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Quem são os mediadores culturais que atuaram no CCBNB/Cariri?

Para melhor compreender as ações de mediação no CCBNB/Cariri, foi preciso fazer algumas escolhas como a referente ao período em que ocorreu o desenvolvimento das atividades de mediação que são descritas e analisadas neste trabalho. Foi definido o período de 2009 para relatar esta experiência mais detalhadamente, pois segundo o professor Fábio José Rodrigues da Costa (2011), foi neste período que houve a contratação da Híbrido Produções e, em consequência disto, “o número de visitas das escolas aumentou, os mediadores tinham uma agenda diária”. Esta informação é corroborada por Lênin Falcão (2011), quando afirma que

houve um crescente na visitação dos espaços, principalmente nos espaços de artes visuais, dos salões de exposição, [...] a mediação também chegou num momento desse crescente. Ela veio a somar. Houve um ápice em 2009 de números de visitantes nos salões de exposições.

Foi no período de 2009 em que, pode-se dizer, realmente houve um planejamento e uma sistematização dessas atividades, assim como a contratação de pessoas especializadas na área. Esta escolha foi feita para que pudéssemos fazer uma análise do processo ensino/aprendizagem em arte, que vem construindo sua história na região do Cariri cearense, focando nas práticas educativas da mediação cultural desenvolvidas no CCBNB/Cariri.

Definiram-se também quais os mediadores que seriam entrevistados, mediante um diálogo com a coordenação da Híbrido Produções para saber quem são estes mediadores que atuaram no CCBNB/Cariri em 2009.

Fez-se a escolha por um grupo de cinco mediadores, sendo um do sexo feminino e quatro do sexo masculino, com idades entre 20 e 35 anos. No processo de transcrição das falas, foi definida uma cor para cada um dos mediadores, o que facilitou a visualização dos textos na hora da análise. Desta forma, optamos por seguir esta identificação, determinando nomes de cores para os mediadores; são eles: Azul, Verde, Lilás, Rosa e Branco. Esta escolha também funcionou para preservar suas identidades.

Entre os mediadores escolhidos, apenas Lilás possui formação superior completa, em Licenciatura em Pedagogia e especialização em Arte/Educação. No período das suas

atividades com mediação, atuava no ensino básico na prefeitura municipal de Crato como professor de Língua Portuguesa e Artes. Verde, Azul e Branco estão cursando Licenciatura em Artes Visuais e Rosa cursa Licenciatura em Teatro no Centro de Artes da URCA. Estes quatro mediadores iniciaram seus cursos de licenciatura em 2008 e fazem parte da primeira turma dos cursos de graduação que frequentam.

Durante as entrevistas, os quatro estudantes da graduação relataram ter participado da disciplina optativa “Mediação Cultural”, oferecida pela URCA e ministrada pelo professor Fábio da Costa, no ano de 2009. Segundo eles, esta disciplina foi propulsora de sua inserção nas atividades de mediação cultural no CCBNB/Cariri. Eles ainda descrevem que, a partir desta disciplina, tiveram aproximação com o universo artístico e com contextos do ensino de arte não-formal, motivando novos olhares para a arte e para o ensino de arte.

Verde ressalta que, durante sua formação na graduação, além dessa aproximação com o universo artístico, a disciplina “Mediação Cultural” ampliou o conhecimento em relação aos espaços onde acontece a mediação, contribuindo também para a construção dos diálogos com o público visitante. Para Verde (2001), o aprendizado proporcionou um melhor entendimento “do processo da montagem de exposições, desde a sua concepção até a sua desmontagem, compreendendo o desenho cênico do ambiente expositivo e a importância de cada elemento, que constituem e interferem na leitura da obra exposta”. Conforme se observa nos depoimentos, foi fundamental a contribuição da disciplina “Mediação Cultural” para a aproximação dos alunos com o Centro Cultural, e para oportunizar a vivência de uma experiência com caráter de estágio, essencial para um curso de formação em licenciatura.

Lilás foi o único que não participou das aulas de “Mediação Cultural”, pois não cursava a graduação em artes visuais. Sua aproximação com a mediação cultural ocorreu com sua participação nos Encontros com Educadores realizados durante as exposições entre os anos de 2007 e 2008. Após os encontros, agendava as visitas com seus alunos junto ao Centro Cultural. Relata-nos que atuava como um professor mediador, provocando o contato dos educandos com os conteúdos expressos nas exposições. A propósito, Lilás (2011) deu o seguinte depoimento:

Tinha conhecimento que o Centro Cultural na cidade de Juazeiro do Norte oferecia um ônibus gratuito que pegava os estudantes na escola e levava até a instituição e, nessa dinâmica, comecei a levar meus alunos, só que não compreendia como é que a mediação acontecia, achava que o mediador era a pessoa que ficava na exposição e eu ficava só assistindo, mas a concepção foi tomando outras formas e outras dinâmicas. Se eu quero que meu aluno leia imagens, experimente, exercite seu poder de compreender o universo

imagético, eu também tenho que fazê-lo. Acabei participando do Encontro com Educadores. Nesse processo vi que a mediação trazia benefícios tanto para sala de aula, quanto para o meu processo de compreender e experimentar arte.

Neste período, no CCBNB/Cariri ainda não havia o profissional mediador que ficava na sala acompanhando as visitações. Era no Encontro com Educadores, coordenado pelo professor Fábio da Costa, que os professores recebiam um suporte teórico-prático para desenvolver as atividades com seus alunos. Segundo Lilás (2011), o Encontro com Educadores “era uma ferramenta de compreensão dos processos desde a concepção, montagem, curadoria e mediação cultural de exposições temporárias promovidas pelo Centro”.

Da exposição Entre Telhas, especificamente, em que Josely Carvalho montou uma instalação com seis mil telhas de barro, é interessante ressaltar o processo de aprendizagem dos alunos, pois sendo estes oleiros ou filhos de oleiros, tinham conhecimento do manuseio do barro e da confecção das telhas. Lilás (2011), que não tinha esta experiência e ainda não havia manuseado este material, nos conta que, “a partir disso, eu comecei a mediar entre o cotidiano deles, o que era novo para mim e o que a artista estava propondo no espaço expositivo”. Depois desse contato com as visitações ao CCBNB/Cariri, Lilás foi contratado pela Híbrido Produções.

Atualmente, Lilás está cursando a graduação em Licenciatura em Artes Visuais, motivado pelo envolvimento prático que vem desenvolvendo com o campo da arte, que exige dele esta formação e, principalmente, pelo seu encantamento com a arte/educação. Está atuando como professor de arte do Centro de Atenção Psicossocial no Crato – CAPs.

Os mediadores Branco e Verde pretendem concluir o curso de Licenciatura em Artes Visuais no ano de 2012. Branco já atua como artista visual e Verde é bolsista de extensão do Projeto Arte na Escola Pólo/URCA. Azul coordena o programa de teatro e literatura do CCBNB/Cariri, além de atuar como artista visual. Rosa continua estudando no curso de Licenciatura em Teatro.