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7 CONCLUSÕES

7.1 Questões de pesquisa e conclusões

Diante das lacunas encontradas na literatura em relação aos fatores de emissões, bem como os métodos utilizados para obtenção destes e os aspectos que influenciam na condução veicular, e consequentemente na emissão de poluentes, surgiram as questões de pesquisa, que estão abaixo respondidas conforme resultados obtidos e discutidos no Capítulo 6. A partir da questão central desta tese (como melhorar a estimativa das emissões de poluentes

veiculares incorporando fatores como o condutor?), desdobraram-se as demais questões de

pesquisa, a fim de se melhorar a estimativa das emissões de poluentes provenientes dos veículos se deu por meio do uso de métodos embarcados, que relaciona as condições operacionais reais com as emissões instantâneas, medidas ao longo das vias. Através dos ciclos de condução reais obtidos, que incorpora tanto os aspectos locais (geometria da via, condições de tráfego) quanto dos condutores foi possível melhorar a estimativa ao incorporar esses fatores.

 Como delinear e classificar perfis de condutores?

O desenvolvimento do questionário objetivou delinear tanto os perfis socioeconômicos quanto as atitudes no trânsito e o conhecimento de técnicas que ajudam na melhora da condução veicular (eco-driving). A hipótese inicial era que através de dados socioeconômicos esses condutores pudessem ser agrupados em clusters semelhantes e então a forma de condução e as emissões seriam semelhantes. Entretanto, só foram verificadas diferenças entre as classes de condutores profissionais e não profissionais, com ciclos de condução e emissões bastante diferentes estatisticamente. Em geral, a experiência de condução influencia mais na condução que os aspectos socioeconômicos.

A aplicação do questionário desenvolvido mostrou que todos os condutores acreditam que algumas práticas de eco-condução não fazem diferença na redução do consumo de combustíveis e nas emissões de poluentes, apesar de que há uma compreensão sobre diversos aspectos de modo intuitivo e não consciente, especialmente em relação ao consumo de combustíveis e às consequências ambientais.

Os condutores profissionais conduzem de maneira bem mais eficiente, inferindo que o hábito e a rotina diária de dirigir influenciem bastante. Dentre os condutores não profissionais, os que tiveram desempenho inferior são os mais jovens e com menor tempo de habilitação, sem conhecimento das técnicas de eco-driving, com pouca ou falta de habilidade na condução de um veículo de maior porte e potência, que não os tornam mais agressivos e sim menos experientes. Em geral, o condutor tende a adaptar sua forma de condução ao meio e condições. Não foram observadas consonâncias e diferenças estatísticas significativas diretamente para os fatores renda e educação.

 Como relacionar as emissões de poluentes com perfis de condutores e a condução

Os perfis obtidos após a aplicação do questionário foram divididos entre os fatores profissional, faixa de idade, renda e educação. Para cada fator e nível foram testadas as similaridades para os ciclos de condução e as emissões de poluentes medidos. A relação entre as emissões com os ciclos de condução real se deu através do uso do parâmetro VSP, que tanto incorpora os aspectos do veículo, de geometria da via e do condutor.

A incorporação dos aspectos locais se deu pela fase experimental em que os condutores dirigiram em vias de características urbanas diferentes em relação ao uso do solo, número de semáforos e volumes de tráfegos distintos em determinados horários. Os resultados mostraram que tanto os perfis, profissionais e não profissionais, quanto os aspectos locais influenciam fortemente nas emissões de poluentes, tanto no decorrer das vias quanto no total de poluentes emitidos durantes os testes. Um aspecto local que teve um grande impacto nas emissões foi o número de semáforos, que interfere na constância das velocidades e desenvolvimento do modo de operação cruzeiro, intensificando os eventos de curto prazo, como

stop and go; quanto maior a inconstância, maior a variabilidade das emissões.

 Como obter fatores de emissão veicular para perfis de condutores distintos a partir de

dados reais de condução?

Os fatores de emissão veicular foram obtidos para duas classes de condutores, profissionais e não profissionais, e para os tipos de vias coletora e arteriais. Em ambos os casos, o perfil do condutor e os aspectos locais mostraram diferenças significativas no perfil das emissões de poluentes avaliadas. Os ciclos reais de condução foram obtidos tanto para entender o modo de condução e por ser coletado em vias reais, está intimamente ligado aos aspectos locais, incluindo as condições de tráfego. Os fatores foram obtidos para vários níveis de agregação, a ser aplicado dependendo dos dados disponíveis no processo de planejamento.

Em geral, existem diversos modelos para compreensão e explicação do fenômeno das emissões de poluentes provenientes do setor de transportes. Especificamente na seara do conhecimento do planejamento de sistemas de transportes é necessário entender que o nível de agregação influencia nos valores dos fatores de emissão. Atualmente, como são obtidos os fatores, principalmente em países como o Brasil, não é possível ser tão generalizado e agregado, já que o fenômeno é tão complexo e depende de diversos fatores.

Independentemente do tipo de modelo que represente melhor o fenômeno das emissões de poluentes proveniente dos veículos, vale ressaltar que é essencial que seja calibrado e adequando para a realidade a ser aplicado. Além disso, é importante destacar que o modelo escolhido tenha a facilidade de coleta ou obtenção dos dados de entrada, uma vez não há

vantagens ao aplicar um modelo cujos dados de entrada necessários sejam inviáveis ou de difícil obtenção, por isso este trabalho buscou elaborar fatores de emissão com níveis de agregação, com possibilidades de dados de entrada diferentes e obtidos de forma aplicada a realidade local. O melhor modelo é aquele que é aplicável e representativo.