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Capítulo 3 – Estudo exploratório na área da 71ª Esquadra, Odivelas

3.4. Apresentação dos resultados dos questionários

3.4.1. Questionários aplicados aos idosos

A amostra deste questionário é composta por 82 idosos, sendo 45 deles (54,9%) do sexo feminino e 37 (45,1%) do sexo masculino (Tabela n.º 1). Relativamente aos intervalos de idades da amostra, 39% dos inquiridos têm idades compreendidas entre os 64-69 anos, 28,1% entre os 70-75 anos, 20,7% entre os 76-81 anos, e 12,2% tem mais de 81 anos (Tabela n.º 2).

Começando por analisar as questões relativas ao sentimento de insegurança, denotamos que os idosos inquiridos apresentam elevados índices de insegurança, uma vez que aproximadamente metade dos inquiridos (47,6%) revela que no seu dia-a-dia se sente muito inseguro, e 25,6% dos mesmos revelam sentir-se inseguros (Tabela n.º 3).

Quando cruzamos a variável género com a variável ligada ao sentimento de segurança no dia-a-dia, constatamos que o sexo feminino apresenta maiores índices de insegurança, uma vez que 40,3% dos inquiridos, do sexo feminino, afirmaram sentir-se muito inseguros no dia-a-dia, enquanto apenas 7,3% dos inquiridos, do sexo masculino, afirmaram sentir-se muito inseguros no dia-a-dia (Tabela 28). Tal facto vem corroborar o que expusemos quando abordámos os factores do sentimento de insegurança, onde referimos que o sexo feminino apresenta maiores índices de sentimento de insegurança devido ao facto de considerarem que têm maior vulnerabilidade perante o crime do que o sexo masculino.

Figura 9 –Questão n.º 1 do questionário Modelo I: “No seu dia-a-dia normal sente-se:” (Fonte:

elaboração própria).

O sentimento de insegurança denotado é uma constante na vida destes idosos, uma vez que 52,4% dos inquiridos afirmam que se sentem inseguros frequentemente,

47%

26% 22%

5%

Sentimento de insegurança

dos idosos no dia-a-dia

Muito inseguro/a Inseguro/a Seguro/a Muito seguro/a

53 sendo que 18,3% dos mesmos afirma que esse sentimento está presentes bastantes vezes (Tabela n.º 4).

Relacionado com esse sentimento de insegurança estará a mediatização do crime, uma vez que 75,6% dos inquiridos afirmam que a situação que lhe causa maior sentimento de insegurança é o facto de ter ouvido falar de algum tipo de crime, sendo que apenas 12,2% justifica esse sentimento com o facto de ter sofrido algum tipo de crime (Tabela n.º 5).

No que concerne ao tipo de dano que desperta maior receio nos inquiridos, parece-nos consensual que o dano físico estará no topo das preocupações, tendo obtido uma percentagem de 81,7%, ao passo que o dano patrimonial apenas registou 9,8%, e o dano psicológico 8,5% (Tabela n.º 6).

Quanto à classificação da cidade de Odivelas relativamente à violência, esta é considerada muito violenta por 47,6% dos inquiridos, e violenta por 30,5%, demonstrando assim uma percepção insegura da cidade, uma vez que apenas 6,1% dos inquiridos afirmam que a cidade não apresenta quaisquer índices de violência (Tabela n.º 7).

Abordando agora as questões relativas à PSP, e apesar de a maior parte dos inquiridos se sentir inseguro e de sentir que predomina a violência na cidade de Odivelas, a verdade é que uma elevada percentagem dos inquiridos demonstra ter confiança na PSP, com 70,7% dos mesmos a afirmarem que têm muita confiança, e apenas 2,4% revelam não ter nenhuma confiança (Tabela n.º 8). Este sentimento é visível pelo facto de 90,2% dos inquiridos se sentir mais seguro quando mantém um contacto mais regular com a PSP (Tabela n.º 9), e por grande parte dos inquiridos (45,1%) considerar que o desempenho policial é muito bom (Tabela n.º 10).

Enveredando agora pelas questões relativas ao policiamento de proximidade, constatamos que o mesmo não é propriamente desconhecido por parte dos inquiridos, uma vez que 80,5% dos mesmos referiram já ter ouvido falar do mesmo (Tabela n.º 11).

Sobre a existência de programas especiais dedicados a pessoas com características que lhes conferem maior vulnerabilidade, apenas 2,4% dos inquiridos consideram não existir proveito dos mesmos, ao passo que 97,6% considera proveitosa a sua existência (Tabela n.º 12). No entanto esses valores alteram-se ligeiramente quando questionados sobre se a PSP deveria abandonar esses programas especiais para se dedicar exclusivamente no combate à criminalidade, demonstrando que alguns inquiridos consideram vantajosa a existência destes programas, mas que devem ser abandonados

54 em detrimento do combate à criminalidade. Apesar disso a maior parte (90,2%) considera que a PSP não o deve fazer (Tabela n.º 13).

Quanto à importância que os idosos atribuem ao policiamento de proximidade, 73,2% dos inquiridos consideram o mesmo como muito importante, sendo que apenas 2,4% atribui pouca importância ao policiamento de proximidade (Tabela n.º 14).

Seguindo com as questões relativas ao Programa Especial Apoio 65, verificamos que o mesmo ainda é algo desconhecido por parte deste grupo social uma vez que apenas 52,4% dos inquiridos afirmaram conhecer o mesmo (Tabela n.º 15). Apesar disso, é quase consensual que a existência de um programa direccionado para os idosos transmite maior segurança aos mesmos, como se verifica pelos 93,9% que afirmaram este facto, tendo apenas 6,1% dito que lhes é indiferente a existência de tal programa (Tabela n.º 16). A corroborar essa ideia está o facto de 87,8% dos inquiridos ter referido que se sentiria menos seguro na eventualidade de o programa deixar de existir e só apenas 2,4% referiram que não se sentiriam menos seguros (Tabela n.º 17).

Quanto ao contacto dos inquiridos com os elementos afectos a este programa, 85,4% referiram nunca ter contactado por sua iniciativa com os mesmos, e só 14,6% dos inquiridos contactaram por sua livre iniciativa com os referidos elementos (Tabela n.º 18). Verificou-se ainda que de entre as várias formas de serem contactados pelos elementos do Programa, 92,7% prefere que esse contacto seja feito pessoalmente, enquanto 7,3% gostaria de ser contactado telefonicamente (Tabela n.º 19). Já relativamente ao local onde preferiam ser contactados, 63,4% dos inquiridos escolheu as suas casas, e 24,4% optaram por centros de dia ou lares, sendo poucos os que gostariam de ser abordados na rua, no café, ou até mesmo na Esquadra (Tabela n.º 20).

Ainda relativamente aos efeitos do Programa, 86,6% dos inquiridos consideram que existe menos crime junto da população idosa devido à existência deste programa, sendo que apenas 13,4% contrariam essa ideia (Tabela n.º 21).

Seguimos com as acções de sensibilização, onde pudemos constatar que estas reúnem elevada importância junto dos inquiridos uma vez que 98,8% dos inquiridos afirmaram que consideram as mesmas importantes, tendo apenas 1,2% dos inquiridos afirmado que não considera as acções de sensibilização importantes (Tabela n.º 22). Apesar da elevada importância atribuída, o número de inquiridos que se lembra de alguma acção de sensibilização é consideravelmente mais baixo, cifrando-se nos 42,7%, ao passo que 34,1% dos inquiridos afirmaram que não se lembram de qualquer acção de sensibilização (Tabela n.º 23).

55 Dos 54 inquiridos que responderam à questão n.º 2221, uma elevada percentagem dos mesmos (94,4%) afirmaram que as acções de sensibilização tiveram impacto nas suas vidas ao ponto de alterar os seus comportamentos, tendo apenas 5,6% respondido que as mesmas não tiveram qualquer impacto ao ponto de alterar os seus comportamentos (Tabela n.º 24). Por fim, dos 51 inquiridos que responderam à questão n.º 2322, mais de metade dos inquiridos (52,9%) afirmaram que as acções de sensibilização levaram a que prestassem mais atenção às questões referidas nas mesmas, enquanto 47,1% afirmaram que começaram a seguir as indicações dadas durante essas iniciativas (Tabela n.º 25).

Relativamente à forma como os inquiridos preferem que essas acções sejam realizadas, 62,2% responderam que é através da partilha de experiências, 14,6% através da apresentação de imagens ou vídeos e 12,2% através da realização de actividades lúdicas, o que demonstra bem que os inquiridos privilegiam um contacto mais pessoal através de conversação (Tabela n.º 26).

A última questão colocada diz respeito ao nível de confiança depositado nos elementos afectos ao Programa Apoio 65. Podemos constatar que estes elementos reúnem bastante confiança por parte dos inquiridos, uma vez que 69,5% destes afirmaram ter muita confiança, e 24,4% afirmaram ter alguma confiança, sendo que apenas 1,2% dos inquiridos afirmou não ter nenhuma confiança nestes elementos (Tabela n.º 27).

Figura 10 – Questão n.º 25 do questionário Modelo II: “Qual o nível de confiança que deposita nos elementos afectos ao Apoio 65?” (Fonte: elaboração própria).

21 “As acções de sensibilização produziram em si impacto ao ponto de alterar os seus

comportamentos?”

22 “De que maneira é que as acções de sensibilização o/a influenciaram”

71% 24%

5% 1%

Confiança dos idosos nos

elementos do Programa Apoio

65

Muita Alguma Pouca Nenhuma

56 Quando fazemos o cruzamento de dados da pergunta n.º 6, com a questão n.º 25, com o intuito de perceber se os idosos apresentam valores idênticos em termos de confiança, constatando que 63,4% dos inquiridos têm muita confiança na PSP, e muita confiança nos elementos do Programa Apoio 65 (Tabela n.º 29).

Este questionário demonstrou-nos que a população idosa inquirida revela altos índices de sentimento de insegurança, ainda que seja uma insegurança subjectiva, mas que apesar disso e de considerarem a cidade de Odivelas como uma cidade violenta, demonstram ter bastante confiança no trabalho desenvolvido pela PSP, apoiando inclusive o seu trabalho de proximidade através de programas direccionados para pessoas de maior vulnerabilidade, que acabam por lhes conferir maior segurança.

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