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A questão da cidade como “possível”: a intensificação das migrações no Litoral

5 A AMPLIAÇÃO DOS TRABALHADORES “SUPÉRFLUOS” NO LITORAL SUL

5.2. A relação Estado-Capital-Trabalho – e os espaços possíveis para a

5.2.2 A questão da cidade como “possível”: a intensificação das migrações no Litoral

A realidade do sul da Bahia e o processo de exploração do trabalho, em particular no campo, em grande parte se alteram a partir das novas configurações espaciais, que tiveram início, de forma mais incisiva, após os efeitos da “crise” do monocultivo do cacau. Primeiro, com as novas políticas de recuperação da lavoura cacaueira implementadas na década de noventa, e seus efeitos não tão significativos em termos de produtividade, provocando alterações nas relações de trabalho, sendo o sistema de parcerias o que mais se destacou. Algumas pesquisas elaboradas, a exemplo de Baiardi (1984), Rocha (1998), Rocha (2006), Souza (2008), Souza (2011), e Freitas (2009) evidenciam a tendência para tais relações de trabalho no campo.

Segundo Souza, em pesquisa realizada no ano de 2008 na região, após a chegada do vírus da “vassoura-de-bruxa” e das condições de mercado apresentadas pela competição dos países produtores de cacau, os problemas em relação à vida dos trabalhadores se agravaram ainda mais:

com a chegada do vírus crinipellis perniciosa, a falta de investimentos nas lavouras, irregularidades de preços, competitividade do produto com outros países e fatores climáticos, tornou a situação ainda mais crítica. Tendo como consequência a expulsão de milhões de trabalhadores que viviam do trabalho nas lavouras cacaueiras, e que foram para as cidades em busca de melhores perspectivas de vida. A maioria dos municípios da região diminui seus quadros populacionais e entra em estado de decadência, já que estes tinham como base econômica a monocultura de cacau. (SOUZA, 2008, p. 65).

A autora aponta, em sua pesquisa, a tendência do desemprego nas pequenas e médias cidades em virtude da diminuição dos postos de trabalho nas fazendas de cacau, a intensa migração de trabalhadores do campo rumo às áreas periféricas.

Tais alterações ocorrem de forma mais acentuada entre as décadas de 1990 a 2000, na medida em que a “crise” se acentuava. A maior parte dos trabalhadores passa a residir nas periferias das cidades, ocupando os terrenos à procura de moradia e trabalho, e grande parte, os que permanecem no campo, desenvolvem trabalhos temporários (diárias), sendo predominantes as relações de parcerias:

[...] inicia-se um rápido processo de decadência da lavoura cacaueira, ocasionando uma acentuada segregação social, tanto na cidade como no campo, aumentando o desemprego, proporcionando a saída de milhares de trabalhadores do campo para cidade. Estes indivíduos que chegam a localidades maiores, como no caso, as cidades de Itabuna, Ilhéus, Porto Seguro, Salvador, São Paulo são expropriados do sistema urbano, morando nos locais periféricos, fazendo surgir assim os denominados bolsões de miséria, o aumento da marginalidade, da criminalidade, o crescimento desordenado dessas cidades. Se submetendo às formas mais precárias de trabalho (quando estes encontram), a exemplo de setores de construção civil e de serviços, com baixos salários, dentre outros. (SOUZA, 2008, p. 68).

Nesse processo, ao mesmo tempo em que capitalistas e latifundiários desenvolvem relações de trabalho assalariada de forma precarizada, este desenvolve também, relações de trabalho temporário, que significam uma maior mobilidade por parte dos trabalhadores. Mas o que define atualmente as relações de trabalho são as parcerias. (SOUZA, 2008, p. 77).

Além das relações de trabalho ocorridas no sistema de parcerias há sobre esse tipo de contrato de trabalho um processo de irregularidades acentuadas, acarretando uma submissão maior do trabalho ao capital, o que representa, na realidade, nas atuais relações de parceria, um trabalho cada vez mais precarizado com o aumento das horas de trabalho. Tirando-lhe a possiblidade das garantias de direitos trabalhistas, “o capital de forma perversa cria a ideia do „trabalhador parceiro‟ que nada mais é do que a garantia de maior exploração da força de trabalho” (SOUZA, 2011, p. 128).

Como afirma Souza, a alternativa de se tornar migrante é uma característica da maioria dos trabalhadores do campo na condição de desempregados, expropriados, sujeitos “supérfluos”, tornam-se andarilhos a fim de garantir sua existência. Para a autora, a “crise” no modelo produtivo do cacau, além de ter expulsado grande parte dos trabalhadores, representa ao mesmo tempo, a consolidação de relações contraditórias no espaço agrário, uma vez que, tanto a

terra como o trabalho ainda estão sob o controle dos grandes latifundiários59. Em pesquisa no ano de 2011, a autora aponta as contradições do crescimento das relações de trabalho não-capitalistas no campo, sobretudo no município de Barro Preto-BA, a exemplo do sistema de parcerias, arrendamentos, meia que caracterizam grande parte das relações de trabalho no campo:

no espaço agrário, observou-se que as relações de trabalho terão como principal característica as formas de assalariamento, assim como um número significativo de relações de parcerias. Com as perdas advindas das primeiras políticas de recuperação da lavoura cacaueira, as dívidas dos produtores aumentaram, continuam não empregando trabalhadores em suas propriedades, e se ainda empregam, permanecem com um número reduzido. (SOUZA, 2011, p.112).

[...] com a crise na monocultura, as relações de trabalho se tornam mais precárias. Com a presença das relações de parcerias, ou meia, por exemplo – embora estejam voltadas para a lógica da divisão dos resultados da produção entre patrão e empregado –, o trabalhador precisa de dedicação ampliada para se ter uma colheita que garanta sanar a sua fome (o que muitas vezes se torna instável, já que pouco se consegue com os resultados da produção de uma colheita), além dos empréstimos concedidos via bancos para investir na produção que o mantém aprisionado. (SOUZA, 2011, p. 114).

Para a autora, o que está na ordem do dia no processo de acumulação capitalista e em verdade sempre esteve é a exploração máxima do trabalho para garantia do lucro, hoje materializada no trabalho cada vez mais precarizado e móvel para o capital. A função do exército de reserva, como já afirmava Marx, é a condição necessária para o processo de acumulação capitalista. Se o trabalho do campo na forma do sistema da monocultura cacaueira não é funcional ao capital a fim de gerar grandes lucros, ele se tornará móvel para satisfazer um novo modelo de produção, alterando assim as formas de exploração do trabalho. Porém, evidencia-se que mesmo no processo de diminuição da produção, com o “esvaziamento” considerável do campo, essa força de trabalho ganha outra materialidade, se revelando nas relações de parcerias e assalariamento, garantindo aos capitalistas latifundiários a

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De acordo com Freitas (2009), embora haja uma ascensão dos movimentos de luta pela terra na região do litoral Sul da Bahia, a estrutura fundiária não sofreu grandes alterações. A autora aponta que em 2006 verificou-se que 65 dos estabelecimentos existentes são definidos pela agricultura familiar, mas abrangem apenas 17,33% da área total, enquanto 34 % dos estabelecimentos são de agricultura empresarial, mas esses controlam 82,67% da área total. Para autora, apesar da crise produtiva da cacauicultura, a terra continua sendo um elemento definidor das relações desiguais de poder entre as classes sociais no território litoral Sul da Bahia. As conquistas territoriais dos camponeses e dos trabalhadores rurais decorreram da organização política em movimentos sociais de luta pela terra que se espacializaram na geografia desigual e combinada do desenvolvimento capitalista (FREITAS, 2009, p. 135-138).

extração da renda da terra, além da mobilidade de parte desses trabalhadores que buscam vender sua força de trabalho em outros setores da economia, ou mesmo no campo em outras localidades.

Sendo assim, a intensificação dos processos migratórios ocorre de forma acentuada após a crise da monocultura cacaueira. Os trabalhadores do campo na condição de andarilhos passam a migrar, principalmente para as grandes capitais do país, à procura do labor. Um dos focos de intensidade dos movimentos migratórios dessa população que dependia da venda da sua força de trabalho ganha formas diferenciadas com o processo de interiorização industrial, como apontamos anteriormente. Parte da força de trabalho supérflua migra à procura de trabalho nessas fábricas, sobretudo, as do ramo de calçados e confecções (Azaléia na cidade de Itapetinga-BA, Trifil e Penalty em Itabuna-BA).

A característica do trabalhador boia-fria, “errante”, sempre à procura de emprego é fato corrente nas antigas áreas de produção de monoculturas pelo país, sendo presente também na produção de cacau. Esses trabalhadores em meio ao processo de diminuição da produção permanecem andarilhos, agora vendendo sua força de trabalho no chão da fábrica que passam a se instalar no interior da Bahia a partir de 1998 60.

Além das migrações externas, há uma significativa concentração da população do campo para as principais cidades da região, a exemplo de Itabuna e Ilhéus. De acordo com Gloria (2011), as distintas trajetórias dos migrantes que chegaram à cidade de Itabuna a partir da década de 1960, por exemplo, se enlaçaram nos diversos bairros populares: “os caminhos percorridos por estes trabalhadores rurais delinearam o nascimento de alguns destes espaços da cidade” (GLÓRIA, 2011, p. 1).

Entre as ocupações urbanas mais recentes (que já existem há 20 ou 30 anos) e que espacialmente são nossa referência de análise nesta tese, os bairros Nova Ferradas, Fernando Gomes, Nova Esperança localizados na cidade de Itabuna-BA fazem parte da extensão urbana a Oeste da cidade, como mostra a figura 9. E na cidade de Ilhéus-BA, os bairros Teotônio Vilela e Novo Ilhéus:

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Para mais detalhes sobre o processo de mobilidade dos trabalhadores para fábricas de calçados na Bahia, ver pesquisas de Menezes (2007), Souza (2011), e Mascarenhas (2014).

Figura 9- Localização dos bairros Nova Ferradas, Fernando Gomes e Nova Esperança em Itabuna- BA.

Fonte: Rocha (2016) e Souza (2016).

Os locais de nosso estudo empírico têm um histórico de intensas migrações de trabalhadores ou filhos de trabalhadores rurais que passam a residir nessas áreas periféricas das cidades. Parte desses migrantes chega à cidade e as dificuldades em encontrar moradia são predominantes. A solução encontrada é ocupar áreas urbanas em bairros populares, favelas, loteamentos para população de baixa renda, áreas de proteção ambiental (a exemplos dos manguezais em Ilhéus), entre outras.

No caso específico da cidade de Itabuna, as respectivas áreas de expansão têm um histórico de fortes ocupações urbanas ocorridas em meados da década 1980 e início de 1990, a exemplo dos bairros Fernando Gomes e Nova Esperança (figuras 10 e 11). Os trabalhadores passaram a lutar pelo direito à cidade, organizando e resistindo às diferentes pressões por parte da prefeitura local, como a

atuação de forças policiais, ordens de despejo, entre outras. Em entrevistas com moradores antigos, eles afirmaram que após travarem muitas lutas, a prefeitura cedeu os terrenos, transformando as áreas de ocupações em bairros. Porém, até conseguirem a posse dos terrenos, foram muitos anos de luta com o fim de estruturar minimamente as condições de moradia, de enfrentar problemas de infraestrutura, transporte, sistema de esgoto, falta de água (que até hoje apresenta problemas). No bairro Nova Esperança, por exemplo, segundo os moradores, localizava-se o lixão e a partir de muitas reinvindicações o terreno foi aberto e passou a concentrar novos moradores, constituindo-se em bairro. Os migrantes eram de origem de cidades vizinhas que dependiam do trabalho nas fazendas de cacau e passaram a buscar possibilidades de trabalho em Itabuna. A exemplo das cidades de Barro Preto, Itapé, Itajuípe, Ibicaraí, Itororó, Ilhéus, Aurelino Leal, Ibicuí, Buerarema, Uruçuca, Camacã, Una, Ubaitaba, Gandu, São José do Panelinha , Iguaí, São José da Vitória.

Figura 10- Bairro Fernando Gomes em Itabuna-BA.

Figura 11- Bairro Nova Esperança em Itabuna-BA.

Fonte: pesquisa de campo, 2015.

De acordo com um dos entrevistados, muitos dos trabalhadores que residem no bairro perderam seus empregos nas fazendas, passando a buscar oportunidade de vender sua força de trabalho nas cidades, principalmente em Itabuna e Ilhéus. Para J. S., de 61 anos, é difícil encontrar trabalho nas fazendas existentes, sendo necessário migrar em busca de uma vida melhor, embora, para ele, na cidade tenha que enfrentar problemas como: a violência, o tráfico de drogas, a falta de emprego. Na condição de migrante, começou a trabalhar aos 17 anos de idade. Migrou com sua família, saindo da cidade de Boa Nova, localizada no Sudoeste da Bahia, para a cidade de Buerarema. Reside na cidade de Itabuna há quase quarenta anos e no bairro Fernando Gomes há vinte e sete anos. Após trabalhar grande parte da sua vida nas colheitas do cacau, realizou também trabalho em empresas de energia e hoje é vendedor autônomo. Com o trabalho nas fazendas de cacau diz não ter conseguido nada, e afirma que quase ninguém que dependia do trabalho nas fazendas conseguiu algo, como uma casa por exemplo.

Ainda por meio de trabalho de campo, no município de Itabuna, verificou-se que não apenas as áreas urbanas foram ocupadas pelos trabalhadores, mas também as áreas rurais, a exemplo da Roça do Povo. Com 25 anos de existência, a área foi fundada no ano de 1991, fruto também da resistência dos pequenos produtores. As terras foram doadas pela prefeitura, possuindo na época 340 lotes com famílias de migrantes vindas de várias partes da região. Atualmente os lotes contabilizam mais de 400. A sede possui uma escola de ensino fundamental, uma sede da Associação Roça do Povo, padaria, mercado, entre outros (Figura 12).

Figura 12- Roça do Povo, Itabuna-BA.

Fonte: pesquisa de campo, 2015.

De acordo com a presidente da associação, M.S., 41 anos, formada em magistério, a maioria dos moradores atualmente é de Itabuna e outras regiões. Ao longo dos anos, muitas pessoas venderam os lotes, principalmente aqueles moradores mais antigos, já que não tinham condições de trabalhar. Os que residem atualmente são em grande parte aposentados, ou pessoas que buscam um lugar mais tranquilo para morar. Ainda para a entrevistada, a Roça do Povo possui muitos jovens, a maioria desempregados. Alguns trabalham com os pais na lida com a terra, mas são poucos, já que grande parte não gosta de trabalhar no campo e prefere a cidade.

M.S. sempre residiu na cidade, mesmo os pais sendo trabalhadores rurais. Quando migrou da cidade de Feira de Santana para Itabuna no ano de 2007, realizou trabalho como costureira na empresa Trifil. Com as condições de trabalho na fábrica acabou adoecendo, com sintomas de depressão, o que levou a família a decidir morar na roça. Para ela, o trabalho na roça acabou contribuindo com uma vida melhor, principalmente porque o tempo de trabalho com a terra é diferente da fábrica, é mais prazeroso:

porque na fábrica pra quem tem interesse financeiro é bom a princípio porque você trabalha se o patrão gostou ou não seu salário está ali no final do mês. E na roça não, você tem que estar ali cada dia, cada minuto que você trabalha você está trabalhando pra si próprio, trabalha com amor na hora que você quer fazer. Então, nem se compara, mas tem que fazer por prazer que talvez a pessoa está ali porque tem que comer, aí fala não tem que plantar para comer... Mas quando você faz as coisas por prazer mesmo que ela tenha pouca renumeração, mas você se sente feliz (informação verbal).

É necessário considerar que as origens desses trabalhadores migrantes dos bairros pesquisados são de áreas rurais ou de pequenas cidades da região. Em sua maioria são desempregados, com pouca qualificação e que se encontram na incerteza do labor. Constatou-se que poucos atualmente possuem moradia fixa, uma vez que suas residências eram localizadas nas fazendas em que trabalhavam. Ou seja, além de perderem o emprego, o vínculo com a terra, esses trabalhadores perdem também a moradia. Verificou-se, entre os trabalhadores entrevistados que, ao passarem a residir na cidade, a maioria foi obrigada a ocupar barracos nas favelas e tentar viver da venda da sua força de trabalho na esperança de uma vida melhor, certos de que era possível encontrar um emprego e tentar sobreviver no cotidiano da cidade.

Rangel (2013) aponta que entre o período de 1980-1991, a população rural da microrregião de Ilhéus e Itabuna diminui em 0,90%. Entre os anos de 1991-2000, a população rural diminui 32,73%, processo de decréscimo que continuou entre a década de 2000-2010 com queda de 25,74%, configurando um êxodo rural bem acentuado em relação à Bahia e ao Brasil. Para a referida autora, as perdas populacionais absolutas dos períodos 1980-1991, 1991-2000 e 2000-2010 apontam que 220.381 mil pessoas migraram das áreas rurais no período analisado. Em alguns casos, os municípios perderam mais de 50% de sua população rural (RANGEL, 2013, p. 322).

A tabela a seguir evidencia o número de população total dos municípios que compõem o litoral Sul da Bahia, respectivamente entre os anos de 1980 a 2015. Nas cidades de Ilhéus e Itabuna, a diminuição da população segue em queda em todos os anos analisados. Apenas no ano de 2015 a cidade de Itabuna apresenta um relativo aumento populacional, chegando a 219 mil pessoas a população total do município. Nas cidades com menor índice populacional, percebe-se uma queda brusca em todos os anos, a exemplo das cidades de Almadina, Barro Preto, Floresta Azul, Pau Brasil e Una. O restante segue em queda, porém com menor quantidade. É interessante observar que parte dos migrantes que deixaram as áreas rurais nas pequenas cidades da região passa a ocupar os bairros pobres destas cidades. Em pesquisa de campo, foi possível observar que a maior parte dos entrevistados é de origens desses pequenos municípios, entre eles: Ibicuí, Ubaitaba, Ibicaraí, Uruçuca, Camacã e Barro Preto (Figura 13).

Tabela 4- População residente total dos municípios do território de identidade do litoral Sul - Bahia - 1980/2015

Municípios

População Total Residente

1980 1991 2000 2010 2015* Almadina 9.144 10.004 7.862 6 357 6 145 Arataca - 13.594 11.218 10 392 11 737 Aurelino Leal 16.363 15.737 17.149 13 595 13 089 Barro Preto 8.209 10.601 8.602 6 453 6 492 Buerarema 24.868 20.839 19.118 18 605 19 283 Camacã 40.498 37.023 31.055 31 472 33 197 Canavieiras 42.118 33.019 35.322 32 336 33 268 Coaraci 27.416 31.064 27.852 20 964 19 770 Floresta Azul 18.434 13.940 11.614 10 660 11 313 Ibicaraí 30.985 30.560 28.861 24 272 24 029 Ilhéus 131.454 223.750 222.127 184 236 180 213 Itabuna 153.342 185.277 196.675 204 667 219 680 Itacaré 13.211 18.431 18.120 24 318 27 619 Itaju do Colônia 10.832 9.773 8.580 7 309 7 353 Itajuípe 24.991 24.931 22.511 21 081 21 754 Itapé 11.396 15.644 14.639 10 995 10 228 Itapitanga 10.393 10.474 10.382 10 207 10 800 Jussari - 8.470 7.556 6 474 6 378 Maraú 14.301 17.496 18.366 19 101 21 175 Mascote 19.212 20.178 16.093 14 640 14 877 Pau-Brasil 18.792 16.179 13.048 10 852 10 905 Santa Luzia - 16.319 15.503 13 344 13 626 São José da Vitória - 8.768 6.210 5 715 6 118 Ubaitaba 16.019 21.062 23.854 20 691 20 813 Una 37.610 23.757 31.261 24 110 22 105 Uruçuca 21.939 30.763 20.323 19 837 21 849

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980, 1991, 2000, 2010 e 2015.

Organização: SOUZA, Dayse Maria.

NOTAS:

(*) População estimada para o ano de 2015

Os dados da tabela 4 apontam municípios em situações diversas. Alguns na última década tiveram pequenos acréscimos em relação ao número populacional ou

se mantiveram estáveis em termos de quantitativo populacional. Dos que apresentaram um decréscimo representativo, estão os municípios de Buerarema, Camacã, Canavieiras, Ibicaraí e outros. Ressalta-se a situação de Ilhéus, onde ocorreu perda significativa da população e Itabuna onde se obteve ganho significativo. Porém, em toda a série histórica analisada, ambos tiveram acréscimo do número populacional, ao contrário do computado, nos outros municípios da região, com exceção de Itacaré, já que observa-se um número de acréscimo populacional no decorrer de todos os anos, apresentando um número maior entre os dois últimos anos. Neste caso, um dos fatores que contribuíram para uma intensa migração para o município, foi a abertura para o turismo nacional e mesmo internacional, fato que estimulou a criação de serviços específicos que, possivelmente, atraiu população em busca de empregos, repercutindo em significativo acréscimo da população.

Figura 13- Cidade de origem dos trabalhadores em Itabuna e Ilhéus-BA.

Na cidade de Ilhéus, analisando os bairros Teotônio Vilela e Novo Ilhéus (Figura 14), foi possível perceber que a intensidade das migrações ocorre justamente com o agravamento da “crise” da cacauicultura. Os efeitos deste processo são concretizados com várias ocupações urbanas também na cidade.

Figura 14- Localização dos bairros Teotônio Vilela e Novo Ilhéus – Ilhéus-BA.

Fonte: Rocha (2016) e Souza (2016).

Em entrevista ao presidente da Associação de Moradores do Bairro Teotônio Vilela, M.S. de 34 anos afirmou que o bairro é fruto de históricas ocupações, primeiro na década de 1970 em que já residiam moradores com pequenas propriedades que extraiam dendê, produziam farinha. A localidade era conhecida como Gomeira por conta da qualidade da goma destinada à venda nos centros das cidades (Figura 15). Devido ao problema do êxodo rural, a área começou a ser ocupada, intensificando as migrações, sobretudo, na década de 1980. Com o aumento dos movimentos de ocupação, para tentar amenizar o conflito, a prefeitura elabora uma política de loteamento e, devido ao descaso das irregularidades na distribuição dos lotes, alguns moradores se revoltam e organizam mais ocupações.

As seis ruas que iniciam o bairro foram resultado do projeto de loteamento. Até hoje, o local sofre com problemas de infraestrutura. A rua principal, assim como outras