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QUESTÕES ÉTICAS

No documento RELATÓRIO MESTRADO 2014 (páginas 57-60)

A realização deste projeto e a sua escolha partiu da identificação de lacunas a nível da prestação de cuidados de enfermagem na preparação para a alta da pessoa submetida a cirurgia do esófago e gástrica. Procurando alcançar a excelência do exercício, de acordo com o Artigo 88º do Código Deontológico do Enfermeiro (CDE) o enfermeiro deve “analisar regularmente o trabalho efetuado e reconhecer eventuais falhas que mereçam uma mudança de atitude” (OE, 2005, p.133). Foi o ponto de partida para dar início ao processo de planeamento do projeto. Para alcançar este objetivo procurou-se atualização a nível do conhecimento científico para melhorar a qualidade de cuidados de enfermagem com intervenções adequadas às expetativas do cliente e cuidador. São deveres em geral como disposto no Artigo 76º do CDE como traduzido na alínea a) “exercer a profissão com os adequados conhecimentos científicos e técnicos (…) adoptando todas as medidas que visem melhorar a qualidade dos serviços de enfermagem” (OE, 2005, p.35).

Durante o percurso realizado nos diferentes locais de estágio, devem-se aludir algumas questões éticas que estiveram subjacentes às atividades desenvolvidas. Como enfermeiro a desenvolver um estágio do 2º ciclo de estudos, teve-se o cuidado de proceder de acordo com o artigo 86º do Código Deontológico do Enfermeiro (CDE) alínea b), à salvaguarda no exercício das funções da privacidade e intimidade da pessoa (OE, 2005). Efetuou-se pessoalmente a identificação como “enfermeiro da especialidade”, perante os clientes e perguntou-se se consentiam a presença do profissional durante a prestação de cuidados, ou durante a colheita de dados realizada durante os estágios, estando de acordo com o artigo 84º do CDE alínea b) no qual pelo respeito da autodeterminação o enfermeiro deve “respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento informado” (OE, 2005, p.109). A privacidade do cliente esteve sempre garantida durante a prestação de cuidados na enfermaria do 1º local de estágio, com a utilização de cortinas no espaço da unidade do cliente, utilizando um tom de voz moderado, confinando a conversa para o espaço físico do mesmo. Este procedimento foi também adotado durante as consultas no 1º local de estágio, mantendo sempre a porta do gabinete fechada. A utilização das cortinas foi igualmente usada nos recobros do 2º local de estágio, no 3º local de estágio e na consulta externa e internamento do 4º local de estágio. Na consulta de admissão e

durante a realização do follow-up telefónico do 2º local de estágio, procedeu-se ao fecho da porta do gabinete para salvaguarda do cliente contactado, tendo procedido da mesma forma quando foram recolhidos dados dos clientes na consulta externa ou aquando da observação dos cuidados prestados pela equipa de enfermagem na sala de tratamentos do 4º local de estágio.

No 3º local de estágio, na articulação com o centro de saúde da área de residência, existiu um contato telefónico importante para assegurar a continuidade de cuidados, estando de acordo com o artigo 80º do CDE em que o enfermeiro deve “conhecer as necessidades da população e da comunidade onde está inserido” (OE, 2005, p.83). Neste caso, o dever de informar os clientes está também subjacente, como explanado pelo CDE artigo 84º, alínea d). No momento da alta o enfermeiro assumiu o dever de “informar sobre os recursos a que uma pessoa pode ter acesso, bem como a maneira de os obter” (OE, 2005, p.109), tendo sido informados sobre o apoio prestado no centro de saúde da área de residência, levando uma carta de alta de enfermagem dirigida à equipa. Conhecendo os recursos existentes poder-se-á planear mais eficazmente a alta. O mesmo dever de informar sobre os recursos esteve também patente no 1º local de estágio, em que os clientes eram informados sobre a existência de uma cooperativa onde poderiam adquirir os dispositivos de ostomia, sem necessidade de pagamento, desde que munidos por receita médica no ato da entrega do material.

Quando se procedeu à utilização do termómetro emocional, foi pedida autorização aos órgãos competentes. Respeitando o princípio da beneficência do cliente e, tendo em conta que o termómetro é um instrumento autorizado pela Instituição, não seria ética a sua utilização se não houvesse articulação com outros profissionais de saúde, podendo incorrer em situações em que identificaria problemas, que não poderiam ser resolvidos por inexistência de apoio. A presença de uma mensuração entre 4 e 7 em qualquer dos termómetros emocionais pressupõe uma avaliação pelo psicólogo e um nível entre 8 e 10 à avaliação pelo psiquiatra. Procedeu-se então à aplicação prática, uma vez garantida a consulta dos clientes em caso de referenciação. O CDE refere no Artigo 91º deveres para com outras profissões em que na alínea b) o enfermeiro assume o dever de “trabalhar em articulação e complementaridade com os restantes profissionais de saúde” (OE, 2005, p. 151). A assistência ao cliente ficou salvaguardada, uma vez que “a pessoa alvo dos cuidados (…) espera dos serviços

de saúde e dos profissionais rapidez e efectividade no tratamento e nos cuidados pelo que a articulação e complementaridade funcional se revelam condições imprescindíveis” (OE, 2005, p.153).

Relativamente às informações recolhidas durante o período de estágio, houve particular atenção à questão do segredo profissional. Os dados obtidos na consulta externa, com identificação das necessidades dos clientes, os dados recolhidos do follow-up telefónico do 2º e 3º local de estágio, bem como as checklists preenchidas no 3º local de estágio, e o preenchimento dos termómetros emocionais, estão abrangidos pelo dever do sigilo, segundo o Artigo 85º do CDE na qual a alínea a) é explanado o dever do enfermeiro em “considerar confidencial toda a informação acerca do destinatário de cuidados e da família, qualquer que seja a fonte” (OE, 2005, p.115). Efetuou-se apenas a recolha da informação absolutamente necessária para aquisição de competências e elaboração de um plano estruturado de preparação para a alta. De acordo com o CDE “é importante ter em conta o critério da utilidade e pertinência da informação recolhida, que deverá “servir” para contribuir para a personalização dos cuidados – assim só poderá ser colhida a informação necessária (…) sob protecção da confidencialidade” (OE, 2005, p.117). Foi também mantido de acordo com o artigo 85º alínea d) “o anonimato da pessoa sempre que o seu caso for usado em situações e ensino” (OE, 2005, p.117).

No documento RELATÓRIO MESTRADO 2014 (páginas 57-60)

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