. Abaixo, na última coluna, há nota com foto e destaque, que pode ser considerada a terceira em termos de destaque. A maioria da coluna é formada por notas de cinco linhas, sem imagem. São 12 delas, em média. Uma seção chamada “Arremate” possui notas em fonte menor, e, conseqüentemente, com menor destaque. São, em média, seis dessas notinhas.

O nome e foto do colunista Jarbas Rodrigues Jr. aparece abaixo do nome da coluna, no canto superior esquerdo. Jarbas, antes de assumir o espaço, em 2003, era repórter da editoria de Economia do jornal. Antes de O Popular, trabalhou no Diário da Manhã.

A coluna Fio Direto tem espaço pouco maior que Giro. São em média 24 notas. A principal, composta por uma charge da pessoa que é fonte ou assunto em questão. Acima, ao lado do nome da coluna, da foto e nome do colunista, que ficam no canto superior esquerdo, localiza-se uma nota com foto, que pode ser considerado terceiro destaque da coluna. Outra nota, abaixo de metade da principal, tem foto recortada de fonte ou pessoa da qual se fala e é dividida em tópicos que fazem parte do mesmo assunto. A maioria das notas tem, média de seis linhas e são sem imagem. Na Linha Cruzada, espaço equivalente ao Arremate de Giro, aparece média de oito notinhas com fonte menor.

Fio direto passou por modificação durante a campanha. A nota de terceiro destaque passou a integrar a última coluna. Onde ela ficava aparecem três notinhas em fonte menor, com três linhas cada. As demais alterações não modificaram a disposição de conteúdo na coluna.

O titular, Ivan Mendonça, trabalhou no jornal no início da década de 1980, antes da empresa ser fechada. Na primeira metade da década de 2000 a coluna Fio Direto não era publica. Mendonça assinava o Giro, em O Popular, de onde saiu em 2003. O Fio Direto passou a ser publicado no jornal semanário Tribuna do Planalto. Em 2004 Mendonça retornou ao Diário da Manhã e passou a assinar a coluna, publicada desde então.

Ambos jornalistas folgam aos domingos. Por isso, nas segundas-feiras, as colunas são assinadas por folguistas. No O Popular quem assume a confecção de Giro é Carlos Eduardo Reche, repórter de Política e atualmente editor-assistente. Reche também trabalhou na editoria de política do Diário da Manhã, na primeira metade da década de 2000. A coluna Fio Direto passa a ser assinada por Gean Carlo Carvalho, jornalista e proprietário do instituto de pesquisa de opinião Fortiori. Gean foi secretário de comunicação na gestão do ex-governador de Goiás Maguito Vilela (1995-1997).

Todos os colunistas, entre titulares e folguistas, são profissionais destacados em suas áreas de atuação e, naturalmente, conhecem pessoalmente diversas fontes de notícias, entre os quais os próprios atores políticos.

3.2. A campanha 2008 e os candidatos à Prefeitura de Goiânia Iris Rezende e Sandes Jr.

As campanhas eleitorais são os momentos de maior destaque no jornalismo político, do qual é composto maioria do conteúdo das colunas Fio Direto e Giro. O Brasil tem campanhas eleitorais, em função das eleições, de dois em dois anos. A disputa de 2008 decidiu quem seria eleito prefeito e vereador dos municípios brasileiros.

Goiânia, capital de Goiás, tem 791.661 eleitores. Esse universo de pessoas elegeu o prefeito do município, com aproximadamente 1,2 milhão de habitantes. A disputa eleitoral na cidade envolveu quatro candidatos: Iris Rezende, do PMDB, tentou a reeleição no cargo de prefeito, Geovani Felipe, do PPS, concorreu pela primeira vez, Martiniano Cavalcante, do PSol, representou a esquerda na disputa o deputado federal Sandes Jr, do PP, foi o principal candidato de oposição.

Iris e Sandes foram os mais bem colocados nas pesquisas de opinião. O prefeito tinha média de 60% de intenção de voto, de acordo com levantamentos publicados em O Popular e Diário da Manhã. Sandes variava de 12% a 15%, dependendo do instituto de pesquisa e do período de campanha. Os demais candidatos não passaram de 5% e tinham pouca inserção nas colunas políticas.

Iris Rezende Machado, 74 anos durante a campanha, é o mais velho e detem o maior histórico político entre os candidatos. Nasceu em 1933, em Cristianópolis, interior de Goiás. Mudou-se com a família para Goiânia ainda criança. Morava em Campinas, onde começou a militância que o levaria para a vida política.

Foi presidente do grêmio estudantil do colégio Liceu de Goiânia, onde estudou, Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Goiânia. Em 1958 foi eleito o vereador mais bem votado da cidade e em seguida presidente da Câmara Municipal. De lá elegeu-se deputado e em seguida, em 1963, prefeito de Goiânia pela primeira vez. Foi cassado pelos governos militares. Em 1983 retornou a vida pública como governador de Goiás. Elegeu-se novamente para o cargo na campanha de 1989. Em 1994 disputou e ganhou vaga no Senado Federal, onde ficou até 2002. Em 1998 perdeu uma eleição para o Governo de Goiás e em 2002 perdeu a reeleição ao Senado. Votou a vencer uma disputa em 2004, quando foi eleito pela segunda vez prefeito de Goiânia.

João Sandes Júnior, 49 anos, não tem tanta experiência quanto Iris, mas não é novato em política. Advogado e radialista, fez carreira e conseguiu votos por meio do rádio, onde comanda programas populares. Elegeu-se para os seguintes mandatos em sua carreira política. Vereador em Goiânia de 1989-1990, deputado estadual de Goiás de 1991 a 2002 (três mandatos) e é deputado federal desde 2003.

Sandes, atualmente filiado ao mesmo partido do governador Alcides Rodrigues, o PP, já pertenceu também aos quadros do PMDB, partido comandado por Iris em Goiás. Na campanha de 2008 o pepista tentou pela terceira vez se eleger prefeito de Goiânia. A primeira foi em 1992. A segunda, em 2004, quando perdeu para o adversário na disputa de 2008.

Já foi dito que os colunistas têm, geralmente, reconhecida capacidade de análise devido à experiência e as variadas fontes. A autonomia que têm, por ocuparem espaço identificado no jornal, atrai ainda mais os atores político, seus aliados e adversários para usarem o espaço das colunas como meio de difusão e possível modificação dos personagens das colunas e de seus ethos. A análise que se segue procura identificar tais publicações e mudanças.

4. IDENTIFICANDO TERMOS DE ANÁLISE: METODOLOGIAS

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