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Questões de Investigação

No documento Tese Final Rita Gomes (páginas 86-91)

Capítulo II. MODELO, QUESTÕES E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO

2.3 Questões de Investigação

De acordo com Ghiglione e Matalon (1992), toda e qualquer metodologia de inquéritos por questionário possui quatro grandes desígnios: aferição de verdades absolutas, determinação de valores estimados para as grandezas relativas, caracterização de um conjunto populacional e finalmente, verificação de hipóteses. Este último objetivo é considerado pelos autores como o mais significativo entre os quatros. Por conseguinte, é imperial que no início da investigação se descrevam as hipóteses da investigação.

O modelo teórico de investigação apresentado introduz diversas interrogações e hipóteses de investigação pertinentes, das quais sobressaem as seguintes:

- Que dimensões mais importam para que o cidadão seja feliz na sua cidade?

- Que parâmetros são mais relevantes para que o turista se sinta feliz na cidade que visita?

- A identidade feliz da marca no marketing e branding territorial possui relevância no processo de tomada de decisão por parte dos turistas e habitantes?

2.4 Hipóteses de investigação

Assim, de acordo com as três questões expostas, foram colocadas hipóteses de acordo com as três dimensões retratadas: habitantes, turistas e marca.

Hipóteses – di e são Ha ita tes

H1: A cultura é importante para que o cidadão sinta que a sua cidade é feliz.

O estudo levado a cabo no Reino Unido por Fujiwara e MacKerron (2015) procurou contribuir para o estabelecimento de uma relação entre o engajamento cultural e a felicidade dos cidadãos. Através das variáveis observadas, (1) Teatro, dança e concertos; (2) Cantar e representar; (3) Exibições, museus e livrarias; (4) Hobbies, artes e ofícios; (5) Ouvir música; e (6) Ler; mostraram que todas estas possuíam um efeito positivo na felicidade e no bem-estar/relaxamento. Os autores referem inclusivamente que, considerando o papel crescente da felicidade no Reino Unido e em outros países da OCDE, seria pertinente tentar compreender como esta investigação poderá ser utilizada para melhorar as políticas nacionais e aumentar o investimento na área cultural. A

67 investigação de Cuypers, Krokstad, Holmen, Knudtsen, Bygren e Holmen (2011) corrobora as conclusões anteriores. Os dados lançados pelos autores mostram que homens e mulheres que participem em atividades culturais e criativas são associados a uma saúde melhor, a um maior bem-estar subjetivo e a menores níveis de ansiedade e de depressão. H2: A integração social é importante para que o cidadão sinta que a sua cidade é feliz.

Palmiotto (2000) declara que quando o sentimento de comunidade é maior, é também maior o sentimento de bem-estar subjetivo e de felicidade. O autor refere ainda que é importante que as entidades competentes pelo bem-estar social e comunitário constatem esta premissa e que encorajem e implementem atividades que permitam aos membros da comunidade ser mais solidários entre si e fomentar valores como a autoajuda.

H3: A política direcionada para a sociedade é importante para que o cidadão sinta que a sua cidade é feliz.

Easterlin (2013) refere que países como a Dinamarca, a Suécia e a Finlândia, cotados como estados ultra Providência ,à possue à u aà astaà ga aà deà políti asà so iais e classificações mais elevadas em serviços públicos em áreas como: pensões públicas, saúde, educação e cuidados infantis e de terceira idade. Os cidadãos destas nações expressam igualmente uma maior confiança no seu sistema político e social. Estes países são também os que apresentam índices de felicidade mais elevados.

De igual modo, o estudo de Mota e Pereira (2008) suporta a evidência de que a satisfação com a vida está não apenas relacionada com as características pessoais relativamente ao bem-estar material e às características sociodemográficas mais frequentes (por exemplo, as mulheres registam níveis de felicidade maiores comparativamente ao sexo masculino, tal como os jovens são mais felizes quando comparados aos indivíduos de mais idade) mas está igualmente subordinada à equidade e integridade percecionadas das instituições. Além disso, o respeito pelos direitos humanos e a confiança nos membros policiais estão ainda relacionados com a felicidade individual.

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Hipóteses – di e são Turistas

H4: As condições básicas de vida são também importantes para que o turista se sinta feliz. O modelo da pirâmide de Maslow torna claro que, no turismo, existem, nitidamente, necessidades básicas que devem ser satisfeitas. De acordo com Glaesser, (2006), atualmente este modelo é amplamente aceite e utilizado para explicar o comportamento do turista. No entanto, obter uma vantagem competitiva somente através dos benefícios básicos torna-se hoje uma tarefa bastante complicada devido à progressiva globalização da indústria turística.

H5: A cultura é importante para que o turista se sinta feliz.

Segundo Crouch e Ritchie (1999), tanto a geografia física como o património humanístico se estabelecem como importantes pontos de atração de visitantes; nomeadamente devido à atual homogeneização dos destinos turísticos e às experiências que têm para oferecer. Deste modo, os turistas procuram atividades sensoriais que fujam à rotina do seu quotidiano.

Os museus são instituições que possuem um estatuto privado e social: não têm apenas de satisfazer os visitantes locais mas têm igualmente de preservar a sua presente coleção para as gerações futuras (Cellini & Cuccia, 2013). O exemplo do museu Guggenheim, em que a cidade de Bilbao pagou cerca de 25 milhões de dólares para albergar o museu, representa o paradigma da importância da cultura para o turismo, considerando o valor que os turistas atribuem à cultura na sua experiência e na sua estadia. O grande propósito da cidade espanhola era assim constituir-se como um importante marco internacional da cultura/arte de modo a criar uma identidade internacional forte e a atrair visitantes e amantes das artes (Duhme, 2012).

69 H6: Os parâmetros relevantes para a construção de uma cidade feliz são semelhantes para os cidadãos residentes e para os visitantes.

Residentes e turistas possuem, naturalmente, perceções distintas quanto ao que consideram mais significativo para a sua felicidade na cidade em que habitam ou que visitam, respetivamente. No entanto, ao longo de toda a bibliografia consultada, existem alguns pontos semelhantes que valorizam a experiência e a felicidade tanto de residentes como de turistas. Um dos objetivos desta investigação é, assim, compreender quais as proporções deste princípio e quais são os âmbitos e setores coincidentes entre si nas di e sõesà eside te àeà turista .

Hipóteses – di e são Mar a

H7: Os visitantes tencionam visitar/regressar aos destinos felizes.

Para Pizam e Taylor (1999), a satisfação dos clientes é considerada como o meio mais barato de promoção do produto ou serviço. Deste modo, quem aprecia e valoriza, regressa e cria uma relação com a marca. O mesmo ocorre nos destinos turísticos.

Por conseguinte, uma imagem que se firme sobre a identidade única e benefícios imateriais que o destino tem para oferecer, terá mais probabilidade de ser selecionada entre o leque de opções. O objetivo desta investigação é, neste contexto, reconhecer se a felicidade se torna um parâmetro relevante para a tomada de decisão dos visitantes.

H8: A hospitalidade interrelaciona-se com a felicidade das cidades.

Conforme já mencionado ao longo do desenvolvimento do trabalho, a perceção de felicidade pode contribuir de modo positivo para o turismo (Greenburg, 2009). Aliás, o oàfi ouà la oà oàpo toà .10.5 Happiest Cities – a pe eç o ,àmuitas cidades, apesar de não constarem no topo dos índices da felicidade efetiva, são tidas como lugares alegres e felizes, imagem que lhes confere um status especial e grandes resultados na indústria turística. Todavia, esta matéria não se encontra muito desenvolvida como matéria de estudo.

70 A hospitalidade é um dos mais relevantes parâmetros na experiência turística (Kozak & Rimmington, 1998, Echtner & Ritchie, 1991; Valle et al., 2006). Assim, residentes hospitaleiros e agradáveis para com os turistas proporcionar-lhes-ão uma melhor experiência. A imagem do povo anfitrião possui, assim, uma grande significância na imagem do destino. População Residente Feliz Marca Cidade Feliz Cidade Feliz Mais Visitantes Turistas

Figura 12: Modelo de hipóteses

Fonte: Elaboração própria

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No documento Tese Final Rita Gomes (páginas 86-91)

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