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Questões éticas da eutanásia e distanásia

quando descobertas, eram condenados à forca Com o advento da Revolução Francesa esta pena fo

C. Questões éticas da eutanásia e distanásia

Eutanásia (do grego = eu-tanasia) = morte serena, sem sofrimento, prática, sem amparo legal, pela qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável.

O Código Penal brasileiro, sob nenhuma hipótese não autoriza a eutanásia. Contudo, em certas circunstâncias muito especiais, quando alguém é portador de doença reconhecidamente pela ciência como incurável, situação terminal, com incalculável sofrimento, pode ser classificada homicídio privilegiado. Nesse caso, será possível os benefícios do parágrafo 1º do artigo 121 do Código Penal, podendo ser entendido auxílio ao suicídio, desde que o paciente solicite ajuda para morrer.

Art. 121 (…)

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. (grifos nossos)

Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Desse modo, em qualquer das circunstâncias a eutanásia se configura conduta ilícita.

familiar de uma doente norte americana, em coma vegetativo durante quinze anos, após a autorização judicial, em última instância, para interromper a alimentação e hidratação. A paciente morreu treze dias após serem interrompidos os cuidados médicos.

Distanásia representa o conjunto de ações médicas com o objetivo de empurrar os limites da morte, em consequência, em determinas condições, mantendo o sofrimento.

Ortotanásia pode ser entendida como a chegada da morte no seu processo natural. Nessa circunstância, a assistência médica não contribui para prolongar artificial e desnecessariamente o processo de morte. É importante assinalar que somente o médico poderá conduzir o processo da ortotanásia, portanto não sendo obrigado legal e eticamente a prolongar a vida contra a expressa vontade do paciente.

O Código Penal não contempla a ortotanásia já que não é determinante da morte na medida em que o processo da morte está em curso.

De certo modo, o drama daquela doente despertou atenção, em milhares de pessoas, em vários países no mundo, para o sofrimento dos doentes, com morte encefálica com comprovada, sem nenhuma oportunidade de se recuperarem, que têm a vida e o sofrimento prolongados pelas ações dos médicos, especialmente preparados par esse fim.

Essa discussão pública recebeu a atenção dos teóricos do Direito, da ética da moral, que se manifestaram acaloradamente em torno de concepções da dignidade e autonomia da pessoa humana para morrer.

Alguns questionamentos foram postos e que perduram até hoje: – Poder das instituições hospitalares e do médico para manter a vida artificialmente dos doentes sem qualquer possibilidade de recuperação;

– Direito de pedir a própria morte quando o doente lúcido, sem possibilidade terapêutica e com sofrimento sentie que não deve mais sofrer;

– Na impossibilidade de o doente decidir, nas mesmas condições acima citadas, se alguém da família poderia decidir a hora da morte.

De modo geral, a discussão de ordem jurídica, ética e moral, alcançaram diferentes espaços das relações leigas e laicas. Sem unanimidade frente às várias correntes, a discussão acabou restrita aos abusos da tecnologia médico-hospitalar que transformou o doente terminal em mercadoria de valor, seja científico ou monetário.

É importante ressaltar que esse tipo de morte, dita hospitalar, é procedimento médico muito recente. Durante séculos, a morte de um ente querido, mesma plena de sofrimento, não era temida; as famílias não enviavam seus parentes com doenças terminais, para morrer nos hospitais. A chegada da morte inevitável era presenciada na casa da família, com o doente amparado pela família, inclusive as crianças. A morte não era vergonha que tinha de ser transferida para as unidades de tratamento intensivo. De certo modo, nas últimas décadas, parecer existir maior rejeição pessoal e coletiva dos limites da vida. A pós a construção da falsa certeza de os hospitais e médicos poderem aumentar os limites da vida, não importa a qual preço, financeiro e emocional, sob qualquer circunstância, ninguém deseja ficar com o peso na consciência quando se trata de um ente querido, de “não ter feito tudo para que ele ou ela não morresse”. É claro que nesse “tudo” o hospital é a opção mais importante.

É necessário que se reafirme que essa estrutura teórica, sob hipótese alguma, representa a desistência tácita para entregar a vida à sorte. O que se trata é a estrutura ética e moral,

sob várias leitura, inclusive a religiosa, de se manter a vida em sofrimento de doentes descerebrados e sem qualquer oportunidade de retornar a vida de relação.

Parece que a tendência, nos dias atuais, é retornar “à boa morte”, recusando ética e moralmente, que a vida de alguém sem qualquer possibilidade de recuperação física, especialmente os que não possuem nenhum sinal de atividade elétrica cerebral, seja adiada a qualquer preço.

A sociedade pós-industrial renova a luta pela morte digna. Por essa razão, também, a fundamentação ética e jurídica à morte digna está inserida na dignidade da pessoa humana viva. Prolongar a vida a qualquer preço, sustentando o sofrimento do doente, estaria em choque com a dignificação da própria vida. A compreensão da dignidade humana, a vivo e a do moribundo terminal, é a categoria central desse tema: aborto, eutanásia e distanásia – aspectos éticos.

Não é improvável que essa tendência, em muitos casos clínicos, de exagerar na manutenção da vida qualquer preço, inclusive com aumento do sofrimento do doente sem condição terapêuticas, favorece uma medicina tecnocientífica ou comercial-empresaria. Esse confronto entre quem possui recursos para receber o melhor tratamento e os que não conseguem o acesso ao serviço público de assistência médica cunhou a categoria denominada mistanásia ou eutanásia social.

O compromisso com a promoção do bem-estar do doente crônico e terminal permite falar de saúde dele e valorizar os objetivos conceituais da ortotanásia, a boa morte, capazes de reproduzir tanto entre os doentes terminais, familiares e médicos, na medida em que, nessa perspectiva, a morte não é uma doença a curar, mas algo que faz parte da vida.

É i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e a t e n d ê n c i a d o s ó r g ã o s fiscalizadores, públicos e privados, inclusive a Igreja, por meio da Bula Evangelium Vitae, de 1995, do papa João Paulo II,

claramente valorizindo a ortotanásia e opondo-se aos excessos terapêuticos, afirmando que as renúncias aos meios excepcionais e desproporcionais para prolongar a vida, não correspondem ao suicídio ou a eutanásia.

LEITURA COMPLEMENTAR

BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Eutanásia, ortotanásia e distanásia: breves considerações a partir do biodireito brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 871, 21 nov. 2005(http://jus2.uol.com.br/doutrina/ texto. asp?id=7571>. Acesso em 15 fev. 2010.

BOTELHO, João Bosco. História de Medicina: da abstração à materialidade. Manaus. Valer. 2004.

BOTELHO, João Bosco. Arqueologia do prazer. Manaus. Metro Cúbico. 1992.

BOTELHO, João Bosco. Os limites da cura. São Paulo. Plexus. 1998.

BOTELHO, João Bosco. O Deus-genético. Manaus. EDUA. 2000.

NOËL, Didier. L’évolution de la pensée em éthique médicale. Paris. Conaissances et Savoirs. 2005.

VIEIRA, Tereza Rodrigues. Bioética e direito. São Paulo. Jurídica Brasileira. 1999, p. 90.)

http://fotosaborto.deog.net/012.html

http://www.ufrgs.br/bioetica/abortobr.htm

ml

http://aborto.aaldeia.net/estatisticas-aborto-mundo/

http://helioangotti.blogspot.com/2008/11/o-aborto-e-o-cdigo-de -tica-mdica.html

POLÍTICA DE SAúDE FRENTE A

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