• Nenhum resultado encontrado

1CENÁRIO E CONTEXTO DA PESQUISA

1.3 Quem são os professores participantes?

Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações?

Tudo pode ser continuamente remexido e cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos reordenados de todas as maneiras possíveis (CALVINO, 1990, p. 138).

aplicamos um questionário (Apêndice F) para obter dados em relação a formação, experiência no magistério, participação em cursos de formação continuada sobre matemática e à forma como a resolução de problemas vem fazendo parte das suas aulas de matemática. O Quadro 1.3, abaixo, sintetiza essa caracterização.

Os níveis e as modalidades de educação e de ensino de cada professor estão apresentados como: EI (educação infantil); EF (ensino fundamental); EM (ensino médio); EJ (Educação de Jovens e Adultos). Os nomes dos professores nesta pesquisa são fictícios, para preservar sua privacidade.

Quadro 1.3– Caracterização geral do grupo participante da ACIEPE

Professores Formação Tempo de Magistério em 2011

Ana Pedagogia e Especialização em Didática do Ensino Superior.

EI: 2 anos; EF (1º ao 5º ano): 7 anos e EF (6º ao 9º ano): 1 ano.

Outro: PET (Programa de Educação para o Trabalho): 1 ano.

Ana Lúcia Pedagogia EF (1º ao 5º ano): 6 anos.

Carla Pedagogia EF (1º ao 5º ano): 10 anos.

Fátima Pedagogia e Matemática EI: 2 anos; EF (1º ao 5º ano): 8 anos. Flávio Pedagogia e está cursando Letras. EF (1º ao 5º ano): 2 anos; EF( 6º ao 9º ano):

3 anos; EM: 3 anos. Outro: Espanhol – 7 anos.

Joana Pedagogia EF (1º ao 5º ano): 1 ano.

Karina Pedagogia EF (1º ao 5º ano): 9 anos; EJA: 4 anos.

Letícia Pedagogia EF (1º ao 5º ano): 3 anos.

Manuela Pedagogia e Especialização em Psicopedagogia.

EI: 28 anos; EF (1º ao 5º ano): 4 anos.

Marta Pedagogia e Especialização em Educação Infantil: Desafios e Perspectivas.

Está cursando a Especialização Educação escolar: Desafios do Cotidiano na sala de aula.

EI: 10 anos; EF (1º ao 5º ano): 7 anos; EF (6º ao 9º ano): 8 anos.

Maria Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia e Especialização em Alfabetização e Letramento.

EI: 3 anos; EF (1º ao 5º ano): 5 anos; EF (6º ao 9º ano): 10 anos; EM: 4 anos.

Paula Pedagogia EI: 1 ano; EF (1º ao 5º ano): 1 ano. Rita Pedagogia e Especialização EF (1º ao 5º ano): 20 anos

Roseli Pedagogia EI: 1 ano; EF (1º ao 5º ano): 15 anos; EJA: 8 anos.

Outro: Diretora – 10 anos. Sabrina Pedagogia e Especialização em

Psicopedagogia.

EI: 6 anos; EF (1º ao 5º ano): 22 anos. Sônia Magistério e está cursando Pedagogia. EI: 2 anos; EF (1º ao 5º ano): 20 anos.

Desse grupo de 16 professores, sendo 15 professoras e 1 professor, 15 fizeram o curso de Pedagogia e uma professora estava cursando Pedagogia na modalidade de EaD (Educação a Distância). E, dos 16, 12 fizeram o magistério (Ensino Médio). O tempo de magistério apresentou as seguintes variações: dos 16 professores, 3 professoras estavam em início de carreira, em 2011: eram professoras iniciantes, com experiência de até 3 anos no magistério. Encontramos no grupo 9 professores, com 4 a 15 anos de experiência no magistério. E com mais de 20 anos de experiência no magistério, quatro professoras.

Percebemos o envolvimento dos professores iniciantes com os professores experientes nas atividades desenvolvidas nos encontros formativos. Esses professores iniciantes compartilharam seus próprios saberes e práticas, como também conheceram os saberes e práticas do grupo.

Nesse contexto, como destaca Tardif (2010, p. 79): “o tempo de aprendizagem do trabalho não se limita à duração da vida profissional, mas inclui também a existência pessoal dos professores, os quais, de certo modo, aprenderam seu ofício antes de iniciá-lo”. Assim, nesse trabalho com os professores, verificamos que tanto os professores iniciantes como os professores com mais experiências foram aprendizes do seu ofício nesse percurso formativo. Os mais experientes puderam aprender, com os principiantes na carreira, assuntos que há muito tempo haviam estudado. Do mesmo modo, os iniciantes aprenderam com as experiências dos colegas.

A pesquisadora, no papel de formadora, buscou possibilitar a troca e a produção de saberes e aprendizagens nesse percurso.

As professoras Maria, Karina, Carla, Fátima, Roseli e Sônia ressaltaram, no questionário e nos seus depoimentos, a importância do curso “A matemática nos anos iniciais”9 para que se sentissem instigadas a participar da ACIEPE “A Matemática nos Anos Iniciais: Programa de Formação Contínua de Professores dos Anos Iniciais da Secretaria Municipal de Educação de São Carlos”. Os demais participantes manifestaram o desejo de aprender com seus pares e contribuir com seus saberes.

Os 16 professores participantes da ACIEPE atuavam em 6 diferentes escolas da rede municipal de São Carlos. Dessa forma, as trocas entre os professores e os trabalhos em grupos que foram propostos possibilitaram um maior envolvimento e entrosamento entre colegas da própria escola e de outras escolas presentes na ACIEPE.

9

Curso de formação continuada, com a carga horária de 30 horas, promovido pela SME de São Carlos na primeira semana de planejamento pedagógico do ano letivo de 2011, tendo como formador o professor Dr. Carlos Mauro Romanatto.

No percurso da formação, pelas discussões dos conteúdos matemáticos e pelas atividades desenvolvidas, os professores participantes puderam parar para olhar, para escutar e refletir sobre a sua prática e formação matemática e compartilhar as suas experiências da trajetória estudantil e profissional.

Segundo Ghedin e Franco (2008a, p.71-72), “[...] o olhar quer ver sempre mais do que aquilo que lhe é dado ver. [...] Então, olhar é interpretar e perceber para poder compreender como são as coisas e os objetos investigados”.

Esse olhar reflexivo, interpretativo e investigativo perpassou todas as etapas do projeto de pesquisa e do desenvolvimento desta, como também todos os dados coletados por meio dos procedimentos metodológicos e dos instrumentos utilizados no percurso da pesquisa.

Constantemente, as reflexões sobre a metodologia da resolução de problemas nas aulas de matemática dos anos iniciais estiveram presentes, seja nos encontros formativos com o grupo de 16 professores, seja na observação participante nas instituições em que esses professores trabalham.

Em todo esse processo, a revisão bibliográfica foi fundamental para subsidiar elementos que nos orientassem para a alteração e o aprimoramento do projeto inicial e para a realização da pesquisa.

2 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO