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QUESTIONÁRIO APLICADO AO TRIBUNAL MARÍTIMO Em consonância com as diretrizes explanadas, este

4. SEGURANÇA DA NAVEGAÇÃO: PERCEPÇÃO DAS CAPITANIAS DOS PORTOS E DO TRIBUNAL MARÍTIMO

4.3. QUESTIONÁRIO APLICADO AO TRIBUNAL MARÍTIMO Em consonância com as diretrizes explanadas, este

questionário foi aplicado ao TM, conforme o constante a seguir:

Questão 1 - Vossa Excelência considera a segurança da navegação nas águas jurisdicionais brasileiras adequada? É possível aprimorá-la? Caso afirmativo, cite os três principais pontos de melhoria a serem buscados. Comente de que forma tal melhoria (por meio de ação, programa, procedimento), em cada ponto, poderia ser atingida.

Esta questão é composta por dois questionamentos básicos que revelam a percepção mais geral do juiz do TM em relação à segurança da navegação nas AJB. A depender da resposta dada ao segundo

questionamento – É possível aprimorá-la? – abre-se espaço para que o juiz aprofunde a questão citando quais são os três principais pontos a serem aperfeiçoados e de que maneira.

Pretende-se, nessa questão, principalmente, que sejam citados os principais pontos de melhoria relacionados à segurança da navegação nas AJB. Espera-se que as respostas sejam importantes porque, considerando-se que na composição do TM, segundo o Art. 2º da LOTM, há juízes com grande capacitação técnica e vasta experiência prévia, e que lidam com a realidade de toda a AJB, em contraste com uma Capitania que trata de uma área mais específica; estarão dotados de uma visão holística dos problemas de segurança de navegação do país.

Questão 2 - Vossa Excelência conhecia o trabalho de Me. Marina Gonzalez Ferreira dos Santos (2013) intitulado: “Análise de acidentes com embarcações em águas sob jurisdição brasileira – uma abordagem preventiva.”?

( ) SIM ( ) NÃO

Esta questão avalia o nível de conexão entre a pesquisa acadêmica e o objeto pesquisado. Quanto maior o número de Capitanias conhecedoras da pesquisa de Santos (2013), maior a conexão.

Segundo Schwartzman (2002), é necessário reorganizar a pesquisa científica no Brasil de forma a reduzir ou eliminar as barreiras entre ciência pura e aplicada em conjunção com uma análise de seus resultados. Ele cita, ainda, parcerias, integrações, de forma a efetivar o uso deles e criar um verdadeiro relacionamento entre a pesquisa científica e o interesse público.

A questão surgiu com este intuito: aferir para esse caso específico, ainda que de maneira superficial, o relacionamento entre a pesquisa científica e o interesse público. Uma vez finalizado, é de se esperar que o estudo seja divulgado ao seu principal interessado, e é também provável que o objeto de estudo tenha interesse de entrar em contato com os resultados desse esforço.

A autora também não menciona de forma explícita durante seu trabalho que tenha sido auxiliada pelo objeto de estudo, mas também não nega. De qualquer forma, o questionamento também busca insumo para inferir esse auxílio, tomando como premissa de que, se o objeto de estudo sequer sabia da existência da pesquisa, provavelmente, não tomou parte de seu desenvolvimento.

Questão 3 - Me. Marina Ferreira dos Santos (2013), no capítulo “Análise de Dados e Resultados”, identifica uma falta de padronização nos acórdãos proferidos pelo Tribunal Marítimo. Adiante, no capítulo “Recomendações”, sugere a adoção de um padrão aos acórdãos a fim de facilitar a obtenção de dados para análises estatísticas. Vossa Excelência acredita que a citada padronização é realmente positiva? Comente.

Esta questão busca se apropriar da opinião do TM em relação à uma recomendação feita na pesquisa de Santos (2013), a padronização dos acórdãos para facilitar a obtenção de dados para análises estatísticas. Questão 4 - Segundo Me. Marina Gonzalez Ferreira dos Santos (2013), nem sempre as causas determinantes estão descritas detalhadamente nos Acórdãos, prejudicando a análise das informações. A autora também afirma que há um elevado número de causas classificadas como “Indeterminadas” ou “ Causas Não Apuradas Acima de Qualquer Dúvida” quando da morte do provável responsável pelo ocorrido, distorcendo a análise estatística. De que forma Vossa Excelência analisa as sugestões feitas pela autora? É possível aprimorar a metodologia? Comente.

É desejável conhecer plenamente um acidente de navegação de forma a trazer efetividade ao disposto na NORMAM-09/DPC (2003), Anexo A, item 2.11: “Uma investigação de segurança marítima significa uma investigação ou inquérito (...) realizado com o propósito de impedir a ocorrência de acidentes e de incidentes marítimos no futuro”.

A questão busca a posição da Corte em relação à falta de descrição detalhada em alguns acórdãos, e o elevado número de causas classificadas como “Indeterminadas” ou “Causas Não Apuradas Acima de Qualquer Dúvida”, por estas situações, conforme apontado pela Santos (2013), criarem dificuldades na compreensão e análise estatística dos acórdãos.

Questão 5 - Me. Marina Gonzalez Ferreira dos Santos (2013) também aponta que foram verificadas divergências de conclusões entre os Laudos Periciais e os respectivos pareceres dos Juízes do Tribunal Marítimo. A que Vossa Excelência atribui tais divergências?

Questão também aplicada às Capitanias dos Portos, e busca a percepção dos juízes do TM quanto às divergências entre as conclusões

dos laudos periciais provenientes do IAFN instaurado na Capitania e os pareceres proferidos pela Corte.

Questão 6 - Me. Marina Gonzalez Ferreira dos Santos (2013) afirma que elevado número de fatalidades ocorre na navegação com pequenas embarcações. Ela aponta a baixa instrução da população ribeirinha e a precariedade construtiva destas embarcações como possíveis causas. Ela recomenda que fosse instituído um sistema simplificado de inscrição de embarcações miúdas para melhorar tal cenário. Vossa Excelência acredita que a adoção dessa recomendação diminuiria os acidentes de navegação? Ela é aplicável? Comente.

Segundo a NORMAM-03/DPC (2003), considerando a versão até a Modificação 24, determinada pela Portaria nº 429/DPC de 22 de dezembro de 2016, a inscrição de embarcações fica a cargo da AM por meio das CP/DL/AG (Capitanias/Delegacias/Agências), sendo o TM atribuído a manter registro de embarcações somente quando a AB exceder a 100.

Santos (2013) identificou em sua análise que o maior número de fatalidades ocorre na navegação com pequenas embarcações e recomenda a inscrição de embarcações miúdas para tornar mais segura a navegação nas AJB.

Dado o conhecimento do TM quanto à realidade da segurança da navegação nas AJB, espera-se que possa emitir opinião valiosa à recomendação feita pela Santos (2013).

Questão 7 - Me. Marina Gonzalez Ferreira dos Santos (2013) recomenda que as punições no caso de reincidência na infração sejam mais rigorosas. Vossa Excelência acredita que as punições à disposição do Tribunal Marítimo gozam de suficiente poder dissuasório? Caso pudessem ser aprimoradas, de que forma Vossa Excelência as alteraria?

Para que uma regulação se torne efetiva, é necessário que o mecanismo regulador disponha de suficiente poder dissuasório. As inspeções navais realizadas pelas Capitanias ocorrem em favor da segurança e constituem um desses mecanismos, mas, isoladamente, não garantem o cumprimento das normativas existentes.

É necessário também punir os infratores que insistem em praticar infrações – papel do TM. A questão visa se apropriar da visão sobre o necessário poder dissuasório de quem tem a capacidade de punir,

a partir da afirmativa feita na pesquisa de Santos (2013), que recomenda maior rigor das normas.

Questão 8 - Opcional. Espaço para considerações gerais acerca da segurança da navegação em águas jurisdicionais brasileiras.

Trata-se de espaço livre para que o TM possa considerar algum aspecto não abordado ao longo das questões anteriores.

4.4. ANÁLISE CRÍTICA DAS RESPOSTAS AOS QUESTIONÁRIOS