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O presente material nasceu como um produto didático-pedagógico fruto do trabalho ligado à dissertação de mestrado. Aprendizagem Histórica Ambiental: a relação entre História Local e o Território Ambiental do rio Lontra como estratégia de ensino de história no Colégio Estadual Rui Barbosa - Araguaína-TO. Desenvolvido no Profhistoria - Mestrado Profissional em Ensino de História na UFT Universidade Federal do Tocantins, Campus Araguaína. Tendo por objetivo ser um instrumento de orientação para uso dos professores de história do ensino médio, que possibilite o trabalho com a Aprendizagem Histórica Ambiental.

Quase toda cidade do Brasil possui em sua história uma ligação direta com a natureza, nela podemos encontrar também impactos ambientais que foram desenvolvendo-se ao longo do tempo. Como, por exemplo, um rio que foi local de povoamento dos primeiros moradores, uma floresta que foi derrubada para produção de móveis e carvão, a construção de uma grande estrada ou de uma usina hidrelétrica para geração de energia.

O pensamento de preservação ambiental19 não é um debate tão recente assim, no período imperial, membros da elite intelectual do Brasil já tinham preocupações com o grande desmatamento sem controle de nossas áreas naturais.

Nossos hinos, nossa cultura, nossos costumes, nosso folclore e até nossas religiões possuem um elo com o meio natural, porém o que observa-se é que a realidade que é próxima a nossos alunos ainda é pouco discutida em sala de aula. Esse conhecimento deve adentrar os muros da escola e se fazer presente na sala de aula.

A Aprendizagem Histórica Ambiental ainda é um conceito em construção que possui com pontes para seu entendimento: a História local20 e História Ambiental21 de um determinado lugar, A Educação Ambiental22 dos cidadãos e conhecimento do Território Ambiental.

19VerPÁDUA, José Augusto. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

20

Ver SCHIMIDT, M.; CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.

21 Ver WORSTER, Donald. Para fazer História Ambiental. Revista Estudos Históricos. Rio de

Janeiro: Ed. da Fundação Getúlio Vargas, vol. 8, 1991/2, p.199.

22 DIAS, G. F. Educação Ambiental, Princípios e Práticas. São Paulo, E. Gaia, 2º ed. rev. e ampl.,

Segundo Antoine Prost23 (2008), a construção do enredo histórico é o ato fundador pelo qual o historiador recorta um objeto particular na ilimitada trama de acontecimentos da história. A seleção do fato, sua construção, os aspectos selecionados e o valor que lhes é atribuído, dependem do enredo escolhido.

Para um historiador, a definição de um enredo consiste, antes de mais nada, em configurar seu tema; ele nunca o encontra já pronto, tem de construí-lo, modelá-lo por um ato inaugural e constitutivo que pode ser designado como a criação de enredo. Tal criação começa pelo recorte do objeto, ou seja, a identificação de um início e de um fim. A escolha dos limites cronológicos não é a delimitação de um terreno que deveria ser lavrado, mas a definição da evolução que se pretende explicar e, portanto, da questão a que se deve responder. (Prost, 2008, p.218).

Considerando essa afirmação de Prost (2008) o primeiro ponto para iniciarmos a construção dessa estratégia de ensino é determinar um território ambiental que será estudado. Poderá ser um rio, um lago, um córrego, uma serra, uma montanha, uma floresta ou mata.

Uma dica para que essa Estratégia de Ensino tenha um grande aproveitamento é ter em mãos um caderno de campo e de anotações. Esse caderno pode ser produzido pelo próprio leitor com o restante de folhas de outros cadernos ou mesmo um conjunto de folhas A4 reunidas e dobradas ao meio e grampeadas. Lembrando que nesse caderno você deverá colocar sempre em sua parte superior o dia, mês e ano, e se possível à hora. No momento que as ideias surgirem escreva-as para que elas sirvam para lhe ajudar no transcorrer dessa estratégia de ensino.

O segundo ponto é entender que características fazem desse lugar algo importante para história e para a população do local. Temos que considerar que frequentemente o que é importante para um determinado grupo não e relevante para outro, principalmente pelo fato que existe um predomínio muito grande de uma história positivista nesses determinados locais que valorizam apenas as famílias e pessoas da elite.

O terceiro ponto é que problemas (ambientais), sentidos, sensibilidades, costumes, saberes, tradições, manifestações, movimentações são percebidos nesse território. Para que assim possamos entender a relevância do estudo desse lugar.

23PROST, A. Doze lições sobre a história. Antoine Prost; [tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira]. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

Novamente devemos considerar que a natureza humana é seletiva para determinados apontamento e desconsideração de outros.

O quarto ponto é como achar, buscar e extrair informações de um território ambiental que muito das vezes não foi escrito pela própria história. Esse ponto muito das vezes favorece a desmotivação para uma pesquisa em um determinado território ambiental, pois o pesquisador se vê incapacitado de seguir em frente sem fontes de pesquisa na qual considera relevante.

Porém, com a passar dos anos as fontes históricas foram se ampliando e também a história se aproximou de outras ciências que favoreceu o surgimento de novas técnicas de pesquisa e desenvolvimento de novos métodos.

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