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CAPÍTULO II PESQUISA EMPÍRICA

1. Metodologia de investigação

1.5.1. Questionário

Baseamos o nosso questionário no European Values Survey, EVS, realizado desde 1981, a cada 9 anos, e desde 1990 conta também com Portugal. Começou com dez países membros da então Comunidade Europeia, incluindo a Espanha, e atualmente, na sua quarta edição, conta com a participação 47 países/regiões da Europa ocidental, central e de leste. Para melhor conhecer os valores dos europeus foi criado em 1979 o European Values System Study Group, que visa descobrir os valores morais e sociais que estão na base das instituições políticas e sociais da europa e da conduta governamental. O EVS é um programa de investigação sobre os valores humanos básicos em larga escala, transnacional e longitudinal. Visa fornecer perspetivas acerca das ideias, crenças, preferências, atitudes, valores e opiniões dos cidadãos europeus. é um projeto de investigação singular sobre a forma como os europeus pensam sobre a vida, a família, o trabalho, a religião, a política e a sociedade. (www.europeanvaluesstudy.eu/) no quadro seguinte apresentam-se os países participantes em cada uma das edições.

Country/region 1981 1990 1999/ 2000 2008 Country/region 1981 1990 1999/ 2000 2008

Belgium 1981 1990 1999 2009 Romania 1993 1999 2008 Denmark 1981 1990 1999 2008 Slovak Republic 1991 1999 2008 France 1981 1990 1999 2009 Slovenia 1992 1999 2008

Germany* 1981 1990 1999 2009 Belarus 2000 2008

Great Britain** 1981 1990 1999 Croatia** 1999

Iceland** 1984 1990 1999 Greece 1999 2008

Ireland 1981 1990 2000 2008 Luxembourg 1999 2008 Italy** 1981 1990 1999 Russian Federation 1999

Malta 1984 1991 1999 2008 Turkey** 1999

The Netherlands 1981 1990 1999 2008 Ukraine 2001 2008 Northern Ireland 1981 1990 1999 2008 Albania 2008

Spain 1981 1990 1999 2008 Armenia 2008

Sweden** 1982 1990 2000 Azerbaijan 2008

Norway** 1982 1990 Bosnia Herzegovina 2008

Austria 1990 1999 2008 Cyprus 2008

Bulgaria 1991 1999 2008 Northern Cyprus 2008

Czech Republic 1991 1999 2008 Georgia 2008

Estonia 1990 1999 2008 Kosovo 2008

Finland 1990 2000 2009 Macedonia, Republic of** 2008 Hungary 1991 1999 2009 Moldova, Republic of

Latvia 1990 1999 2008 Montenegro, Republic of 2008

Lithuania 1990 1999 2008 Serbia 2008

Poland 1990 1999 2008 Switzerland 2008

Portugal 1990 1999 2008

Figura 11: Quadro dos Países Participantes do EVS 1981-2008

O EVS foi desenhado para permitir a análise empírica dos padrões de valores nos países europeus, análise esta que se pretende comparativa no tempo e no espaço, donde que os questionários vão sendo aplicados ao longo do tempo, obviamente, com algumas alterações, e contam também com questões específicas para cada país. Procuram responder a questões fundamentais acerca da nossa experiência de vida como uma Europa, nomeadamente se os europeus partilham de valores comuns; se há mudanças de valores na Europa e se sim em que direção; se os valores cristãos continuam a permear a vida e a cultura europeia; se haverá um sistema de significados coerente e alternativo a substituir o da cristandade; e, especialmente, que implicações trazem os resultados do estudo para a coesão da Europa. Este estudo longitudinal foi recentemente (2008) aplicado a amostras da população dos 47 países participantes, tendo sido publicados os resultados iniciais em Junho de 2010 e os resultados integrados já em Maio de 2011.

Em Portugal, o questionário do EVS está integrado num programa específico chamado European Social Survey (ESS), que por sua vez está integrado no programa Atitudes Sociais dos Portugueses do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Este programa é coordenado pelo Professor Doutor Jorge Vala e pelo Professor Doutor Manuel Villaverde Cabral. A execução deste projeto é assegurada por um consórcio entre o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) e o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). “Concretamente, os objectivos do projecto são: a criação de uma infra- estrutura de conhecimento sobre atitudes sociais; a integração de investigadores nacionais em redes de estudo internacionais; a cooperação entre investigadores nacionais através da análise comum das mesmas bases de dados; o estabelecimento de redes multi-disciplinares; o desenvolvimento de metodologias de estudos transnacionais e longitudinais; o desenvolvimento de novas técnicas de construção de variáveis e de teste de validade e fidelidade em estudos correlacionais; e o incremento de qualidade nas técnicas de amostragem aleatória” (Vala, Torres & Ramos, 2008, pp.6-7).

A utilização do EVS (questionário de 1999) como base para a construção do nosso questionário deve-se ao facto de este ser não só um instrumento de pesquisa empírica de valores validado ao longo do tempo, mas também ao facto de os valores não serem avaliados de forma directa, a partir de escalas de julgamento em que se solicita aos respondentes que hierarquizem preposições ou palavras que são indicadores de valores (e.g. escala de valores de Rokeach), ou que optem por um valor num dado conjunto de valores (e.g. escala de valores sociopolíticos de Inglehart), ou ainda que avaliem o grau de importância ou rejeição de determinado valor (e.g. escala de valores pessoais de Schwartz). No EVS, e consequentemente no questionário que elaborámos, os valores são inferidos das respostas a preposições atitudinais, a perguntas de 98

opinião e a perguntas sobre intenções comportamentais. O estudo que procuramos realizar, à semelhança do EVS, cobre diversos contextos da vida dos estudantes universitários: família, religião, trabalho, política, e também procura igualmente determinar os valores transversais da moral e da solidariedade. Adicionalmente, usar este questionário como base do nosso, permitir- nos-ia utilizar os dados recolhidos junto de uma amostra da população portuguesa para efetuar comparações com a nossa amostra e procurar assim detetar semelhanças e diferenças de perceções e representações entre os estudantes universitários e a amostra representativa da população em geral.

O facto de nos basearmos no EVS significa que usámos algumas das perguntas ipsis verbis, contudo houve perguntas que suprimimos e outras que modificámos ligeiramente, quer em formulação, quer nas escalas de resposta, para melhor se adequarem à nossa população alvo. Houve ainda algumas perguntas que amalgamamos permitindo assim uma economia de tempo de resposta. No entanto e porque estamos perante Universitários procurámos ainda perceber alguns aspetos relacionados com o ensino, nomeadamente a escolha do curso e da universidade, etc., que não estão, obviamente, contemplados no questionário do EVS, mas que permitem traçar um perfil mais realista dos estudantes universitários.

A versão de teste do questionário constava de 98 questões e a versão final consta de 92 questões. Retiraram-se diversas questões da versão inicial, (cerca de 12) por se considerarem menos relevantes e incluíram-se outras que a nosso ver apresentavam maior pertinência. Escusado será referir que, uma vez que a intenção inicial era comparar os estudantes portugueses com os estudantes de outros países europeus, se fizeram duas versões do questionário, uma em português e outra em inglês. Contudo e dado que não se efetivou a sua utilização no presente estudo, apenas a versão portuguesa será apresentada em anexo.

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